Caminho das Memórias escrita por Ainsworth


Capítulo 7
Hong Kong


Notas iniciais do capítulo

Pois é, aos poucos eu vou voltando a frequência de sempre. As provas acabaram e eu me saí melhor do que esperava, sinceramente *-*. Pois bem, o que será que aconteceu entre Syaoran e sua mãe? Bom, para saber é bem simples, é só ler este 7° capítulo XD Então, boa leitura ^^



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Hong Kong

           

Yelan Li era o nome da mãe de Syaoran. Mulher forte, imponente. Detinha atualmente o cargo de líder do clã Li, guardando a posição para que seu filho a assumisse. Não respondera, no entanto, o cumprimento de Syaroran, apenas o encarou nos olhos, e o rapaz se prontificou a fazer o mesmo. Ficaram assim por alguns segundos, até que se pode ouvir um som similar ao estouro de uma manada. Syaoran, distraído, não teve tempo para reagir rapidamente, e logo se viu sendo atropelado e derrubado no chão por suas 4 irmãs.

— XIAO LANG! COMO É BOM VÊ-LO! – Exclamou Feimei, agarrada ao pescoço de Syaoran.

— VOCÊ CRESCEU TANTO! – Dizia Fanrei segurando o braço esquerdo do rapaz.

— Mas não parece que ele emagreceu um pouco? – Perguntou Shiefa no braço direito do irmão.

— Nah, isso é impressão sua. Posso garantir que está tudo certo quanto isso, hehe – Esclareceu Fuutie, grudada ao tronco de Syaoran.

— EI, VOCÊS! SAIAM DE MIM! Não é assim que deveriam receber seu irmão mais novo!

— Ah, por favor. Nós estávamos com saudades – Disse Feimei, ainda agarrada ao pescoço do rapaz.

— Exatamente – Concordou Fanrei.

— AAAAARRGH, JÁ CHEGA, ME LARGUEM!           

O rapaz, sem muito sucesso, se debatia na tentativa de se desvencilhar de suas irmãs. Vendo que não obteria sucesso, Yelan se aproximou.

— Meninas, seu irmão deve estar cansado da viagem. Deixem-no descansar, por hora.           

Ouvindo as palavras da mãe, ainda que com alguns resmungos, as 4 garotas foram soltando o irmão, libertando-o daquilo que mais se parecia com uma exemplificação do uso de uma camisa de força do que com uma recepção.

— Aproveitem e vão para seus quartos, já é quase hora de dormir.           

Mais uma vez, sem grandes questionamentos as garotas seguiram a ordem da mãe. Mais uma vez, Yelan e Syaoran estavam sozinhos.

— Seu quarto já está pronto. É melhor descansar hoje.           

Dito isso, Yelan virou as costas para o filho e começou a andar, parando alguns passos à frente, disse:

— Também é bom vê-lo de novo filho. Amanhã iremos conversar. Boa noite.

— ...Certo. Boa noite – Foi o que Syaoran conseguiu dizer.           

Wei, em respeito, tinha ficado um pouco distante durante toda aquela situação, mas agora que Yelan fora embora, aproximou-se para auxiliar Syaoran com as malas novamente.

— Obrigado, Wei.

— Disponha, jovem mestre. Vamos levar essas malas para seu quarto.

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Mais tarde, já em seu quarto, finalmente Syaoran teria um tempo para descançar, e é claro, conferir se recebera alguma mensagem de Sakura. Deitado em sua cama, olhou para o visor do celular, e felizmente, ali estava sua tão aguardada mensagem.           

“Olá, Syaoran, como foi de viagem?           

Ou está sendo?           

Ai, desculpa, eu não entendo muito de fuso-horários ;-; ”           

Syaoran riu. Quando a mensagem foi mandada, já havia desembarcado do avião, mas entendia a confusão da garota.           

“Boa noite, Sakura           

Fui bem sim, obrigado pela preocupação           

E você, como está?”           

