Caminho das Memórias escrita por Ainsworth


Capítulo 11
Passado e Ano Novo


Notas iniciais do capítulo

Muitas emoções no capítulo anterior, não é? Mas bem, não acaba por aí, há muito mais por vir, e talvez um pouco disso venha no capitulo de hoje, o que acham? Bem, é só ler e ver xD Então, sem mais demora, eis o 11° capítulo. Boa leitura ^^



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Passado e Ano Novo           

 

Os raios de sol atravessavam pela janela e iam de encontro à face de Syaoran. O sol já raiava alto, e o incômodo gerado pelo foco de luz em seu rosto, fez o rapaz despertar lentamente. A primeira coisa que fez foi sentar-se em sua cama, seguido de um bocejo juntamente com uma longa espreguiçada. Conferindo o relógio, levou um susto ao perceber que já passava das 9 da manhã. Realmente o cansaço do dia anterior teve um grande efeito sobre seu corpo. Como ainda queria fazer uns exercícios, por mais tarde que fosse, tratou de levantar-se rapidamente.           

Mas assim que deixou sua cama, foi surpreendido pelo som de sua campainha. Achou extremamente estranho. Não lembrava quando havia sido a última vez que tinha recebido uma visita. Logo, considerou que era um vendedor ou algo do gênero, então não teve pressa para ir atender. Foi aí, que ouviu uma voz similar vinda da porta.

— Aahh... Olaaá? Tem alguém em casa?           

De imediato reconheceu a voz. Mas não estava crendo no que ouvia.

— Não pode ser...           

Acelerou o passo e rapidamente chegou à porta. Olhando no olho mágico, pôde constar que realmente era Sakura que ali estava. Então, ainda mais surpreso, abriu a porta bruscamente.

— Sakura!?

— UAAAAHH – A garota assustou-se com o repentino abrir da porta. Assim que se acalmou, no entanto, foi ganhando uma coloração mais avermelhada na face, aumentado cada vez mais. Com uma das mãos, ainda que tremendo, apontou na direção de Syaoran – S-S-S-S-S-e-e-e-e-m-m....

— Hã? – Syaoran tentava entender o que Sakura tentava dizer, e assim que olhou na direção em que ela apontava, também enrubesceu – AAAAAAHH DESCULPA! – Exclamou e fechou a porta.           

Fato era que Syaoran após se levantar não teve tempo para vestir nada para cobrir o tronco. Para a sorte de todos, estava vestindo uma bermuda descente.           

Correu para o quarto, e vestiu a primeira coisa que viu pela frente.  Voltou à porta e novamente a abriu

— Pronto, agora sim. Desculpe por aquilo... – Disse ainda bastante vermelho.

— A-Ah, n-não, tá tudo bem – Disse enquanto balança a cabeça em sinal negativo – Eu deveria ter esperado uma coisa dessas, hahahahaha – Ria tentando esconder a vergonha.

— Mas, o que você faz por aqui a essa hora? – Perguntou Syaoran.

— AH! – Estendeu o pacote que tinha em suas mãos – Eu vim trazer... O bolo...

— Oh... – Syaoran pegou o pacote das mãos da garota – Mas... Você não precisava ter se dado tanto trabalho.

— Não, eu não queria correr riscos de me esquecer novamente – Disse sorrindo – AH! Mas me desculpe por vir tão cedo – Juntou as mãos – Eu até mandei uma mensagem, mas você não respondeu...

— A-Ah, me desculpe, eu estava dormindo, acordei agora mesmo.

— Nossa, aquelas crianças realmente acabaram com você, hahahaha— AH! NÃO VAI ME DIZER QUE EU TE ACORDEI !? ME DESCULPE! REALMENTE, ME DESCULPE! – Implorava por perdão.

— Ei, acalma-se, não foi sua culpa, eu acordei sozinho mesmo – Tentava confortar a garota.

— Hoe? – Sakura se acalmou ao ouvir Syaoran – Uff, menos mal então – Sorriu.           

O rapaz suspirou e sorriu ao ver que já estava tudo certo com a garota.

— De qualquer forma, como conseguiu chegar aqui?

— Ah, você tinha comentado uma vez onde morava, e eu conheço bem essa região.

— Mas eu cheguei a dizer até mesmo o número do meu apartamento?

