— O dia da inauguração está próximo, finalmente! – Ouviu-se a voz de Julee Hu, da equipe Kang’s Company – Estamos confeccionando todas as peças.

— Agora nada pode dar errado, Bea Ni. – Man Guk, outro funcionário e amigo comentou animado tomando um gole de uma água saborizada.

— Estou realmente ansiosa por este dia. Não vejo a hora lançarmos nossa coleção. – Bea Ni falou com os olhos brilhantes, no que Hua Le concordou.

— Precisarão de nossa ajuda hoje? – Jimin perguntou curioso – É que faz um tempo que não saio com a Nana. Marquei um jantar com ela e comprei algumas flores e um colar que ela irá amar. – Expôs empolgado abrindo um sorriso largo.

— Mandou bem, Jimin-ah! – Hoseok exclamou apoiando o amigo.

— Que romântico. – Yoongi murmurou, falando mais para si do que para os demais – Vai pedi-la em casamento, Jiminie?

Jimin engasgou-se com o suco que tomava.

— Não! Quer dizer, sim! Mas não hoje. Bom, eu... Eu até que pensei, mas... Ainda estou organizando as papeladas finais da compra do meu apartamento e, bem, vocês sabem, hyungs... Eu ficaria um tanto enciumado em levar a Nana para morar conosco... – sussurrou apenas para que alguns deles ouvissem.

— Tudo bem, Jimin. - Yoongi sorriu.

— Não se preocupe, Jimin. – Hua Le começou alheia aos rápidos sussurros há pouco - Vejo que a Nana anda trabalhando bastante e nenhum de nós temos folgas, principalmente depois de todo este contratempo... – Hua Le falou abaixando a cabeça na última frase, preocupada com o caso do plágio não descoberto – Aproveite o jantar e cuide bem da Nana! – Sorriu animando o rapaz.

— Obrigado! – Jimin agradeceu levantando-se e indo em direção a um frigobar próximo, na copa, onde todos estavam reunidos aproveitando o tempo que tinham para o almoço.

— Ótimo! Então poderei ver a noona. – Jungkook bateu palmas e logo em seguida comeu o último pedaço de carne do seu prato. 

— Bea Ni, então o que acha de--

Taehyung começou, mas foi interrompido com um conjunto de pigarros aleatórios e olhos arregalados.

— O que vai dizer?! – Hoseok sussurrou para o amigo – Não estamos apenas nós aqui, Tae-ahhh.

— Não precisa sugerir mais nada para as duas sobre a coleção que estão produzindo, Taehyung. – Jin começou tomando a frente ao perceber que Julee Hu e Man Guk olhavam para todos com ares de interrogação – Bea Ni-ssi e Hua Le-ssi já têm trabalhos demais. Não é mesmo, garotas? – As duas apenas menearam a cabeça afirmativamente – Devem estar preocupadas demais com o que aconteceu.

Kyun Hee entrou na copa cumprimentando todos, no que retribuíram e continuaram com o assunto. Ela encostou-se em um balcão displicentemente e serviu-se de um bolinho cuidadosamente embrulhado.

Namjoon olhou de relance para a jovem ao canto, parecendo concentrada em seu pequeno bolo.

— Devemos convocar uma reunião com o Bang PD-nim. O que acham? – Namjoon começou e olhou novamente para Kyun Hee que levantou os olhos para o grupo reunido à mesa – Temos que apressá-lo sobre a resolução do plágio ao modelos e designs criados por vocês. – Completou olhando para os poucos presentes da equipe Kang’s. Em seguida, trocou olhares com Yoongi que endossou:

— Concordo, Nam. O ideal seria termos o culpado em nossas mãos até antes da inauguração. – A voz de Yoongi foi misteriosa deixando a ameaça pairar no ar e, olhando para Kyun Hee de soslaio, a viu remexer-se inquieta, trocando o peso do corpo de uma perna para outra e logo desistiu do que comia. A jovem pegou um copo e encheu de água.

— Vocês têm razão. Vamos sugerir isto ao Bang PD-nim. – Jin concordou compreendendo as intenções de Namjoon.

— Estamos muito aflitos com tudo isso. – Man Guk comentou.

— Não sabemos falar de outra coisa além desse plágio... – Julee Hu falou tristonha com seu rosto pequeno enrubescendo. Ela fungou discretamente – Soo Ji e eu sempre choramos quando lembramos o quanto estávamos felizes com o trabalho já pronto tendo esta parceria com vocês... E de repente tudo foi por água abaixo. 

— Não fiquem assim, Julee. – Hua Le tocou o ombro da amiga.

— Iremos descobrir o impostor. – Bea Ni se pronunciou.

— Ou impostora. – Jin falou calmamente observando o comportamento da Kyun Hee que virou-se de costas para a mesa respirando fundo. Seu coração estava acelerado enquanto lavava rapidamente a louça que havia usado.

— O tempo está acabando... – Yoongi foi retincente deixando a proposital indireta.