Não sabia se a resposta viria rápido ou não. Ele mesmo demorou bastante para responder. Olhou no relógio e calculou que no Japão já estava bem tarde, e provavelmente a garota já estaria dormindo. Realizou que o melhor era descansar e aguardar pela resposta no dia seguinte.           

Assim, preparando-se para dormir, foi surpreendido pela vibrar de seu dispositivo. Incrédulo, olhou a tela, e novamente, teve mais uma surpresa ao constar que Sakura havia o respondido. Ela ainda estava acordada, isso era no mínimo, curioso. Mas decidiu ler a mensagem para já respondê-la sem demora.           

“Ahhhj, que boom quie você edta ben           

Hehe”           

Primeiramente, estranhou as palavras erradas, mas logo compreendeu o motivo daquilo. Ela deveria estar bem cansada, e por isso aquela mensagem saiu tão errada.

— Hum, ela não deveria se forçar tanto assim.           

Decidiu o que seria melhor para falar, e digitou:           

“Haha, você parece bem cansada, não é?           

É melhor você ir descansar.            

Amanhã nós nos falamos de novo, tudo bem?’’           

Aguardou um pouco, e recebeu a confirmação.           

“Okkay.           

Bboah noohte.”           

Rindo, respondeu com um “Boa noite”, e lembrando que também era tempo dele mesmo dormir, acomodou-se em sua cama, fechou os olhos, e logo adormeceu.

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— Ei! Será que dá pra me deixar tomar café em paz!?           

Na manhã, Syaoran tentava tomar seu café da manhã, mas suas irmãs estavam a sua volta e não paravam de enchê-lo de perguntas e mimos.

— Ora, vamos Xiao Lang, estamos curiosas. Diga, os homens no Japão são bonitos? – Perguntava Fanrei.

— Sua boba, Xiao Lang não deve observar esse tipo de coisa, devemos perguntar a ele sobre as garotas – Corrigia Fuutie.

— Exatamente, as garotas lá são bonitas, Xiao Lang? – Perguntou Feimei.

— Você está gostando de alguém? – Acrescentou Shiefa.           

O rapaz tentava manter a postura, bebendo seu chá calmamente, respondeu:

— Vocês fizeram essas mesmas perguntas há um ano. E eu responderia ou não elas do mesmo jeito que antes.

— Ahhh, não seja chato, você poderia atualizar.

— Sim, muita coisa pode acontecer em um ano.

— Nunca se sabe quando a flecha do amor irá nos acertar.           

A cada comentário das irmãs, Syaoran ia ficando mais tenso, e uma veia aparecia em sua testa. Para sua sorte, Wei apareceu para lhe salvar.

— Com licença, desculpe por atrapalhar seu café da manhã, jovem mestre, mas sua mãe pediu para avisar-lhe de que está a sua espera em seu escritório.

— Certo, eu já tinha acabado aqui mesmo, obrigado Wei.

— Disponha.           

Syaoran levantou-se da mesa e seguiu para a saída da sala de refeições.

— Hmpf! Depois vamos continuar essa conversa, Xiao Lang – Bufou Fuutie.

— Isso mesmo! – Acrescentou Shiefa.

— Claro, claro – Disse Syaoran, acenando de costas, enquanto saía do cômodo.           

A tensão de Syaoran que até então era de algo parecido com raiva, tornava-se agora nervosismo. Enfim, era hora da conversa com sua mãe. Chegando a porta do escritório deu duas batidas.

— Entre – Foi a resposta que ouvira.           

Abrindo a porta, pode ver sua mãe de pé em frente a uma estante, encarando alguns livros. O escritório de Yelan era bem limpo e organizado, tal como a própria gostava que fosse.

— Mandou me chamar, mãe?           

Virando para o filho, fitou-o com um semblante sério, mas depois sorriu.

— Sim – Abriu os braços – Acho que não pudemos fazer isso ontem.           

Syaoran rapidamente entendeu aquele gesto, e sem demora correu para os braços da mãe, abraçando-a fortemente.

— Ainda não entendo por que tem vergonha de fazer isso na frente de suas irmãs.