— Bem, na verdade não...

— Então, como você descobriu qual era? Foi perguntando de um em um?

— Não, seu bobo! Eu perguntei para uma senhorinha.

— Senhorinha? Que senhorinha?

— Eu não sei o nome dela, apenas a chamei por “vovó”, que foi como ela pediu que eu a chamasse.

— “Vovó”? Ah... Já sei quem é... É a D. Furukawa... – Disse com uma gota na testa.

— Ela é uma senhorinha muito amável. Perguntei se ela sabia onde “Syaoran Li” morava, e ela me respondeu que um garotinho muito bonito com esse mesmo nome morava nesse apartamento. Pelo visto ela não estava enganada – Falou sorrindo.

— Ha-ha-ha-ha... Parece algo que ela diria mesmo... – Disse envergonhado. Vovó, você fez um bom trabalho!           

Nesse momento, Syaoran percebeu que ficaram esse tempo todo falando na porta de seu apartamento.

— A-Ah, eu tinha até me esquecido, me desculpe. Entre, eu vou preparar um chá – E se virou para adentrar em sua residência.

— N-Não, eu só vim para entregar o bolo mesmo. Não pretendo ficar te atrapalhando.

— Você não atrapalha em nada, vamos.

— Mas você acabou de acordar, não é? Tenho certeza que tem uma rotina para cumprir. Além de que eu tenho algumas coisas para fazer, já que à tarde vou visitar Tomoyo, que está voltando de viagem.

— Ah... Se for assim, tudo bem então – Disse o rapaz forçando um sorriso.

— M-Mas! Ainda tem o Ano Novo, não é!? Você ainda está dentro, não é!? – Perguntou com a intenção de evitar que Syaoran ficasse triste.

— Sim, com certeza – Respondeu com um sorriso terno.

— C-Certo – Também sorriu – Agora, eu vou indo.

— Okay.

— Até mais, Syaoran.

— Até mais.           

E a garota seguiu a passos rápidos para as escadas que ligavam os apartamentos. Deixou para trás um Syaoran com um bolo em suas mãos. Fitou o pacote em suas mãos. Estava curioso para saber como era o conteúdo. Olhou mais uma vez na direção das escadas.

— Seria a primeira vez que eu traria uma garota para minha casa – Pensou com o coração acelerado.           

Em meio a suas fantasias, resolveu entrar para examinar aquele bolo, e embora tarde, iniciar sua rotinha matinal.           

Descendo o restante das escadas, Sakura tornava a ter uma coloração avermelhada na face. A imagem de Syaoran sem camisa ainda estava fresca em sua memória.

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Finalmente, os últimos dias daquele ano iam chegando ao fim. A cidade toda entrava em sintonia para o Ano Novo que se aproximava. Novas promessas, novas experiências, novas emoções, a ansiedade tomava conta de todos. Syaoran e Sakura não mais se encontraram antes da virada, mas após experimentar o bolo que ganhara, muito gostoso, diga-se de passagem, o garoto passou uma mensagem agradecendo pelo presente, enchendo Sakura de felicidade.           

Era manhã do dia 31, enfim havíamos chegado nessa data tão importante. Mas para o grande azar de Syaoran, naquele dia, acordara com uma febre alta e uma garganta inflamada.

— Cof, cof – O rapaz tossia enquanto observava sua temperatura no termômetro – Isso que dá não ouvir os conselhos de Wei sobre treinar no inverno. Ah, droga... – Caiu para trás em sua cama.           

O dispositivo marcava algo similar a 39° C. De fato, uma febre capaz de abalar qualquer pessoa.

— Preciso avisar Sakura.           

Por mais que soubesse que deveria avisar a garota sobre sua situação, seu corpo não respondia do mesmo jeito. A febre o deixou cansado e molenga. Não conseguia andar direito e tinha dificuldade para ficar muito tempo em pé. A única coisa que queria na verdade era ficar deitado em sua cama e tirar um bom cochilo.

— Ah... Ela vai entender. Não preciso mandar tão rápido.           

Motivado por sua lógica duvidosa, Syaoran se acomodou mais apropriadamente em sua cama, ficando embaixo de seu cobertor quentinho. E sem demora alguma, adormecera.

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Na casa dos Kinomoto, Sakura descia as escadas com pressa.

