Meu Pequeno Anjo escrita por Lelly Everllark


Capítulo 32
Lágrimas.


Notas iniciais do capítulo

Sei que estou atrasada, mas voooltei e é isso que importa!
Espero que estejam gostando e se tiverem ficado tão tristes lendo esse capítulo quanto eu fiquei escrevendo, já vou ter m sentimento de dever cumprido u.u
A história só terá mais cinco capítulos, talvez seis, mas com certeza não passará disso #EstamosChegandoAoFim ;-;
BOA LEITURA!! :D



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  Connor

   Ela se mexeu!

  Depois de seis meses Grace finalmente resolveu acordar como diria Angie. Minhas garotas todas juntas no shopping rindo e se divertindo e eu preso no trabalho, mas como ainda é quarta-feira eu não posso fazer muito mais. Não vejo a hora de chegar em casa e vê-las, beijar Izzie, ouvir os relatos intermináveis de Angie e sentir Grace finalmente se mexer.

  - Pensando na mulher, Connor? - meu chefe pergunta e faço que sim, não tem como nem por que esconder meu sorriso bobo.

  - Estava, nos vimos hoje de manhã e já estou com saudades. Como é possível?

  - O nome é amor, sempre que penso na minha esposa é assim também e já estamos juntos há dez anos - ele sorri. - Mas agora volte ao trabalho que assim o tempo passa mais rápido.

  - Sim, senhor - digo me voltando finalmente para o computador.

  Estou tão concentrado na escolha das cores para o meu logotipo que só sinto o celular que está no silencioso vibrar quando já tem mais de três ligações perdidas.

  - Alô? - finalmente atendo o número desconhecido sem ter nem ideia de quem poderia ser.

  - Connor? — alguém pergunta e não reconheço a voz.

  - Sou eu, quem gostaria?

  - Meu nome é Daiane, sou recepcionista do hospital...

  - Hospital? - a interrompo com um mal pressentimento. - Quem...? O que aconteceu? - decido mudar a pergunta tendo certeza de que não vou querer saber a resposta qualquer que seja ela.

  - Você conhece Isabelle Adms?

  - Izzie? - pergunto no automático, em pânico. Não, não, não, ela não, elas não!— Ela é minha mulher. O que... O que aconteceu?

  - A Srta. Adams sofreu um acidente. Foi atropelada na saída do shopping. Isabelle e a menor com ela foram trazidas pra cá. O senhor pode vir vê-las?

  - Como elas estão!? Isso é brincadeira, certo? Nós estávamos ao telefone em menos de duas horas atrás. Como... Como isso foi acontecer!?

  - Senhor, acalme-se, por favor, nós não damos informações sobre os pacientes por telefone, você terá que vir até aqui. Senhor? — ela chamou quando eu não disse nada.

  - Já vou... - sussurrei trêmulo e ela desligou.

  Se eu não estivesse sentado teria caído no chão, não sinto minhas pernas, na verdade, não sinto nada que não seja medo agora. Esse telefonema é ainda pior que o de Helen, aquele em que ela falou sobre Angie. Saber que elas se machucaram, todas elas, me desestrutura de uma forma que não sei descrever, perder qualquer uma delas é algo que não quero descobrir como é. Eu poderia ficar ali naquela cadeira pelo resto do dia só rezando para elas estarem bem, sem coragem para encarar a realidade fosse ela qual fosse. Mas não podia me dar a esse luxo, por que tinha que encontrá-las, todas elas, e minhas garotas estariam bem, tinham que estar.

  Não me lembro de falar com meu chefe ou me despedir de alguém, mas acho que o fiz, não tenho nem ideia de como consegui andar até o carro e o fiz se mover, só sei que cheguei ao hospital numa velocidade absurda, berrei com a secretária de um jeito que não sabia ser capaz e quando cheguei a recepção onde Stu e Angie estavam, não aguentei.

   - Onde ela está, cadê a Izzie? Onde está minha mulher? – gritei para ninguém em particular em busca de respostas, eu tinha plena consciência de que gritar não mudaria nada nem faria ninguém se mover mais rápido, mas era o meu jeito de lidar com todos os sentimentos que eu não sabia nem nomear nesse momento.

  Stu e Angie que estavam mais adiante finalmente me olharam e ver minha pequena com um curativo na testa e o braço em uma tipóia me deixou sem chão.

  - Papai! - ela gritou descendo do colo de Stuart e correndo em minha direção.