— Elas não estão acostumadas com esse meu lado, e se descobrissem, iriam encher ainda mais o meu saco.

— Não fale assim delas, elas te amam muito.

— Eu sei, mas às vezes parece que elas me amam até demais.           

Ambos riram. Ficaram um tempo ainda abraçados, em silêncio, mas logo se separaram.

— As coisas estão indo bem lá no Japão?

— Sim, está tudo bem.           

A partir deste instante, Yelan recobrou o semblante sério.

— Por mais quanto tempo você ainda ficará lá?

— Eu não sei... Ao certo... – Syaoran respondeu desconfortável.

— Você já está lá há 2 anos, ainda não encontrou o que procura?

— A-ainda não...

— Você sabe que tem um grande dever para com sua família aqui em Hong Kong, não é?

— Eu sei.

— Você sabe que logo terá de se estabelecer aqui, não é?

— Eu sei.

— Você sabe que seu tempo está acabando, não é?

— Eu sei! – Exclamou Syaoran.                     

Após alguns segundos em silêncio, Yelan suspirou, e caminhou em direção a janela do escritório, parando em frente a mesma, observando o céu nublado daquela fria manhã. Não nevava em Hong Kong, mas a temperatura conseguia ficar bem baixa em alguns dias durante o inverno.

— Eu lembro bem, há pouco mais de 2 anos, você decidiu que queria ir para o Japão. Quando eu ouvi aquilo, recusei sem nem pensar.             

Fez uma pequena pausa, mas Syaoran não ousou se pronunciar.

— No entanto, você insistiu. Todos os dias, durante um mês inteiro, você não parava de tentar me fazer mudar de idéia. Eu não queria que você voltasse para lá. Até um dia, no qual Wei falou comigo. Ele me pediu que ao menos tentasse compreender melhor seu motivo para voltar para lá.

— Sou eternamente grato a Wei por isso.

— Sim, graças a ele, pude conversar com você. E pensar que as palavras daquele garotinho conseguiram no fim me convencer.

— Ei, isso foi há 2 anos, eu já não era mais um garotinho – Bufou emburrado.

— Ah querido, para nós, mães, nossos filhos são sempre nossas criancinhas.           

Syaoran revirou os olhos. No fundo, por mais que não quisesse admitir, gostava desse sentimento materno de sua mãe.

— Depois que seu pai se foi, eu jurei que faria de você um líder exemplar assim como ele era. Eu queria você por perto, não queria que se distanciasse.           

Silêncio.

— Mas, tenho certeza que seu pai te apoiaria na sua decisão. É seu direito querer saber o aconteceu com você durante aquele tempo. Eu demorei para entender isso.

— No fim, você entendeu, isso é o que importa.           

Yelan encarou o filho, sorrindo com ternura, mas com certa tristeza no olhar.

— Diga, como estão os seus sonhos?

— Ultimamente têm ficado mais intensos. Eu consigo visualizar melhor. Há alguém lá, comigo, eu falo com essa pessoa, mas não consigo me lembrar exatamente o que falamos.

— Você consegue ver o rosto dessa pessoa?

— Não... – Respondeu Syaoran hesitante.           

Suspirando, Yelan voltou a caminhar pelo escritório.

— Então, pode-se concluir que o seu objetivo é encontrar essa pessoa?

— Sim.

— Você sabe que ela pode nem mesmo existir, não é?

— Sim, eu sei.

— E mesmo assim espera encontrar essa pessoa?

— Exatamente.           

Mais suspiros da parte de Yelan.

— Você é teimoso igual seu pai, puxou muito ele.           

Ouvir isso sempre deixava Syaoran feliz, não sabia ao certo o por quê.

— Assim que te deixei ir para o Japão, nós fizemos um acordo. Você teria o tempo do seu colegial para conseguir achar o que tanto te ligava aquele lugar. 2 anos já se passaram, resta 1. Querido, tem certeza que ainda vai persistir?

— Sim mãe, eu nunca me senti tão próximo assim da resposta como antes. Meus sonhos são a prova disso. Dê-me mais esse ano, eu prometo que de uma forma ou de outra, eu retornarei para assumir o posto de líder do clã.                      

