A Cafeteria. escrita por Smitchkoff


Capítulo 4
Capítulo 4.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem desse capítulo, mesmo ele sendo um de transição.

Lets que lets.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/756025/chapter/4

A cafeteria.

CAPÍTULO

.

Após a conversa com a melhor amiga, as duas seguiram de volta para o quarto e juntas se esconderam do frio em baixo das grossas cobertas acabando por dormir de mãos dadas. 

O dia amanheceu com um sol embaçado por entre as nuvens espeças que não davam sinais de que iriam embora tão cedo. Rin, bem como as outras três com quem divida o quarto já estavam de olhos bem abertos observando o decorrer lento do amanhecer e aquele brilho preguiçoso da manhã. A morena não dividira o fato de ir embora naquele mesmo dia, achando que o aviso do diretor seria o suficiente para que as outras duas amigas ficassem sabendo. 

Pouco tempo depois de se demorarem em suas higienes pessoais desceram para o desjejum, encontrando Taromaru e Suekichi no caminho como de costume. 

Assim que os pratos foram recolhidos da mesa, os seis caminharam para fora do casarão engajados em uma conversa animada e cheia de risadas. Foram para fora onde o chão era coberto com uma boa quantidade de neve, as crianças olharam umas para as outras e não era necessárias palavras para descrever o que se passava na cabeça de cada uma. 

A toda velocidade formaram duplas e começaram uma guerra de neve. Aproveitando um pouco do tempo de forma divertida e descontraída. Sentindo o gelo que era ser acertado por uma bola branca bem no rosto ou na nuca. As risadas preenchiam o local junto dos cantos de vitória de cada time... 

— Menina Rin. - A conhecida voz de Toutousai se fez presente, trazendo a atenção de todos para si. 

Não impedindo que Ayame jogasse uma bolada certeira na cara de Taromaru antes de depositar toda a sua atenção no velho. Sorrindo vitoriosa. 

— Pode me acompanhar, por favor. - Pediu, contendo um riso divertido da cena que presenciava. 

— Claro. - A morena deixou de lado a redonda e gelada bola de neve e se virou para os de mais - Eu volto logo. - Informou ela, trocando um profundo e significativo olhar com a ruiva que apenas anuiu ciente do que viria a seguir. 

Já dentro da casa antiga por onde viveu sua infância e ate ali, boa parte da adolescência, caminhou um pouco atrás do senhor que a conduzia ao que parecia para a sua sala. Engoliu em seco, Sesshoumaru a estaria esperando lá dentro? 

A porta foi aberta e a garota não conteve a ansiedade de se erguer nas pontas dos pés para ter uma melhor visibilidade do interior do cômodo - mesmo sendo uns bons centímetros maior que o senhorzinho a sua frente - e uma frustração perpassou seu peito. Ele não se encontrava ali. 

— Pode entrar. - A garota então reparou que ainda encontrava-se à porta enquanto o outro já dava a volta para tomar seu lugar em sua poltrona, atrás da mesa de madeira escura. - Sente-se. - Apontou uma das cadeiras a sua frente e a garota assim o fez. 

— Hm - Ela murmurou, ponderando se deveria dizer algo. -, algum problema? 

Toutosai sorriu os olhos naturalmente grandes e redondos estreitando-se pelo sorriso enchendo as laterais dos olhos de pés de galinha. 

— Nenhum. - Sanou aquela duvida. Porém havia outras e ambos sabiam. - Menina Rin, - Começou ele e a garota pode perceber no tom de voz assim como na postura a forma diferente que ele adotou, indicando que a conversa se iniciaria. - tivemos uma proposta para adoção.

A garota - mesmo sabendo - não pode conter a felicidade que estampou seu rosto com aquelas palavras e apenas anuiu genuinamente alegre. 

— Mas você já deve saber, não é mesmo? - Indagou ele para a surpresa da mesma. - Ele vem busca-la antes do entardecer, para que tenha tempo de arrumar o que precisa e para que possa se despedir devidamente de seus amigos. - Informou.

— Senhor Toutosai. - Rin se inclinou levemente para frente os olhos intrigados, fitando-o. - Co-como assim eu já sabia? - Perguntou, engolindo em seco. Afinal seria um problema que outros descobrissem o seu segredo, não é? 

