Espion Noir escrita por carlotakuy


Capítulo 40
XXXX.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/756291/chapter/40

Sentado na sua cama Alex encarou a mochila que Bill havia lhe fornecido. Era grande e, além do peso, parecia realmente carregar bastante coisa dentro si.

Fechando e trancando a porta ele voltou-se a mesma. Estava, além de curioso, animado com o que poderia estar lá dentro. O velho lhe dissera que ia lhe fornecer um maquiador de IP. Quem tinha um maquiador tão fácil assim?

Um sorriso correu o rosto dele ao lembrar-se da mansão do velho. Se levasse em consideração a decoração e toda a construção era nítida sua condição financeira. E com base no universo em que estava envolvido Bill era o típico homem que teria um maquiador de forma fácil, no momento em que quisesse, apenas com uma simples ligação.

Puxando a bolsa para o chão e abrindo-a Alex se deparou com o primeiro item, que pareceu banal demais para o jovem.

Uma calça, no mesmo estilo que as que usava normalmente, de um tecido grosso e de tom escuro, aproximando-se do preto. Com a sobrancelha franzida ele lançou a veste para o lado, puxando em seguida um casaco grosso e de mesmo tecido e cor da calça.

Encarando o conjunto Alex se questionou o significado daquilo.

— Ele quer que eu vá para um desfile de agentes secretos? – pensou em voz alta, rindo sozinho.

Pondo momentaneamente as vestes em segundo plano voltou a mochila e, cuidadoso, a esvaziou de uma só vez deslizando o conteúdo dentro dela direto no chão.

Houve barulho metálico, mas também algo mais agudo, como o batuque de pequenos objetos de encontro ao chão. Maravilhado Alex observou os equipamentos que jaziam dentro daquela mochila.

Ele separou, em êxtase, três pistolas e suas respectivas munições de duas caixas negras e retangulares. Confusão passou pelo rosto do rapaz ao notar a quantidade pequena de objetos em comparação ao peso.

Alex respirou fundo e organizou, depois de arranjar uma cesta velha para guardá-las, as pistolas e suas munições. Eram pentes pequenos e armas conhecidas, Tauros, de calibres com pouca variância entre si.

Testando seus pesos nas mãos o garoto abriu um enorme sorriso. Segurar uma arma de verdade era completamente diferente dos jogos que estava acostumado e além do peso ela vinha acompanhada de bastante responsabilidade, e ele sabia disso.

Por um momento Alex hesitou.

Seria capaz de atirar em outra pessoa? Outro ser humano?

Quando enfrentou Bill não o fez com clareza, tinha certeza disso. Só queria poder provar ao avô da garota que gostava que estava disposto a defendê-la. 

E ele realmente estava, mas sentado no seu quarto, o jovem se deu conta de que além daquilo havia muito mais coisa em jogo.

Posicionando a arma e mirando na janela diversas vezes seguidas Alex percebeu que, ainda que aquele fosse seu primeiro contato com elas, tinha sim alguma facilidade e internamente agradeceu a todo o tempo que gastou em jogos de tiro.

Conseguia mirar com facilidade e trocar de alvo com rapidez. Segurava com firmeza e deslizava sem qualquer problema a arma de uma mão para a outra. Tinha consciência de que a realidade era bem diferente de seus mundo virtual, mas perceber que ao menos algo de lá o ajudava, o deixou animado.

No final de quase meia hora testando sua habilidade com as armas enquanto rolava e pulava pelo quarto, sem, claro, dispará-las, Alex tropeçou em uma das caixas que viera na bolsa.

Recobrando que estava vasculhando os itens enviados para si Alex deixou de lado o armamento e voltou-se às caixas dispostas no chão do quarto. Ele sentou com tudo no piso gélido e, com certa dificuldade, conseguiu abrir a primeira.

O sorriso que estampou seu rosto fez jus a sonora animação que saiu de seus lábios.

— Agora estamos começando alguma coisa aqui!

