Caminho das Memórias escrita por Ainsworth


Capítulo 16
Memórias de um passado jamais contado - Parte I


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, eu sei, muitos devem estar querendo me matar, mas... Enfim, para todos que foram pacientes, eis o retorno dessa fic! Demorei, admito, mas essa fic há de ser concluída! Então, é com orgulho nos dedos que eu anuncio: Eis o 16° capítulo. Boa leitura ^^



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Memórias de um passado jamais contado – Parte I

 

8 anos atrás...

            

Syaoran observava a paisagem pela janela do carro, de cara fechada. Aos poucos, os prédio e construções iam dando lugar ao verde das árvores, que se viam cada vez mais presentes.

— Hey, Xiao Lang, anime-se. Eu finalmente terminei todas as minhas reuniões. Agora podemos aproveitar nosso tempo nos divertindo – Dizia Xiao Long, o pai de Syaoran, ao volante.

— Hum? Legal... – Syaoran respondeu ainda desanimado.

— Anda, não seja tão ruim assim. O papai sabe que esteve ocupado e não pode te dar muita atenção até agora, mas enfim estou livre do trabalho, então porque não melhora um pouco esse humor? – Xiao Long tentava negociar.

— Hum... Claro, vou dar o meu melhor... – Syaoran respondeu em tom irônico.

— Argh... Quando a mãe não está por perto, esse garoto se altera... – Resmungou Xiao Long baixinho.           

Aproveitando a viagem de negócios que teria, Xiao Long resolveu trazer junto o filho para poderem passar algum tempo juntos. No entanto, antes teria que passar por uma bateria de reuniões e encontros, onde Syaoran ficou aguardando o término pacientemente enquanto morria de tédio em alguma sala de espera, o que gerou certo e justificável incômodo no garoto.

— Seria muito melhor estar em Hong Kong brincando com Eriol – Pensava Syaoran.           

Agora já não se via mais construções, e a floresta verde tomava conta da paisagem por completo.

— Estamos quase chegando – Avisou Xiao Long.           

A expressão de Syaoran não mudava por nada, até que naquele momento passaram por uma ponte de onde era possível avistar uma cachoeira, despertando o interesse de Syaoran que arregalou os olhos e ficou boquiaberto.           

Do volante, seu pai observou aquela reação pelo canto de olho, e sorriu satisfeito. Assim que Syaoran percebeu o olhar do pai, tratou de retomar a mesma postura indiferente e entediada de antes.

— Haha... – Riu Xiao Long.           

Não demorou muito e logo chegaram ao seu destino. Uma pequena, mas bastante aconchegante cabana, em que ficariam durante aquele fim de semana, antes de retornarem a Hong Kong.

— Aqui estamos! – Exclamou Xiao Long, descendo do carro.           

Em silêncio, Syaoran o seguiu até a entrada da casa.

— Certo – Xiao Long destrancou a porta, e com Syaoran atrás de si, adentraram no interior da cabana – É, não é nada mal, não acha, Xiao Lang? – Perguntou enquanto observava os móveis e detalhes.

— É... – Respondeu Syaoran pouco interessado.

           

Vendo que não iria chegar em lugar algum, Xiao Long  coçou a cabeça e fez uma sugestão:

— Olha, o que acha de fazermos o seguinte – Agachou-se para ficar na altura do filho - Eu descarrego as coisas do carro e dou uma ajeitada no que precisa, e enquanto isso você explora os arredores, o que acha?           

Ao ouvir a proposta, Syaoran arregalou os olhos. De certo, ficar ali e ajudar a tirar a bagagem do carro seria chato demais, fora o fato de que estava realmente curioso sobre a cachoeira que vira mais cedo. Era uma oferta tentadora demais para recusar.

— Bom... Acho válido... – Disse baixinho, olhando para o lado.

Como? Você o que? – Xiao Long se fez de desentendido.

— E-Eu aceito! Eu vou explorar! – Syaoran exclamou enrubescido.

— Hahahaha, certo – Xiao Long se levantou – Só não vá muito longe, nem fique até muito tarde.

— Tá bom... – Respondeu Syaoran se direcionando a porta.

— Hehe, com jeitinho até que dá para lidar com ele – Xiao Long disse, enquanto sorria e observava o filho se distanciar.