Syaoran estava determinado, seu semblante, sério. Yelan compreendeu novamente a motivação do filho.

— Bem, parece que não há como te fazer mudar de idéia. Okay, vamos seguir com nosso contrato. Você tem mais um ano.

— Obrigado.

— Meu filho, eu só quero que entenda, apenas desejo que não se machuque com essa sua ambição de correr atrás de algo que desconhece.           

Syaoran se aproximou de sua mãe e segurou-lhe as mãos.

— Eu entendo minha mãe, fico muito agradecido pela preocupação. Mas eu aceitei todo o risco de decepção que tenho. Não fazer o que estou fazendo, me deixaria muito mais aflito.           

Espontaneamente, uma lágrima desceu de um dos olhos de Yelan.

— Acho que você tem razão. Aqui na minha frente há um homem, cujas palavras não são muito diferentes das pronunciadas há 2 anos.           

Sorrindo, abraçaram-se. Apesar de alguns ideais diferentes, aquela mãe e aquele filho se amavam profundamente.

— Acho que estamos conversados então – Afirmou Yelan enquanto se separavam.

— Confesso que estava bem nervoso.

— Você manteve uma boa postura, digno de um Li.

— Ufa.           

Yelan caminhou em direção a porta.

— Você está dispensado. Ah, já ia me esquecendo, aquele rapaz dos Hiiragizawa está em Hong Kong, provavelmente vai dar uma passada aqui hoje.

— O QUE!? Por que ele não me avisou!? – Espantou-se Syaoran.

— Pelo visto queria fazer uma surpresa – Olhou relógio – Creio que já está chegando.

— Aquele maldito...

— Não fale assim de seu amigo. Ambos devem estar com muitas saudades um do outro – Sorriu

— Hmpf, nem tanto – Ambos saíram do escritório – Obrigado por avisar, mãe.

— Não há de que.           

Syaoran então virou as costas e pôs-se a caminhar para o jardim.

— Xiao Lang.           

Sua mãe, no entanto, o fez se voltar novamente para ela.

— Aproveite sua estadia em Hong Kong – Disse Yelan, sorrindo docemente.

— Sim – Respondeu Syaoran, devolvendo aquele sorriso.           

Após isso, Syaoran seguiu para o jardim, deixando uma sorridente e pensativa Yelan para trás.

— Xiao Long, nosso filho está se tornando um homem – Pensou.           

Orgulhosa de seu filho, retornou aos seus afazeres.

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— Muito engraçado da sua parte – Saudava Syaoran.           

Caminhando para o jardim, encontrou-se com Eriol Hiiragizawa, seu amigo de infância, com o qual dispôs de muito tempo brincando quando crianças. Mesmo sendo filho de um japonês com uma inglesa, foi criado na China, onde a família possuía boas relações comerciais, principalmente com o clã Li. Não demorou muito para que ambos crianças, Syaoran e Eriol, ficassem amigos, ainda mais com o empurrãozinho dos pais.

— Ora, compartilhe comigo o que fiz para lhe divertir – Retribuiu Eriol           

Syaoran sabia que o amigo estaria no jardim, era um local agradável e sempre foi o lugar preferido para brincar dos dois quando mais novos. Possuía flores e plantas típicas, além de algumas ervas medicinais. Havia um pequeno lago no centro, e um pouco mais afastada, uma pequena área para treinos e exercícios, a qual Syaoran usava bastante, mas nunca chamara muito a atenção de Eriol.

— Por que não me avisou que estava em Hong Kong?

— Pensei que um reencontro surpresa seria mais emocionante.           

Eriol tinha mais ou menos a mesma altura de Syaoran, possuía um olhar penetrante e afiado, protegido por um par de óculos, tendo cabelos num tom azulado escuro. No mais, era um rapaz extremamente calmo e educado. Exceto com Syaoran, com o qual adorava pregar pecas e agir ironicamente. Estava sentando num banco lendo um livro, mas levantou-se com a chegada do amigo.