Com mãos ágeis o garoto revirou a caixa, deixando a mostra diversos aparelhos eletrônicos, aptos para auxiliá-lo na invasão a empresa que estava hackeando. Entre ele estava o maquiador de IP que o velho falara e só de passar o olhar por sobre o mesmo o jovem soube que era mil vezes melhor que o seu.

Encontrou dentro da caixa também pequenos microchips num recipiente pequeno e um caderno de anotações, preenchido de códigos. Quase escapando do olhar de Alex também se encontrava um HD externo que fez o jovem soltar uma exclamação em alto e bom som ao ver sua capacidade de armazenamento.

Um petabyte.

O garoto quase caiu para trás, aos risos, descontrolado. Poderia colocar toda a informação que quisesse, que conseguisse, e ainda sobraria espaço!

— Aquele velho é realmente uma figura!

Passada a euforia o mesmo vasculhou mais um pouco em busca de algo para ajudar na invasão, mas além daqueles poucos objetos não havia mais nada na caixa.

Voltando-se a segunda caixa, aberta mais facilmente, o jovem se deparou com canetas, bottons, cintos e óculos. Todos em pares com colorações pouco diferentes umas das outras. Alex franziu a sobrancelha imediatamente após o primeiro olhar, mas ao visualizar um papel anexado e pegá-lo, tudo ficou mais claro.

 

Alex, estes são equipamentos para auxiliar na sua segurança. Foram feitos da forma mais discreta possível, para que possa levar para onde quiser e não parecer tão suspeito. São de ótima qualidade, então, não possuem margem para mal funcionamento.

As canetas possuem uma trava manual que quando acionadas descarregam uma carga de aproximadamente quinze mil volts a partir da ponta, dá para imobilizar por pelo menos 15 segundos, tempo suficiente espero.

Os bottons, essas coisas de adolescente, são pequenos rastreadores. Você pode plugar aonde você quiser e saberemos a localização exata, inclusive se for você mesmo usando-o. [Captou a dica? Use!]

Os cintos se tornam lâminas quando a trava manual é ativada, mas também funcionam automaticamente quando sacudidas três vezes seguida. Além de serem belezinhas são letais, então não saia balançando-as por aí por qualquer motivo, entendido?

Os óculos são protótipos ainda, mas tem a função de reconhecer rostos num raio maior do que as câmeras trezentos e sessenta, então, se fosse você, não tiraria tão cedo. As lentes se adaptam a sua visão e não fazem mal algum aos seus olhos, auxiliando-os se for preciso.

Use os equipamentos com cautela e cuidado. Apenas profissionais têm acessos a eles, não me faça me arrepender de confia-los a você.

 

Ao final das instruções Alex riu dos pequenos comentários do homem e virando o papel confirmou, com o auxílio de imagens, aonde se localizavam as travas e botões importantes.

Sem pressa o jovem testou cada um dos equipamentos, exceto as canetas já que ele não tinha nem como testar e nem pretensões de ser seu próprio cobaia, ainda mais para algo que o imobilizaria por quinze segundos.

De resto ele adorou as habilidades do óculos que, prostrado na janela de seu quarto, o permitiu ver com clareza os acontecimentos nas duas ruas que se seguiam pelo seu percurso da escola. Também experimentou diversas vezes a transformação do cinto que, ao tomar o aspecto rígido, cortava tudo que era testado.

No fim, não pôde testar também os bottons, mas se contentou ao aprender a ativar o mesmo, vendo-o piscar no tom vermelho de forma quase imperceptível.

Ao final de tudo, encarando seu quarto, Alex não deixou de notar a bagunça que havia feito. Com dificuldade e cansaço ele separou os equipamentos: pistolas debaixo da cama, enroladas nas roupas extravagantes, itens irreverentes para ajudá-lo na defesa/segurança dentro da bolsa da escola e os para auxiliar na invasão dispersos sobre sua mesinha de computador. Sua mãe acreditaria se ele lhe dissesse que eram emprestados.

Ao pensar em sua mãe a consciência de que ela também estava implicada naquilo tudo o atingiu como uma bomba. Sua família também estava em perigo.