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Já em meio a mata, fazia uns 2 ou 3 minutos que Syaoran saíra da cabana, e mesmo que olhasse para trás, era impossível enxergar seu ponto de partida. No entanto, decidiu apenas seguir em frente. Confiava de que a quase imperceptível trilha que seguia o levaria a algum lugar, o qual desejava muito que fosse a cachoeira que tanto o encantou.           

Andou, andou e andou. Mas não chegava a lugar algum. Em certo ponto, começou a sentir certa apreensão. Onde estava? Por quanto tempo já havia andado? Essas perguntas passavam por sua cabeça o deixando nervoso.           

Em prol de se acalmar, parou de andar e respirou fundo. Olhou para cima e viu os raios solares penetrando por entre as folhas e galhos das arvores mais altas. Incomodado com a luz do sol, baixou rapidamente o olhar, e deparou-se com um graveto em frente aos seus pés. O que chamou sua atenção naquele graveto era seu formato curvado, similar ao de uma pequena katana. Visto que não havia muito mais para fazer, pegou-o e o balançou, fingindo de fato que era uma arma. Por mais bobo que fosse, aquilo servia para o distrair, deixando um pouco de lado sua angústia.           

De repente, enquanto balançava o graveto, ouviu uma voz lhe chamando por trás.

— Ei.           

Assustado, virou-se bruscamente para ver do que se tratava aquele chamado, porém, nada encontrou. Olhou para a esquerda e para a direita, mas não achou ninguém. Até que ouviu a voz uma segunda vez:

— Aqui em cima.           

Novamente espantado, Syaoran ergueu a cabeça, e pôde ver, nos galhos de uma árvore, uma garota de cabelos curtos e dourados, tinha grandes olhos verdes e vestia uma macacão, aparentando ter mais ou menos a mesma idade de Syaoran.

— Ah... Eu te assustei? – Perguntou a garota enquanto num único pulo descia da árvore.           

Syaoran observou a facilidade com que a garota realizava aquele movimento, deixando de responder a pergunta que lhe fora feita.

— Err... Tá tudo bem com você? – A garota preocupou-se com o silêncio de Syaoran.

— O que!? Claro! Claro que estou bem... – Syaoran, envergonhado, saiu do transe.

— Entendi... – Respondeu meio assustada com a reação de Syaoran – Ei, é um graveto bem legal esse que você achou, me empresta?           

Syaoran olhou confuso para o graveto em suas mãos e depois para a garota.

— Este?

— Sim – Confirmou.           

No entanto, olhando mais uma vez para o graveto nas mãos, recuou, colocando o objeto atrás das costas.

— Não... – Negou.

— Quê!? Por que!? – Indignou-se.

— Hum, eu não tenho obrigação nenhuma de te dar isso – Bufou.

— Mas... Por que? – Insistiu.

— Ha, por acaso você sabe quem eu sou? Meu nome é Xiao Lang Li – Disse empinando o nariz.

— Syao... Ran? Que nome diferente... – Fez-se de confusa.

— Ha, mas é claro que é, eu sou de Hong Kong, de uma das famílias mais importantes—

— Peguei!           

Enquanto Syaoran se esnobava, num movimento rápido a garota tirou o graveto de sua mão, surpreendendo-o por completo.

— Haha, agora ele é meu – A menina comemorou balançando o objeto obtido.

— Ei! Isso não é justo, me devolva! – Syaoran exigiu, batendo o pé.

— Você não quis dividir, então tive que pegar – A garota lhe provocou mostrando a língua.

— Grrr... Sua... Me devolva – Syaoran avançou para cima da garota, que com um simples movimento conseguiu se esquivar.

— Hehe vai ter que fazer melhor do que isso – As provocações não cessavam.

— Grrrrrrr... – Syaoran rangia os dentes irritado.

— Ops, melhor correr – A garota bateu em disparada com o graveto em mãos.

— Ei! Volta aqui – E Syaoran saiu atrás dela.           

Os dois cortavam a floresta por entre mato e galhos em alta velocidade.

— Hahahahaha, vai ter que correr mais rápido se quiser me alcançar! – Exclamava a garota enquanto ria.

