[3ª Temporada] - STIGMA: Please, dry my eyes escrita por Carol Stark


Capítulo 39
Intromissões




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19h05min, Seoul. Apartamento da Bea Ni

 

POV Taehyung

 

Dessa vez não seria preciso a chave. Depois que Bea Ni me contou da visita indeseja do tal ex no aniversário dela, sugeri que reativasse a senha. Assim seria mais seguro.

Digitei a senha e entrei respirando fundo. Ah, finalmente um tempo em paz, sozinho com minha namorada. Apesar de nos vermos todos os dias, a saudade que sinto dela é imensa! Na verdade, nosso namoro não é nada convencional. Não podemos sair juntos, muito menos de mãos dadas. Só posso lhe dar presentes se for escondido. Tampouco podemos sair em um couple look com peças iguais por aí, sem preocupações...  

 Fechei a porta ao passar e logo foi travada pela senha. Me livrei dos meus sapatos e pus um calçado simples que estava no hall de entrada. Sentei no sofá estirando os braços no espaldar e pendi a cabeça para trás. Fechei os olhos soltando o ar e me permiti ouvir o silêncio.

Tudo ali era Bea Ni. O lugar cheirava à ela com o aroma floral que tanto amo. Sorri sentindo meu coração bater mais forte.

O que esta mulher fez comigo? Sorri abertamente, feliz.

Quadros pintados por ela estavam bem dispostos em uma das paredes da sala. A decoração continuava como da primeira vez que vi: sofisticada e cuidadosa. Flores ocupavam alguns vasos decorando e colorindo o ambiente.

Tudo lindo, singelo e autêntico. Tudo Bea Ni.

Fui até seu quarto e deixei em cima da cama um pequeno bilhete com poucas palavras, porém sentimentos ali não faltavam. Em cima do bilhete coloquei uma flor. A chamam de Smeraldo: com pétalas delicadas, azuladas de tão brancas que chegavam a ser, não poderia existir opção melhor para representar minha sinceridade com o que sinto pela Bea Ni, minha esmeralda.  

Fui até a cozinha a fim de ver o que poderia fazer para o jantar e seja lá o que fosse fazer teria que ser rápido. Em breve Bea Ni estaria em casa e eu sequer esquentei a água. Ri comigo mesmo tamanha era a minha distração quando o assunto era a minha Ni. Separei alguns ingredientes e legumes, mas precisava de mais algumas coisas. Antes, preparei os legumes e algumas bebidas para nós dois. Fiz o arroz e um ramen suculento. Bom, agora não seria nada demais descer para a lojinha de conveniência ao lado do prédio, seria?

Fui até a sala onde estava minha carteira e corri até a porta destravando-a. Empurrei-a sem olhar para trás e corri para o elevador. Segui apressado para comprar o que ainda queria para completar nossa refeição.

Dez minutos depois, eu já estava voltando com algumas sacolas, mas gelei ao ver que a porta estava apenas encostada. Na pressa, devo não ter prestado atenção, mas não demorei. Certamente tudo estaria em ordem.

Entrei em silêncio, instintivamente desconfiado. Deixei as sacolas na entrada e olhei ao redor.

Nada.  

Caminhei sem fazer ruídos e fui até o corredor dos quartos. Estava tudo intacto. Meu bilhete e a flor. Voltei para a sala e fui em direção à cozinha. Por algum motivo me senti ansioso. Comecei a puxar o ar para respirar tentando me acalmar. Ouvi um barulho de talheres e meu coração parou por breves milésimos de segundos. Olhei em volta procurando algo que pudesse me defender. Saquei o celular do bolso pronto para acionar a polícia e vi notificações da Bea Ni.

Bea Ni! Ela não poderia chegar. Não sem que eu resolvesse o quer que esteja acontecendo. Pode ser perigoso e a culpa é minha!

Olhei o relógio de parede sentindo o desespero e a adrenalina correr por minhas veias. 19h40min.

Sem pensar mais nenhum minuto, agarrei firme um vaso de vidro em uma mesinha ao canto e entrei na cozinha apontando-o para quem estivesse ali.

— Saia já daqui ou-- - Comecei impondo minha voz o mais forte que consegui, mas fui pego de surpresa e inesperadamente travei.

Quase deixo cair o vaso de minhas mãos tamanho o susto, apesar de não saber se me senti aliviado ou intrigado com o que vi.

Ou melhor, com quem vi.

— Olá, Taehyung.