— Cuidado para não se machucar, querida – Alertava Fujitaka, enquanto passava pela filha.

— Tá bom, papai – Respondeu a garota enquanto calçava os sapatos.           

Da porta da sala, Touya a observava.

— Já está com toda essa pressa? Ainda é manhã.

— Eu sei, mas combinei com Tomoyo de passar o dia com ela, assim iremos direto para o Templo.

— Ah, sei. Você não se esqueceu do nosso combinado, não é?

— Não, não me esqueci! – Bufou.

— Bom saber – Disse Touya com um sorriso vitorioso.

— Certo, estou indo. Tchau Papai! Nos vemos no ano que vem! – Exclamou para Fujitaka que estava na cozinha.

— Até mais, Sakura. Vá com cuidado – Disse aparecendo na porta.

— Então – Sakura se direcionou a Touya – Nos vemos mais tarde. Tchau.

— Até.           

E assim a garota saiu.

— Hoje ela irá com Tomoyo ao Templo Tsukimine, não é mesmo? Fiquei sabendo que você vai também, isso é raro – Dizia Fujitaka ao se aproximar de Touya.

— É, eu vou apenas para ficar de olho nela.

— Entendo, só não tente sufoca-la demais com esse seu amor de irmão.

— Não sei do que está falando.

— Hahaha, certo, certo. Vou voltar ao serviço – Retornou a cozinha deixando Touya na entrada.           

A verdade era, que após Sakura contar tudo que aconteceu no dia do retorno de Syaoran à Touya, o que foi exigido pelo irmão, ficou combinado entre os dois que Touya também iria no Templo Tsukimine com o trio de jovens para “observar” o casal. Sua real intenção era ficar vigiando Sakura, mas conseguiu convencer a irmã de que só tinha boas intenções. E obviamente, para facilitar as coisas para todos os lados, Yukito também iria junto.           

As emoções de fato estavam intensas naquele dia, e a cada momento que passava, a hora da virada se aproximava.

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— Onde será que ele está?

— A questão é: Será que ele está aqui?           

Sakura e Tomoyo caminhavam juntas em meio a varias pessoas que estavam presentes no Templo Tsukimine. Havia decorações por toda a parte, e o calor humano ajudava a esquecer o frio daquela noite.

— Ai, ai, ai, nós tínhamos combinado de nos encontrar por aqui... – Choramingava Sakura.

— Sim, mas ele não respondeu suas mensagens, não é? – Perguntava Tomoyo.

— Bom, das que eu mandei hoje, não obtive nenhuma resposta...

— Então, talvez tenha acontecido alguma coisa...           

Sakura estava cabisbaixa. Queria entender o paradeiro de Syaoran. O que havia acontecido.

— Sakura!           

Um grito na multidão chamando por seu nome a surpreendeu. Uma esperança encheu seu coração. Entretanto, virando-se e procurando por aquele que a chamava, constou que se tratava de Touya, juntamente de Yukito, cessando o ânimo que ascendia na garota.

— Está mesmo cheio de pessoas aqui, é melhor tomarem cuidado para não se perderem – Aconselhou Touya assim que se aproximou das garotas.

— Sim... – Sakura concordou baixinho.

— Boa noite as duas – Saudou Yukito, alegre como sempre.

— Boa noite – Tomoyo respondeu também sorrindo.

— Boa noite... – Respondeu Sakura tentando simular um sorriso.

— O que foi Sakura? Há algo de errado? – Perguntou Yukito.

— Deve ser porque o garoto não está aqui – Touya, como sempre, altamente perspicaz.

— E-Err... – Sakura não sabia como responder.

— Sakura não teve notícias de Li hoje, e por mais que andamos, não conseguimos o encontrar por aqui – Tomoyo se prontificou em explicar pela prima.

— Ah, então é isso, Sakura?

— Sim... – Confirmou envergonhada.

— Entendo. Bom, tenho certeza que há um motivo para isso. Logo acharemos a solução, certo? – Yukito a confortava.

— Certo – Sakura consentia, agora mais alegre graças a Yukito.           

Touya resolveu não se pronunciar, apenas suspirou num misto de alívio e desconforto.           

De repente, em seu bolso, o celular de Sakura tocou, surpreendendo a todos. Olhando o visor, viu que era uma ligação de Syaoran.

— É o Syaoran! – Exclamou sorrindo.

