Qual é a cor da felicidade? escrita por KayallaCullen, Miss Clarke


Capítulo 6
Campo minado


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amados leitores, espero que gostem do capitulo de hoje.
Boa leitura.



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Podia ter se passado doze anos desde que o vi pela ultima vez, mas Alejandro continuava praticamente o mesmo, a única mudança era que ele parecia um pouco maior além de possuir uma barba por fazer, que o deixava ainda mais lindo.

Enquanto o via bem ali na minha frente, fui arrebatada por inúmeras memórias do passado que compartilhamos juntos, momentos dos quais sempre me recordava quando me sentia sozinha.

—Liv?- Alejandro questionou assustado assim que me viu parada no corredor. –É você?

—Sim, sou eu.- sussurrei e logo começamos a caminhar em direção ao outro, algo inconsciente que sempre fazíamos quando nos víamos.

Mas antes que pudéssemos nos aproximar, fomos despertados por uma garotinha que chamava pelo pai em espanhol.

—Papá, podemos levar este?- ela questionou atrás de Alejandro e ele piscou confuso antes de se virar para vê-la.

—Claro hija, porque não pedi para o Sr. Nelson pegar um pote de soverte para nós.- ele pediu ajoelhado em sua frente e ela concordou antes de me olhar.

—Quem é ela papá?- ela questionou enquanto me olhava com os meus olhos castanhos escuros de Alejandro.

—Não é ninguém importante hija. Agora, que tal se você fosse na frente.- ele pediu e ela concordou antes de ir em direção ao caixa.

—Puxa, você namora com alguém durante quatro anos e vira apenas “ninguém importante”.- disse magoada e ele sorriu sem humor.

—O que você queria que disse a mi  hija, Liv? Que você é a garota que chutou o pai dela?

—Não foi bem assim.- tentei me defender e ele sorriu de forma debochada.

Odiava quando ele fazia isso.

—Você terminou comigo por telefone, não teve nem coragem de vir até aqui me dizer que queria terminar. Você agiu como uma verdadeira covarde, Liv.- ele apontou furioso.

—Não me chama de Liv. Eu odeio esse apelido, meu nome é Olívia.- disse furiosa por suas acusações, pois já me odiava o suficiente e não precisava de alguém que me lembrasse de todos os meus erros.

—Olha só o encontro do século.- ouvimos alguém dizer e viramos para a dona da voz.

—Quem diria, que eu viveria para ver Olívia e Alejandro discutindo a relação depois de doze anos.- Megan disse deliciada pela situação.

Megan me odiava desde a escola, ela sempre acreditava que existia algum tipo de competição entre nós, o que nunca houve.

E quando ganhei o concurso de Miss Coleman ela ficou furiosa, me declarando guerra desde então.

—Você não tem que terminar de fazer as suas compras , Megan?- Alejandro questionou serio.

—Não quando estou de frente para a maior sonegadora de impostos e assassina do país. Cuidado Alejandro, ela é perigosa.- ela disse sorrindo suave.

— Fui inocentada de todas as acusações, pode pesquisar no Google.- disse seria e ela sorriu deliciada por ouvir a confissão da minhas desventura.

— Agradeço a sua preocupação Megan, mas posso cuidar de mim, já sou grande o suficiente para isso. E se não me engano, da ultima vez que olhei a minha identidade, o nome da minha mãe era Guadalupe e não Megan. Então porque não vai cuidar da sua vida? Tenho certeza que a agenda de uma primeira dama deve ser bem agitada, para que ela fique se preocupando com a vida dos outros.- ele disse serio e Megan sorriu furiosa antes de pegar seu carrinho e voltar a fazer suas compras.

—Obrigada por me defender.- agradeci suave.

—Sei como não é ser o modelo de família perfeita por aqui Liv.

—É Olívia.- o corrigi seria.

—Sei disso, mas porque mudar velhos hábitos? Ainda mais quando eles irritam você.- Alejandro questionou antes de ir para o caixa e o acompanhei contrariada.

