[3ª Temporada] - STIGMA: Please, dry my eyes escrita por Carol Stark


Capítulo 40
Teias




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— Amor, fala comigo! – Taehyung gritou na porta do quarto de Bea Ni que estava trancada – Bea Ni-ah, por favor, me ouça. – Ele suplicava.

— Sai daqui, Taehyung. – A voz de Bea Ni era trêmula e baixa.

— Não até você me ouvir, jagi-ya.

— O que eu vi é o suficiente, Taehyung. – Seu tom foi cortante.

Taehyung baixou a cabeça sentindo-se desolado e sabia que Bea Ni sofria com aquele mal entendido. Mas deveria insistir. Ele lutaria. Não a perderia para uma mentira! 

— Ni-ah, você entendeu tudo errado. Por favor, me deixa explicar. Abre a porta, amor. – Silêncio – Você... – Começou necessitando pôr para fora aquela dúvida – Você mandou a Kyun Hee vir aqui buscar alguns papéis?

Taehyung perguntou desconfiado já sabendo que esta não era uma boa maneira de começar a se explicar. Mas talvez deste ponto as coisas pudessem fazer mais sentido, dependendo da resposta da Ni. Ele ouviu sons vindo do quarto e logo a porta abriu-se num rompante apresentando-lhe uma Bea Ni de rosto vermelho, levemente inchado. Seus olhos brilhavam ainda cheios de lágrimas.

— Bea Ni... – Taehyung murmurou olhando-a nos olhos com pesar.

— O quê?! Eu não mandei ninguém vir! Não me venha agora com esta desculpa fajuta para cima de mim, Kim Taehyung! – Falou ela fungando e limpando rapidamente uma lágrima que escorreu. Sua voz estava trêmula e ela agitada.  

— Bea Ni, foi o que ela falou!

— Onde você quer chegar com isto, Taehyung?! – Ela exasperou-se e foi até sua cama sentando-se de costas. Segurou um travesseiro entre os braços e afundou nele sua cabeça deixando que aquele choro insistente se esgotasse de seu coração.

— Eu jamais faria isto com você, Ni-ah. Nunca te trairia. Tem que acreditar em mim. – Taehyung sentia-se magoado, mas, na verdade, sequer tinha tempo de se permitir sentir-se magoado. Diante do que Bea Ni viu, somente alguém sem sentimentos agiria normalmente no lugar dela. O que lhe restava era um pedido de desculpas. – Meu amor, me desculpa. Mas eu estou tão confuso quanto você. – Ouviu Bea Ni emitir algum som, incrédula. Ferida – Olha para mim. – Pediu. Ele aproximou-se e Bea Ni virou o rosto escondendo as lágrimas. Não conseguia olhá-lo tamanha a decepção e confusão.

— Já te dei chances demais, Taehyung... – Bea Ni murmurou perdida em pensamentos.

— Não, Bea Ni... – O coração do Kim agitou-se aflito diante daquela frase enigmática. Não sabia o que se passava na cabeça da Bea Ni, mas precisava defender-se e lutar pelos seus sentimentos àquela mulher a sua frente - Fica calma. Bea Ni, eu te amo! O que você viu não significou nada para mim! É em você que eu penso sempre que não estou com você; é com você que eu quero viver. Tudo não passou de uma armadilha para nós dois! Para acontecer justamente o que está acontecendo agora, jagi. Ela conseguiu subir porque disse que foi você quem a enviou para que pegasse aqui alguns papéis.

Taehyung respirou fundo tentando regular, com dificuldade, sua respiração.

Bea Ni soltou o travesseiro encarando Taehyung de pé, ao seu lado. Ela o avaliou intrigada com o que ele dissera. Franziu os cenhos cerrando os olhos. Ele conhecia bem aquela expressão e adiantou-se:

— Tudo bem, pode perguntar ao porteiro, então. – Ele largou-se na cama, sentando já cansado de toda esta história. Eles não mereciam aquilo. Quando finalmente teriam paz?

Bea Ni levantou-se retirando o telefone do gancho acionando a portaria sem titubear e perguntou sobre a jovem que subira para seu apartamento. Fazendo apenas seu trabalho, o funcionário confirmou o que lhe foi dito:

Sim, Srta Ni. A jovem informou que a srta. estava à sua espera e que tinha a sua permissão para subir.

— Obrigada, Sr. Gak. – Pôs o telefone no gancho olhando o Kim em silêncio.

— Viu?!

— Mas eu não a mandei vir! Hoje mesmo falávamos sobre mantermos nosso namoro em sigilo por mais um tempo até passar todos estes problemas...

— Exatamente, Ni-ah. Me senti muito desconfortável com a presença da Kyun Hee-ssi, eu--

— Aish, não fale o nome dela na minha casa! Desde o começo que não confio em nada do que ela diz. – Bea Ni parou pensativa - Ainda sinto como se houvesse algo que eu deveria saber...

Taehyung franziu os cenhos sem compreender o que Bea Ni queria dizer com aquilo, mas estava ansioso para falar.

— Jagi, eu preciso me explicar. Não vou aguentar se ficarmos brigados de novo... Você precisa me ouvir, promete? Tudo não passou de uma armação da Kyu--

Bea Ni bufou ao notar que ele diria aquele nome indesejado, causa de toda sua raiva e o encarou com os braços cruzados. Ele, novamente de pé, continuou:

— Me desculpa. Bom tudo começou quando eu saí uns minutinhos para a loja de conveniências lá em baixo. Já estava perto das 20h e me apressei para comprar o que precisava para o jantar e... Acabei não travando a porta em meio à correria--

— Taehyung! – Bea Ni o repreendeu. Aquilo já começava mal.