— Que bom! Atenda! – Tomoyo acompanhou o entusiasmo da amiga.

— Alô? Syaoran?

— Ah, oi, Sakura – Respondeu o garoto, do outro lado da linha, sentando em sua cama.

— O que aconteceu com você? Onde você está?

— Sobre isso—Cof, cof, eu acordei meio doente hoje de manhã. Eu ia te avisar, mas acabei tirando um cochilo que durou mais do que esperava. Fui acordar agora mesmo.

— Meu Deus! Você está bem!?           

A reação da garota espantou os que estavam a observar a conversa dela.

— Minha febre diminuiu um pouco, então acho que estou um pouco melhor.           

Sakura pensou por alguns instantes antes de dizer:

— Certo, estou indo até aí.

— O que!? Não, você não precisa fazer isso.

— Mas eu quero.

— Você pode acabar doente também. E quanto a Daidouji?

— Não ligo para isso. Quanto a Tomoyo, ela... – Olhou para a amiga, que apenas sorriu como resposta – Ela vai entender – Disse tranquila.

— Mesmo assim, você não—

— Olha, eu estou indo aí e pronto, até mais.

— Sakura—           

A garota encerrou a ligação.

— Ah... Droga... – Lamentou Syaoran.

— O que ele disse? – Perguntou Touya, curioso.

— Ele está doente, por isso não pôde vir – Explicou Sakura.

— Minha nossa – Tomoyo disse com as mãos sobre a boca.

— E eu estou indo até a casa dele – Sakura completou.

— Mas o que!? O que disse!? – Touya esbravejou.

— Você não ouviu? Ele está doente. Vou até lá para ampará-lo – Replicou Sakura.

— Ah, mas você não vai mesmo – Touya disse enquanto avançava contra a irmã.

— Touya! – Yukito o impediu, colocando as mãos sobre seu peito – Sakura só quer ajudar o amigo dela que está doente. Não há nada de errado.

— A questão é que eu vim justamente para ficar de olho nos dois – Resmungava.

— Tudo bem – Tomoyo bateu palmas para chamar a atenção – Eu vou pedir para Sakura me passar o endereço do Li, assim não tem problemas ela ir lá, já que qualquer coisa saberemos onde é para corrermos para lá, certo? – Propôs sorrindo.

— Sim – Sakura concordou, em seguida se direcionando para o irmão – Por favor Touya, deixe-me ir.

— Grrr... Tudo bem, pode ir. Só não vá demorar muito – Cedeu relutante.

— Obrigada – Agradeceu alegremente – Te devo uma, Tomoyo. Tchau – E saiu em disparada.

— Boa sorte! – Exclamava Tomoyo enquanto acenava.

— Hmpf. É bom que ela não demore – Bufou Touya.

— Vamos lá, até meia-noite ainda é esse ano, hahahaha – Brincou Yukito.

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Apoiado na cabeceira da cama, Syaoran tomou a primeira colherada da sopa preparada por Sakura, que estava sentada numa cadeira ao lado, esperando ansiosamente pela reação de Syaoran ao provar sua criação.

— Humm, está mesmo deliciosa – Syaoran disse sorrindo.

— É mesmo!? Ah, que bom! Obrigada! – A garota exclamou.

— Eu sou quem deveria agradecer. Estava mesmo com fome. Muito obrigado.

— Isso que dá não comer nada o dia inteiro, HMPF! – Bufou emburrada – De nada.

— Hahahaha, desculpe. De qualquer forma, peço desculpas por te fazer vir até aqui. Sinto me mal por Daidouji – O rapaz lamentou.

— Nah, não se preocupe com isso. Tomoyo ficou acompanhada.

— Como assim? – Syaoran se surpreendeu.

— Meu irmão e o amigo dele estão com ela. Touya ficou enchendo o saco para ir junto com a gente ao Templo. Parece que ele queria “ficar de olho” em nós dois – Deu de ombros.

— Ah... Hahaha... Entendo... – Disse incrédulo. Aquele maldito

 - Mas... Em todo caso, fico feliz por poder te ajudar – Sakura falou, sorrindo docemente.           

A resposta de Syaoran foi um longo suspiro.

— Você não precisaria me ajudar se eu não estivesse aqui – Falou cabisbaixo.