  Peguei Angie nos braços e a apertei com força, ela estava bem, uma das minhas garotas estavam bem e isso já era um começo, aspirei o cheirinho próprio da minha pequena e senti os olhos marejarem.

  - Vocês são familiares de Isabelle Adams? – um médico de meia idade pergunta interrompendo meu pequeno momento e eu e Stu assentimos mudos ao passo que Angie soluça baixinho agarrada ao meu pescoço. - Receio ter más notícias.

  - Más notícias? Como assim!? Como elas estão, como estão Izzie e Grace? – pergunto num misto de desespero e pânico, Stuart coloca a mão em meu obro tentando me acalmar e seu pequeno gesto só não me faz desabar por que tenho Angie e ela precisa que eu seja forte.

  - Fique calmo, senhor? – ele olha para mim e respiro fundo, aperto Angie um pouco mais e finalmente o encaro.

  - Scott, Connor Scott.

  - Muito bem Sr. Scott. Eu preciso que fique calmo e me ajude a te ajudar – ele pede e faço que sim. – Ok, ótimo. Sua mulher, ela sofreu uma concussão quando caiu e bateu a cabeça. Seus sinais vitais estão estáveis, mas receio dizer que ela ainda não acordou.

  - Izzie... Ela... Ela está em coma? – pergunto e as palavras são como uma faca rasgando meu peito.

  - Não, ainda é cedo para chamarmos assim. Vamos acompanhar o quadro e torcer para que ela acorde nas próximas horas.

  - E a bebê, e Grace? Como está minha filha, doutor, por favor? – é um pedido desesperado, eu sei, mas não me importo, não aguentaria pensar que... Imaginar que... – Ela está bem, certo?

  - Fique calmo, sua mulher teve um sangramento, mas nada que tenha prejudicado a gravidez, sua filha está bem e segura exatamente onde devia estar. Fique calmo e agora vamos esperar e torcer para o melhor. Isabelle irá acordar.

  - A mamãe bem? – ouço o soluço abafado de Angie e isso me parte o coração.

  - Podemos vê-la? – pergunto e ele olha para a pequena em meus braços.

  - Enquanto ela estiver na UTI só o senhor poderá subir, sinto muito.

  - Cinco minutos, por favor – peço. – A última imagem que ela teve da mãe foi ela coberta de sangue em uma ambulância. Eu não sei nem explicar a relação das duas, só preciso mostrar a ela que a mãe dela está bem.

  - Por favor – Stuart pede ao médico também e não consigo ser mais grato ao meu amigo.

  - Tudo bem – o médico cede. – Cinco minutos e ela terá que sair.

  - Obrigado – agradeço e ele assente.

  - Depois vou precisar que você assine alguns papéis para mim.

  - Claro.

  - Vamos? – uma enfermeira chama e a acompanho dando um último aceno para Stuart e o médico.

  Seguimos com a enfermeira pelo corredor e o silêncio e cheiro de álcool daquele lugar me deixavam desconfortáveis e sempre imaginando o pior. Quando chegamos ao quarto a visão da minha morena deitada na cama com o rosto pálido, os curativos nos braços e um no queixo, ligada a vários fios me faz estancar na porta. A enfermeira se despede e eu não consigo nem olhá-la, não me mexo e sinceramente não sei nem se estou respirando.

  A realidade me atinge assim que vejo seu peito subir e descer, mas seus olhos continuam fechados. A ideia de nunca mais vê-los abertos, ou que não vou ver mais seu sorriso ou ouvir sua voz me enche de um terror tão grande que não sei o que pensar, muito menos sentir.

  - Mamãe! – Angie diz assim que a vê e desce do meu colo para correr até ela. A pequena toca a mão de Izzie com um sorriso enorme em meio ao rostinho manchado de lágrimas. – Mamãe! Mamãe, acorda – ela pede apertando a mão da morena e não há nenhuma resposta. – Mamãe... – ela chama mais uma vez e eu estou chorando, não me importo. Só não consigo assistir. Por que entendo a dor de Angie, é a mesma que a minha. Ela finalmente me olha com os olhinhos marejados outra vez. – Papai, a mamãe não quer acordar! Por quê? Por que ela não acorda? É por que o carro bateu nela? Papai?

  - A mamãe... – começo indo até ela e me interrompo engolindo em seco. Toco a mão das duas que ainda estão juntas e me abaixo ao lado da cama para ficar da sua altura. Limpo suas lágrimas com o coração na mão tentando imaginar como explicar para uma garotinha que sua mãe não vai acordar quando ela chamar. Não dessa vez pelo menos.