— Sua... Não fique se achando tanto! – Respondia Syaoran logo atrás. Droga ela é mesmo rápida.           

De fato, a distância entre perseguida e perseguidor não diminuía, pelo contrário, ia gradativamente aumentando. Syaoran não conseguia acompanhar o ritmo de seu alvo, mas seu orgulho o impedia de desistir. Em certo ponto já não avistava mais aquela garota, porém seguiu em velocidade mesmo assim. A vegetação era densa, e não enxergava nada a sua frente, até que um grande clarão cegou seus olhos, seguido de uma pancada na coluna.

— Cuidado!           

Com um impacto na lateral de seu corpo, Syaoran foi arremessado ao chão.           

Após se recuperar e abrir os olhos, pôde constar que o impacto foi obra da garota que perseguia, que se atirou contra Syaoran.

— Qual o seu problema!? Por que fez isso? – Syaoran perguntou irritado enquanto a garota se levantava.

— Olhe – Ela disse calmamente enquanto apontava mais a frente.           

Syaoran seguiu a direção de seu dedo e se aproximou para ver, assustando-se quando percebeu que logo a frente havia uma queda de pelo menos uns 10 metros.

— Se você não tivesse parado, iria cair. Por isso eu fiz aquilo – Explicou enquanto sorria calmamente – Você está bem? – Se aproximou de Syaoran.

— É-é claro que estou bem... – Recuou.

— Ah... Ainda bem... – Sorriu sem graça – Aqui – Estendeu o graveto que ainda estava com ela até então – Desculpe por ter pegado de você, não sabia que era tão importante.

— Hã? – Syaoran ficou confuso com aquela atitude. Agora há pouco estava perseguido aquela garota por causa do graveto, e de repente ela simplesmente lhe oferece de volta? Ainda por cima depois de ter salvo sua vida? Aquilo não lhe pareceu certo – P-pode ficar... – Disse enquanto virava de costas.

— Eh? Sério!? – A garota se surpreendeu.

— Sim... – Confirmou baixinho.

— Obaaaa, hehehe – Explodindo de alegria, balançou o graveto alegremente com um grande sorriso no rosto.

— E também... Obrigado por ter me salvado... – Syaoran balbuciou.

— O que disse? – A garota apareceu, ainda sorrindo, na frente de Syaoran, assustando-o e o deixando sem jeito, ficando com o rosto muito próximo ao dele.

— Eu disse “obrigado por ter me salvado”... – Respondeu corado, virando o rosto para o lado.           

Afastando-se, a garota soltou um risinho.

— Não há de que - Respondeu com um lindo e suave sorriso.           

Abalado com aquela feição, Syaoran corou ainda mais, sentindo o coração bater de maneira estranha, como nunca antes já havia batido. Pensou estar louco, então balançou a cabeça para sair daquele transe.           

Após respirar fundo, voltou a si.

— De qualquer forma, agora estou perdido – Alegou com as mãos na cintura.

— Hã? Do que você tá falando? É claro que não! – Negou a garota.

— Então você sabe como voltar?

— É claro que sim! É só ir por ali! Ou... Por ali! Ou... Por ali?... – Apontou para diversas direções, nenhuma segura de si.

— Droga... Então você também está perdida?           

Lágrimas começaram a brotar no rosto da garota.

— Não... Não pode ser... Eu não quero ficar perdida! – Berrou aos pratos.           

Novamente, Syaoran se espantava com a repentina mudança de comportamento.

— Ei, ei, pare com isso, não precisa chorar – Tentou acalma-la.

— Mas... E se eu ficar perdida para sempre? Eu quero voltar para meu papai... – Choramingou.

— Olha, isso não vai...           

Syaoran não conseguiu terminar seu frase vendo o estado deplorável da garota. Aquela que agora há pouco, corajosamente, salvou sua vida, encontrava-se vulnerável em meio a lágrimas e gemidos.           

Incomodado com tudo aquilo, coçou a cabeça e soltou um longo suspiro, posteriormente agachando-se para ficar a altura da garota que chorava sentada.

— Escuta, nós vamos achar o caminho de volta, eu vou te levar para o seu pai.           

Ao ouvir aquelas palavras, aos poucos a garota parou de chorar, e com olhos brilhantes encarou os de Syaoran.