— Hã? – Sakura ficou confusa.

— Eu não tinha a intenção de causar problemas a alguém quando decidi vir para o Japão.

— Mas, Syaoran – Levantou-se da cadeira – Você não causa problema algum!           

Após algum tempo em silêncio. Syaoran levantou a cabeça sorrindo.

— Sabe, eu nunca te contei porque eu vim para o Japão, não é?

— A-Ah, não...

— Acho que seria justo eu contar então. Como uma forma de retribuição pelos cuidados que me você me deu hoje.

— O-Okay... – Tornou a sentar na cadeia.           

Syaoran tomou fôlego.

— Há 8 anos, nas férias de verão, eu vim para o Japão pela primeira vez, junto com meu pai. Ele tinha alguns assuntos comerciais para tratar, mas depois ficamos alguns dias apenas descansando – Fez uma pausa – Só que durante o voo de volta, quando já estávamos sobre solo chinês, houve uma falha no motor esquerdo, e o piloto teve que fazer um pouso de emergência. Mas... Não deu muito certo. O impacto do avião com o solo foi muito forte, e... Muitas pessoas não resistiram e acabaram falecendo. Inclusive o meu pai.           

Sakura escutava atentamente a história, e sem que percebesse, uma lágrima desceu por seu rosto.

— Por sorte, eu sobrevivi. Mas bati a cabeça muito forte. Me levaram para o hospital bem rápido, e após alguns exames, o médico disse a minha família que eu ficaria bem. No entanto, teria sequelas. Eu me esqueci de tudo que aconteceu nos dois últimos anos antes daquilo. Nada, eu não lembrava de nada. Fiquei uma semana inconsciente, e a primeira coisa de que me lembro foi minha mãe me abraçando e chorando. Logo fiquei sabendo do que tinha acontecido, e fiquei simplesmente arrasado.           

Syaoran falava enquanto olhava para cima, sem perceber a garota ao seu lado.

— Fiquei por muito tempo deprimido, quase não saía do meu quarto. Demorei ainda mais tempo para voltar a voar de avião. Mas com o tempo e alguns voos curtos, fui perdendo o medo. Ainda bem, não acha? – Forçou um sorriso.           

Nesse momento, direcionou o olhar para Sakura, e viu que a garota estava simplesmente em prantos.

— Sakura!? Tá tudo bem!? – Perguntou preocupado.

— M-Me d-desculpe. É... É que eu fiquei um pouco emocionada – Tentava cessar as lágrimas.           

Syaoran apenas sorriu. Estendeu uma das mãos para secar as lágrimas do rosto de Sakura.

— Não precisa chorar. Com o tempo, fui aprendendo a conviver com a realidade e me acostumei com as coisas. Entretanto, havia um problema. Uma ponta solta. Eu sempre tive curiosidade para saber o que aconteceu enquanto eu estava no Japão.           

Sakura teve um estalo.

— A falta dessa informação me incomodava. Era uma angústia muito forte. E após muito tempo insistindo, consegui convencer minha mãe a me deixar vir para cá. Com a condição de que eu resolveria isso até me formar no colegial. Ou seja, já estou nessa missão há 2 anos.

— E... Até agora, nada? – Sakura perguntou hesitante.

— Infelizmente, não – Respondeu após suspirar – Mas eu sinto que estou perto. Sei que é estranho dizer isso já que nem sei o que estou procurando, mas... Sinto que estou cada vez mais próximo – Disse convicto.           

Sakura sorriu, deixando Syaoran um pouco confuso.

— Entendo – Disse a garota.           

“O que foi aquela reação?”, Syaoran se perguntava. Sakura estava chorando e do nada sorria daquele jeito.

— Eu acho que... Você está fazendo o certo. É, na sua situação eu faria o mesmo – Falou sorrindo docemente para Syaoran, surpreendendo-o ainda mais.

— Você—           

DING-DONG           

Syaoran foi interrompido pelo som da campainha tocando.

— Hoe?

— Que estranho, eu não estava esperando ninguém.

— Ah... Eu acho que sei quem é... – Sakura disse enquanto se dirigiu a porta – Ah... Como pensei... – Falou assim que a abriu.

— Quem é, Sakura? – Perguntou Syaoran de sua cama.

— O Papai Noel que não é – Disse Touya com uma cara ranzinza, aparecendo no quarto de Syaoran.

