Caminho das Memórias escrita por Ainsworth


Capítulo 17
Memórias de um passado jamais contado - Parte II


Notas iniciais do capítulo

Olaa, dei uma atrasadinha mas foi porque além de ter feito aniversário XD também estive um pouco doente, mas aqui estamos! E nossa! Como vocês gostaram do último capítulo, fiquei mesmo muito feliz com o feedback, e me senti extremamente motivado! Espero que vocês recebem esse da mesma maneira! Então, sem mais enrolar, eis o 17° capítulo! Boa leitura ^^



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Memórias de um passado jamais contado – Parte II

 

           

Na manhã seguinte, Syaoran novamente saía de casa logo cedo.

— Tome cuidado , e volte para o almoço – Avisava seu pai da porta da cabana.

— Ok – Concordou.           

Por mais incomum e desafiante que o dia anterior havia sido, o desejo de encontrar a cachoeira que vira quando passou por aquela ponte ainda era grande. Era uma missão que deu para si mesmo, e que não iria desistir.           

Antes de adentrar na trilha, no entanto, parou e olhou na direção que dava para a cabana de Sakura. Imaginou se encontraria com ela novamente. Não era uma má ideia, pensava.           

Sem mais se distrair, iniciou seu trajeto. Assim como no dia anterior, aquela estava sendo uma caminhada tranquila, ainda mais com o ar fresco da manhã a sua volta. Os pássaros cantavam, e as cigarras faziam seu show. O espetáculo usual de uma manhã de verão.           

Dessa vez tomaria bastante cuidado para não se desviar da trilha, seu objetivo era a cachoeira, precisava chegar lá sem se perder, tendo consciência do caminho de volta. Esse era seu desafio, o qual precisava descobrir como cumprir. No dia anterior, preocupou-se somente com voltar para casa, e esqueceu-se de procurar pela cachoeira, então, assim como anteriormente, tudo que poderia fazer era seguir em frente naquela trilha, mantendo a fé de que ela o levaria a algum lugar.           

Andava concentrado quando, de repente, um graveto caiu a sua frente passando muito perto de sua cabeça, assustando-o e fazendo-o cair para trás.

— Oooooooooooooi – Disse uma voz do alto.           

Erguendo sua cabeça, Syaoran viu uma garota acenando com um sorriso sem graça nos lábios, e para sua surpresa, era a mesma garota do dia anterior, só que agora estava numa árvore ainda maior do que a de antes.

— Tá tudo bem com você, Syaoran? – Perguntou Sakura.

— Como assim “Tá tudo bem”? Você acabou de jogar um galho na minha cabeça! – Retrucou levantando-se irritado.

— Ahaha... Desculpe, ele escorregou... – Tentou se justificar.

— Sua... – Syaora cerrou os punhos – E o que você faz em cima de uma árvore tão grande logo cedo na manhã?

— Ah, eu estava andando e pensando em algo para fazer, até que decidi achar uma árvore maior que a de ontem para subir, e aqui estou eu.

— Idiota, não se preocupa com como irá voltar para casa?

— Ei, eu tomei cuidado e memorizei o caminho dessa vez, hmpf! – Bufou.

— É mesmo é? Bom saber...

— Além do mais, aqui é ótimo – Abriu os braços sorrindo – Por que não vem aqui também?

— Não posso, tenho algo para fazer – Disse cruzando os braços.

— É? E o que é? – Perguntou curiosa.

— Ha, e por que eu deveria lhe dizer?

— Aaahhh, para com isso, me conta logo – Implorou.

— Ha, eu tenho que achar uma cachoeira que vi quando estava indo para a cabana, tenho até a hora do almoço para isso – Explicou com uma cara esnobe.

— Cachoeira? Cachoeira... – Sakura parecia tentar se lembrar de algo – AH! A cachoeira. Eu sei onde é.

— O que!? – Syaoran ficou boquiaberto – Você já foi lá?

— Não.

— Hã!? – Syaoran quase caiu para trás novamente – Então, como você sabe onde é?

— Hehehe, suba aqui – Disse estendendo a mão.           

Ainda sem entender, e meio contrariado, Syaoran começou a subir pelos galhos daquela árvore realmente alta. Ficou se perguntando como aquela garota não tinha medo de subir num lugar tão alto assim. Após certo tempo escalando, finalmente alcançou a mão de Sakura, que com um puxão, ajudou-o a chegar ao galho em que estava sentada.

— Tá, e agora? – Perguntou impaciente.

— Olhe – Apontou numa direção.           