— Você... Promete? – Perguntou ansiosa.

— Sim... – Respondeu Syaoran corado por aquele brilho no olhar – Então, primeiramente temos que nos levantar e andar, não iremos a lugar nenhum se ficarmos parados nos lamentando.

— Sim – Respondeu a garota secando as lágrimas e se levantando.

— Certo, vamos andar – Ordenou Syaoran, tomando a iniciativa.           

A menina o seguiu por trás, e assim iniciaram seu caminho de volta.

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Alguns minutos haviam se passado desde que iniciaram a jornada de retorno, e por enquanto, não havia sinal algum de civilização ou qualquer rastro que os servisse como guia.           

Syaoran mantinha-se calmo. Seu pai lhe ensinara e dissera várias vezes que uma mente calma e em equilíbrio era capaz de resolver qualquer problema. Mais atrás, ainda que as lágrimas haviam sido cessadas, a garota continuava apreensiva e preocupada, caminhando com os braços junto ao corpo.           

Syaoran percebia seu comportamento e pensava numa forma de tentar lhe transmitir mais segurança, ainda que não soubesse o porquê de pensar assim, irritando-se toda vez que chegava a esse devaneio.

— Ei, eu disse, não foi? Que eu iria te levar para o seu pai. Pode ficar tranquila – Tentou amenizar a aflição da garota.           

Mantendo o olhar triste, a garota concordou:

— Sim...           

Syaoran apenas suspirou.

— Ei, como você vai fazer para nos levar de volta? – Perguntou a, até então, quieta garota.

— Bom, eu estava seguindo uma trilha antes de começar a te perseguir, se eu conseguir encontra-la acho que posso achar o caminho de volta.

— Como pensei, é tudo culpa minha – A garota parou bruscamente.

— Hã? – Syaoran também estacou.

— Se não fosse por mim, você não teria se desviado tanto da trilha, e não estaríamos perdidos – Novas lágrimas começavam a brotar em seus olhos – É tudo culpa minha!                      

Aquilo era tudo que Syaoran menos queria, tornar a ver lágrimas rolando pelo rosto da garota. Sim, ficou irritado por ter se perdido, e sim, era culpa dela, no entanto, não a condenava por isso. Não sentia o sentimento de raiva ou ódio, não deseja mal algum àquela pessoa, pelo contrário, desejava apenas não vê-la sofrer mais.           

Não sabia por que sentia assim, estava confuso, mas tomou a única decisão que pensou no momento: impedir que ela chorasse novamente.

— Aaaaaaaaaaaaaah, olha! – Exclamou, assustando-a – Eu não estou bravo ou algo assim. Não precisa se culpar desse jeito, eu já ter perdoei. Eu sei que vou achar o caminho de volta, então, você poderia confiar um pouco mais em mim, e... – Pausou.           

A garota aguardou as últimas palavras de Syaoran.

— E... Poderia parar de chorar? – Terminou de falar encarando a nos olhos com um olhar suplicante.           

Aquelas palavras a abalaram. Compreendeu o esforço que Syaoran estava tendo para animá-la, e o empenho de suas palavras que de fato fizeram efeito.           

Imediatamente, secou as lágrimas e colocando o melhor sorriso que podia em seu rosto, juntamente com os olhos ainda brilhando, disse:

— Sim, obrigada. Eu vou confiar em você.           

Contente com o resultado, Syaoran até mesmo sorriu.

— Ótimo, vamos continuar.

— Sim! – Concordou enquanto seguia o garoto.           

Agora, sem mais ter que se preocupar com a garota, Syaoran pôde se concentrar em seu objetivo: achar a trilha. Por mais difícil que fosse, tinha fé de que era capaz, precisava ser capaz.

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Pelos seus cálculos, uma hora já havia se passado e nem sinal da trilha por onde andara. A tarde chegava cada vez mais próxima de seu fim, e gradualmente ficava mais difícil enxergar ao redor, o que era extremamente necessário para Syaoran, que precisava se localizar, e para isso procurava observar cada detalhe a sua volta, tentando se lembrar do caminho que fizera anteriormente.           

