Meu Pequeno Anjo escrita por Lelly Everllark


Capítulo 31
Bônus: Encontros e telefonemas.


Notas iniciais do capítulo

Meus amores, oi!!
Não queria ter que dizer isso, mas minhas aulas voltam segunda-feira, ou seja, os capítulo em mais de uma dia da semana acabaram... Vamos voltar a nossa rotina de um único capítulo por semana, sinto muito, mas infelizmente para todos nós eu não posso fazer nada. Então só volto semana que vem agora!
BOA LEITURA!!



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  Stuart

  Eu podia ter escolhido qualquer profissão. Qualquer uma, engenheiro, marceneiro, padeiro, dedetizador, médico, mas não, eu quis ser professor. Vai lá Stuart dar aula para adolescentes que não querem nada com nada, vai ser super divertido. Por que mesmo que eu me levo a sério?

  Prazos chegando, um projeto para elaborar, provas para corrigir, planos de aula para fazer e os olhos escuros dela não saem da minha cabeça, como é possível? Nós nos vimos duas vezes e brigamos em ambas e ela já até ameaçou me mandar para a cadeia, só que ainda assim, simplesmente não consigo não me lembrar de seu rosto vermelho de raiva, Débora era uma graça irritada, mesmo por que eu ainda não tinha tido a oportunidade de vê-la de outro jeito que não fosse assim.

  Nosso primeiro encontro foi mais inusitado impossível. Eu estava louco para ser o primeiro a chegar à casa de tia Vera e descobrir em primeira mão o sexo do meu mais novo sobrinho ou sobrinha. Mas sabe aquele dia em que tudo o que pode dar errado dá? Pois aquele foi o meu. Atrasei os diários e simplesmente esqueci que devia passar uma atividade para a nota, resultado: ficamos eu e os alunos presos até o fim da aula, e quando finalmente consegui sair da escola acelerei como se minha vida dependesse disso, eu passava por aquela rua todos os dias, como imaginaria, como podia se quer pensar que naquele dia especifico que eu queria muito chegar rápido ao meu destino teria uma blitz ali? Era realmente só o que faltava.

  Passei com tudo pelo carro da policia parado no acostamento e me mandaram parar. No mínimo devem achar que eu sou algum traficante de drogas tentado furar o bloqueio, não um tio desesperado para saber o sexo do sobrinho.

  - O senhor não viu as instruções para parar, não? – a policial perguntou assim que abaixei o vidro. Ela me olhou a espera de uma resposta e eu só conseguia reparar em seus olhos escuros extremamente expressivos e no quão bonita ela era. – O senhor está me ouvindo? Preciso de sua habilitação e dos documentos do carro.

  - Por quê? – perguntei sinceramente. O que eu tinha feito de errado?

  - Como assim “Por que”? Você sabe que acabou de furar um bloqueio da polícia, né?

  - Ah, isso – sorri e o olhar incrédulo dela foi impagável.

  - Senhor, ainda estou esperando os documentos – ela estendeu a mão parecendo impaciente e eu peguei a carteira de motorista para dar logo a ela, só o fiz por que estava com pressa. Ela olhou a foto e depois para mim com um sorriso mínimo e fiquei um pouco incomodado, aparentemente eu tinha escolhido a pior foto 3x4 que eu tinha para colocar ali. – Tudo, Ok – ela me devolveu ainda com um sorrisinho. – Agora os documentos do carro e o senhor pode ir.

  Peguei os documentos e já tinha lhe estendido quando me lembrei que devia tê-los renovado há duas semanas, ela pegou o papel e eu não o soltei.

  - Senhor – ela insistiu tentando tirá-los da minha mão e eu puxei de volta sem saber o que fazer. Não sei bem como, mas aquilo acabou virando um cabo de guerra. – O senhor pode soltar agora.

  - Não quero – foi minha resposta madura. – Você já viu que eu os tenho, não precisa olhar mais, devolve!

