Caminho das Memórias escrita por Ainsworth


Capítulo 12
O encontro


Notas iniciais do capítulo

Hey, hey. Agora as coisas vão começar a esquentar de vez. Curiosos? Deveriam estar. Então, sem enrolar. Eis o 12° capítulo. Boa leitura ^^



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O encontro           

 

O despertador tocava anunciando o inicio de mais um dia. Não um dia comum, mas sim um especial. Syaoran sem demora cessou o som irritante do alarme, sentou-se em sua cama e deu dois leves tapas em sua face.

— É hoje!           

Alguns dias haviam se passado desde o Ano Novo, aquela noite fora mesmo especial, tanto para Syaoran quanto para Sakura, e serviu para confirmar ainda mais o que Syaoran sentia pela garota. As aulas já tinham voltado, para alegria de alguns e tristeza de outros. Alegria para aqueles que reveriam os colegas que não tiveram contato durante as férias de inverno, e tristeza para aqueles que não gostavam da ideia de retornar ao solo escolar. O nível da neve também já havia diminuído, e por isso os treinos do clube de futebol também retornavam, fato o qual Syaoran aproveitaria naquele dia.           

As aulas da manhã enfim acabavam, e agora era hora do almoço. Apesar de estarem, de certa forma, acostumados a almoçar juntos, naquele dia, o trio Sakura, Tomoyo e Syaoran, não estaria reunido, pois o rapaz havia combinado de almoçar com seus colegas de clube. No entanto, tinha algo para falar com Sakura, então assim que foram dispensados, antes de deixar a sala, foi de encontro às duas garotas que almoçariam juntas na própria sala de aula.

— Err... Sakura – Syaoran se aproximou.

— Hã? O que foi, Syaoran? – Perguntou a garota, curiosa e sorridente como sempre.

— Você tem treino hoje também, não é?

— Humm... – Pensou – Sim, tenho sim, por quê?

— Ele acaba mais ou menos junto com o treino do clube de futebol, certo? Poderia me aguardar assim que seu treino acabar? Tenho algo que preciso lhe dizer.

— Aah, entendo. Tudo bem, eu vou te esperar – Confirmou com um sorriso meigo.

— Certo, depois a gente se fala então.

— Okay.

— Bom almoço as duas – Disse assim que saía da sala.

— Para você também – Sakura retribuiu vendo a porta fechar atrás de Syaoran – Que curioso, o que será que ele quer?           

Virando o rosto, deu de cara com uma Tomoyo com os olhos brilhando, e as mãos juntas com os dedos entrelaçados.

— To-Tomoyo!? – Sakura se assustou.

— Mas que admirável! Li é mesmo uma caixinha de surpresas! – Exclamava a amiga.

— M-mas do que você está falando?

— Ora, Sakura, não é óbvio? É uma confissão! Syaoran vai se confessar para você! – A intensidade do brilho em seus olhos aumentou.

— Confessar? Ele cometeu algum tipo de crime? – Perguntou inocentemente, fazendo Tomoyo cair para trás.

— Não, Sakura. É uma confissão de amor! Syaoran vai se confessar amorosamente para você – Tomoyo explicou com o polegar para cima.

— Ooh, entendo – Assim que a garota assimilou, seu rosto começou a ficar extremamente vermelho – A-a-a-a-a-amor???

— Sim, amor. Enfim chegou a hora desse incrível episódio – Agora não só o olhar brilhava, como também a aura que Tomoyo irradiava.

— N-n-não creio que seja isso. Deve ser outra coisa – Sakura tentava disfarçar, evitando aquela hipótese. 

— Ora, não há por que você negar esse fato, tudo aponta para essa possibilidade. E mais, não consigo ver você rejeitando Li.           

O semblante envergonhado de Sakura sumiu subitamente, dando lugar a um olhar triste e reflexivo sobre as palavas de Tomoyo. A mesma percebeu o efeito  desua última sentença, e procurou de certa forma corrigi-la.