POV End

 

*** 

Cinco minutos antes...

Seoul, 19h35min. Em alguma avenida de volta para casa...

 

POV Bea Ni

 

— Aish esse trânsito que não alivia! Não vejo a hora de chegar em casa.

Esta é a priemira vez que combinamos finalmente um programa que, mesmo simples, seja apenas nós dois e para nós dois. Só o fato de poder ficar em paz e tranquila ao lado do Taehyung é algo excepcional. Me sinto bem animada.

Sigo cortando alguns caminhos, mas todos me levam para engarrafamentos. Eu já deveria ter chegado. O lado bom é não ter que fazer a janta. Morar sozinha pode ser bom, mas tem suas desvantagens. Sorri comigo mesma, em meio aos meus devaneios.

Mais uma vez enfileiro meu carro parando-o em seguida. Aguardo e o som das buzinas torna tudo mais caótico e cansativo.

Observo a cidade pela janela e vejo os prédios grandiosos ao longe com seus escritórios e salas de estar iluminando o horizonte. Respiro fundo e volto meu olhar para o interior do carro. Pego meu celular e vejo uma ligação perdida da Hua Le. Abro o aplicativo de mensagens e Taehyung sequer visualizou as que enviei avisando-lhe que em breve estaria em casa.

Disquei o número de Hua Le, conectei a chamada ao rádio do meu carro e aguardei.

O trânsito escoou.

— Uffa! Parece que agora terei o caminho livre, finalmente.

Falando sozinha, amiga? Ou me ligou para dizer que terá o caminho livre?

Sorri ao ouvir minha amiga do outro lado da linha. Ela prosseguiu:

Olha que essa simples frase pode significar muita coisa, hein.

Ri novamente, me divertindo com Hua Le.

Me ensina como ter o caminho livre, Ni-ah. Preciso afastar uns atrapalhos da minha vida. Sabe o Yoongi? Nossa, mana, você não sabe o que aconteceu. Quando ele me trouxe em casa, estava todo estranho, parecia até que estava... Apaixonado.

Ela despejou a informação sem grandes explicações murmurando a última palavra.

— Você falou o quê?! – Provoquei.

Não me faça repetir esta palavra. Eca.

Gargalhei na ligação.

— Le-ah, e se ele realmente estiver?! Vocês parecem mais enrolados que novelo de lã! Estou achando que ele é igualzinho à você, amiga--

Vira essa boca para lá! Não sei se isto é algo bom ou ruim, na verdade. – Foi a vez dela em rir – E não te conto...

Olhei para o relógio digital a minha frente. 19h45min. Dobrei algumas quadras me aproximando de onde moro.

— Eu já sei que você está apaixonada, Le-ah. – Um sorriso bobo se formou em meu rosto ao falar isto, imaginando Hua Le e o Min juntos.

Mas é claro que não. Ia contar que do nada perdi o ar, coincidentemente quando o Min falou mais perto... Acho que tenho que marcar um médico, amiga. Deve ser coisa séria. Talvez minha alergia tenha voltado. Ou pode ser alguma doença silenciosa!

Impossível não rir com as loucuras da Hua Le. O pior é que ela parecia realmente acreditar no que estava dizendo.

— Doença, sei... Você está é apaixon--

— Shiu! Não diga esta palavra, Ni-ah. Isto pega! Mas eu só te liguei para saber se havia chegado bem em casa.

A voz da Le-ah pareceu tão displicente que até pude imaginar a expressão angelical que ela fez ao dizer, depois de haver me cortado no momento crucial do “diagnóstico”. Além do mais, sei muito bem que minha amiga estava ansiando me contar o que disse e com certeza eu iria procurar saber dos detalhes. Sorri comigo mesma desta vez.

— Sim, estou quase chegando. Obrigada, Le-ah.

Tudo bem. Até mais, Ni-ah. Aproveite a noite. — Seu tom não foi nada inocente, o que me fez prender um risinho enxerido.

— Aish! Não fale essas coisas assim, Le-ahhh, como se estivesse me falando sobre a próxima roupa que irá usar ou sobre o clima!

Olha, até que não é tão diferente disso... Inclusive, nas próximas horar presumo que a temperatura alumentará alguns graus.

Gargalhei com a naturalidade e tamanho descaramento daquela mulher que por um acaso é minha melhor amiga. Entrei no estacionamento do prédio, estacionando meu carro em seguida.