  - Eu preciso vê-los, solta!

  - Não!

  - Senhor!

  - Oficial!

  - Isso não faz o menor sentido, só solta isso logo de uma vez! – ela já tinha perdido parte da compostura de policial, parecia quase uma questão de honra pegar esses malditos documentos agora.

  - Ainda bem que percebeu que não faz sentido, então que tal você soltar e me deixar ir, estou atrasado.

  - E eu querendo trabalhar!

  - Não sou eu quem está te impedindo.

  - Argh! Solta isso agora ou mando te prender por obstrução da justiça.

  - Se não sabe perder não devia nem brincar – resmungo e ela me olha feio pegando benditos documentos. Uma olhada rápida e ela está sorrindo, mulherzinha horrível e sem coração.

  - O senhor devia tê-los renovado duas semanas atrás.

  - Isso eu sabia, até aí nenhuma novidade. O que acontece agora? – pergunto sem tem certeza se quero mesmo saber a resposta.

  - Você sai do carro e eu o levo comigo – ela diz simplesmente e eu a olho sem entender.

  - Como é?

  - Você não devia nem ter saído com o carro com seus documentos nessas condições. Mas já que saiu e foi pego, agora vai ficar sem ele para aprender a quitar suas dívidas.

  - Você só pode estar brincando.

  - Receio que não, senhor. Agora, por favor, saia do carro, vou chamar o guincho e você poderá buscá-lo no deposito da polícia assim que renovar os documentos.

  - Ah, mas não vai mesmo – resmungo. – Eu preciso chegar ao meu destino, vou pagar tudo amanhã, que tal?

  - Senhor, por favor, só colabore, Ok? – ele suspira como se eu fosse idiota e estou começando a cogitar a ideia de acelerar aqui e fugir dela, será que consigo?

  - E se eu não quiser sair pra você levar meu carro?

  - Eu te levo pra cadeia, é você ou o carro, mas eu vou levar alguma coisa.

  - Que tal um drink antes de me levar para qualquer lugar que seja? – pergunto e a vejo ficar vermelha, só não sei se de vergonha ou raiva.

  - Saia, agora – seu tom é duro e só por isso resolvo obedecer, pego minha pasta e a pilha de trabalhos que tenho que corrigir. Ela me olha com uma pergunta muda a respeito dos papéis e dou de ombros.

  - Meus alunos vão querê-los de volta logo.

  Ela parece prestes a dizer alguma coisa, mas se interrompe antes disso.

  - Assine aqui – me entrega um formulário para a remoção do carro e o faço equilibrando os papeis em cima do capô. – Agora pode ir. Melhor sair daqui antes que eu mude de ideia e mande prendê-lo mesmo.

  - Se não sabe brincar não devia ter começado – digo me afastando. – Louca.

  - Que disse!? – a ouço quase gritar as minhas costas e sorrio me virando para encará-la. Se eu fiquei sem carro posso ao menos me vingar, né?

  - Disse que amei o papo, até qualquer dia. Pague-me uma bebida antes de me levar a qualquer lugar – digo me afastando antes que ela cumpra a promessa e eu tenha que ser resgatado da cadeia por alguém.

  - Idiota! – a escuto praguejar antes de pegar o celular para chamar um táxi, mulhezinha intragável essa, tomara que eu não tenha o desprazer nunca mais. Ela é linda, mas não vale a dor de cabeça.

  Pelo menos foi isso que eu pensei naquela ocasião. Só que depois de xingá-la de todos os nomes possíveis mais tarde naquele dia por não ter conseguido um táxi e ter que terminar de chegar à casa de tia Vera a pé com um uma pilha de papeis, não consegui tirar seus olhos escuros irritados da cabeça e depois disso quando nos vimos no restaurante eu fiquei surpreso em encontrá-la, mas também feliz, sua língua continuava afiada assim como seu olhar. Não sei por que, mas a necessidade de irritá-la falou mais alto que o medo de ser mandado para a cadeia. Eu queria por que queria que ela se irritasse e me respondesse à altura, coisa que ela fez e muito bem. Então se já nos vimos e me vinguei irritando-a, por que não consigo parar de pensar nela?

