Espion Noir escrita por carlotakuy


Capítulo 20
XX.


Notas iniciais do capítulo

Surpresa!



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Alex estava desesperado. Apoiava a jovem na cadeira em que se encontrava sentado segundos atrás e a abanava com o cardápio que encontrou sobre a mesa. Algumas pessoas o tentavam ajudar e ele tocava nervoso na testa da jovem, sentindo-a queimar em febre.

— Eu tenho alguns remédios de febre – disse uma das clientes.

— Mas você não sabe se ela tem alergia – alertou outra.

E de novo a estaca zero Alex suspirou abanando-a com mais força. Depois de longos segundos de pura tensão Arabella abriu os olhos novamente e sorriu com dificuldade para o garoto, que agradeceu audivelmente ao notar que ela acordava.

— O que está acontecendo aqui? – perguntou a mesma sentindo a cabeça latejar.

— Você está queimando em febre – explicou rapidamente aceitando um copo com água de um dos clientes – beba isso aqui, sua boca está seca.

Sem questionar a jovem tomou a água e encarou aturdida as figuras amontoadas a sua frente.

— Você é alérgica a algum medicamento? – perguntou uma mulher atrás de Alex.

Arabella nem se forçou a olhar para ela, balançando a cabeça negativamente.

— Eu tenho remédio em casa – sussurrou para o garoto.

— Onde você mora? – ele parou de abaná-la – É muito longe?

Novamente ela negou e se apoiando na mesa levantou cambaleante. Alex a segurou de imediato e ela sorriu ao sentir as mãos dele envolverem seu quadril de forma tão segura.

— Vamos embora.

Alex assentiu e agradeceu, enquanto saia da lanchonete, as pessoas que o ajudaram. A dupla caminhou lenta e gradualmente pela calçada até chegar de frente a um edifício alto e majestoso. O garoto olhou de Arabella para a construção e vice-versa, fazendo a jovem rir.

— Por aqui – ela o guiou até a guarita.

Sem dificuldade a dupla entrou no edifício e enquanto esperavam o elevador Arabella encaixou seu rosto na curva do pescoço de Alex, fazendo-o se arrepiar ao receber sua respiração quente em contraste ao clima frio que o havia perseguido na rua.

Tão logo o elevador chegou eles subiram até o vigésimo andar. Arabella destrancou a porta de seu apartamento e quase caiu pela tontura, se apoiando na parede no processo. 

Alex encarou fascinado a sala e a cozinha da garota, mas após passar por elas percebeu que não eram um terço do que veria na casa.

O quarto de Arabella era grande e espaçoso, com os poucos móveis a passos de distância uns dos outros. Um guarda-roupa se erguia rente a parede de frente a cama com um espelho que parecia refletir o quarto inteiro.

Uma cômoda jazia próxima a porta, uma poltrona se mantinha ao lado da cama e a mesma, enorme aos olhos do garoto, se encontrava no centro do cômodo tomando boa parte do espaço, com uma janela do teto ao chão bem em sua cabeceira.

Uma televisão de incontáveis polegadas estava apoiada na parede ao lado do guarda-roupa sem qualquer sinal de seu controle por perto e, como que para completar a decoração, próximo a uma porta adjacente, confirmada minutos depois como o banheiro, um grande vaso de flores enfeitava o local.

Arabella cambaleou mais uma vez e Alex a deitou cuidadosamente na cama. Ela respirou fundo fechando os olhos e ele a observou pesaroso, depositando sua mochila na poltrona próxima.

— Está tudo girando – resmungou a jovem choramingando.

— Vai passar, não se preocupe.

Arabella abriu com dificuldade os olhos e sorriu sem força, sendo retribuída pelo mesmo.

— Caiu em febre do nada hein? – ele caminhou até sua bolsa.

— Na verdade – ela sentou com dificuldade na cama – estou queimando em febre desde que acordei.

— E por que foi para a escola? – Alex voltou com o celular em mãos – Não me diga que não pode perder um dia de projeto – ironizou.

Arabella sorriu enquanto o jovem sentava ao seu lado na cama.

— Tem que pensar na sua saúde – reforçou o mesmo – você deve estar sobrecarregada com o projeto, minhas aulas e o trabalho lá em casa. Tenho que falar com minha mãe sobre isso.

A jovem balançou negativamente a cabeça.

— Não, não fale. Eu gosto de ajudar vocês. Me faz sentir eu mesma.

— O que quer dizer com isso?

Quando os olhos esverdeados timidamente encontraram com os dele, Alex sentiu o coração se comprimir dentro do peito.