 - Hey! – Exclamei pegando minha bolsa – Por que não liga para certo rapaz para constar que sua doença tem nome e sobrenome?! Aposto que te vai faltar o ar novamente. Coincidentemente.— Meu sorriso travesso se fez presente.

Oi? A ligação está ruim, Ni-ah! – Le-ah fez ruídos com a boca como se fosse uma verdadeira profissional em sonoplastias – Tenho que desligar, tchau!

Não é que ela desligou mesmo?! Nunca vi mais esquiva quando se trata desses assuntos.

Desci do carro me sentindo leve depois de toda esta conversa com Hua Le e por finalmente estar em casa.

Subiria o mais rápido! Não vejo a hora de estar mais uma vez nos braços de Kim Taehyung.

Olhei para o relógio: 19h55min.

POV end

 

***

 

Alguns minutos antes no apartamento da Bea Ni...

19h40min, Seoul. Em cenas anteriores...

 

— Saia já daqui ou-- - Taehyung impôs sua voz o mais forte que conseguiu, mas foi pego de surpresa e inesperadamente travou.

Quase deixou cair o vaso de suas mãos tamanho o susto, apesar de não compreender se se sentiu aliviado ou intrigado com o que viu.

Ou melhor, com quem viu.

— Olá, Taehyung.

O que você está fazendo aqui?

Bea Ni-ssi me mandou vir para pegar alguns papéis. Avisei ao porteiro que ela estava me esperando e ele me mandou subir. Como a porta estava aberta...

Taehyung levou uma mão à testa sem esconder sua insatisfação e indignação consigo mesmo. Não compreendia como Bea Ni fizera aquilo se ela era a primeira a ter cuidado sobre o relacionamento de ambos manter-se em sigilo por um tempo. Ela poderia ter confundido horários, mas com certeza precisariam conversar.

Porém, se a Bea Ni a havia mandado, talvez ele estivesse se preocupando à toa. Em contrapartida, de acordo com os outros rapazes, ela era a principal suspeita do plágio à equipe da Kang’s.

Ele sentia-se incomodado com tudo. Preferia, na verdade, que ela nem estivesse ali.

Percebeu, então, que a Kyun Hee segurava, próxima ao balcão, um dos drinks que o Kim havia feito.

— Ah, desculpe-me, Taehyung... – Começou ela notando o olhar do outro – Eu só tomei um pouco e já estava de saída quando você apareceu.

— Tudo bem. – Taehyung respondeu não muito à vontade e voltou para o hall do apartamento certificando-se de travar a porta e levou à cozinha as sacolas de compras.

Aproximou-se do balcão em silêncio e ocupou-se, retirando as compras das sacolas e guardando outras.

— Por que não bebe um pouco? Está uma delícia. Você é realmente bom com drinks. – Ela falou animada estendendo-lhe um copo.

Ele olhou-a de soslaio, ao seu lado, e aceitou. Tomou um pequeno gole e fez uma careta logo largando a bebida. Estava forte. Definitivamente álcool não era sua praia, apesar de gostar de fazer alguns drinks, principalmente quando estava com seus hyungs. Pensou que cairia bem naquele momento fazer algo especial para Bea Ni. Juntamente com uma boa comida e um pouco de paz, tudo sairia bem.   

Só não contava com esta visita inesperada.

— Não gosto de bebidas. – Assumiu ao colocar de lado o copo e virou-se de costas para Kyun Hee, abrindo um armário – Não prefere sentar um pouco? Em breve a Bea Ni estará chegando. – Taehyung falou esticando-se com um embutido em mãos.

— Estou bem aqui. Posso ajudá-lo com a janta, Taehyung-ssi. – Kyun Hee tinha a voz tranquila.

Taehyung soltou o ar, cansado.

— Tudo bem. – Limitou-se a dizer, virando-se de volta após fechar a porta do armário e viu-se encurralado pela Hee que estava a apenas um passo de distância, o que o fez afastar-se tombando no armário atrás de si. Taehyung assustou-se com tal aproximação e encarou a jovem à sua frente com uma grande interrogação estampada em sua expressão – Kyun Hee, o que pensa que está fazendo? – Ele falou pausadamente.

— Taehyung, eu... – Ela iniciou baixo encarando-o – Eu nutro sentimentos por alguém que eu não deveria... – Ela encurtou a distância hesitando tocar-lhe o braço antes de o fazer.

— Kyun Hee, você está agindo por impulso. Seja lá o que entendeu, entendeu errado. – A voz de Taehyung estava ansiosa. – “Como infernos isto pode estar acontecendo?!” – Pensou ele aflito.