—Você demorou, estava quase indo atrás de você.- Noah disse nervoso enquanto Manu chorava em seu colo.

—Acredite em mim, preferia não ter entrando na loja do Sr. Nelson.- disse furiosa enquanto lhe entregava a garrafa de água e olhava para o banco de trás do carro onde meu filho dormia como um anjo.

—Do que você está falando?- ele questionou confuso enquanto Hunter pegava Manu no colo, logo a mesma parou de chorar e começou a balbuciar coisas sem nexo.

—É uma longa historia e além do mais estamos cansados.- disse e ele concordou.

—Está vendo? Até a minha filha sabe que o pai é advogado e está se queixando para ele. Às vezes acho que Manuela gosta mais do Hunter do que de mim.- ele disse antes de fazer um bico que me fez rir.

—Isso não é verdade, ela ama vocês dois. E você é um pai maravilhoso.- disse suave e ele me olhou agradecido.

—Acho que preciso realmente descansar.- ele disse e concordamos enquanto Noah colocava um pouco de água na mamadeira de Manu e entregava para Hunter.

Noah fez questão de dirigir o resto da viagem enquanto seu marido ficava com a filha, que naquele instante preferia ficar com ele.

Assim que meus amigos me deixaram na casa dos meus pais, me despedi deles e respirei fundo antes de tocar a campainha.

—Filha.- meu pai disse sorrindo assim que abriu a porta da frente.

—Oi pai.- disse suave antes dele me puxar para um abraço.

—Estou tão feliz que esteja em casa.- ele disse suave assim que nos separamos.

—Eu também estou feliz em estar em casa.

—Mas entre querida, vocês dois parecem  exaustos.- meu pai disse antes de nos ajudar a colocar as malas para dentro.

—Sua mãe está na cozinha fazendo o almoço, que tal se vocês subissem para se trocarem? Seu quarto ainda continua o mesmo.- ele sugeriu e concordei antes de subirmos.

Assim que entrei em meu antigo quarto fui assombrada por lembranças, das quais não me recordava mais.

Lembrei de cada momento da  minha infância, de todas as vezes que Noah e eu ficávamos deitados na minha cama escutando musica enquanto fazíamos algum trabalho da escola. Ou de todas as vezes que Alejandro e eu assistimos algum filme em meu quarto, com a porta aberta, uma regra criada pelo meu pai.

Todas essas lembranças pareciam pertencer a outra pessoa, era como se não conseguisse me conectar com a garota que era antes de ir para Nova York.

—Mamãe, pode me ajudar com as malas.- Vinicius pediu sonolento e concordei voltando a realidade antes de ir ajudar meu filho.

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—Fizeram boa viagem querida?- minha mãe questionou enquanto lhe ajudava a arrumar a mesa para o jantar.

—Sim, Noah e Hunter sabem como animar uma viagem.- disse e ela riu suave.

—Aqueles dois realmente nasceram um para o outro.- ela disse e concordei.

—Mãe?- ouvimos alguém chamar antes de entrar na cozinha e sorri ao ver a linda garota de cabelos ruivos que minha irmã havia se tornado.

—Que bom que chegou Lizzie. A sua irmã e o Vinicius acabaram de chegar.- mamãe disse animada por ter toda a família na mesma casa.

—Até quando mãe? Até ela conhecer o próximo cara rico e se mandar de novo?- Lizzie questionou furiosa o que me surpreendeu, afinal ela sempre foi uma criança adorável.

—Lizzie, isso não é jeito de falar. Peça desculpas a sua irmã agora.

—Não mamãe, estou falando a verdade. A Olívia foi para Nova York estudar, deixou todos nós para trás e quando conheceu um cara cheio da grana , cortou os laços conosco porque simplesmente não éramos adequados ao seu novo estilo de vida.- Lizzie disse e perdi o ar, pois era a verdade.

Desisti da minha família para agradar meu ex-marido, que no final não merecia esse tipo de sacrifício, o qual jamais deveria ter feito.