— Você ainda não perdeu essa mania de estar sempre lendo um livro quando nos vemos? – Perguntou Syaoran, encarando o livro nas mãos de Eriol.

— Ler é uma ótima forma de aliviar a tensão, ainda mais quando você esta prestes a encontrar alguém de tamanha importância – Ironizou.

— Vejo que também não perdeu seu humor.

— Nada eu seria sem o próprio.

— Entendo, mas eu não sou tão importante assim.

— Falou ninguém mais nem menos que o próximo líder do clã Li.

— Ah não, você também não...

— Lhe entristece a sua posição?

— Não se trata da posição, mas sim da pressão que as pessoas fazem.

— Entendo. De qualquer forma, vamos andar um pouco.           

Puseram-se então a andar pelo jardim, aquela conversa geraria voltas e voltas em torno daquela área aberta. Mas tinham todo o tempo do mundo, então não havia com o que se preocupar.

— Mas, bem, os Hiiragizawa também não vão nada mal, não é? – Perguntou Syaoran.

— Sim, papai está fazendo um ótimo trabalho de gestão, e mamãe também está ajudando muito.

— Seus pais também estão aqui?

— Não, ficaram lá na Inglaterra mesmo.

— Sério? Você veio sozinho para cá?

— Sim, mas eu morei durante muitos anos aqui, não é como se eu não soubesse me virar. E você, não partiu sozinho numa jornada ao Japão?

— Bem, sim. Mas não como é se eu nunca tivesse ido lá antes...           

Eriol percebeu que chegaram no assunto delicado e principal daquela reunião.

— E então, como está sua missão?

— A julgar pelos meus resultados, não diria que esta tão bem assim.

— Não achou nada?

— Não.           

Syaoran andava cabisbaixo. Seu semblante era pensativo. Eriol compreendia aquela atmosfera.

— Mas quais seriam seus resultados?

— Acabei caindo da cama algumas vezes devido aos sonhos mais intensos que andei tendo, além de acordar sem fôlegos outras vezes.

— Nossa, isso é um resultado considerável – Comentou espantado.

— Sim, mas além disso, poderia lembrar mais vezes de que há uma grande diferença entre os fuso-horários da Inglaterra e do Japão? Entenda que quando é noite para você, estamos no meio da madrugada no Japão – Ralhou, referindo-se a mensagem que recebera logo após acordar no meio da noite algumas semanas atrás.

— Me desculpe, só queria saber se estava dormindo bem – Defendeu-se Eriol, dando de ombros.           

Ignorando a ironia do Eriol, continuaram caminhando.

— E como está sua mãe com relação a sua situação?

— Falei com ela mais cedo, parece que vou conseguir mais um ano, assim como o previsto.

— O derradeiro ano.

— Sim, preciso conseguir até o fim dele.           

Reinou o silêncio por alguns instantes.

— Sabe que eu sempre te apoiei em sua decisão, não é?

— Sim, eu sei.

— Eu nunca consegui me colocar de verdade na sua situação, mas entendo toda essa sua vontade e necessidade de saber o que aconteceu naquele tempo.           

Syaoran nada comentou.

— Você já esteve lá por 2 anos, e ainda tem mais um ano pela frente. E apesar de quase nada ter acontecido em muito tempo, muito pode acontecer em pouco tempo. Nossas vidas podem ficar ponta cabeça em questão de dias, horas, minutos e até mesmo segundos.           

Ouvir essas palavras fez Syaoran se lembrar de Sakura. Era verdade, no pouco tempo que se sucedeu desde que a conhecera, muita coisa aconteceu. Se envolveu numa briga, ganhou um jantar, havia certa falta de coerência em todos aqueles fatos. Mas não podia negar que aquilo tudo o fazia muito feliz.

— Não há necessidade de ter pressa, pode seguir no seu ritmo. Verá que em algum momento, súbito ou não, encontrará a luz que tanto procurava.

— Que tipo de livros você anda lendo? – Zombou Syaoran.