No mesmo instante, o copo espatifou-se ao escorregar das mãos de Kyun Hee que assustou-se abafando um pequeno grito com as mãos. Sem demora abaixou-se recolhendo os cacos de vidro.

Cerrando os olhos em direção à Kyun Hee, Yoongi levantou-se pondo as mãos nos bolsos e com um sorriso no canto dos lábios, olhou de Jin para Namjoon e em seguida para Bea Ni. Abaixou a cabeça e saiu calmamente sem dizer mais uma palavra sequer.

— Deixa eu te ajudar. – Jin aproximou-se pegando alguns cacos do chão.

— Não, não precisa, eu-- - Kyun Hee começou e logo cortou-se resmungando em seguida. Um filete de sangue escorreu pela sua mão sem cerimônias – Aish, droga. – Murmurou.

— Você parece nervosa. – Namjoon aproximou-se e vareu os cacos, apanhando-os e jogando-os no lixo – Meninos, chamem uma enfermeira para fazer um curativo na mão da Kyun Hee-ssi.

Jimin, Jungkook e Hoseok saíram em busca do que Namjoon pedira, enquanto que os demais saíram da copa, voltando aos seus horários de trabalho.

Sem demora, Hoseok voltou com uma das esfermeiras da empresa carregando os materiais necessários para o curativo na mão da jovem.

— Não precisa ficar nervosa pelo incidente. – Namjoon começou observando o curativo sendo feito, chamando a atenção da Hee para si.

— Me desculpe, eu estava distraída e acabou escorregando... – Ela falou sem encará-lo.

— A perda de um copo não é nada. Pode ser substituído sem dano algum; não nos fará falta. – Namjoon falava em um tom baixo e tranquilo – Um copo não é absolutamente nada comparado a perda de todo um portifólio, não acha? – Ele mantinha seu olhar no dela que mal conseguia sustentar – Não é um absurdo?! Mas estamos contando com sua ajuda e com os relatórios para encontrar o culpado. Muito obrigado por isto, Kyun Hee-ssi.

Ela não conseguiu responder. As palavras pareceram entalar-se em sua garganta ao mesmo instante em que sentira o ferimento. Limitou-se a uma careta e mordeu os lábios abaixando a cabeça. A mão ferida estava estendida para a enfermeira que habilmente limpava e tratava o ferimento.

— Você ficará bem? – Hoseok inquiriu logo em seguida.

Kyun Hee ergueu o rosto olhando-o sem compreender a intenção daquela pergunta. Por breves segundos mantiveram os olhares, ambos curiosos, porém cada um com motivos distintos.

Ninguém nunca se importava com ela. Aquilo havia sido uma novidade para a Kyun Hee deixando-a confusa sobre o que estava acontecendo ali. 

“Começamos o jogo. Eles só podem estar desconfiados de mim. Mas, será que todos eles estão?” – Pensou ela encarando Hoseok e apenas meneou a cabeça afirmativamente.

— Hobi hyung, vamos. – Namjoon o chamou preocupando-se com o amigo e saíram em seguida – Hyung, cuidado com aquela mulher! – Murmurou – Não devemos confiar, em hipótese alguma.

— Nee. Nee. – Hoseok respondeu impaciente.

 “O tempo está acabando...” – As palavras de Yoongi ecoavam na cabeça de Kyun Hee. – “Não esperava que algo me desestabilizasse dessa forma. Precisamos agir o quanto antes. O tempo está acabando...”.

— ...Shhh. Tae, fala baixo ou podem nos pegar aqui. – Bea Ni sussurrava.

— Na verdade, já não me importo tanto assim. – Taehyung respondeu roubando um beijo da Bea Ni que retribuiu. Ambos estavam em um corredor mal iluminado da empresa em um ângulo em que as câmeras não apontavam.  

— Mas tem que se importar! – Ela falou entre beijos e sua voz soou ainda mais abafada. Em seguida, afastou-se – Tae-ah, para que mais alguém saiba de nós dois, teremos que planejar isto, além do mais, o Bang PD-nim deve saber por nós. Não quero que ele saiba por terceiros. – Ela franziu o cenho levemente aborrecida, mostrando seu ponto de vista e o cuidado que deveriam ter.

— Sabe que fica linda quando está irritada, não é? – Taehyung concordava com Bea Ni, mas não estava se importando tanto assim com palavras nequele momento. Beijou-lhe a ponta do nariz e levou-a, os poucos centímetros que faltavam, contra a parede iniciando mais um beijo.

Ambos sentiam o calor um do outro envolvendo-os só em amor e acolhimento. Ali, apenas sentimentos eram cúmplices.

— O que me diz? – Taehyung inquiriu perdendo o fôlego, porém, mantendo seu corpo colado ao de Bea Ni, abraçando-a pela cintura.