  Terminei de colocar as caixas com os livros para eu levar para o pessoal no porta-malas e sorri me lembrando da recente conversa com Izzie ao celular, até ela agora dizendo que eu devia ser parado em uma blitz outra vez? Os meninos nunca mais me deixaram em paz com essa história com Débora. Mas eu não teria tanta sorte em vê-la outra vez, teria? Fechei o porta-malas e finalmente me sentei atrás do volante, sorri olhando para o painel do carro, pelo menos ele eu tinha recuperado, já era alguma coisa. Dei partida imaginando se teria alguma blitz pelo caminho e se eu teria a sorte de ser parado por ela.

  Hoje a aula terminou mais cedo, e além de dar uma de Papai Noel e distribuir livros, não tenho mais nada para fazer. Vou matar o tempo até dar o horário de ir comer na casa de Connor e Izzie, aqueles dois e Angie eram o estereótipo de família feliz de comercial de margarina. Mas eles mereciam, sobretudo as garotas, tanto Angie quanto Izzie passaram por muitas coisas e mereciam ser muito felizes e Connor que nunca fez questão de ter garota nenhuma ganhou uma namorada e duas filhas numa tacada só. Isso é sacanagem, eu aqui querendo só uma e ele com três, a vida é realmente injusta.

  Como tinha chovido boa parte da tarde as ruas estavam molhadas e eu ia dirigindo devagar enquanto ouvia as musicas ruins da rádio. Um cachorro apareceu do nada à minha frente e eu freei com tudo para não atropelá-lo. No instante seguinte só ouvi o barulho de metal se chocando e fui lançado para frente sentindo o sinto de segurança machucar meu pescoço. A essa altura o cachorro que salvei da morte já estava muito longe enquanto eu ainda tentava entender o que tinha acontecido.

  Sai do carro meio confuso e vi a frente de um carro enfiada na traseira do meu.

  - Você ficou louco de frear assim do nada!? – uma mulher de rabo de cavalo e óculos escuros gritou saindo de seu carro e no instante que ouvi sua voz irritada sorri. – Você!? Isso só pode ser brincadeira! – Débora tirou as palavras da minha boca quando tirou os óculos e me encarou irritada. Ela usava jeans e camiseta e parecia querer me matar.

  - Oi para você também, Debbie.

  - Como você sabe meu nome? Ah, quer saber? Isso não importa. Por que freou do nada assim numa pista molhada? tentando além de me irritar, me matar?

  - Tinha um cachorro – digo simplesmente. Feliz de mais por vê-la outra vez para me importar com sua raiva. – Você queria que eu o atropelasse?

  - É sério isso!? Você quase matou nós dois e acabou com meu carro por causa de um cachorro? – ela pergunta incrédula se aproximando com o olhar irado e sorrio.

  - Mas o cachorro está bem.

  - Você faz isso de propósito, né? Digo, me irritar. É por causa do seu carro daquela vez? – ela pergunta sem acreditar e dou de ombros contente em só poder observá-la enquanto reclama comigo. – Mas os documentos não estavam em dia, o que queria que eu fizesse? Você é um grande idiota e vai pagar o conserto do meu carro. Hei! Está me ouvindo? – ela balança a mão na frente do meu rosto e resisto ao impulso de tocá-la.

  - Você está dizendo que sou um idiota e vou ficar pobre por causa de um cachorro que nem se deu ao trabalho de agradecer por eu ter salvado sua vida. Tinha mais alguma coisa ou era só isso? – pergunto e ela da indícios de um sorriso.

  - Era só isso. Você vai me dar seu telefone ou vou ter que adivinhar?