  - Ela virar estrelinha? – Angie pergunta aos soluços desesperada e meu coração se parte. Puxo minha pequena para um abraço e estou chorando também.

  - Não, ela não vai virar estrelinha – minha voz sai entrecortada pelas lagrimas e tento me recompor. Como vou acalmá-la se não consigo nem mesmo me acalmar?

  - Então por que ela não acorda, papai? – ela pergunta mais calma e respiro fundo olhando para a mulher de rosto sereno deitada na cama. Quase consigo ouvi-la nos repreendendo por chorar assim. Ela saberia exatamente o que dizer para Angie. Olho minha filha e tento sorrir.

  - Ela não consegue acordar agora por que ela se machucou. Você se lembra não é? Do carro?

  - Sim, tinha carro e sangue. A Grace se machucou também, lá na barriga da mamãe?

  - Um pouquinho só, mas ela está bem. E é por isso que a mamãe não consegue acordar. Ela cuidando da Grace, pra ela ficar bem, por isso não consegue acordar agora. Ela só vai acordar quando sua irmã estiver bem, por que é isso que as mães fazem não é? Cuidam dos filhos?

  - A mamãe cuidou de mim, quando o carro tava vindo ela me tirou da rua, eu cai e machuquei o braço, mas o carro não bateu em mim só nela. Agora ela cuidando da Grace? – ela pergunta muito séria e só consigo amá-la inda mais por esse anjinho que é. Olho para Izzie e não consigo nem mensurar meus sentimentos por ela. Minha morena protegeu-as, protegeu nossas duas filhas e isso só consegue me mostrar o quão incríveis mães são. Elas se doam por inteiro sem nem hesitar. Por isso que sei que ela vai acordar, por que não deixaria nenhuma delas aqui sem o seu amor e sua proteção.

  - É, ela está cuidando da sua irmãzinha, então não fique brava com ela, Ok? Ela vai acordar, sei que vai. Mas enquanto isso não acontece nós vamos cuidar dela, está bom?

  - . Mas não vai demorar não, né? A mamãe vai acordar rapidinho, né? – ela pergunta com os olinhos brilhando pelas lágrimas que sei que virão.

  - Vai ser rapidinho, a mamãe não vai nos deixar sozinhos aqui muito tempo.

  Ela faz que sim e toca a barriga da mãe.

  - Grace fica boa logo pra mamãe acordar. Eu e o papai estamos tristes por que vocês duas estão dodóis – os olinhos vermelhos pelas lágrimas de Angie se arregalam de repente e ela olha pra mim. – A Grace acordou, papai.

  Em meio a tudo isso eu tinha esquecido o motivo da minha felicidade de horas atrás. Coloco a mão ao lado da Angie e sinto o movimento sob minha palma, meu coração se aquece e consigo sorrir. Minha pequena graça está se movendo animada e isso me deixa um pouco mais leve.

  - Eu e nossas garotinhas estamos a sua espera, meu amor. Por favor, não demore – digo olhando para o rosto sereno de Izzie. Quem a visse poderia facilmente dizer que ela estava apenas dormindo.

  - O tempo acabou – uma enfermeira anuncia e me inclino sobre Izzie e lhe dou um selinho. Angie se despede e sigo a enfermeira sem protestar por que sei que ficamos muito mais que cinco minutos.

  Quando chego à recepção há uma aglomeração enorme de pessoas. Todas falam ao mesmo tempo e só depois do susto inicial é que vejo que são todos amigos e conhecidos. Minha mãe e Gwen têm os olhos vermelhos, Ryan, o amigo exagerado de Izzie está tentando acalmá-las, mesmo que parece ele próprio perto de um ataque, os garotos estão todos ali, as irmãs de Gwen, e um senhor com cabelos escuros e olhos verdes que deduzo ser o pai delas. Há ainda um casal que não conheço, mas que me olha como se a culpa de estarmos todos ali fosse minha. O olhar da mulher para Angie me faz encará-la de volta com a mesma falta de gentileza, mesmo que eu não tenha ideia de quem ela seja.

  - O que aconteceu com elas?

  - Como está Izzie?

  - E Grace?

  - Graças a Deus que Angie está bem!

  - Connor, diz alguma coisa! – essa última foi minha mãe, vários pares de olhos me encaravam a espera de respostas e respirei fundo antes de finalmente falar.

  - Grace está bem, mas Izzie bateu a cabeça quando caiu e ainda não acordou. O médico disso que seus sinais vitais estão bons e que ela pode acordar logo, mas ainda...