Para piorar a situação, começava a se sentir cansado, nada que não pudesse aguentar, mas sentia que o corpo necessitava cada vez mais de descanso. Entretanto, parar não era uma opção, precisava se apressar, para voltar antes do sol se pôr.           

Já a sua companheira se encontrava ainda pior, era notável que estava ofegante e clamava por descanso e água. Mas em respeito à preocupação de Syaoran por ela, decidiu por não atrasa-lo, e manteve-se em silêncio. Esse era o estado dos dois.

— Aiii – Gemeu a garota ao cair no chão.

— O que aconteceu!? – Syaoran se virou para socorrê-la.

— Ah... Não foi nada, eu só tropecei numa pedra – Explicou sem graça.

— Consegue andar – Perguntou preocupado.

— Clar— aaiiiiii – Tentou se levantar, mas falhou miseravelmente.           

Compadecido com a situação, Syaoran virou de costas para ela.

— Ande, suba – Ordenou.

— N-Não, eu não posso... – Tentou evitar.

— Anda logo – Reforçou.

— Tem... Certeza?

— Sim... – Confirmou meio impaciente.

— Então... – Com certa dificuldade, subiu nas costas do rapaz – Eu não sou pesada demais?

— Nem um pouco – Assegurou – Segure-se.

— Tá... – Segurou com força nos ombros de Syaoran, fazendo-o corar de leve.

— Certo... Vamos lá – E assim seguiram.           

O tempo passava, e Syaoran começava a suar. Não podia se desesperar, mas por menor que fosse, o pânico era iminente. Fez uma promessa para aquela garota e para si mesmo, iria os levar de volta, não podia se esquecer disso.           

Suas esperanças voltaram quando olhando para a copa das árvores acima de si, notou certa semelhança com as que vira mais cedo antes de se encontrar com a garota, e apertando o passo, enfim, reencontrou a trilha, arregalando os olhos de felicidade.

— Ei, veja, eu achei a trilha! – Chacoalhou de leve a garota em suas costas.

— Hã? Ah... Que bom... – Respondeu com uma voz sonolenta.           

Syaoran ficou confuso com aquela reação desanimada, mas logo compreendeu que na verdade, devido ao cansaço, a garota estava com sono e cochilava em suas costas.           

Optou por não atrapalha-la, e guardou a animação que contraíra para si.           

Cheio de esperanças, prosseguiu.

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Encontrando seu caminho, as coisas ficaram muito mais fáceis. Ainda que a penumbra da noite se aproximava, dificultando a visão, Syaoran tinha fé de que andava na direção correta. Havia, inclusive, aumentando o ritmo de seus passos, pois a pressa de retornar ao pai, era maior do que nunca.           

E lá estava, sem muito demorar, avistou a cabana que hospedava, na frente, o carro de seu pai. Abriu um sorriso, enfim, lar. Estava para dar um passo a frente, quando hesitou. Lembrou-se do que carregava em suas costas. Aquela garota chorona a quem havia feito uma promessa e que agora dormia tranquila com a cabeça encostada em sua nuca. Por maior que fosse a vontade de correr para dentro daquela cabana, a promessa que fizera com a garota tinha um peso maior.           

Mordeu o lábio, e circundou a cabana, seguindo adiante, rumo a algum lugar que pudesse ser o local onde entregaria a garota. Entretanto, fez questão de marcar o caminho que fazia, memorizando seu trajeto, para que não se perdesse novamente.           

Seus braços tremiam, assim como o resto de seu corpo. Após tanto tempo, encontrava-se agora realmente cansado. Precisava achar logo a morada daquela garota. Suspeitou que assim como ele, ela estava alojada em alguma cabana na floresta, porém no caminho que fizera com o pai até chegarem na cabana em que estavam hospedados, não viu mais nenhuma construção do tipo, logo, concluiu que a da garota se encontrava mais fundo na floresta, e seu acesso era diferente do da sua. Portanto, não havia muito o que fazer, precisava andar, e depressa, antes que escurecesse demais.           

Suas forças estavam se esvaindo, e não sabia por mais quanto tempo iria aguentar. Até que sentiu algo se mexendo em suas costas:

— AH! É ali! – Vibrou a garota, enquanto acordava se espreguiçando – Ali é minha cabana!           