—Elizabeth Collins, peça desculpas a sua irmã agora.- meu pai exigiu aparecendo na cozinha serio.

—Pai, está tudo bem. A Lizzie tem razão. Afinal, foi isso que fiz, mas ninguém teve coragem de me falar, até hoje.- disse envergonhada.

—Não, Olívia, isso não é verdade.- minha mãe disse suave.

—É a verdade mãe, e sou adulta o suficiente para admitir isso. Bom, acho melhor passar a noite na casa do Noah.- disse e meus pais me olharam confusos enquanto pegava meu casaco e do meu filho antes de sairmos.

—Mãe porque não podemos ficar com o vovô e a vovó?- ele questionou confuso enquanto andávamos em direção a casa do meu amigo.

—Porque preciso conversar com seu padrinho, mas vamos ficar com seus avós depois.- prometi enquanto andávamos.

Graças a Deus, Vinicius não havia escutado o que minha irmã tinha falado, pois ele estava no andar de cima terminando de se arrumar.

—Olívia?- Hunter questionou confuso assim que abriu a porta.

—Oi Hunter, o Noah está?- questionei com a voz embargada.

—Claro, ele está lá em cima colocando a Manu  para dormir.- ele disse confuso antes de nos pedir para entrar.

— Querido, agora que a Manu dormiu podemos nos divertir.- ouvi Noah dizer sorridente antes de aparecer na sala.- Olívia, o que aconteceu?

—Será que podemos ficar aqui hoje?- implorei aos dois que se entreolharam antes de concordar.

—Isso não é uma pergunta que se faça amiga. Você sempre pode ficar aqui.- Noah disse carinhoso antes de fazer um carinho no cabelo de Vinicius.

—Vinicius, o que acha de dormir na casa do dindo hoje?- Noah questionou e meu filho sorriu concordando.

—Seria legal.

—Ótimo. Seu tio Hunter vai te mostrar a coleção dele de miniaturas da Marvel .- ele disse e meu filho ficou empolgado, afinal ele adorava a Marvel.

—Eu vou?- Hunter questionou em duvida.

— Claro que vai.- Noah disse serio e Hunter concordou antes de levar meu filho para cima.

—Me desculpe por atrapalhar sua noite com o Hunter.- disse enquanto ele dava de ombros antes de irmos em direção a cozinha.

—Não há nada que eu faça com o Hunter que não possa ser feito depois.- ele disse malicioso e sorri enquanto meu amigo tirava um pote de sorvete da geladeira, em seguida ele pegou duas colheres.-E então, o que houve?

—Fui uma pessoa horrível, e agora estou pagando por isso.- disse antes de comer meu sorvete.

—Do que você está falando? Você é uma pessoa maravilhosa.

—Não sou não Noah. Passei anos sem ver a minha irmã, e achei que agora ela iria me receber de braços abertos, mas não.  Lizzie jogou na minha cara todas as coisas horríveis que fiz em nome de um homem que no final se mostrou um idiota. A única coisa boa de tudo isso foi o meu filho. E ainda encontrei o Alejandro no posto de gasolina, e ele me tratou como se eu fosse uma estranha.- desabafei magoada, afinal havíamos vivido momentos importantes um ao lado do outro.- E não vamos esquecer da Megan , que mal me viu e já começou a infernizar a minha vida. E porque você não me contou que o Alejandro teve uma filha?

— Não contei porque achei que você não queria saber sobre o Alejandro, mas espera, você  mal chegou e já deu de cara com o seu ex, teve um encontro com a sua rival e ainda ouviu umas verdades da sua irmã adolescente? Isso é que é um dia horrível. Mas me conta o que houve.- ele pediu interessando e suspirei antes de lhe contar tudo.

—Você ainda gosta do Luciano?- Noah questionou curioso.

—Claro que não. O Luciano me transformou em alguém horrível, além de me trair de todas as formas possíveis.

