Espion Noir escrita por carlotakuy


Capítulo 11
XI.


Notas iniciais do capítulo

COMBO SURPRESA!

Hehehe.



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O sábado chegou num piscar de olhos. Alex acordou tarde, como de costume, e enquanto tirava algum tempo para organizar o quarto, que estava uma bagunça devido a última noite, conversava por meio do computador com Thomas, que recitava, animado, os convidados da festa.

— Bárbara da sala da gente vai, Ângela também e...

— Só tem garotas nessa festa? – brincou Alex.

Thomas expressou uma careta na webcam enquanto sua voz ressoou pelos autofalantes.

— Melhor garotas do que garotos.

Alex assentiu, sem discordar, fechando mais uma gaveta.

— E os meninos? Disseram algo sobre hoje?

— Ah, sim! Brad vai da casa de um amigo, então só vamos encontrá-lo lá, e Henry pediu para nos encontrarmos na praça, com alguma “antecedência” – ironizou o amigo.

Alex riu sentando na cadeira do computador.

— Como se ele fosse pontual – retrucou Thomas – ele é o que mais demora a se arrumar.

— Uma típica princesa – completou o garoto que recebeu um aceno de cabeça como resposta.

A dupla riu e Alex aproximou-se do computador, minimizando a conversa e notando, surpreso, o horário.

— Já é tão tarde assim?

Thomas riu do outro lado.

— Em que mundo você está?

— Desculpa, mas vou ter que levar minha irmã na casa da minha tia antes de ir.

— Mete o pé então, daqui a pouco é a hora meu garoto!

Alex sorriu ao comentário do amigo e fechou todas as guias do computador, se despedindo do mesmo pelo chat. Num movimento rápido ele abaixou o notebook e catou sua chave dentro da gaveta, saindo do quarto em seguida.

 

•••

 

Desolada no sofá de seu apartamento Arabella acompanhou o garoto durante sua conversa e sua saída, resmungando desanimada quando ele abandonou o quarto.

— Vou ter de colocar câmeras na casa toda – disse numa afirmação para si mesma.

Com um bocejo alto e estrondoso ela se alongou no sofá. Ao final encarou, sem propósito, o vaso de flores que coloria a sala e levantou num salto.

— Estou tão entediada – murmurou cansada – você não me mostra nada interessante – resmungou com a televisão – acho que vou atrás eu mesma.

Um sorriso de canto surgiu em seu rosto e num movimento rápido ela alcançou o seu novo celular, discando apressadamente um número bastante conhecido seu.

Mal chamou e a pessoa do outro lado atendeu, animada.

— Olá Lore, será que tem um tempinho pra mim hoje?

A garota concordou e sorrindo ainda mais abertamente Arabella desligou a televisão no controle.

— Veja bem, vai ter uma boa festa hoje a noite...

 

•••

 

Já era noite e Alex se encarava carrancudo no espelho enquanto sua mãe revirava seu guarda-roupa.

— Você não tem nada decente filho – resmungou Sofia.

— Você não compra nada decente para mim – retrucou.

— Olha como fala comigo – a mulher fechou as portas do guarda-roupa e suspirou – a melhor que achei foi essa.

Ela elevou uma camisa simples escura e o jovem deu de ombros, aceitando a vestimenta.

— Juro que ainda essa semana vou às compras com você, não é possível.

Alex sorriu ao comentário da mãe e imediatamente trocou a camisa, balançando a cabeça para si pelo espelho, conferindo a mesma.

— Vou descer, se precisar de mim, só gritar.

— Tá mãe.

Com um risinho Sofia saiu, dando uma última olhada para o filho. Alex suspirou com a saída da mãe e jogou a camisa que usava antes sobre a cama, trocando seu calção por sua única e fiel calça escura.

— Eu não sou um adolescente, eu sou um velho – balbuciou fechando o zíper.

Quando Alex finalmente se encarou no espelho, fez uma careta, concordando que não estava tão ruim quanto as roupas anteriores. 

Com rapidez ele penteou o cabelo, usando seu gel companheiro, e preencheu o bolso com suas chaves. Concluiu se encharcando de perfume e respirando fundo.

Era sua primeira festa e além de nervoso ele parecia ter consciência de que se sentiria deslocado. Por que diabos havia aceitado? Podia ter compensado seus amigos de outro jeito. 

Madrugar jogando, naquele momento, parecia muito mais a sua cara.

Seu celular tocou e atendendo a ligação ele saiu do quarto.

Agora era tarde demais para dar pra trás.

Alex calçou apressado o sapato na entrada da casa e se despediu de sua mãe gritando. Já na rua ele aspirou o ar gélido aumentou o passo.

Quando chegou na praça avistou Thomas e o cumprimentando procurou Henry com os olhos.

— Ih – o amigou chiou – nem tenta, ele ainda não chegou.

— Sempre ele, né?

A dupla sorriu. Thomas passou o braço ao redor do pescoço de Alex.

— Primeira festa hein.

Ele riu se desvencilhando.

— Não exagera.

— Vai ser boa, você vai ver.

O garoto assentiu e ouviu um alto assobia proximp, anunciando a chegada de Henry. O trio logo se dirigiu até a casa de Asher, numa conversação animada sobre como passaram a manhã, com Thomas recitando os poemas que havia lido e Henry reclamando da família.

