Depois de ter fugido da sala de aula, fui para o campo e voltei a lembrar do acontecido. O que me fazia chorar...

  Flashback on

  Depois de dois meses no hospital, fui encaminhada para o "Orfanato Oficial das Crianças". Minha mãe havia morrido no dia do acidente, e como ela era filha única, ninguém fazia idéia de quem era meu pai, e meus avós haviam morrido, eles não tinham como me encaminhar para um lugar diferente.

  -Crianças, chegou uma nova amiguinha para vocês!- gritou a mulher enquanto me colocava dentro da sala do parquinho, e se retirava.

  Entrei na sala, mas fiquei quieta em um canto até que uma garota veio falar comigo:

  -Oi, qual é o seu nome?- perguntou-me a menina

  -Kurenai. E o seu?

  -Meu nome é Anko. Por que você veio pra cá?- disse a garota.

  -Minha mãe morreu. No acidente.- respondi a garota com os olhos lacrimejando.

  -Que bom. - disse a garota.

  Naquele momento eu comecei a chorar.

  -Não que seja bom que sua mãe tenha morrido. È que eu não conheci minha mãe.Estou aqui desde quando me entendo por gente.- disse a garota dando um grande sorriso.

  -Como assim?- perguntei parando de chorar.

  -Não sei quem é minha mãe, e não sei quem é meu pai. Nem sei se tenho parentes...- respondeu a garota ainda sorrindo.

  -E por que você está feliz, sendo que não conhece ninguém da sua familia?- perguntei estranhando a felicidade da garota.

  -Eu acho que eu não tenho escolha. Se eu estou aqui, é porque Deus quis que eu estivesse aqui. Deus nunca se esquece de seus filhinhos. Além do mais, aqui é minha casa, pois não tenho dinheiro para comprar outra- disse a garota ainda sorrindo.

  -Deus só tem um filho.Jesus.- eu disse a ela

  -Todos nós somos filhinhos de Deus. Quem você acha que vai cuidar da gente?- disse a menina

  -Os nossos pais que cuidam da gente, lá do céu.- respondi a garota.

  -Você quer que eu acredite no que eu não tenho, e nunca tive?- perguntou a menina, sem nenhum momento tirar o sorriso do rosto.

  -Faz sentido.- respondi a menina. - Anko, vamos brincar de pega-pega?

  -Pega!- gritou a menina fazendo todos correrem.

  Flashback off

  "Ela te ajudou muito quando você chegou lá. Talvez se não fosse ela te alegrar naquele momento, você não estaria aqui sorrindo agora...", ouvir aquela voz me fez perceber que eu não estava mais chorando, e sim, estava rindo, e as lagrimas que caiam de meus olhos eram de felicidade.

  Eu já estava me acostumando a ouvir a voz dele, ás vezes até fazia eu me  sentir bem. Eu sentia como se eu tivesse realmente falado com ele, apesar de não ter ninguém lá para me escutar eu falava sozinha:

  -Por que será que ouço a sua voz? Gostaria mais, se fosse você em carne e osso mas não posso mudar o lugar onde você se encontra nesse momento. Mesmo que você não esteja aqui, espero que um pássaro envie meu recado.- falei comigo mesma, e após disso, sussurrei bem baixinho- Eu te amo.

  Levantei e tomei meu caminho para casa, pensando na minha vida. Pensando no que aconteceu, depois de eu ter entrado naquele orfanato. Cheguei a conclusão de que minha vida foi muito diferente do seria se ela não tivesse morrido. Talvez eu não conhecece as pessoas que conheço hoje, talvez eu não fosse professora, mas de certa forma essa mudança foi boa.

  " Se você ligar para mim agora, eu irei estar vago o resto do dia.", depois de ter ouvido aquilo, eu não perderia a oportunidade.