  - Aquela idiota não ficou nem doida de me deixar aqui sozinha! – Gwen me interrompe aos soluços. – Ela vai acordar, precisa!

  - Vai sim, a Florzinha é forte e tem que cuidar da família dela, ela definitivamente vai voltar para nós – Ryan diz a consolando e sorri para mim enquanto a morena do cabelo colorido chora em seu ombro.

  - Eu quero vê-la! – diz a mulher mal encarada que estava mais atrás. Seus olhos também parecem vermelhos, mas não chegam nem perto dos de Gwen. – Quero ver minha filha!

  - Clarisse não grite estamos em um hospital – o senhor ao lado dela pede e finalmente me dou conta de que eles são os pais de Izzie. Angie os olha desconfiada e a mãe da minha namorada nos encara de volta parecendo irritada.

  - A senhora vai precisar de permissão para entrar – digo olhando diretamente para ela. - Algum problema, Sra. Adams?

  - Aposto que tem dedo dessa garotinha ou do bebê nesse acidente da Isabelle. Eu disse a ela, avisei, mas ainda assim não quis me ouvir – ela suspira e quase fico feliz de Izzie não poder ouvir suas palavras. Mas todos os outros escutam e sei que meus amigos e principalmente minha mãe e Gwen se ofenderam pela minha namorada.

  - Como é? – minha mãe pergunta comprando a briga e faço menção em interromper, mas é Raul a me parar. Encaro a confusão eminente e vejo os olhos de dona Vera faiscarem de raiva. – Você disse mesmo que minhas netas são as culpadas pela mãe delas estar daquele jeito?

  - Suas netas? Ah, faça-me o favor! Minha filha nem devia estar lá quando aconteceu!

  - Mas estava. Por que escolheu estar e aconteceu, foi uma fatalidade e o idiota que realmente foi responsável por tudo já está respondendo por seus atos. Mas nem mesmo culpá-lo vai mudar alguma coisa. E aposto que ela se machucou sim, cuidando de Angie e Grace e tenho certeza de que se pudesse falar, Izzie diria que não se arrepende nem por um momento. Por que é isso que mães fazem, elas amam, protegem e cuidam incondicionalmente, sem hesitar ou se preocupar com nada. E foi por isso que ela fez o que fez, por que Izzie é mãe e diferente de você, ela ama as filhas acima de tudo.

  - Como ousa? Está dizendo que não amo minha filha!?

  - Não. Estou dizendo que aparentemente a senhora não soube foi respeitar suas escolhas e apoiá-la quando ela mais precisou. Izzie é a mulher mais encantadora que já tive o prazer de conhecer e se quer um conselho, senhora, assim que ela abrir os olhos, por que ela vai abrir, se entenda com sua filha e aproveite tudo o que puder aproveitar com ela.

  A mãe de Izzie não disse mais nada, só fingiu superioridade e saiu da sala sem nem mesmo entrar para vê-la. Quando o médico voltou meia hora depois, ainda estávamos todos ali, incluindo a Sra. Adams que tinha voltado, ele disse que o quadro das minhas garotas continuava igual e desapontou todos quando disse que apenas a família tinha autorização para visitá-la enquanto ela continuasse na UTI.

  Quem visse o alvoroço que se instalou depois disso pensaria que estavam brigando dentro do hospital. Mas por fim meus amigos aceitaram que teriam que esperar.

  Quando a noite se estendeu e Angie dormiu em meu colo, eu fiquei dividido entre ficar com Izzie ou ir com ela até em casa. A Sra. Adams e Gwen se plantaram nas cadeiras da sala de espera então decidi ir com minha mãe e a pequena. Eu e Angie fomos no meu carro para que eu pudesse voltar e minha mãe e Raul no deles. Nós chegamos e subo direto com minha garotinha para o quarto que tem na casa da avó. A deito na cama e no instante em que estou ajeitando suas cobertas Angie abre os olhos assustada.

  - Você vai embora, papai?

  - Só vou lá cuidar da mamãe e já volto, a vovó vai ficar com você.

  - Eu não quero que você vá.

  - Eu sei meu amor, mas é rapidinho. Você só vai fechar os olhos e quando abrir eu vou estar aqui de novo, tudo bem?

  - Quando eu acordar a mamãe vai ter acordado também? – sua pergunta inocente acaba comigo. Me abaixo e lhe deu um beijo na testa.

  - Espero que sim, meu pequeno anjo. Espero que sim.


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Notas finais do capítulo

Eai, o que estão achando?
Quero opiniões!!
Beijocas e até, Lelly ♥



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