Ela nada falou, mas foi como se tivesse posto tudo para fora. Toda sua tristeza em ter que atuar durante doze anos de sua vida.

— Descanse – disse o garoto por fim batendo suavemente na cabeça da mesma – vou procurar o remédio que falou. Está no banheiro?

Arabella novamente assentiu e ele levantou seguindo até o mesmo. Lá dentro era pequeno em comparação a arquitetura colossal da casa. 

Haviam dois armários embaixo de uma pia de mármore e um grande espelho acima desta. Uma privada simples do lado oposto e uma ducha envolta em um box. O lugar era claro e as paredes, de um branco puro, as clareavam ainda mais.

Logo Alex se engajou numa procura pelos remédios nos armários inferiores e passando por gavetas de toalhas encontrou a pequena caixinha de farmácia. Sem demora retirou o comprimido certo e saiu do banheiro em seguida.

A visão na cama lhe partiu o coração. Arabella jazia encolhida pelo frio do ar-condicionado e tremia de corpo inteiro. Alex, infelizmente, sabendo que para febre o frio era o melhor, seguiu tentando não observar a cena até sair do quarto.

Sem muita cerimônia foi até a geladeira e pegou uma garrafa de água qualquer voltando às pressas para o cômodo. Arabella tomou o comprimido em um gole e se apoiou na cabeceira, ficando desajeitadamente sentada.

— Você vai melhorar logo – afirmou Alex como um mantra.

Com o celular em mãos enviou uma mensagem para Sofia, avisando que chegaria tarde pois Arabella havia ficado doente e ele estava cuidando dela. A mãe dele riu do outro lado e desejou melhoras a enferma, encerrando a conversa por ali.

Alex guardou o celular na bolsa e sentou ao lado da garota que ainda tremia rangendo os dentes.

— Febre é uma droga – resmungou de súbito.

A expressão de raiva da garota fez Alex rir.

— Ficar doente é uma droga – deu de ombros – devia ter ficado em casa hoje, quem sabe não passaria por aquilo e não pioraria a esse ponto.

Arabella suspirou encarando o guarda-roupa que recebia a pouca iluminação vinda da janela e sua paisagem nublada.

— Mas eu queria muito ver você.

O que quer que Alex estivesse pensando foi completamente esquecido.

— Você queria me ver?

— Sim.

— Nos vemos todos os dias – riu sem graça – deve ser um saco ver essa cara patética toda manhã.

A jovem riu acompanhada do mesmo.

— Sua tentativa de se diminuir não muda nada – ela deslizou deitando no ombro do garoto – gosto da sua companhia, do seu sorriso, como você fica vermelho quando o olho muito tempo nos olhos – riu brevemente – ou quando o toco.

Alex riu nervoso.

— O que está querendo dizer? Está delirando?

— Estou delirando sim – ela deslizou ainda mais deitando no colo do rapaz – é isso que a febre faz né? Você delira e delira e quando melhora nada passa de um delírio.

O garoto riu pelas palavras desconexas e encaixou a mão nos cabelos da jovem deslizando os dedos pelas madeixas, comprovando para si mesmo o quão macios eram aqueles fios negros.

— Gosto do seu cabelo – disse num sussurro e pôde ver um sorriso fechado surgir nos lábios da jovem.

— E do que mais?

— Gosto do seu cheiro.

— E do que mais?

— Gosto das nossas conversas.

O sorriso aumentou.

— E do que mais?

— Gosto do que sinto quando estamos juntos.

Os olhos de Arabella pousaram surpresos sobre o rapaz.

— E do que mais? – perguntou pausadamente.

— Gosto da sua expressão de concentração quando está me explicando algum assunto difícil – sorriu à lembrança.

Ela deu uma leve tapa no mesmo, rindo.

— Então quer dizer que você não está prestando atenção ao assunto e sim a mim?

Ele afundou novamente os dedos por entre os fios da garota fazendo-a fechar os olhos com o afago.

— Exatamente isso.

Um tênue silêncio se instalou no lugar. Alex encarava o guarda-roupa e Arabella o teto, cada um afundando nos seus próprios pensamentos. 

Com dificuldade a garota sentou fazendo toda atenção de Alex cair sobre ela, e antes que qualquer palavra saísse de sua boca, o rapaz adiantou-se.

— Naquele dia, no shopping – ela o fitou – depois que falei que você me via como criança, o que aquilo significou pra você?

— Nada.

Alex abriu a boca para falar e a fechou segundos depois. Aquela resposta não lhe respondia nada e confuso ele a encarou, fazendo-a sorrir com o rosto vermelho de febre.

— Você não me entendeu.