— UWWAAA! VOCÊ! – Espantou-se Syaoran – O que está fazendo aqui!?

— O que você acha? Minha irmã veio até aqui, apenas vim para conferir se estava tudo certo – Explicou com uma cara de desdém.

— Desculpe, Sakura. Não pude não ceder à pressão de Touya – Tomoyo cochichou para a amiga, enquanto entrava no apartamento.

— Não, tudo bem. Eu já esperava por isso – Respondeu Sakura.

— Aham, sei – Syaoran ironizou Touya.

— Olha aqui, garoto, ninguém mandou você ficar doente para fazer Sakura vir até aqui.

— TOUYA! NÃO FALE ESSE TIPO DE COISA! – Esbravejou Sakura.

— Touya, já está arrumando briga? – Perguntou Yukito por trás de Touya.

— Claro que não, só estava cumprimentando o dono da casa – Disse se fazendo de inocente.

— Entendo. Ah! – Notou Syaoran – Acho que ainda não fomos apresentados. Meu nome é Yukito Tsukichiro, é um prazer conhece-lo, e desculpe a intromissão também – Disse se aproximando do rapaz na cama.

— A-Ah, não tem problema. Meu nome é Syaoran Li, o prazer é meu.           

Por último, Tomoyo também entrou no quarto.

— Olá, Li. Como se sente? – Perguntou a garota.

— Olá, Daidouji. Sim, me sinto melhor.

— Que bom!           

Touya assoviou.

— Parece que essa monstrenga foi mesmo útil, menos mal – Provocou.

— TOOOOOOUUUYYAAAAAAA!

— Odeio interromper vocês, mas já é quase meia-noite – Interviu Yukito.

— Nossa! Tinha até me esquecido – Exclamou Sakura.

— É mesmo, quanto tempo falta? – Concordou Syaoran.

— Exatos 15 segundos – Yukito disse, olhando em seu relógio.

— Caramba, vamos iniciar a contagem! – Propôs Tomoyo

— É! – Sakura animou-se.           

Os últimos 10 segundos daquele ano iam chegando ao fim, e quando a contagem regressiva atingiu o zero, todos saudaram:

— Feliz Ano Novo!

— Ainda é meio estranho para mim, comemorar o Ano Novo tão cedo – Syaoran comentou, coçando a cabeça.

— Ah... Entendo... – Sakura disse meio triste pelas palavras de Syaoran.

— Mas – Observou os visitantes conversando animadamente – Creio que não importa quando, e sim, como você o comemora. Acho que passar o Ano Novo doente não foi tão mal assim – Sorriu.

— É-É mesmo? B-Bom saber... – Sakura disse envergonhada e ao mesmo tempo feliz pelo repentino sorriso de Syaoran.

— Ei, vocês dois. Nós trouxemos algumas coisas pra comer lá do Templo. Vamos trazer aqui para o quarto – Touya disse enquanto iam buscar as comidas.

— A-Ah obrigado, desculpe pelo trabalho – Syaoran disse.

— Relaxa, é só você não se acostumar – Falou antes de sair do quarto.

— Aaah... Desculpe pela educação de meu irmão – Desculpou-se Sakura.

— Tudo bem, de certa forma ele tem razão. Ah! A sopa... – Lembrou-se da tijela em seu colo.

— Não há problema, depois você termina.

— Desculpe, fiquei falando demais e me esqueci de toma-la.

— Tudo bem. Eu... Fiquei feliz por você ter me contado aquilo... – Sorriu.           

Novamente, Syaoran ficou intrigado, mas não teve tempo para questionar, já que os outros voltavam com as comidas.

— Okay, hora de comer – Disse Yukito.           

Assim, tiveram todos a sua primeira refeição do ano. Não foi muito longa, pois precisavam voltar para suas casas logo. Entretanto, fora um momento de descontração e risadas, a melhor forma de iniciar um novo ano.           

E acima de tudo, foi o primeiro Ano Novo de Sakura e Syaoran.

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Notas finais do capítulo

Pois é, ano novo, vida nova, o que será que vai acontecer daqui para frente? Algo lhes digo, as coisas vão esquentar. Hehe, espero que tenham gostado, obrigado por todo o apoio, especialmente no capítulo anterior. É isso, até a próxima ^^



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