  - Lá está ela sendo ousada outra vez, já disse que primeiro precisamos ir a um encontro, para depois darmos um passo à diante – seus olhos se arregalam e ela cora diante das minhas palavras, não sei se ela quer se esconder ou me bater agora.

  - Não! Seu idiota, não é nada disso! É para falarmos do orçamento do carro. Eu... Não... Você... Argh! Dá pra parar de me confundir?

  - Mas eu não estou fazendo nada – sorrio e ela me olha feio com as bochechas ainda vermelhas. – Stuart – resolvo me apresentar e ela me olha curiosa. – Meu nome é Stuart. A gente meio que já se conhece, mas nunca nos apresentamos e como você já ameaçou me mandar para a cadeia mais vezes que sorriu para mim acho que podemos nos considerar conhecidos.

  Ela olha para a mão que estendi como se travasse uma luta interna, estou extremamente ansioso com seu próximo passo, ela pode não apertar ou até mesmo já ter um namorado. Sinceramente não sei o que pretendo ganhar com isso.

  - Débora - ela por fim aperta minha mão com um meio sorriso e sorrio também. – Mas você já sabia. Como?

  - Sua amiga lá no restaurante disse. E agora nós podemos voltar ao papo sobre os números. Que tal você me dar o seu? – pergunto e ela me olha arqueando uma sobrancelha.

  - Mas o carro é meu e eu preciso fazer o orçamento, não faria sentido você ter o meu número. É mais fácil eu pegar o seu, a não ser que, bem... – ela se interrompe, me olha e depois nega com a cabeça.

  - A não ser que o quê? – pergunto interessado e ela desvia o rosto, mas vejo que está ficando vermelha outra vez.

  - Nada. Podemos ir logo com isso? Eu tenho um compromisso – Débora diz um minuto depois e suspiro, provavelmente vai encontrar o namorado ou qualquer coisa assim, com a minha sorte talvez ela tenha um marido. Olho para suas mãos, ela não usa nenhum tipo de aliança, pelo menos isso. – O que foi?

  - Já vou te passar meu número e não se preocupe. Não é a única a ter um compromisso, minhas garotas estão me esperando – me vanglorio e vejo um lampejo de algum sentimento que não sei identificar em seu olhar, mas se vai com a mesma rapidez com a qual aparece.

  - Claro, provavelmente é o tipo que tem várias delas, não é? – ela debocha e acho graça.

  - Sim, várias, mas tenho duas que são provavelmente os amores da minha vida, Angie e Grace – sorrio ao pensar nas pequenas. Fora elas e as irmãs de Gwen não tenho tido muitas mulheres em minha vida ultimamente, acho que cansei de investir em relacionamentos que não vão a lugar nenhum.

  - São duas e elas não se importam em serem passadas para trás por você, não?

  - Na verdade não. Elas e a Gatinha são as únicas que me entendem – digo e Debbie parece chocada com a ideia de eu ter três mulheres. Por algum motivo a ideia dela se importar com isso me deixa extremamente feliz. – A Gatinha só não é o amor da minha vida também por que é comprometida.

  - Ok, chega. Isso não é da minha conta! Dê-me logo o seu número para que eu possa chamar um guincho e um taxi!

  - Hei, Debbie! Qual o problema? Nós não estávamos começando a ser civilizados um com o outro?

  - Não tem como ser civilizada com você! Que tipo de cara tem três mulheres uma das quais é comprometida?

  - Foi isso que te irritou? Eu ter três mulheres? – pergunto interessado em saber aonde esse diálogo vai nos levar.

  - Sim, quer dizer, não! Não é da minha conta! Dá pra você parar com isso? Eu não quero saber! Nem devíamos estar tendo uma conversa aqui!

  - Nisso eu concordo com você, que tal um conversa na sorveteria do outro lado da rua? – pergunto num ímpeto de coragem, e é agora que ela me da o fora e diz que tem namorado. Por que se ela não fizer isso eu provavelmente não vou desistir. Provocá-la já se tornou um dos meus passa-tempos favoritos.

