Nessa noite eu dormi muito bem, não queria levantar da cama, mas como o celular tocou, eu era obrigada a levantar. Levantei com um pouco de preguiça, e fui tomar banho. Mas dessa vez fiquei um pouco mais de tempo de baixo do chuveiro, pensando se havia sonhado com o que havia acontecido. Cheguei a conclusão de que se tivesse acontecido de verdade, poderia acontecer de novo. Desligando o chuveiro, dei uma risadinha dizendo:

  -Que imaginação fértil Kurenai...

  Novamente não tomei café da manhã, mas o meu humor estava melhor do que ontem. Indo a escola para dar a minha aula encontro uma aluna minha, uma menina muito bonita, só que um pouco tímida demais.

  -Olá Hinata, indo para a escola?- perguntei a ela

  -O-oi professora, não vi que a senhora estava aí.- respondeu a garota com seu jeitinho todo angelical e tímido.

  -Acho que eu notei. Como vai o seu pai?- perguntei a ela, esquecendo da pergunta que fizera antes.

  -Ele está bem, na verdade está como sempre. Acho que ele nunca vai mudar, a não ser quando está nervoso. - respondeu a garota.

  Por um momento parei de andar e lembrei-me do dia em que o pai da garota bateu nela na minha frente.

  -Professora, você está bem?- perguntou a garota, me tirando do transe.

  -O-oi? O que você disse?- perguntei, constrangida por não ter prestado atenção no que a garota havia dito.

  -Você está bem?- perguntou a garota fitando meu rosto.

  "Diga que viu alguma coisa", ouvir essa voz novamente, me fez pular de susto, o que assustou um pouco a garota á minha frente.

  -Me desculpe, é que eu vi uma coisa e não prestei muita atenção.- disse para a menina, fitando-a

  Continuei a andar, mas a menina continuou calada sem falar mais nenhuma palavra até a escola.

  Quando entrei na sala de aula, ainda estava um pouco distraída. Trombei com um garoto na frente da porta, o que levou ambos os dois, ao chão.

  -Sua louca!Olha para frente abestada!- gritou o garoto com os olhos fechados.

  -Me desculpe, acho que vou seguir o seu conselho.- disse ao garoto enquanto levantava do chão.

  -P-professora, desculpa eu não vi que era você...- disse o garoto se ajoelhando a minha frente e fazendo uma reverência.

  -Não tem problema Naruto, eu não estava prestando atenção quando entrei.- disse dando uma risadinha discreta.

  -Não professora.- disse o garoto se levantando do chão.

  -Naruto, vá sentar em seu lugar. E não chegue mais atrasado.- disse ao garoto virando as costas e indo á minha mesa.

  -Eu não cheguei atrasado.- disse o garoto

  -Automaticamente chegou. Ainda está com os pés fora da sala de aula.-disse dando uma pequena risada- E se não entrar irá ficar para fora...

  O garoto correu para sua carteira e sentou-se depressa.

  -Eu quero que vocês façam para mim, um desenho feito com seus próprios nomes. Mas o desenho tem de lembrar vocês.- disse dando um leve sorriso.

   Assim que os alunos me entregavam suas atividades, eu dava a nota e devolvia os desenhos. Mas um desenho me fez parar e refletir o que já havia acontecido.

    Flashback on

      -Kurenai, pare de pular no carro filha!- disse a mulher sentada no banco do motorista.

      Eu continuei pulando e cantando dentro do carro, minha mãe virou a cabeça para trás para colocar o sinto em mim, para mim ficar quieta. Nesse momento, ela pisou no freio sem querer e o carro derrapou, se jogando contra o muro.

    Quando acordei, estava em uma cama de hospital, a enfermeira saiu do quarto. Pouco tempo depois o médico entrou.

   -Então você acordou, pequena kurenai?- disse o médico dando um sorriso como se estivesse feliz por eu ter ficado bem- Que eu saiba você não conheceu seu pai, não é?

  Continuei quieta sem falar nada.

  -Você tem sete anos certo?- perguntou-me

  Não disse nada, apenas acenei com a cabeça como se fosse um "sim".

  -Já está nessa idade e ainda dá trabalho dentro do carro?- disse ele, escrevendo em um caderno.

  -Eu quero a minha mãe.-disse, com cara de quem ia chorar.

  -Você está bem.- ele disse como se eu tivesse perguntado a ele se eu estava bem.

  -Eu quero a minha mãe!- dessa vez eu gritei e comecei a chorar.

  -Não chore pequena. Você ainda tem muito o que viver.- ele disse, não me passando uma boa impressão.

  -Onde está a minha mãe?- disse bem baixo, e meu olho dessa vez só estava lacrimejando.

  -Sua mãe foi para um lugar bem bonito agora, onde ela vai poder te ver sempre que ela quiser.- disse ele, e tentando me animar, deu um sorriso

  -Até na escola?- perguntei.

  -Até na escola.-respondeu ele.

  Dei um sorriso, mas por impulso depois comecei a chorar...

   Flashback off

  -Professora, você está bem?-perguntou-me a menina de cabelos rosas

  -Claro.- respondi, levantando pegando minhas coisas e saindo da sala.

  Por fim deixei o papel em cima de minha mesa; neste se avistava, um coração feito com o nome de Sakura Haruno, e dentro do coração a menina havia escrito “Mãe eu te amo de mais”.