Cerrando os olhos enquanto olhava na direção que a garota apontava, conseguiu ver ao longe, a figura de uma queda d’agua, e, forçando ainda mais a vista, reconheceu que se tratava exatamente da cachoeira que buscava.

— É... É ela... – Balbuciou.

— Viu? Essa árvore é tão alta que dá pra ver muuuuuitas coisas daqui, hehehehe.

— É mesmo... – Virando-se para trás, conseguiu enxergar um pedaço da cabana em que estava hospedado. De fato, essa árvore teria sido de grande ajuda no dia anterior.

— E além disso, também tem isto – Sakura disse, abrindo os braços e fechando os olhos.

— Hã? – Syaoran a observou sem entender o que ela dizia.

— Vamos, tente também – Sakura abriu um dos olhos para falar e o fechou logo em seguida.           

Ainda confuso, Syaoan decidiu apenas imitar aquele ato. De imediato, não sentiu, mas bastou a primeira rajada de vento bater contra sua face para compreender. A brisa proporcionada pela altura privilegiada daquela árvore, juntamente com o calor daquela manhã de verão, fazia uma combinação deliciosa, era como um abraço caloroso de mãe, um carinho fraterno, capaz de fazer qualquer um que a sentisse esquecer-se de seus problemas e só focar naquele momento.           

Para Syaoran não era diferente, aquela sensação o tomara por completo, e sem que percebesse um sorriso se formara em seus lábios.           

Sakura, já havia aberto seus olhos, e agora observava o garoto ao seu lado, também com um sorriso nos lábios.

— É ótimo, não é? – Perguntou Sakura.

— Hã? – Syaoran abriu os olhos confuso.

— Perguntei se não é ótimo? – Repetiu.

— A-Ah... É... – Respondeu corado.           

Sakura soltou um leve riso.

— Olhe – Sakura apontou novamente na direção da cachoeira, porém, um pouco mais abaixo – Se seguirmos na trilha em que estamos, vamos conseguir chegar na cachoeira.           

Syaoran tratou de confirmar.

— É verdade – Disse ao observar pedaços da trilha por entre as árvores que tinham como destino seu objetivo.

— Certo! Vamos lá – Disse Sakura enquanto começava a descer pelos galhos.

— O que? Você vai lá também? – Perguntou surpreso.

— É claro.

— Mas, e a árvore?

— Ah, eu já me cansei dela. Além do mais, a cachoeira deve ser mais divertida.           

Syaoran ficou sem entender aquele comportamento. Não conseguia compreender aquela garota, por mais que tentasse.

— E-ei, me espera – Voltando a si, tratou de começar a descer da árvore também.

— É melhor se apressar, haha – Dizia Sakura enquanto facilmente deslizava pelos galhos.           

Syaoran assistia àquilo espantado, descer era ainda mais difícil do que subir, pois você tinha contato visual direto com o solo, e o medo de cair ficava ainda maior, porém mesmo assim, a facilidade com que a garota descia por entre os galhos era assustadora.

— Pronto – Disse Sakura ao chegar no solo – Eeeei, vamos logo, Syaoran!           

Com certa dificuldade, Syaoran também alcançou o pé da árvore.

— Você é bem devagar, heim? – Provocou Sakura.

— Cale a boca, você que é a estranha aqui – Retrucou.

— Tá, tá, vamos ver se você consegue se sair melhor na corrida hoje, por que ontem você não teve chances, hahaha.

— O que? Como assim?

— Hã? Vamos apostar corrida até a cachoeira, é claro. Ir andando não teria graça nenhuma – Disse fazendo pose com as mãos na cintura.

— Não, espere, você—

— Pronto? Vai! – Sakura o cortou e disparou na frente.

— AAAAH, de novo não! – Syaoran resmungou e pôs-se a correr atrás da garota.

— Hahahahaha, vamos Syaoran! É melhor me alcançar! – Continuou a provocar.

— Você vai ver! – Syaoran respondeu logo atrás.           

E novamente, estavam os dois a correr em meio aquela floresta. No entanto, era diferente da outra vez, agora Syaoran não mais tentava pegar algo de volta, ou estava zangado, ele corria simplesmente por querer alcançar Sakura. Corria por que ela o chamava, corria por que ela ria, corria para poder alcançar aquele sorriso contagiante estampado no rosto daquela garota. Surpreendeu-se quando se pegou no meio desses pensamentos. Naquele momento tudo parecia estar em câmera lenta. Passava pelas árvores, pelos raios de sol, tudo lentamente, enquanto continuava a ouvir a voz de Sakura o chamar. Foi então que ela se virou e estendeu a mão. Sem saber porquê, Syaoran sem hesitar a segurou, e os dois passaram a correr de mãos dadas, lado a lado. Sakura sorria, e Syaoran, contagiado, fazia o mesmo. Era um momento único, que para ambos não precisava ter fim. Poderiam ficar pela eternidade assim, de mãos dadas, correndo em direção ao infinito, somente os dois.           