— Bem, por mais que criemos expectativas, nada é certo por completo – Deu de ombros – Resta a você ir ver por si mesma.

— Sim... – Concordou em volume baixo.

— Apenas lembre-se de enfrenta-lo de frente e de cabeça erguida!           

Como mágica, o ânimo nas palavras de Tomoyo conseguiu revitalizar a alegria da amiga.

— Claro – Sakura concordou tornando a sorrir.

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Syaoran fechava a porta da sala.           

Que bom que consegui falar tudo sem ficar nervoso.           

Para sua surpresa, deu de cara com Yamazaki, que o esperava para irem almoçar com o restante do clube de futebol.

— Estava falando com Kinomoto e Daidouji? – Perguntou Yamazaki.

— Sim, mas já terminei, podemos ir – Seguiu andando e deixou Yamazaki para trás.

— E-ei – Acelerou para encostar em Syaoran  - No fim, nossas provocações não eram tão sem fundamento assim, não é?

— O que você quer dizer?

— Você e Kinomoto ficaram muito mais próximos desde aquele tempo – Disse fazendo sua famosa pose.

— Não sei do que está falando – Refutou calmamente.

— Não há por que, nem como negar.

— Como assim? – Syaoran parou de andar.

— É porque nós vimos vocês dois juntos no dia suguinte ao Natal – Disse Takeru, encostado de braços cruzados no fim do corredor.

— O que—

— Nós estávamos de passagem, e vimos vocês dois almoçando numa lanchonete – Yamazaki interrompeu Syaoran.

— Desculpe pela intromissão, mas foi impossível não perceber vocês dois lá – Takeru continuou assim que se aproximou dos colegas.

— I-Isso... N-Não é....           

Syaoran se viu encurralado, e não sabia para onde deveria correr. Se o que aqueles dois falavam era verdade, não tinha argumentos para revidar.           

O silêncio e a tensão eram grandes, e os olhares de ambos pousavam sobre Syaoran.

— Err—           

Antes que pudesse se pronunciar, Takeru pousou uma das mãos sobre o ombro de Syaoran.

— Pode relaxar, cara. Não vamos contar para ninguém – Disse Takeru.

— Pode confiar na gente, isso é algo pessoal seu, e o mínimo que devemos fazer é respeitar – Reforçou Yamazaki.           

Syaoran se surpreendeu.

— Caras... – Não sabia o que falar.

— Vamos lá – Takeru deu um pesado tapa nas costas de Syaoran – Para que serviriam os amigos senão para isso?

— E se você tiver mais coisas que queira falar, fique a vontade – Disse Yamazaki em pose.

— Honestamente, estamos sim um pouco curiosos – Takeru falou no ouvido de Syaoran.           

Ainda que hesitante, Syaoran tomou um passo a frente, e virando-se para os colegas, disse:

— Para... Para falar a verdade... Eu pretendo me confessar para a Sakura!           

Os dois colegas demoraram um pouco para assimilar.

— Wow, então estamos mesmo no ápice da coisa! – Exclamou Takeru.

— Sim, pelo visto não perdemos muita coisa – Comentou Yamazaki.           

Os comentários dos dois rapazes faziam Syaoran começar a corar, deixando-o desconfortável.

— E quando vai ser? Já tem um plano? – Perguntava Takeru.

— S-sim...

— Caramba, como vai fazer?

— Olha, eu realmente preciso falar sobre isso? – A essa altura Syaoran já estava bem vermelho.           

Ambos perceberam a situação do colega, e entreolhando-se, decidiram dar uma aliviada.

— Certo, certo, acho que já estamos querendo saber demais.

— Não é justo a gente ficar pressionando você, de qualquer forma.

— Mas nos mantenha informados assim que possível, okay? – Sugeriu Takeru.

— T-Ta, eu vou tentar...

— Isso aí, pois bem, acho melhor irmos agora.

— Verdade, os outros devem estar nos esperando.