— Taehyung, você é sempre tão gentil, me olha diferente... – Kyun Hee mantinha seu olhar no Kim que, por sua vez, arregalou os olhos ao ouvir o que ela declarava.

— Não, não! Só tenho olhos para uma mulher e esta mulher não é você. – Falou firme rejeitando-a e seu coração palpitava como louco desejando que aquela mulher sumisse de sua frente levando, de bônus, todos os problemas que aquilo poderia acarretar. A falta de espaço ali o estava sufocando – Saia daqui, Kyun Hee. – Ele apontou na direção da porta – E não ouse meter-se na minha vida ou na vida de Bea Ni. – Ordenou e sua voz aveludada retumbou no ambiente ganhando ares de ameaça à Hee e proteção à Ni.

Ele viu lágrimas nos olhos de Kyun Hee e ficou realmente perdido com tudo aquilo. Era o que faltava ela começar a chorar por causa dele. Por ter ouvido a verdade. Não queria magoar ninguém, tampouco fazê-la chorar, mas ela havia passado de todos os limites. Como a olharia dali em diante? Como contaria isto para Bea Ni?

— Taehyung, – Kyun Hee tocou-lhe o rosto e ele tencionou o corpo petrificando – você vai descobrir a quem realmente ama...

Ele franziu os cenhos pronto para rebater, mas ela não lhe deu tempo.

E então o beijou.

Kyun Hee agiu sem cerimônias atirando-se nos braços de Taehyung. Ele assustou-se, mantendo-se tenso. Não esperava que ela chegasse a tal ponto, o que o deixou sem reação. O Kim sentia o calor daquele beijo indesejado e os dedos da Hee trilhavam caminhos por seu pescoço, fazendo-o arrepiar-se. Aquilo deveria parar. Sua mente vagava para os toques de Bea Ni e tudo estava começando a ficar traiçoeiro. Ele tentou afastar-se, tentou empurrar a Hee, mas quanto mais ele a rejeitava, com mais intensidade ela agia.

— Você é louc-- – Sua exclamação perdeu-se no caminho enquanto tentava se desvencilhar da Kyun Hee que viu, neste segundo, a oportunidade perfeita para provocá-lo ainda mais, aprofundando aquele beijo assincrônico com a passagem de sua língua ferina.

Taehyunhg estava um completo caos e a confusão nebulou sua mente. Sentiu o beijo intenso cheio de paixão da Kyun Hee, ao mesmo tempo em que encheu-se de raiva. E então, teve a certeza de que tudo aquilo não passava de uma armadilha para ele e Bea Ni.

Segurou-a nos ombros pronto para empurrá-la de vez com toda força que tinha, quando o pior, que ele tanto temia, aconteceu. 

 - TAEHYUNG?! – A voz de Bea Ni ecoou por todo o apartamento carregada de mágoa e decepção.

No mesmo instante Taehyung realizou o que havia pensado, empurrando Kyun Hee para o lado com aspereza, fazendo-a cambalear sem antes esconder um sorriso satisfeito.

— E o que é que você está fazendo aqui?! – Bea Ni dirigiu-se à Kyun Hee que manteve-se em silêncio enquanto massageava um ombro. Ela mantinha um olhar vitimizado que escondia toda sua insanidade.

A Ni e o Kim encararam-se. Ela, buscando respostas e explicações, com seus olhos marejados em dúvidas e ele, desejando ser ouvido diante daquele silencioso caos.

— Bea Ni, espera! – Taehyung a chamou assim que ela saiu de seu campo de visão – Saia daqui, Kyun Hee! VÁ EMBORA! – Ele gritou virando-se para a outra, puxando-a pelo pulso e pondo-a porta afora – Não pense que isto vai ficar assim. – Taehyung falou entre dentes travando a porta com estrondo. 

Ele levou as mãos à cabeça, atordoado.

Sua respiração estava descompassada assim como seu coração aflito. Uma onda de tristeza o invadiu e suas emoções ficaram à flor da pele. Chorou em meio à sua posição de injustamente culpado. Chorou por sentir o coração da sua amada mais uma vez partido e, desta vez, temia que não houvesse volta.

Largou-se no sofá cobrindo o rosto com as mãos e o único som audível era o choro de Bea Ni vindo do quarto, martelando em sua mente caótica.


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Notas finais do capítulo

Capítulo 40 está a caminho. Nos próximos dias estarei de volta...
Até breve!



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