Mas o fim daquele momento havia de chegar, assim que chegaram ao seu destino. Lá estava ela, a tão desejada cachoeira. Era linda, descia de um monte não muito alto, mas era larga e linda, caía formando um pequeno lago cristalino que mais para frente se propagava num rio. As duas crianças olhavam para aquele espetáculo fascinadas, seus rostos eram pura felicidade por estarem ali, em frente a tal obra prima da natureza.           

Tamanho era aquele fascínio que não se deram conta de que ainda estavam de mãos dadas. Syaoran foi o primeiro a perceber, olhou para o rosto da garota, e viu que ela ainda sorria alegremente. Com essa imagem a sua frente, seu coração acelerou, batendo intensamente. Encarava aqueles olhos esmeralda brilhantes admirados. Tentava entender por que era tão atraído por aquela pessoa. Mas não importava o que pensasse, só conseguia encara-la corado.           

Assim que Sakura voltou seu olhar para o de Syaoan, assustou-o, fazendo soltar sua mão bruscamente, afastando-se corado. Sakura não entendeu direito aquela reação, ficando curiosa. Syaoran cobriu o rosto na tentativa de não mostrar que estava extremamente avermelhado, inclusive desviando o olhar.

— Ei, vamos passar por detrás da cachoeira – Sugeriu Sakura deixando um pouco de lado o estranho comportamento de Syaoran.

— O que?

— É, vai ser divertido, anda – Disse Sakura tomando a frente dirigindo-se a cachoeira.

— E-espera! – Syaoran foi logo atrás.           

Não havia muito espaço entre a água e a rocha atrás da cachoeira, apenas o suficiente para uma pessoa passar com certa folga, além de que era um terreno extremamente escorregadio. Syaoran reparou nesses detalhes com certa insegurança.

— Ei, tem certeza disso? – Perguntou o garoto.

— Hã? Claro. Você está com medo?

— C-Claro que não! Só acho que pode ser perigoso...

— Ah, deixa disso, é só tomar cuidado. Vamos – Sem mais discutir, Sakura iniciou a travessia.           

Contrariado, Syaoran foi atrás.           

Escorados de costas para a rocha, andavam a passos laterais lentos, tomando cuidado extremo, a queda não era das mais altas, mas havia algumas rochas no lago e a força da cachoeira não era das mais fracas. Ou seja, cair não era uma boa ideia. E mesmo assim, com todo esse perigo, Syaoran tinha de admitir, a cachoeira daquele ângulo era ainda mais bonita. A luz do Sol refletia na água que brilhavam, e o frescor que era sentido era incrível.

— Viu? Eu não disse que seria legal? – Perguntou Sakura sorrindo.

— É, você tinha razão... – Concordou também sorrindo.

— Hehehe.           

Era lindo, mas não podiam ficar ali para sempre. A travessia já havia passado da metade, mas ainda faltava um pouco. Foi então, que de repente, o esperado aconteceu.

— AAAAAAAAAHHH – Gritou Sakura.

— SAKURA!           

A pedra em que a garota pisava se desprendeu, fazendo-a cair na lagoa logo abaixo da cachoeira. Syaoran, sem pensar, pulou logo atrás. Assim que caiu na água, obviamente sentiu a força da queda d’agua lhe empurrar. Assim que conseguiu abrir os olhos, ainda que com certa dificuldade, conseguiu avistar Sakura. Estava se debatendo e não ia a lugar algum, apenas continuava a afundar. Nadou até sua direção, e puxando-a pelo braço, levou-a até a superfície. Assim que conseguiu algum ar, a garota se acalmou, então Syaoran nadou, com ela junto a si, para a margem da lagoa.          Após algum esforço, estavam novamente em terra firme.

— Você... Você tá bem? – Perguntou Syaoran ainda ofegante.

— Sim... Estou sim... – Sakura respondeu, no mesmo estado que Syaoran.

— Por que você resolveu fazer aquilo se não sabe nadar?

— Eu... Não achei que fosse cair... – Respondeu vermelha.