— A-Ah, certo...           

Assim, os três colegas seguiram para o almoço.

—---------------------------------------------x--------------------------------------------

— Vamos lá, garotas! 1,2,1,2...           

Sakura estava no treino das líderes de torcida. Estavam agora treinando com bastões. E mesmo que realizasse os movimentos com perfeição, Sakura estava imersa em seus pensamentos.           

O que ele vai falar comigo? Será mesmo uma confissão? Ai,ai,ai, se for mesmo, como devo agir? Ai,ai,ai. Acalma-se Sakura, você tem um dever a cumprir e não deve desviar desse caminho. Mas e se eu não conseguir manter a calma? Ai,ai,ai...           

Nesse momento, os movimentos automáticos de Sakura falharam. De forma que jogou o bastão para cima, e ao invés de voltar para sua mão, teve como trajetória a cabeça da garota.

— Sakura!? – Exclamou Chiharu, que estava ao seu lado.

— Kinomoto!           

Suas colegas e a treinadora, a cercaram para ampara-la.

— Sakura, o que aconteceu? – Perguntava Chiharu, ajoelhada ao lado da amiga.

— Ai minha cabecinha – Passava a mão no local de colisão, até que percebeu o cerco a sua volta - Ahahaha... Eu me distrai um pouco, mas já estou bem. Desculpe pelo susto – Levantou e se curvou, desculpando-se.           

Todas suspiraram em alívio.

— Tente não se distrair de novo. Okay meninas, de volta ao treino – Ordenava a treinadora.

— Sakura, tome mais cuidado – Aconselhou Chiraru.

— Sim, pode deixar – Respondeu Sakura, sorrindo.           

Após isso, a garota procurou se manter focada no treino, evitando que as paranoias de seu pensamento provocassem mais preocupações.

—--------------------------------------------x-------------------------------------------           

PRRRIIIIIIIMMMMMMMM.           

O treinador dava o apito final.

— Okay, senhores. Por hoje é só.           

O treino de futebol acabava e Syaoran corria para arrumar suas coisas o mais rápido possível, pois tinha consciência de que Sakura estava a o esperar. Sem nenhuma surpresa, foi o primeiro a ir embora.

— Estou indo – Avisou.           

Takeru o observava enquanto se distanciava. Achou curioso a maneira como teve pressa para ir embora naquele dia. Resolveu chamar Yamazaki para discutir tal assunto.

— Ei, Yamazaki – Chamou o amigo de canto.

— O que foi?

— As líderes de torcida também treinam hoje, não é?

— Sim.

— Será que você está pensando a mesma coisa que eu?           

Foi a vez de Yamazaki obervar Syaoran.

— É uma bela possibilidade, eu diria.

— Incrível, ele é mesmo rápido.

— Ou no mínimo, bastante convicto.

— É... – Takeru refletiu sobre o colega indo embora e depois, aparentando ter uma ideia, se direcionou a Satoru – Ei, Satoru, venha aqui.

— Hã?- Mesmo sem saber o motivo, caminhou até os colegas mais afastados – O que foi?

— Eu quero que grite: Vai Li! – Takeru explicou.

— O que!? Por que eu faria algo assim? – Satoru contestou.

— Ora, vamos, é sempre bom ajudar um amigo.

— Eu ainda não entendi isso direito, mas... VAAAAAIIII LIIIII!!! – Satoru gritou fazendo um cone com as mãos.           

Surpreso pelo grito, Syaoran se virou para ver o que se tratava, e pode apenas ver Takeru e Yamazaki fazendo joia com as mãos, enquanto Satoru tentava compreender a situação toda.

— Vocês...           

Encabulado pelo ocorrido, seguiu a passos apressados ao encontro de Sakura.           

De baixo da mesma árvore que conversaram após o último jogo antes das férias de inverno, estava Sakura, encostada no tronco, enquanto esperava, por Syaoran. O semblante não se alterava, estava nervosa e apreensiva, por mais que quisesse não conseguia disfarçar. Na tentativa de se acalmar, tomou um longo suspiro, mas foi surpreendida pela chegada de Syaoran.