— Não entendi? – Alex ergueu a sobrancelha a afirmativa da jovem.

— Não, nem um pouquinho.

— O que eu não entendi?

— Todos esses dias – ela se aproximou – todos os momentos, tudo. Você não entendeu.

— Não entendi o que? – perguntou quase desesperado.

— Que naquele dia na festa eu queria te beijar, droga!

Ela socou sem força o peito de Alex.

— E em todos os dias que passamos juntos e exatamente agora também!

O garoto tomou fôlego digerindo a informação.

— Não faça essa cara – resmungou a mesma – diga alguma coisa.

— Eu não sei!

— Que droga Alex.

Arabella puxou Alex pela roupa fazendo-o cair por cima dela na cama e mergulhou sua boca na dele. 

Foi um encontro desastroso, mas rindo pela falta de jeito o garoto a prensou contra si, sentindo o calor da língua dela invadir sua boca, suplicante.

Ele a retribuiu com intensidade e ao sentir as mãos dela deslizarem pela lateral de seu corpo, cravando-se em seus cabelos, envolveu a língua dela com sua.

Foi o primeiro beijo do garoto e, ainda perdido no ritmo, ele aprofundou seu beijo. Arabella riu no meio dele, quando seus dentes bateram e suas línguas se desencontraram, fazendo-o também rir e ir lenta e confortavelmente se encaixando a ela.

O beijo se multiplicou para vários outros, num curto espaço de tempo, com a sede insaciável da dupla. Eles arfavam sem se afastar, retomando um fôlego precário, buscando o gosto um do outro cada vez mais.

Era gostoso, viciante e deliciosamente envolvente.

A forma com que ela o aceitava e se impunha, língua contra língua, o sabor doce e quente que percorria suas bocas, a necessidade daquilo tudo. O ritmo acelerado misturado a maneira delicada com que ela o trazia para si fazia-o sentir-se repleto de satisfação.

Beijar Arabella era tudo o que ele mais queria. Poder senti-la, quente, em sua boca. Ter o cheiro dela afundando em sua pele pelo contato de seus corpos, ouvir, baixinho, seu gemido de súplica ao separar seus lábios. Ter Arabella para si, pura e completamente.

Quando uma vez mais se separaram e Alex pôde ver com clareza o rosto da jovem abaixo de si, sentiu-se esquentar.

O rosto corado, os olhos semicerrados e a boca entreaberta faziam-na tão sensual. Será que ela tinha consciência disso?

A jovem sorriu ao observar o olhar atordoado do garoto em conjunto a expressão de desejo que lhe tomava o rosto.

Arabella lhe beijou novamente os lábios, de forma sutil, e ao se separar uma vez mais sorriu olhando-o em seus olhos.

— Eu também queria – sussurrou o garoto por fim – beijar você – deslizou seu dedo pelo rosto da jovem – tocar você e estar cada vez mais próximo. Eu sei que sou um adolescente e...

O dedo de Arabella alojou-se sobre os lábios de Alex, interrompendo-o, e balançando negativamente a cabeça ela o olhou nos olhos com uma intensidade que não conseguia controlar.

— Você é você.

Alex sorriu e foi retribuído. Logo a dupla engatou um novo beijo mais profundo e rolaram pela cama aos risos. Ele a puxou contra si, ela se enganchou nele, ele riu e ela lhe encheu de beijos ao redor da boca, do nariz e do queixo.

— Eu estou me aproveitando de uma garota com febre – choramingou Alex sendo puxado por Arabella para o outro lado da cama.

Ele rolou até a mesma que sorriu lhe depositando um rápido beijo.

— Não será que é ao contrário?

Alex a agarrou antes de se afastar e se jogou na cama, deixando-a sobre ele. Arabella se sentou e segurou as mãos do garoto acima de sua cabeça. Ela o encarou com um sorriso vitorioso até sentir a ereção do mesmo lhe roçar a virilha através da calça.

Alex corou e rindo a jovem se acomodou em cima da elevação encoberta pela calça do garoto. Arabella se inclinou novamente e beijou-o com intensidade. Instintivamente as mãos de Alex se alojaram na cintura da jovem puxando-a de encontro a si.

Ela já não o via como uma criança e ele agora tinha certeza disso.

Ao final eles se olharam e sorriram um para o outro, numa confirmação mútua. Naquela pequena redoma seriam só eles durante todo o resto da tarde e sabe-se lá o que poderia acontecer...


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Notas finais do capítulo

...acabando comigo e com vocês! [No melhor sentido da palavra. Hehe.]
AAAAAAHHHHH, GRITEI.



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