— O que?! Você sabia que era perigoso! Mesmo assim—           

Syaoran parou de falar porque naquele momento começaram a brotar lágrimas no rosto da garota, o que era seu absoluto ponto fraco.

— M-Me desculpe... – Balbuciava Sakura tentando segurar as lágrimas.           

Não adiantava, contra aquilo, Syaoran não conseguia lutar. Coçou a cabeça e rangeu os dentes, por fim, respirando fundo. É, não havia o que fazer.

— Tudo bem, tudo bem. Eu te perdoo. Só me prometa não fazer algo assim de novo, tá?

— Você... Não vai me dar uma bronca? – Sakura perguntou em meio aos soluços.

— Não... Mas não faça uma besteira dessas de novo, tá? Nem me arraste para uma, ouviu!?

— Hehehe... Pode deixar...           

Com isso, Syaoran até mesmo conseguiu arrancar uma risada e um sorriso de Sakura. Era tudo o que queria.

— Essa é a segunda vez que você me salva – Disse Sakura se levantando enquanto secava as lágrimas.

— Hã? Como assim?

— Se você não tivesse me levado para casa ontem, não sei se estaria aqui hoje – Explicou sorrindo sem graça.

— P-Pare de exagerar... Alguma hora você iria achar o caminho... – Respondeu Syaoran, corado, virando-se para trás.

— Hahahaha, será mesmo?

— Além do mais, você também salvou minha vida... – Balbuciou quase inaudivelmente.

— Hum? O que? – Sakura apareceu em sua frente surpreendendo-o, fazendo-o pular para trás.

— AAAHH ESQUEÇA ISSO! Eu um dia serei o líder do clã Li, de nada me adiantaria tal título se eu não puder ajudar pessoas assim. É o que meu pai diz...

— Oh... Seu pai deve ser uma pessoa muito boa!

— É, ele é... – Falando sobre seu pai, lembrou de que agora ele deveria estar trabalhando, e se sentiu triste por ele – Bem, é melhor voltarmos, não é muito bom ficarmos com essas roupas encharcadas.

— AH! Você tem razão! Ai ai ai, eu queria tanto brincar mais...           

Iniciaram o trajeto de volta pela mesma trilha que vieram.

— Hahaha, você parece uma criança!

— Mas eu sou! E você também!

— Ah é? Aposto que sou mais velho!

— Ah é? Quando você faz aniversário?

— 13 de Julho, e você?

— Hahahahaha, 1° de Abril! Quem é a criança agora, heim?

— Grrr... – Syaoran apenas rosnou

 - Syaoran mais novo, Syaoran mais novo, hahahaha – Sakura cantarolava enquanto dava piruetas.           

Syaoran cerrou os punhos.

— Olha aqui!—           

CABRUM!

— AAAAAAAAAHHH – Sakura gritou assustada com o barulho alto do trovão.           

Syaoran ergueu a cabeça e olhou para o céu. Sem que percebessem, o Sol havia se escondido entre as nuvens, dando um aspecto nublado para aquele céu, e com o trovão de agora, só podia significar uma coisa: chuva. E não uma chuva qualquer, uma chuva de verão.

— Droga... – Resmungou Syaoran enquanto começava a sentir os primeiros pingos de chuva.

— Ai ai ai, eu não gosto de trovões... – Sakura gemia no chão com as mãos tapando os ouvidos.

— Ei, temos que sair daqui – Disse Syaoran agachando-se para ficar a mesma altura de Sakura.

— Ai, mas pra onde vamos?

— Pra qualquer lugar coberto – Pegou a mão de Sakura – Vamos, temos que ir rápido.

— T-tá bom...           

Pois é, mais uma vez os dois corriam de mãos dadas. E novamente, era diferente das outras vezes. Agora corriam com pressa para se esconder da chuva, e era Syaoran quem estava à frente, guiando Sakura pela mão que se assustava com cada trovão. Vendo aquilo, Syaoran tentava se apressar ao máximo. Procurou em todo canto algum abrigo, até que avistou uma árvore de tronco bem largo, em que havia uma cavidade capaz de comportar uma pessoa adulta, e talvez duas crianças. Não havia mais muito a fazer e precisava arriscar, puxando Sakura pela mão, tomou caminho para a árvore.

— Aqui! Depressa! – Ordenou para Sakura, que mantinha os olhos fechados e mãos nos ouvidos, entrar na cavidade.           