— Sakura! – Syaoran anunciava sua chegada.

— A-Ah! Oi!

— Desculpe pela demora.

— N-Não, meu treino acabou há pouco tempo...

— Ah, que bom...           

Uma gelada brisa passava pelos dois. Ansiedade e nervosismo exalavam daquela ocasião. O coração de Sakura batia cada vez mais rápido.

— Sobre o que eu queria falar... – Começou Syaoran.           

Era agora. Sakura se preparava. Era uma confissão? Ou será que não? Seja lá o que viesse, precisava estar pronta.

— Eu...           

A cada palavra o coração de Sakura parecia que iria pular para fora pela sua garganta.

— Eu queria saber se você está livre no fim de semana – Syaoran enfim disse.

— Hoe? – Subitamente, o nervosismo desapareceu por completo, e em seu lugar veio confusão.

— Eu quero saber se você tem algum compromisso no fim de semana – Repetiu.

— AH! Não, não tenho... – Respondeu ainda confusa.

— Certo. Nesse caso – Reuniu coragem – Gostaria de sair comigo?

— Hoe? – Agora ainda mais confusa.

— I-Isso é, se você não quiser, não há problema... – Falou em um tom triste, prevendo uma recusa.           

Sakura percebeu a mudança de humor de Syaoran, e ainda que confusa, optou por evitar a tristeza do amigo.

— Não, não, não, eu quero sim, eu irei! – Respondeu sorrindo.           

Syaoran levantou a cabeça e um sorriso se formou em seus lábios, além de não conseguir evitar um suspiro de alívio.

— E-E-e-entendo, então – Pigarreou – Depois eu combino os detalhes com você certinho.

— O-Okay.

— Então, vamos para casa.

— Sim.           

Os dois então partiram rumo as suas casas. Durante o trecho em que ainda andariam juntos não trocaram nenhuma palavra. Ao chegarem ao ponto onde se separam, despediram-se normalmente, e cada um seguiu para seu canto. Após se distanciar um pouco, Syaoran vibrou.

— Certo!

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— No fim, não era uma confissão. Ele só me chamou para sair no fim de semana – Disse Sakura.

— Aaaaaahhh... Parecia tudo tão certo para mim... – Lamentou-se Tomoyo.           

As duas garotas estavam a conversar por telefone.

— Hahaha, acho que você se enganou, Tomoyo.

— É aí que você se equivoca, minha cara....

— Hoe?

— O que LI fez, foi apenar adiar a ocasião. Não está na cara? Ele te convidou para um encontro! – Embora não pudesse ver, Sakura previa que agora os olhos de Tomoyo estavam brilhando.

— Encontro? Do tipo, reunião de negócios? – Imagens de pessoas vestidas com paletó passavam pela cabeça da confusa Sakura.

— Não, Sakura! É um encontro! En-con-tro. O primeiro evento romântico de um casal! – Exclamava com a mão sobre o peito.

— Encontro...?           

A medida em que Sakura ia raciocinando e entendo o que aquilo queria dizer, seu corpo todo foi ficando vermelho de vergonha, que era tanta que a fez cair da própria cama, fazendo um estrondo que assustou Tomoyo.

— Sakura!? Você está bem!? – Tomoyo perguntou assustada com o barulho.

— Ai, ai, eu estou bem – Recompôs-se - Apenas tive um pequeno acidente, desculpe.

— Aah... Que bom... – Suspirou aliviada.

— Mas, de qualquer forma, o que tem de mais ele me convidar para um encontro? – Perguntou curiosa.

— Hummm... Acho que vai ser melhor você descobrir por si mesma.

— O QUE!? COMO ASSIM!?

— Ah, não teria graça se eu apenas te fizesse as previsões do que vai acontecer.

— Tomoyooo... – Sakura choramingou.