Mas Arabella também sabia disso. E esse pensamento aliviou a tensão que se instalou momentaneamente dentro dele. Eles não negligenciariam a segurança deles, ela não deixaria.

Sentado na cama, após organizar os presentes de Bill, Alex sorriu. A lembrança de Arabella voltava agora, gatuna, em meio aos seus pensamentos. O que estaria ela fazendo naquele momento? Afundada nos papéis de seu avô? Ou tão cansada quanto ele da tarde que tiveram juntos?

O garoto riu, sozinho, recordando-se. Dos gemidos, do gosto, do cheiro, do sexo intenso. Depois que havia conhecido Arabella e, até então, iniciado sua vida sexual nada parecia fugir a ela. Era sempre ela que o excitava. Eram as lembranças dela gemendo, por ele, por mais, que o deixavam tão rígido.

Era a memória da sensação do corpo dela sobre o seu que o faziam pensar como seria estar dentro dela mais uma vez. E mais uma. E mais. Mais.

Alex respirou fundo, retomando o controle de seus pensamentos, e sorrindo destrancando a porta. Precisava urgentemente de um banho ou enlouqueceria de imediato.

A noite foi serena na casa do jovem. Sofia chegou logo depois do banho do mesmo e juntos fizeram um jantar simples, comendo também juntos à mesa da cozinha. Após Sofia se retirar para dar banho e pôr Clara para dormir Alex voltou ao seu quarto e, com cautela, instalou todo o equipamento do velho ao seu computador.

O IP foi maquiado com sucesso.

Seu computador agora era um fantasma entre as redes e aproveitando-se disso Alex imediatamente iniciou o download dos dados e pelo resto da noite foi isso que fez, quebrou criptografias e criptografou em igual proporção.

Assim que o sono chegou ele desligou todo o equipamento e seu próprio notebook. Conferiu todo o quarto, afim de confirmar que nada do que ganhara estaria a vista e se deitou sem pudor no colchão macio.

O sono veio pesado e intenso e tão logo fechou os olhos o garoto dormiu.

 

•••

 

O final de semana seguiu no mesmo roteiro: hackear a empresa e baixar os arquivos. Alex não viu Arabella durante os dois dias, mas tão pouco se preocupou como antes. Ela estaria ali em breve, ele tinha certeza.

E para que tudo seguisse o curso ele tinha que continuar empenhado em sua missão: o download das informações. Foi com esse pensamento em mente que o sábado deu lugar ao domingo e o domingo cedeu espaço para a segunda-feira.

Na segunda-feira de manhã, sendo bombardeado pela luz que adentrava seu quarto, Alex acordou atordoado. Ele piscou várias vezes antes de seus olhos se adaptarem ao local e sorriu automaticamente ao ver a silhueta que ali se encontrava.

Arabella estava sentada no parapeito da janela, com as pernas inquietas para dentro do quarto e os olhos fixos sobre o garoto. 

As roupas​ de malha do dia anterior deram espaço para roupas comuns e a jovem agora vestia uma calça jeans escura e uma blusa negra, com um casaco vermelho intenso completando o visual.

Alex não conseguiu desviar o olhar da mesma sentando lentamente na cama. Arabella parecia estar tão comum, como nos seus dias antes de tudo aquilo, que o coração do mesmo apertou.

Suas lembranças reviraram-se e ele lentamente sorriu, sonolento. Se Arabella fosse sempre a primeira coisa que visse pela manhã todos os dias, ele se acostumaria com a sensação de ataque cardíaco que lhe tomava todo o corpo.

Como podia um coração bombear tão rápido?

O vento soprou forte do lado de fora e junto com o frio os cabelos negros esvoaçaram, cobrindo momentaneamente o rosto corado de frio da garota a sua frente.

Passada a ventania Arabella sorriu, o sorriso que Alex tanto gostava, e os lábios avermelhados convidaram o olhar do jovem, com clara diversão.

— Bom dia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Espion Noir" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.