Ela assim o fez sem hesitar, e Syaoran entrou logo atrás. Não era muito espaçoso, mas era o suficiente para caber os dois e os manter fora da chuva, que por sinal, não tinha sinal de quando iria acabar.

— Você está bem? – Perguntou Syaoran.

— Sim... Eu realmente não gosto de trovões, hehehe... – Riu sem graça.           

Syaoran observou a água caindo do lado de fora.

— Não dá pra saber quando vai acabar. Talvez tenhamos que ficar por algum tempo aqui.

— Ai ai ai...           

Syaoran se recostou no tronco da árvore e suspirou. Não imaginava que tal missão fosse ter tal encerramento. Estava encharcado, preso numa árvore por causa da chuvarada, e provavelmente iria levar uma bronca do pai. Que beleza.

— É uma pena, não é? – Perguntou Sakura.

— Hã? – Syaoran voltou de seus pensamentos.

— Digo, você disse que tinha que voltar pra casa até a hora do almoço, mas se a chuva continuar assim, talvez você não consiga voltar... – Lamentou.

— A-Ah... Isso não é nada de mais... – Disse, surpreso com aquela preocupação por parte da garota.

— Olha, eu trouxe uns biscoitos de casa que meu pai fez – Retirou um embrulho de um dos bolsos do macacão – Eles molharam um pouco quando caí na cachoeira, mas ainda dá pra comer, você quer? – Ofereceu o conteúdo do embrulho com um sorriso no rosto.           

Syaoran ficou pasmo. Como aquela garota, mesmo naquela situação, mesmo estando com tanto medo, conseguia ser tão caridosa? Não sabia, mas também não precisava saber, a única coisa que precisava fazer naquele momento era estender sua mão e pegar um daqueles biscoitos, e assim o fez. Sakura ficou esperando para ver sua reação assim que deu a primeira mordida. Após mastigar um pouco, arregalou os olhos.

— Delícia...

— Não é? Meu pai sabe fazer biscoitos deliciosos, não acha? – Perguntou com um olhar orgulho no rosto.

— Sim... Me faz lembrar dos biscoitos do Wei...

— Wei? Quem é esse?

— A-Ah! É um amigo meu...

— Amigo? Poxa... Que legal deve ser ter um amigo que faz biscoitos pra você... – Sakura disse admirada.

— É... Ele é um grande amigo...           

Sakura sorriu ao ver o olhar terno que Syaoran usava quando se referia àquele seu amigo. Certamente era alguém muito importante para ele. Naquele momento, no entanto, caíra mais um grande trovão fazendo-a tremer por inteira.

— Ah... Syaoran... Tudo bem se eu ficar perto de você?.... – Perguntou com olhos pedindo por misericórdia.           

Syaoran primeiramente estranhou aquele pedido, mas logo compreendeu que se tratava do medo dela por trovões. Não havia muito como ficarem longe um do outro no espaço em que estavam, e se ela queria ficar mais perto, significava que ela ficaria encostada em Syaoran, ideia que passou pela cabeça do rapaz como algo incômodo a princípio, mas que não havia muito a fazer a respeito.

— T-t-tudo bem... – Aceitou ainda que a contragosto, e bastante corado.

— Obrigada...           

Sakura então eliminou a pouca distância que os separava, encostando suas costas na lateral do corpo de Syaoran, abraçando as próprias pernas.

— Hehe, eu acho que me sinto bem melhor agora...

— É-é-é mesmo é? B-b-bom saber... – Respondeu Syaoran extremamente vermelho, agradecido pela garota não poder ver seu rosto.

— Tudo bem também, se... Eu tirar um cochilo? Acho que fiquei meio cansada com tudo o que aconteceu, hehe...

— Tá bom...

— Obrigada...             

Syaoran não mais ouviu a voz de Sakura, mas mesmo assim, se perguntava se ela estava realmente dormindo. Até que, de repente, sentiu a cabeça da garota pousar sobre seu ombro, de maneira que ergueu um pouco seu rosto. Desse jeito, Syaoran conseguiu ouvir sua lenta e calma respiração, constatando que ela realmente dormia. Misturado com o nervosismo daquela situação, veio-lhe um sentimento de tranquilidade, já que agora a garota estava calma e não mais parecia sofrer. Isso era mais do que suficiente para Syaoran.           

O tempo passava, mas a chuva não. Syaoran tentava se manter em guarda, mas precisava admitir que também estava um pouco cansado. Lentamente, após muitas piscadas, seus olhos foram se fechando lentamente, até adormecer.

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A primeira a acordar foi Sakura, que junto do abrir dos olhos, também veio um grande sorriso.