— Hahahaha, não precisa se preocupar. Apenas tente ser você mesma. Afinal, foi essa Sakura que o Li convidou, não é mesmo?

— Sim...

— Sendo assim, não há o que temer.

— Acho que está certa.

— Eu sei que estou, hehe.

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Os dias restantes daquela semana passaram rapidamente, e a cada dia a ansiedade consumia mais e mais os dois jovens. E enfim, chegava domingo. Syaoran não havia dormido muito bem na noite anterior em decorrência de mais um daqueles sonhos que costumava ter. Inclusive, naquela semana, a frequência dos sonhos havia aumentado, um possível motivo para se preocupar, mas graças ao compromisso daquele dia, acabou por deixar de lado tais ocorrências.           

Marcaram para se encontrar às 10:00, local, nada mais nada menos que o Parque do Rei Pinguim. Era uma manhã relativamente quente para aquela época do ano. Syaoran caminhava a passos tranquilos rumo ao ponto de encontro. Habitualmente, estava adiantado, no entanto, embora pressa não fosse um problema, o nervosismo era. Sua garganta estava um pouco seca, e sua cabeça uma bagunça. Todavia, um pensamento lhe veio e acalmou aquela tempestade. Aquela ocasião lembrava em muito o trabalho de história que realizaram alguns meses atrás. Aquela manhã... Aquele clima... Tudo parecia o mesmo. Até os raios de sol estavam iguais. E as flores de cerejeira também ainda não haviam desabrochado. A diferença era que agora faltava menos tempo para isso acontecer. E para Syaoran, a primavera poderia chegar ainda naquele dia.           

Após refletir e andar, chegou ao parque. 15 minutos adiantado. Chegar adiantado para um compromisso com Sakura era uma aposta perigosa, mas que aceitou fazer. Já ia procurando um banco para se sentar, no intuito de aguardar pacientemente pela chegada da garota, quando ouviu seu nome sendo chamado.

— Syaoran!           

Direcionando sua visão para onde vinha o chamado, visualizou Sakura, correndo em sua direção, e de imediato, corou.           

A garota estava simplesmente deslumbrante. Tudo nela se destacava. A blusa, a saia, e até mesmo os calçados. Seus cabelos também tinham recebido um tratamento especial e agora pareciam ainda mais dourados. Sakura brilhava e esbanjava beleza, deixando Syaoran vermelho.

— Desculpe, eu demorei? – Perguntou Sakura assim que se aproximou.

— N-Não, eu acabei de chegar – Tentva disfarçar a vergonha olhando para o lado – Pra falar a verdade, você chegou bem mais cedo do que eu esperava. Aconteceu alguma coisa?

— Está querendo dizer que eu nunca cumpro com meus horários? – Perguntou em tom irritado.

— N-Não! Não é isso. Eu só não esperava mesmo que fosse chegar tão cedo – Tentou se justificar.

— Hmpf! Até mesmo eu consigo ser pontual quando quero! – Bufou de braços cruzados.

— Ora... Então quer dizer que quando a gente se encontrou para fazer aquele trabalho de história você não quis ser pontual? – Aproveitou uma oportunidade para revidar.

— O-O que? N-n-não foi isso... – Sakura começou a ruir.

— Me pergunto se a falta de vontade por pontualidade foi por minha causa ou por causa do trabalho...? – Ironizou em pose filosófica.

— AAAAAAAAAH... Você venceu... - Abaixou a cabeça – Aquele dia eu tive de fato um contratempo, quanto hoje, eu coloquei o despertador para tocar bem cedo, para que eu tivesse tempo para...

— Para...?

— Para acordar!           

Sakura pelo visto não queria admitir uma iminente verdade, mas Syaoran optou por jogar o jogo dela.

— Hahaha, entendo. De qualquer forma, podemos ir? – Sugeriu.

— S-Sim!                     