Alex riu de seus amigos e também resmungou, sobre o quarto que tivera que organizar. Mas no meio de sua fala ele parou observando a imponente casa que se erguia a sua frente. 

Era alta, com o auxílio de uma elevação do terreno, e de tons madeira que a faziam parecer uma excêntrica casa de campo na cidade.

Henry sorriu, vitorioso, puxando seus amigos para perto de si.

— É aqui que começa nossa noite.

Quando seus pés pisaram no gramado da casa de Asher, Alex sentiu uma onda de sensações se apoderar dele, até perceber que boa parte delas vinha da fumaça de um pequeno grupo no local, que fumava maconha.

Thomas tocou amigavelmente no ombro do amigo com um olhar de incentivo e com um sorriso torto Alex seguiu a dupla.

Henry riu junto a alguns garotos que o cumprimentavam e Brad se aproximou sorridente, já carregando um copo de bebida consigo.

— Bem vindos, bem vindos!

— Você é o anfitrião? – riu Alex.

E todos​ riram junto.

— Se formos depender dele – o loiro abanou a mão – deixe para lá, venham, venham.

O grupo engatou uma subida pela pequena escada na inclinação do quintal, entrando logo em seguida. Lá dentro estava quente em contraponto ao lado de fora e as pessoas se espremiam ao som de alguma batida que o garoto não soube decifrar.

Guiados por Brad o trio foi parar na sala, próximos a uma mesa preenchida por garrafas ainda cheias de bebida.

No lado oposto, um grupo grande de pessoas se mantinha, dançando no seu ritmo, e ocupando boa parte do cômodo. Já na parede lateral jazia uma grande porta de correr que levava para a parte traseira da casa, um quintal pouco iluminado e cheio de jovens.

— Essa sim é a parte boa – disse Thomas abrindo uma das garrafas.

Alex observou o amigo um tanto desconfortável, mas sorriu aceitando o copo cheio de vodka pura. Todos os outros brindaram entornando o líquido e imitando os amigos Alex logo sentiu tudo girar. 

A bebida desceu rasgando sua garganta e ele fez uma careta, roubando risadas de Thomas.

— Você logo acostuma!

Henry bateu com força nas costas de Alex e ele riu, tocando dolorosamente nas mesmas. Thomas riu e Brad também o fez, ainda mais alto. Logo seus risos vinham e iam embora pela menor das palavras, sendo abafados pelo som que ficava cada vez mais alto.

De súbito, Brad parou e chamou algumas garotas, sorrindo já bêbado depois do quinto copo puro.

— Essas são minhas amigas, Kim, Cléo e Isabela.

Os garotos as cumprimentaram com bastante afinco, com vários beijos na bochecha. Alex, por sua vez, apertou a mão de todas, roubando risos de seus amigos.

— Esses são Thomas – apresentou o garoto que piscou – Henry – o mesmo mandou um beijinho – e Alex.

Ele sorriu acenando o que fez as três garotas sorrirem divertindo-se com o estranho garoto. Cléo, de madeixas aloiradas e maquiagem pesada, piscou para o mesmo e caminhou até a mesa, enchendo um copo próxima a Alex, enquanto as outras engataram uma conversa com os outros meninos.

— Cléo é um bom nome – soltou Alex.

A garota riu e deu um longo gole em seu mix de refrigerante e vodka.

— Alex também – respondeu-lhe com um sorriso aparentemente sedutor – primeira vez que o vejo por aqui, não costuma ir a festas?

Ele ponderou as palavras da mesma e se posicionou ao lado dela, enchendo mais um copo de puro álcool.

— Não muito. Você vem?

— Sempre que posso – ela bebeu o resto do líquido.

— Bebe muito?

Alex se xingou pela pergunta, mas não conseguia elaborar nada melhor. A garota a sua frente era completamente destoante de si, ainda que muito bonita e atraente.

Havia algo estranho e ele não tinha a menor ideia do que era.

Com a pergunta do mesmo Cléo revirou os olhos virando-se em direção ao som e observando aparentemente interessada as pessoas que passavam.

— Bebo e você?

— Não muito – a voz do mesmo minguou.

Segundos depois ele notou que nenhum de seus amigos estava mais lá e que Cléo já não se interessava no que ele tinha para falar. Num suspiro Alex encheu mais um copo.

— Faz uma dose bem forte pra mim – pediu a garota.

De imediato, sem qualquer assunto para puxar, ele começou a encher um copo colorido com diversas bebidas. Orgulhoso de sua criação ele voltou-se a garota, mas a mesma havia sumido.

Não sobrara nenhum sinal dela e sozinho no meio da festa ele se sentiu ridículo. Estava tentando se encaixar num universo que não era seu e falhara miseravelmente.

Num movimento rápido ele entornou tanto seu copo quanto o da garota, seguindo para fora da festa.

Parado na porta ele cogitou apenas ir embora, mas não queria decepcionar nem seus amigos nem sua mãe, com a cena que acabou causando na quinta-feira para conseguir ir a essa festa.

Com um suspiro de derrota ele trotou até a inclinação no gramado de frente a casa e lá sentou, refletindo enquanto observava as pessoas chegando.

Sua noite estava sendo um fiasco, mas a culpa era inteiramente dele.


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Notas finais do capítulo

A continuação está logo à direita ~



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