— Não sei, Tae... Os rapazes irão aproveitar o tempo ao lado das garotas, mas todos já sabem desses dois casais no grupo e... – Bea Ni desviou o olhar – E nós não temos nada assumido ainda para a imprensa. Podem desconfiar de você se sair também. Podem te seguir. Lembra daquela fotógrafa perto da casa de vocês? – A pergunta foi retórica.

— Hey – Taehyung segurou o queixo de Bea Ni fazendo-a olhá-lo e beijou-a mais uma vez. Desta vez rápido o sufuciente para continuar o que tinha a dizer – Quer que eu chame o Bang PD-nim agora? Posso agora mesmo falar para ele que sou completamente apaixonado por você e depois, não teremos mais de quem nos esconder.

Bea Ni sorriu.

— Estamos com muitos problemas, Tae-ah. – Bea Ni falou puxando-o pela razão – Pense em toda especulação que passaremos e ainda temos a inauguração em breve. Esta parceria ficaria em risco com nossa exposição. Além de minha equipe poder sofrer as consequências das minhas atitudes, eu poderia ser facilmente julgada como uma oportunista... Eu tenho medo, Taehyung. Não sou nada disso e trabalhei muito duro para no fim ser julgada injustamente.

— Eu entendo. – Taehyung ficou pensativo - Não tenha medo, jagi-ya. – Ambos ainda falavam aos murmúrios – Estarei com você. Vai ficar tudo bem, ok? Deixamos passar o lançamento e a inauguração e resolvemos nossa vida, o que acha? – Ele acariciou os fios de Bea Ni que apenas concordou e puxou-o para um beijo lento e envolvente. A medida que os segundos se passavam, ela sentia as mãos de Taehyung ficarem impacientes, passeando por seu corpo entre apertos e carícias...  

Kyun Hee, após sair da copa com o curativo feito, andava apressada, perdida em pensamentos, rememorando as palavras de Yoongi e calculando quais seriam seus próximos passos naquela empreitada. Mas, alguns sussurros lhe chamaram atenção fazendo-a parar de súbito, curiosa. Encostou-se na parede próxima que separava o caminho que seguia do outro ao qual vinham as vozes e ali ficou alimentando sua ânsia por informações que lhe servissem. Fingiu mecher na bolsa para não levantar suspeitas e manteve-se com os ouvidos atentos.

— ... Mas você não me respondeu ainda. – Taehyung voltou ao assunto antes iniciado espalhando beijos pelo rosto de Bea Ni. Ambos sorriam por estarem às escondidas como dois adolescentes.

— Só se você não for com seu carro ou com o carro da empresa. – Bea Ni respondeu por fim – Pegue um taxi. Assim não chamará atenção para sua identidade.

— Uhum. – Murmurou ele estalando beijos agora pelo pescoço da Bea Ni que segurou um risinho ao sentir os lábios úmidos de Taehyung passeando por sua pele de forma displicente.

— Taehyung. – Bea Ni chamou-o com a respiração entrecortada, passando os dedos por entre os fios do mais alto que a apertava num abraço. Enquanto ela sentia que ele lhe abraçava também o coração – Vamos voltar ao trabalho. – Ela não queria, na verdade, preocupar-se com isso. Não queria precisar voltar, mas não deveriam agir como inconsequentes, muito menos no ambiente de trabalho.

— Posso chegar às 19h? – Taehyung perguntou olhando-a, aguardando uma resposta, mas logo prosseguiu – É o tempo de eu passar em casa rapidinho com os hyungs e o Jungkookie, deixo minhas coisas e vou.

— Tudo bem. Antes tenho que ficar um pouco ainda com a Hua Le acertando alguns detalhes pendentes, mas chegarei antes das 20h. Você sabe a senha da minha casa.

— Sei sim. Faço nosso jantar e ficarei esperando pela minha garota. – Ele sorriu e lhe acariciou o rosto dando-lhe em seguida um beijo na testa.

Bea Ni retribuiu o sorriso com afeto e puxou-o para um último beijo cheio de paixão.

Taehyung sorriu satisfeito e seu peito transbordava.

Kyun Hee sentiu-se estranha com o amor entre o Kim Taehyung e a Bea Ni. Invejou-os e, mais uma vez, pensou que poderia estar vivendo seu amor ao lado de JungHuon. Mais uma vez viu-se entre a linha tênue de continuar com o plano e ter finalmente o reconhecimento e amor do homem que amava ou desistir de todo este plano de vingança e lutar pelo Huon à sua maneira.

Em um flashe traiçoeiro de sua mente, Kyun Hee percebeu que aquele casal não merecia a maldade de JungHuon. Alheios, ambos só queriam viver suas vidas em paz. Assim como a própria Hee também queria com o homem que julgava amar.

“Manterei o plano”. – Repensou ela firme – “Tudo pelo meu JungHuon. Se é isto que devo fazer para tê-lo, assim será”.

— Esta é a oportunidade perfeita. – Falou para si mesma com um sorriso enviesado. Seus olhos brilharam em uma esperança doentia.