—Olívia, ele não te transformou em alguém  horrível. Foi você que se deixou transformar. Você que abriu mão de si para satisfazê-lo.- ele apontou serio.

—Isso não é verdade.

—Olívia, você sabe que no fundo estou certo. Apenas desabafe ou nunca conseguira seguir em frente.

—Não há o que falar.- disse antes de comer mais um colher do meu sorvete.

—Tudo bem. Sabe como conheci o amor da minha vida?- ele questionou de repente e pisquei confusa, afinal Noah jamais desviava de um assunto.

—Você disse que foi na cadeia. Eu nem sabia que você havia sido preso.

—Eu estava no terceiro período da faculdade de medicina, estava vivendo no limite, com as provas finais e o fato do meu pai ter me colocado para fora de casa quando contei que era gay. No meio dessa tormenta toda conheci o Derek. Ele era um cara bonitinho da minha sala. Começamos a nos paquerar e depois de algum tempo acabamos ficando varias vezes. Só que certa vez o encontrei em um bar e ouvi o Derek se vangloriar por estar ficando com o nerd da sala apenas para tirar notas boas. Eu fiquei com tanta raiva que parti para cima dele, mas acabei levando a pior, porque você sabe que não sou tão bom nisso quanto você. Mas um cara se meteu na briga para me defender, e no final da noite acabamos na cadeia. Tive a sorte de dividir a cela com o cara que me defendeu. Conversamos a noite toda, e pela manhã fomos soltos pelo pai dele. - Noah disse sorrindo suave ao lembrar do seu passado.

—E o que aconteceu?- questionei curiosa e ele sorriu antes de comer o seu sorvete.

—Ficamos amigos, a família dele era maravilhosa. Foi um consolo pra mim ser aceito do jeito que era, e acabei me apaixonado por ele sem perceber. E hoje, o cara que me defendeu se tornou meu marido e o pai da minha filha. E quer saber por que lhe contei isso?

—Sim.

—Porque ninguém é capaz de mudar outra pessoa a não ser que ela permita. Eu permiti que Derek me usasse como vantagem, porque estava carente. Às vezes achamos que uma pessoa é a cor da nossa felicidade, mas no final ela se mostra ser apenas o dia preto de nossas vidas.- ele disse suave antes de segurar a minha mão.- Não deixe que um simples dia preto apague toda a cor da sua vida. Viva esse dia de escuridão plenamente. Chore, grite, desabafe, arranque os cabelos se precisar. Mas no final, saia de cabeça erguida. Saia como uma nova pessoa, uma pessoa aberta as possibilidades, pois a cor da sua felicidade pode está ao seu lado.

—Porque você não me contou sobre o Derek na época?- questionei culpada, afinal não havia percebido que meu amigo estava passando por isso tudo na época.

—Porque você estava ocupada demais vivendo seu próprio drama, entre terminar com o Alejandro e ficar com Luciano. Não queria te preocupar.

—Obrigada por me contar a sua historia. Obrigada por ser o melhor amigo que alguém poderia ter.- disse entre lagrimas.

—Não precisa agradecer Liv, eu amo você. E seria capaz de tudo por você.- ele disse e sorri suave antes de abraçá-lo com carinho.

 -Eu também te amo Noah. Te amo muito.- sussurrei antes de começar a chorar em seu peito.

Meu amigo tinha razão, precisava me permitir viver esse dia de luto.

O dia em que choraria pela ultima vez por ter perdido a minha identidade, a cor da minha felicidade.

E naquele momento percebi que a cor da felicidade poderia ser preto, pois era o momento de sofrer por todos os meus erros antes de ser alguém de que pudesse me orgulhar, mas principalmente, alguém de quem meu filho tivesse orgulho.


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Notas finais do capítulo

Adoraria agradecer a todos os comentários que a fic está recebendo. E você que ainda não comentou, se sinta a vontade para comentar, pois estou ansiosa para conhecer meus leitores fantasmas.
Beijos e até amanhã.



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