Iniciaram sua caminhada. Sakura caminhava olhando para baixo, se mostrando bastante tímida. Já Syaoran tentava manter a cabeça mais erguida, na tentativa de passar certa naturalidade. Sabia que precisava tornar a situação mais confortável, e foi o que tentou:

— Sabe...

—S-Sim? – Respondeu Sakura de prontidão.

— Não tem muitos lugares para ir nessa época do ano, pelo menos não por enquanto.

— É verdade, quando a primavera chegar, a cidade vai ficar bem mais animada.

— Exatamente. Por isso eu pensei num lugar específico para hoje.

— Que seria...?

— O aquário.           

Sakura abriu um sorriso.

— O aquário!? Que legal! Faz tanto tempo que fui lá pela última vez...           

A reação de Sakura animou Syaoran. Pelo visto havia tomado a decisão certa.

— Sendo honesto, preciso confessar que nunca fui lá – Disse Syaoran.

— O que? Sério?

— Sim...

— Bom, você terá sua primeira vez hoje! Garanto que não vai se arrepender! – Sakura exclamou cheia de ânimo.

— Haha, bom saber.           

Agora mais calmos e a vontade, seguiram numa conversa alegre até chegarem ao aquário após caminhar mais um pouco. E assim que entraram, Sakura assumiu uma postura tal como a de uma criança numa excursão escolar.

— Hahaha, venha Syaoran, venha – Dizia para Syaoran enquanto corria pelo aquário.

— Sakura! Espere! – O garoto tentava a acompanhar.           

Enfim, Sakura parou para admirar alguns peixes.

— Aaaahhh, olha esses peixinhos, como são fofos! – Disse enquanto observava os seres na água.

— Ah... Sim, eles são sim... – Concordou um Syaoran ofegante.

— Hã? AH! Desculpe, não queria fazer você se cansar... – Lamentou Sakura.

— Não, tudo bem. Vou me esforçar para acompanha-la – Disse convicto e sorrindo.           

Sakura compreendeu sua determinação.

— Certo! Temos muita coisa para ver, então vamos lá! – A garota exclamou.

— Yes, Ma’am! – Syaoran concordou batendo continência.           

E assim se sucedeu. Sakura guiou Syaoran pelas mais diversas atrações daquele aquário. Peixes coloridos, arraias e até mesmo pinguins. A diversidade daquele aquário era mesmo grande, e Sakura fazia questão de mostrar tudo para Syaoran. Em fato, parecia mais que fora Sakura quem convidara Syaoran para aquele encontro, pois era ela que decidia o que veriam a seguir, para onde iriam, e o que fariam. Syaoran apenas a observava e seguia suas instruções. No entanto, a garota era com certeza quem estava mais se divertindo naquele encontro. Estava alegre e energética, rindo com frequência. E aquele sorriso despertava o tempo todo um sentimento de alívio e felicidade em Syaoran. Alívio pelo encontro estar dando certo, ainda que não fosse ele que estivesse no controle das rédeas, e felicidade por que era o que de fato o sorriso da garota fazia. Não importava a situação, não importava seu humor. Ver Sakura feliz, o deixava feliz, e saber que foi ele que a deixou feliz, era ainda mais importante. Foi evido a todas essas questões, que ele decidirá o que faria naquele dia.           

Após muito andarem, decidiram que era hora de comer alguma coisa. Afinal, precisavam repor toda aquela energia perdida. Dirigiram-se para a praça de alimentação do aquário. Lá, sentaram em uma mesa e aguardaram serem atendidos. Ali, sentado frente a frente com Sakura, era a oportunidade perfeita para Syaoran se confessar.           

Ambos olhavam para o cardápio, porém a atenção de Syaoran era total em Sakura. Tomou coragem e atacou:

— Sakura—

— Já decidiram o que vão querer?           

Naquele exato momento, o garçom o interrompeu, aproximando-se para anotar os pedidos, e curiosamente, esse garçom era Touya.

— O que!? Você de novo!? – Exclamou um incrédulo Syaoran.