— Eu sei, eu sei, deveria ter prestado atenção... – Falou cabisbaixo e seu tom de voz retraiu-se – Mas mesmo que estivesse fechada, jagi, ela estaria esperando e entraria usando este mesmo argumento. – Ele pensou justificando sua falha, o que não lhe tirou a razão -  Quando voltei, percebi a porta entreaberta e entrei com cautela até que ouvi um som vindo da cozinha. Me preparei para qualquer coisa, menos para a possibilidade de vê-la aqui. Foi quando me contou que veio a pedido seu e insistiu em ficar na cozinha junto comigo... Falou coisas sem sentido e--

— Como o quê?

— O quê?

— O que ela disse? Que coisas sem sentido? – Bea Ni estava impaciente.

Taehyung pigarreou constrangido.

— Disse que nutria amor por mim. Que eu a olhava diferente, mas é mentira!

Bea Ni manteve-se quieta. Nunca notara, de fato, o Kim olhar a Hee de outra forma senão como mais uma funcionária da empresa, mas seus ciúmes a corroíam e preferiu respirar fundo apenas ouvindo. Então Taehyung prosseguiu:

— Ela... Depois que eu a rejeitei ela insinuou que eu poderia estar enganado quanto aos meus sentimentos à você e... Me beijou.

— Vadia. – Bea Ni murmurou irritada e incomodada. Sentia-se ferida – Por que você não a afastou, Taehyung?! Por que não a impediu? Estou me sentindo péssima... – Murmurou novamente, confessando.

— Eu tentei! Você chegou exatamente quando eu tentava fazer isto, meu amor, me perdoa. Mas eu não tive culpa alguma! Não sei de onde ela tirou que eu a olhava diferente... Eu sempre estou com você. Só tenho olhos para você. Ni-ah, você sabe disso!

Bea Ni abaixou a cabeça e seus olhos encheram de lágrimas mais uma vez. Ela estava aflita e sentia-se humilhada pelo que aconteceu e presenciou. Sabia que Taehyung dizia a verdade. Queria apenas ignorar tudo, mas estava muito ferida para dizer que estava tudo bem.   

 - Por que querem nos separar, Taehyung? – Bea Ni inquiriu com a voz cansada e caminhou para perto da janela – O que fizemos? – Lamentou e outra lágrima escorreu. Nos últimos tempos a vida de Bea Ni estava um turbilhão e aquilo estava sendo difícil de suportar.

Taehyung aproximou-se a fim de envolvê-la num abraço, mas ela o empurrou parecendo indignada, extravasando suas frustrações enquanto seus olhos voltavam ao tom rosado pelo choro.

— Jagi-ya, fica calma... – Taehyung sussurrou segurando os pulsos da Ni impedindo-a de atingi-lo, no que ela cedeu deixando-se sentir o abraço aconchegante do Kim.

Breves e silenciosos segundos se passaram em meio a este gesto. Ambos perdidos em seus próprios fantasmas. Taehyung afagava o topo da cabeça de Bea Ni quando ela o despertou chamando-lhe a atenção.

— Taehyungie. – A voz de Bea Ni saiu abafada de encontro ao peito do outro.

— Uhm? – Murmurou.

— Tenho medo de o JungHuon ainda vir atrás de mim. Tenho medo de ele estar por trás de tudo isto.

Taehyung logo afastou-se olhando-a nos olhos.

— Bea Ni-ah, não vou deixar que nada de mal te aconteça. – Pausou – Como ele poderia estar por trás disto?... – Levou em consideração as palavras da Bea Ni.

— Não sei. De alguma forma, ele ainda me assombra... Meu passado parece estar sempre presente. Não gosto disso... – Ela voltou a envolver a cintura de Taehyunhg com os braços, encostando a cabeça em seu tórax e voltando a ouvir o coração do Kim. 

— Também estou confuso... – Ele respondeu igualmente reticente. As palavas da Ni o atingiram sem perceber, descrevendo exatamente o que ele também sentia – As vezes penso que estou pagando pelo que fiz... – Pensou alto e, mais uma vez, o rosto encapuzado de olhar cortante e profundo voltou à sua mente levando de volta o flash da noite em que seu tormento começara, marcando-o com aquele estigma nefasto.

Afastou-se de Bea Ni como em um choque e ela o observou sem compreender aquelas palavras; sem compreender aquele gesto repentino.

— Bea Ni, eu tenho medo de te perder.

— Taehyung, do que você está falando?...

— Você tem me salvado de mim mesmo. Eu estava me afundando, morrendo todos os dias e você me puxou pela mão.

— Taehyung... Você tem algo a me dizer? – Bea Ni tinha receio da resposta diante do comportamento do Kim. Ele estava preocupado e ao mesmo tempo distante em lembranças.

— Quando falei que já havia perdido alguém e que não suportaria perder mais ninguém... - Taehyung deu uma pausa deixando Bea Ni ansiosa - ...Eu me referi a HyumTae. – Continuou ele com a voz baixa.

Bea Ni permaneceu em silêncio e apenas aguardou que Taehyung prosseguisse. Então, respirando fundo, ele falou com pesar:

— Eu tinha uma irmã.

A frase foi dita à medida que seu peito ardia em dor.

Estava na hora de Taehyung revelar seu estigma e deixar que o destino traçasse as linhas daqui em diante. Temia que sua vida fosse novamente separada da de Bea Ni, mas pedia aos céus que ela o aceitasse junto ao seu passado.

Mesmo sendo manchado de sangue.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo, flashbacks.
Aguardem.......
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