— Syaoran, Syaoran, acorde! – Sacudiu o garoto ao seu lado.

— Uh... – Aos poucos Syaoran também despertou.

— Veja, veja! Parou de chover, e agora está tudo brilhando! – Vibrou enquanto saía do abrigo.

— Hã? – Syaoran não entendia o que a garota dizia, mas assim que coçou os olhos e saiu ao encontro de Sakura, compreendeu o que tanto exaltava.           

O Sol voltava a brilhar forte no céu, e as gotas da chuva que sobraram nas folhas, nos arbustos e nos galhos, agora brilhavam com os raios solares, dando um aspecto reluzente para a floresta.

— Hahahaha, é lindo, não é? – Dizia Sakura enquanto rodopiava.           

Syaoran tinha de concordar, no entanto, o que mais lhe prendia a atenção era a felicidade no rosto de Sakura. Não conseguiu evitar olha-la com um sorriso no rosto.

— É... – Concordou – Mas agora temos que voltar.

— AH! É mesmo, nossos pais devem estar preocupados – Disse Sakura, cessando seus giros.

— Sim, vamos nos apressar.

— Okay!           

Algumas horas deviam ter se passado. Tomaram caminho rumo as suas cabanas.

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— Xiao Lang! Onde esse garoto foi parar?...           

Xiao Long andava em meio à mata, com um guarda-chuva em mãos, enquanto procurava por seu filho. Estava obviamente preocupado e rezava para achar Syaoran logo.           

Para sua felicidade, avistou seu precioso filho andando em sua direção, não muito distante.

— Xiao Lang! – Correu até ele e agachou-se quando o alcançou - Meu filho! Está tudo bem com você? Meu Deus, está encharcado! Se machucou? Pegou toda aquela chuva?

— Estou bem, pai, não é nada de mais... – Respondeu Syaoran tentando tranquilizar o pai.

— Ah é? Que bom, meu filho, que bom... – Abraçou-o, fechando os olhos.           

Quando abriu os olhos, finalmente reparou na presença que se mantinha calada o tempo todo apenas observando: Sakura.

— A-Ah, você é—

— Sakura!

— Papai!           

Um pouco mais atrás deles, surgia um homem de óculos, sorriso terno e olhar calmo, também com um guarda-chuva em mãos. Assim que o viu, Sakura correu para seus braços.

— Está tudo bem com você? – Perguntou aquele homem à Sakura.

— Sim! – Respondeu sorrindo.

— Certo, melhor irmos agora, diga “tchau” para seu amigo.

— Tá – Assim, correu novamente até Syaoran – Tchau, Syaoran. Amanhã nós brincaremos de novo.

— Okay... – Respondeu Syaoran um pouco corado.           

Os dois adultos trocaram sorrisos e reverencias. O pai de Sakura fez o mesmo com Syaoran, que mesmo surpreso, retribuiu com o mesmo ato.

— Tchaaauu –  Sakura acenava enquanto voltava de mãos com seu pai.

— Você fez uma amiga, então? Isso é muito bom – Disse Xiao Long.

— É...

— Bom, é melhor voltarmos também. Você precisa tomar um banho quente, se não vai acabar se resfriando. Essa chuva não era prevista, nos pegou de surpresa. Vamos indo – Tomando Syaoran pela mão, caminharam de volta a sua cabana.           

Durante o trajeto, Syaoran relembrou tudo o que passara naquele dia, e das vezes que Sakura sorrira, e como se sentiu naqueles momentos. Estava confuso, e perguntava-se porque seu coração doía tanto.

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Amanhecera novamente, e Syaoran ia até a mesa para tomar café. Teve sorte de não ter se resfriado na noite anterior. O dia anterior foi um grande dia, talvez ainda maior que o outro, e mal podia esperar pelas aventuras que o esperavam hoje.           

Sentou-se a mesa onde seu pai já estava tomando uma xícara de café.

— Bom dia – Disse Xiao Long.

— Bom dia – Respondeu Syaoran.

— Xiao Lang, assim que tomar café, arrume suas coisas, vamos voltar para Hong Kong.

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Notas finais do capítulo

Ih rapaz, mas logo agora que a coisa tava ficando boa, voltar pra casa? Como Syaoran vai reagir? Quem sabe? XD Em breve, descobriremos! Muito obrigado por todo o apoio, eu realmente não me canso de agradecer, hehe, espere que tenham gostado desse capítulo, e, nos vemos em breve! Até a próxima ^^



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