— Ei, eu estou me esforçando aqui, poderia me dar algum reconhecimento? – Bufou Eriol.

— Hahaha, desculpe, desculpe. Eu entendo suas palavras e suas intenções. Sou muito agradecido por ter um amigo que me apoia assim. – Disse Syaoran sorrindo.

— Eu não esperava menos – Disse Eriol ajeitando os óculos.

— Ora, seu...

— De qualquer forma, falemos sobre outro assunto, relacionado, mas um pouco distinto... As donzelas japonesas.

— O q-que!? – Perguntou Syaoran surpreso.

— Da última vez que fui lá, ainda era muito novo e não tinha esses olhos, entende? Diga, teria seu coração sido fisgado por alguma garota? – Perguntava Eriol com um sorriso malicioso no rosto.

— E-err...           

Ouvindo a não resposta de Syaoran, a feição maliciosa de Eriol se dissipou, e tomou lugar um olhar arregalado e surpreso.

— Wow, eu não esperava essa resposta. Syaoran, (Nota do autor: Eriol pronuncia “Syaoran” em vem de “Xiao Lang” porque seu pai é japonês, mesmo tendo sido criado em Hong Kong) você realmente adquiriu interesse por uma garota?

— Não sei se pode chamar interesse. Apenas acabamos entrando em maior contato nos últimos tempos. Só isso.

— Bom, para mim, está parecendo até mais do que interesse.

— Eu já disse que não é exatamente isso.

— Você não pode negar o que você mesmo está dizendo, ainda que não perceba isso.

— Aah, isso é ridículo – Syaoran começou a caminhar mais rápido.

— Ei, espere. Teria uma foto dela para me mostrar? – Disse Eriol também apertando o passo.

— Não, e mesmo que tivesse não lhe mostraria.

— Está certo, é melhor ter toda apreciação para si mesmo.

— Ah seu... – Syaoran virou bruscamente já levantando o punho.

— Opa, calma, calma – Erio colocou as mãos para frente para se defender – Esta é uma situação bem rara, portanto, não é bom colocar pressão em você. Logo, vou ficar quietinho, sem fazer mais comentários – Finalizou com o indicador para cima.

— Muito obrigado – Agradeceu Syaoran, cancelando a ameaça.

— Não há de que – Eriol sorria divertidamente.           

Nesse momento, pararam em frente à área de treinos. Aquele local certamente tinha muitas recordações. Syaoran agachou para tocar o solo.

— Passei muitas horas treinando aqui.

— Certamente, lembro de ficar sentado lendo no canto, enquanto você pulava, se rastejava, fazia todo tipo de coisa na busca pelo aperfeiçoamento físico.

— O que está falando? Você mesmo, um dia, resolveu treinar comigo.

— Acho que não se recorda direito, foi você quem me arrastou com essa ideia. E me arrependo até hoje, ainda sinto algumas dores – Disse Eriol enquanto massageava a lombar.

— Haha, foram mesmo bons tempos.           

Um clima de nostalgia se instaurou no local. Os dois jovens encaravam o chão, e por suas cabeças passavam memórias da infância. Eriol foi o primeiro a recobrar-se daquele transe.

— Sabe, podíamos andar por Hong Kong durante a tarde. Faz tempo que não venho para cá, e queria levar umas lembrancinhas para meus pais. Além de que poderíamos ter mais momentos nostálgicos como esse. O que acha?

— É, eu acho legal. Também quero comprar algumas coisas.

— Nem imagino para quem seja...

— Cale a boca.           

Iam se virando para voltar á  casa principal, quando de repente, ouviram alguém gritar:

— XIAAAOOO LAAAAANNNNGGGG!!           

E pela segunda vez, desde que voltara a Hong Kong, Syaoran, sem tempo para reação, se viu sendo jogado em direção ao chão, enquanto lhe agarravam o pescoço.

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Notas finais do capítulo

É isso aí, chegamos ao fim de mais um capítulo. Muitas coisas confusas, não é? Mas relaxem, logo tudo vai fazer sentido. Muito obrigado pelo apoio. Até mais ^^



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