Espion Noir escrita por carlotakuy


Capítulo 19
XIX.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/756291/chapter/19

Minutos antes ao ataque de Miguel. 

Arabella jazia sentada em sua escrivaninha, dedilhando na superfície da mesma, lendo pela tela um dos formulários de inscrição, enquanto separava com os olhos os alunos por disponibilidade.

Até então ela se encontrava sozinha e ouvia o insistente ruído do relógio que, junto a Miguel, havia decidido pôr na decoração. Um café já frio se mantinha a seu lado e o armário de arquivos se encontrava aberto atrás de si, numa organizada bagunça.

Miguel entrou com tudo na sala, quebrando a monotonia do cenário, e arfando ele chamou a atenção da jovem. Arabella o fitou assustada e o mesmo rapidamente encheu um copo de água, sentando pesadamente no sofá.

— O que diabos aconteceu? – perguntou a mesma já se levantando.

O homem levantou a mão num pedido de espera e Arabella cruzou os braços o encarando inquisidora.

— Fui buscar as doações – respirou fundo – e no caminho encontrei minha ex.

A jovem não conseguiu se controlar e riu escandalosamente fazendo Miguel lhe lançar um sorriso afetado e abrir os braços, aceitando teatralmente a zombaria. Passado alguns segundos ela parou de rir e sentou ao seu lado.

— E então? Simplesmente saiu correndo?

— Claro que não — ele tomou mais fôlego e em seguida um longo gole de água – ela veio tirar satisfação, aí sim tive que correr.

Novamente a garota riu e desta vez o homem a acompanhou.

— Sou patético, não sou?

— Não muito, pior seria se caísse no caminho.

Miguel sorriu apoiando a cabeça no sofá fitando o relógio do outro lado.

— Eu andei pensando – começou Arabella o imitando na posição – já não precisa mais ficar aqui comigo. Consigo desenrolar todo trabalho sozinha e já não parece tão suspeito.

Miguel abriu um sorriso de desdém.

— Está me dispensando?

— Não seja dramático, estou o destituindo de suas funções por hora.

— Não pode fazer isso.

— Tanto posso que o estou fazendo – ela sentou-se corretamente – você está fora dessa missão Miguel.

Arabella levantou e rumou a sua escrivaninha sob o olhar raivoso do colega. A jovem parou antes de sentar, voltando-se ao homem e lhe lançou um sorriso gentil.

— Não me olhe assim, sabe que pode conseguir outra missão num piscar de olhos.

Calmamente Miguel levantou e em passos ainda mais lentos se aproximou de Arabella. 

— Eu ainda não consegui o que vim buscar aqui.

— Você não veio buscar nada – retrucou a garota notando a aproximação – veio convidado.

O homem sorriu de lado e Arabella iniciou alguns passos para trás, afastando-se da figura.

— Você vai me dar o que não consegui?

— Não tenho como lhe dar garotas de presente.

Ele sorriu.

— Me conhece tão bem...

— Pois é – murmurou contrariada sentindo a parede fria em suas costas.

Arabella notou então que estava encurralada. Miguel se encontrava a sua frente pronto para o ataque e com um suspiro, não querendo machucá-lo, buscou novamente conversar.

— Desista disso. Deixe esses joguinhos de sedução para as suas parceiras.

— O que foi? Você só precisa gemer um pouco, gritar meu nome, arranhar minhas costas...

— Já disse que não! – exaltou-se irritada.

O quão longe aquele homem iria com aquilo? Estava ficando ridículo. Sem conseguir pensar ela sentiu seus braços serem apertados e a perna de Miguel lhe prensar contra a parede. Seu corpo inteiro tremeu em repulsa quando o mesmo depositou o nariz em seu pescoço e inspirou profundamente.

— Já falei o quanto seu cheiro me deixa louco?

— Já falei o quanto não estou nem aí? – resmungou o encarando nos olhos.

O companheiro riu, divertindo-se.

— Adoro esse seu lado ácido.

Arabella sorriu com escárnio.

— Então acho que devo cuspir veneno na sua cara.

Novamente o homem riu reforçando a força sobre a garota.

— Não tem graça alguma, pare com isso.

— Por que? Você vai gostar.

— Vá atrás de alguma prostituta, homem! – soltou exasperada.

Miguel sorriu e a jovem suspirou perdendo a paciência. Ele lhe apertou o rosto com uma das mãos e em contrapartida a mesma derrubou o primeiro objeto ao seu lado, numa tentativa falha de acertar a cabeça do colega.

— É a última vez que vou dizer: Me larga Miguel!

O colega de trabalho cravou uma das mãos em sua blusa e ela se posicionou para rebatê-lo num golpe fatal quando a porta abriu contudo. 

Ela pôde ver a expressão raivosa de Alex e sentiu o enfraquecer das mãos de Miguel.

E então tudo aconteceu muito rápido.

 

•••

 

Ela e Alex agora se encontravam numa lanchonete próxima a escola, sentados e encarando um ao outro. O lugar estava movimentado, aumentando a tensão da dupla.

Arabella não sabia o que dizer e o garoto muito menos, e num ciclo vicioso o silêncio predominava. Os pensamentos da jovem estavam a mil por hora e com um suspiro ela apoiou a cabeça entre as mãos. 

O dia estava sendo um desastre.

Alex afagou, acanhado, a mão quente da jovem e ela o fitou sorrindo em seguida. O rosado tão característico voltou ao rosto do garoto fazendo o sorriso da mesma aumentar. 

Ele estar ali lhe deixava extremamente feliz, tanto quanto ele tê-la defendido.

Alex não tinha que ter feito absolutamente nada em relação a Miguel, e visualmente mesmo não tendo capacidade alguma para aquilo ele o fez e a consciência disso agitava algo dentro de Arabella. Algo que a derretia completamente.

Quando seu coração amoleceu tanto?

Eles se entreolharam e passada a adrenalina e a tensão riram juntos.

— Você foi incrível – comentou Arabella esticando as costas – mas claro que eu conseguiria lidar com ele sozinha – piscou.

— Ah, claro! – ironizou – É assim que você agradece meu resgate irado?

A dupla riu novamente.

— Não, claro que não – ela envolveu uma das mãos dele com a sua – muito obrigada Alex.

Arabella o fitou no fundo dos olhos e aquele gesto, tão singelo, fez todo o corpo do garoto tremer da cabeça aos pés. Se ele já tinha admito para si mesmo que gostava dela, será que ainda lhe cabia tentar esconder o quanto a achava bela?

Ainda mais quando aqueles olhos verdes se misturavam ao corado de seu rosto.

— Então, vendo que devo recompensar meu salvador – ela levantou – vou comprar alguma coisa pra gente, tudo bem?

Alex sorriu automaticamente ao final da frase, aceitando de bom grado o que quer que ela fosse comprar para eles. Mas logo seu sorriso se desfez quando os olhos da mesma se fecharam subitamente e ela caiu, desmaiada, no chão da lanchonete.

— Arabella? — chamou o garoto num grito agudo, se lançando de joelhos ao lado dela no chão.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

As partes que virão estão acabando comigo...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Espion Noir" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.