Syaoran se surpreendeu quando olhando para onde a garota apontava, viu uma construção, até que bem grande, de dois andares. Tamanho era seu cansaço que nem reparou que passava do lado de seu destino.

— Haha – A garota ria enquanto descia das costas de Syaoran – Você conseguiu, me trouxe de volta, cumpriu sua promessa – Segurou nas mãos de Syaoran – Muito obrigada – Disse com um lindo sorriso.           

Ainda confuso, Syaoran apenas corou e balbuciou:

— De nada...

— Venha, entre. Você deve estar cansado e com fome – Tentou puxa-lo.           

Nesse momento, Syaora voltou a si.

— Ah, obirgado, mas... Meu pai deve estar preocupado comigo, é melhor eu voltar rápido.

— Ah... É mesmo... – Disse com certa tristeza – Mas... Você vai conseguir chegar seguro lá? – Perguntou com os olhos cheio de preocupação.           

Ao mesmo tempo surpreso e feliz com aquele comportamento, Syaoran sorriu.

— Sim, eu vou – Afirmou convicto.

— Ah, que bom – Sorriu aliviada – Então, acho que é melhor eu entrar também.

— É.

— Então, tchau – Se despediu enquanto corria em direção à cabana.           

Syaoran ficou observando.

— AH! – A garota parou no meio do caminho – Quase me esqueci, eu ainda não lhe disse meu nome.           

Realmente, Syaoran havia esquecido esse tempo todo que não sabia o nome da garota, algo tão importante, que passou totalmente despercebido.

— Meu nome é Kinomoto, Sakura Kinomoto – Sorriu e acenou – Até mais, Syaoran – Tornou a correr e sem demora, adentrou na cabana.           

Syaoran ficou ali, parado, por alguns segundos. Até chacoalhar a cabeça, retomando a razão. A missão estava cumprida. Era hora de voltar para casa.

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— Desculpe, mas, não há nada que possa ser feito em relação a isso? Entendo... Tudo bem, irei fazer isso – Xiao Long falava no telefone antes de desliga-lo.           

Suspirou tristemente. Pelo visto, receberá uma má notícia.           

Nesse momento, entrava pela porta Syaoran.

— Xiao Lang! Onde esteve até tão tarde? Eu pensei ter... – Xiao Long avançou contra o filho, cheio de perguntas, mas hesitou.           

Syaoran aguardou preparado o sermão do pai, mas não houve conclusão.

— Tudo bem, fico feliz que esteja bem – Passou a mão na cabeça do filho, surpreendendo com aquele comportamento – Sabe, Xiao Lang – Agachou-se para ficar a sua altura – Eu acabei de receber uma ligação, e... Pelo visto... O papai terá que trabalhar durante esse fim de semana, aconteceram algumas coisas, e não poderei aproveitar o tempo com você... Me desculpe...           

Xiao Long se preparava pela revolta do filho. Aquele tão esperado fim de semana seria estragado.

— Nós ainda iremos ficar aqui? – Perguntou Syaoran.

— A-Ah, sim, eu ficarei trabalhando no meu notebook.

— Então... Tudo bem – Disse calmamente.

— T-Tudo bem? – Estranhou Xiao Long.

— Sim, eu entendo que você tenha suas ocupações.

— Ah, então você entende, é?... – Perguntou Xiao Long ainda confuso.

— Sim. Agora... – Passou pelo pai – Se não se importa, eu vou tomar um banho.

— A-Ah, claro, fique a vontade... – Observou o filho ir até o banheiro – Esse garoto... Mas o que será que... Bom, que seja, é melhor assim.

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Naquela noite, já em sua cama, Syaoran relembrou todos os acontecimentos daquele dia, e não pôde evitar pensar em um nome:

— Sakura Kinomoto...

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Notas finais do capítulo

Pois bem, vimos um pouquinho do aconteceu no passado com nosso casal, e, que tenso, diga-se de passagem. Mas, ainda há mais coisa pra se contar hehe. Mais uma vez, peço desculpas por esse hiato ;-; as provas foram tensas mas eu tambem dei uma relaxada depois, hehe. Enfim, to voltando, e vou me empenhar para terminar essa história. Desde já, muito obrigado por todo apoio e paciencia. Até mais ^^



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