  - É o que!? – ela parece chocada com o convite. Ok, entendi o recado, essa ideia foi realmente absurda.

  - Tudo bem, só...

  - Você não tem três namoradas? Por que está me convidando para sair, quer dizer, bem... Isso quase parece um convite – ela resmunga para si mesma e sorrio sem conseguir me conter. Por trás da fachada de policial durona ela é só uma mulher que parece não saber esconder nenhuma de suas emoções.

  - Angie e Grace são minhas sobrinhas e a Gatinha é a mãe delas, mulher de um amigo meu. Elas são as mulheres da minha vida por que são as únicas que parecem dispostas a me aturar. Não tenho namorada nenhuma. Por quê? Você tem namorado, Oficial?

  - Eu não, mas de que isso importa? – ela pergunta parecendo estar assimilando minhas palavras. Depois do que me parece uma eternidade em silêncio, ela finalmente sorri. Um sorriso de verdade que faz meu coração disparar e sei que estou ferrado, muito ferrado. – Um sorvete, você disse?

  - Eu... – sou interrompido pelo toque do meu celular, vejo o numero desconhecido na tela e desligo. – Sim, eu... – toca outra vez e suspiro vendo o mesmo número na tela. Volto a desligar, não costumo atender a números desconhecidos.

  - Não vai atender? – ela pergunta e estou prestes a negar quando volta a tocar.

  - Só um minuto – decido atender logo de uma vez. – Alô?

  - Stuart? — uma voz desconhecida pergunta e tenho um mal pressentimento. A última vez que um desconhecido me ligou assim, descobri que estava órfão e teria que morar com meus avós.

  - Sou eu. Quem gostaria?

  - Meu nome é Daiane, sou recepcionista do hospital... — eu meio que parei de ouvir. Fosse o que fosse eu sabia que não ia gostar do que viria a seguir. – Stuart?

  - Estou aqui.

  - Você conhece Isabelle Adams?

  - Gatinha – sussurrei e Débora me olhou preocupada. Minha expressão provavelmente não era das melhores. - Conheço. Eu... O que tem ela? – perguntei no automático. Por favor, que ela e minhas garotas estejam bem, por favor!

  - A Srta. Adams sofreu um acidente há alguns minutos e foi trazida até aqui. Não conseguimos falar com mais ninguém da sua lista de contatos de emergência. O senhor poderia vir ao hospital?

  - Acidente? – foi só o que consegui registrar. - O que...? Como?

  - Ela e a menor com ela foram atropeladas na saída do shopping.

  - Menor? Está falando da Angie? Como... Como elas estão? As três, por favor, me digam que estão bem!

  - Senhor acalme-se, nós preferimos não dar informações sobre os pacientes por telefone. Você é parente dela?

  - Não. Sou amigo. Ela está bem?

  - Pode contatar algum parente, senhor?

  - Estou indo aí – decido por ignorar sua pergunta exatamente como ela fez comigo. – Já chego – anuncio e desligo logo em seguida.

  Débora ainda me olha sem entender e só queria poder abraçá-la agora.

  - Stuart, o que foi? Você está pálido como um fantasma – ela diz com os olhos preocupados e não sei o que dizer.

  - A Gatinha, nós estamos ao telefone e eu me convidei para comer com ela. Agora me ligaram dizendo que ela foi atropelada. Preciso ir ao hospital, nosso sorvete fica para outro dia, Oficial.

  - Você não pode dirigir assim – ela diz quando começo a ir em direção ao meu carro, ele foi o menos danificado na batida, mas eu provavelmente não vou conseguir abrir seu porta-malas por um tempo.

  - O carro ainda vai funcionar e eu não vou me esquecer de pagar o seu concerto, não se preocupe.

  - Não são com os carros que eu estou preocupada! Olha o seu estado, parece prestes a desmaiar ou sei lá, começar uma briga. Aposto que nem está prestando atenção ao que eu digo. Você não pode dirigir assim, se vai mesmo, pelo menos chame um táxi.