— Touya! O que está fazendo aqui!? – A reação de Sakura foi basicamente igual.

— Também é bom te ver, garoto – Disse sorrindo ironicamente para Syaoran, e posteriormente se direcionou a Sakura – Não é óbvio? Estou trabalhando.

— Sério? Não sabia que você trabalhava aqui.

— Comecei há pouco tempo. Yukito também trabalha aqui, mas hoje está de folga.

— É!? Yukito também? Que legal. Deve ser muito legal trabalhar num lugar como esse, cheio de peixes, cores e atrações...

— É, tem suas vantagens.           

Touya se virou para Syaoran, que a ainda o encarava com uma expressão irritada, e inclinando-se para chegar mais perto do ouvido do rapaz, disse em baixo volume:

Desculpe se atrapalhei alguma coisa, mas não aguentaria isso acontecendo na minha frente.           

Touya sorria, mas Syaoran tinha fogo em seus olhos.

— Sobre o que estão falando? – Perguntou Sakura, curiosa com a situação.         

— Nada com o que você tenha que se preocupar, apenas meras cordialidades – Alegou Touya.

— I-Isso mesmo, não é nada de mais.

— Hum...? – Sakura ficou sem entender nada.           

O clima de confusão foi quebrado com o celular de Syaoran tocando.

— Aaargh, desculpe. Vou desligar – Syaoran disse enquanto puxava o celular do bolso as pressas.

— Não, não, fique a vontade. Pode atender – Permitiu Sakura.

— Aah, certo. Entao, com licença – Syaoran se levantou da mesa e foi a procura de um lugar mais reservado.

— Humm que bela oportunidade – Disse Touya – Acho que podemos ter uma conversinha rápida.

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— Droga, Meiling. Tinha que ser justo agora.           

Tratava-se de uma ligação de Wei a pedido de Meiling, já que o mordomo e a mãe eram os únicos que tinham o contato de Syaoran, por vontade do mesmo. Normalmente Wei conseguia recusar tais pedidos da parte de Meiling e das irmãs de Syaoran, mas pelo visto a garota havia conseguido o convencer. No fim, ela apenas queria falar com o primo trivialmente.

— Mas foi erro meu não ter avisado Wei que não poderia atender ligações hoje. E um erro maior ainda não ter deixado no silencioso.           

Syaoran lamentava enquanto voltava ao encontro de Sakura, e provavelmente de Touya também.

— Você não acha que deveria ser mais decidida?

— Isso não lhe interessa!           

Syaoran ouvia um diálogo entre os dois irmãos, que parecia mais uma discussão. Não queria se meter no meio, pois seria extremamente constrangedor e desconfortável. Então por mais que não quisesse ouvir a conversa às escondidas, decidiu manter posição até que as coisas se acalmassem. Estava posicionado atrás de um pilar, de maneira que não era possível vê-lo de onde Touya e Sakura estavam. Parecia uma boa estratégia, só não contava com o que fosse ouvir.

— Estou falando, isso me interessa sim, é sobre seu futuro – Disse Touya.

— Meu futuro? E o que meu futuro ou minha vida amorosa tem a ver com você?  - Rebatia Sakura.

— Escute, eu só penso no melhor para você, e sei que nesse assunto posso decidir o que é melhor para você.

— O que!? O que te faz dizer isso!?

— Vamos, Sakura. Você já amou alguém?           

Essa pergunta fez tanto Sakura quanto Syaoran tremer. E a resposta seria ainda mais impactante.

— Eu... Eu estou apaixonada por uma pessoa há 8 anos. E essa pessoa, não é o Syaoran que conhecemos.

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Notas finais do capítulo

Ih rapaz... E agora? Como fica a confissão?Bom, sei lá, né? Só esperando semana que vem para descobrir :P Por hora, muito obrigado pelo apoio, garanto que esse climax ainda está apenas começando. Sendo assim, nos vemos semana que vem. Até mais ^^



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