  - Táxi vai demorar! Eu preciso vê-las agora!

  - São os amores da sua vida, certo? – ela pergunta e faço que sim. Surpreendentemente dessa vez ela sorri e depois me estende a mão. – Dê-me a chame então. Eu levo você.

  - Como? – mesmo em choque ainda estou surpreso.

  - Você se envolver em um acidente também não vai ajudar ninguém. Apenas aceite. E você ainda não me deu seu número... – ela murmura quando lhe estendo a chave e mesmo que eu nem goste de pensar que algo aconteceu a Izzie e as meninas, não posso deixar de sorrir de sua conversa consigo mesma. – Vamos?

  Sigo-a até o meu carro e a cena que estamos protagonizando seria meu maior desejo desde que nos esbarramos outra vez no restaurante, mas nesse contexto não consigo relaxar, ou flertar ou fazer qualquer coisa que não seja pedir a Deus para que todas elas estejam bem. Como é possível? Menos de duas horas atrás eu e Izzie estávamos ao celular falando sobre livros e o jantar e agora isso? Ligo para Connor, mas está ocupado. Tento outra vez e mais uma e ele não atende. Será que meu amigo já sabe que suas garotas se machucaram?

  Quando Débora estaciona em frente ao hospital, nós dois descemos. Eu encaro o prédio sem ter coragem para entrar.

  - Está entregue. Vou pedir táxi para me levar para casa – ela diz me encarando. – Melhor você ir.

  - Obrigado – agradeço sem saber mais o que dizer. – Aqui – pego sua mão e deposito o papel com meu numero em sua palma.

  Ela aperta o papel e sorri.

  - Boa sorte.

  Apenas assinto antes de lhe dirigir um ultimo olhar e seguir para dentro do hospital.

  - Meu nome é Daiane, em que posso ajudá-lo? – a recepcionista pergunta assim que me aproximo e engulo em seco.

  - Sou Stuart, você falou comigo por telefone há alguns minutos. É sobre Isabelle Adams.

  - Ah claro, o amigo da senhorita Adams – ela sorri pega o telefone em sua mesa chama uma enfermeira que logo em seguida aparece e me pede para segui-la.

  Chegamos a uma sala de espera repleta de gente, há familiares, enfermeiras e para minha surpresa até policiais. Mas a única pessoa que noto verdadeiramente não tem nem um metro ainda, seus cabelos estão soltos e ela tem uma tipóia no braço esquerdo. Angie me vê e no segundo seguinte está correndo em minha direção. Graças a Deus ela está bem.

  - Tio Stu! – ela se joga em meu colo chorando e a pego tomando cuidado com seu braço machucado. Todas as pessoas da sala param para ver a cena. – Tio Stu, cadê a mamãe? Ela não acordava e tinha sangue. Tio Stu, eu quero o papai. Ele disse que ia cuidar da gente – seu soluço me dói a alma e só faço apertá-la mais contra mim.

  - Princesa eu...

  - Onde ela está, cadê a Izzie? Onde está minha mulher? – a voz de Connor me surpreende, seu olhar é desesperado e me dói tanto quanto o de Angie. Eles são minha família.

  - Papai! – Angie desce do meu colo e vai se esconder nos braços do pai. Nossos olhares se encontram e sei que ele só está sendo forte pela pequena.

  - Vocês são familiares de Isabelle Adams? – um médico de meia idade pergunta e nós assentimos sem dizer nada. - Receio ter más notícias.


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Notas finais do capítulo

É isso, espero que tenham gostado desse capítulo do Stu! Ele e a Debbie não terão um livro, sinto muito a quem queria ou esperava por isso, mas eles ainda terão mais um capítulo só deles com direito a beijo e tudo mais (espero eu!) e agora que estamos chegando a reta final do livro quero saber o que estão achando!!
Beijocas e até, Lelly ♥



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