O velho sorriu. 

— Não é necessário que fique com medo, menina Rin.- Assegurou. - Afinal, você não é a única aqui que pode ver além desse mundo com o outro. - Acrescentou ele, as mãos enrugadas entrelaçadas sobre a mesa. Divertiu-se com o semblante surpreso da mesma. 

— O-o senhor sabia esses anos todos e- 

— Eu não tinha permissão de lhe dizer nada a não ser protegê-la se fosse necessário, no fim das contas você descobria as coisas no tempo em que deveriam ser descobertas. - Informou ele dando como concluída aquela conversa com um sorriso amigável. - Você deve se apressar, hm? 

— Oh, sim! - Pôs-se de pé em um pulo. - Obrigada senhor Toutousai... Por tudo o que fez até hoje. - Sentiu-se na obrigação de agradecer, mesmo que não houvesse visto de forma direta o diretor intervir em sua vida. 

Saiu a passos rápidos a caminho do salão principal onde tinha certeza que encontraria os amigos, passando sem dar atenção às pessoas que caminhavam pelo corredor àquela hora, estava afobada de mais. Dobrando um corredor ali e aqui, chegou onde queria e como esperava assim que parou se apoiando uma das mãos no beiral da porta, dez pares de olhos a encararam, todos possuindo certa curiosidade. Menos Ayame, que tinha um sorriso contido nos lábios por já ter ideia sobre qual seria a noticia, um leve aperto percorreu seu peito. 

— Então, - Nazuna levantou-se da poltrona que se encontrava mais perto da lareira. - o que era? 

Os meninos se aproximaram a curiosidade bem estampada nas caras. Mayu balançava as pernas – por não conseguir toca-las no chão - e a fitava, muito atenta. 

— Como vocês são fofoqueiros. - Riu a morena ao olhar o revirar de olhos de cada um e um sorriso presunçoso da melhor amiga. 

— Sem rodeios, vamos! - Exigiu Taromaru.

— Diga logooo. - Miou Mayu, sem conseguir se conter. 

— Ok. Ok. - Ela se aproximou tomando lugar ao lado de Ayame no sofá de dois lugares, enquanto os outros faziam o mesmo nas outras poltronas dispostas pelo espaço. 

E suspirou, notando agora que se encontrava nervosa e até... Um pouco triste? Qual seria a reação deles ao saber que daqui a algumas horas ela iria embora. Que não moraria mais sob o mesmo teto que eles. Que não comeriam e nem mais conversariam como antes... Que não dormiria mais no mesmo quarto que elas. De Ayame... 

E por instinto sua mão alcançou a da ruiva, apertando-a de leve e esta retribuiu. 

— Eu vou embora... - Começou com cautela. – Recebi um pedido de adoção. - Rin dizia as palavras e olhava com atenção cada expressão nos rostos tão conhecidos. 

O maior dos meninos, Taromaru tinha os olhos assim como a boca bem abertas, desacreditado. Suekichi, com seu rosto naturalmente triste, parecia estar ainda mais, as mãozinhas pequenas apertando-se inconscientemente, atitude muito comum dele quando não sabia o que fazer ou falar. Mayu e Nazuna piscavam, digerindo o que tinham acabado de ouvir. A maior dentre elas caminhou ate si extremamente feliz agachando-se a sua frente, logo Mayu fez o mesmo. 

— Rin! - Exclamou as duas meninas agarrando-a entre os braços em um abraço desengonçado, Ayame gargalhou sendo puxada também.

— Isso é muito bom né.. - O maior dos meninos disse meio incerto. - É, eu não sei o que dizer... Ai- 

— Fique feliz por ela, oras. - Retorquiu Nazuna após lhe acertar um tapa na nuca.

— Eu quero, mas é que... 

— Eu me sinto da mesma forma que ele... - Admitiu Sue, com a voz embargada pelo choro. 

— Tudo bem. - Rin se levantou, ficando no meio da roda e olhando nos olhos de cada um, com um sorriso amável e acolhedor nos lábios. - Eu não saberia o que sentir se fosse um de vocês no meu lugar. E pra falar a verdade me sinto um pouco triste também... Irei sentir muita saudade, não daqui, mas de vocês e dos nossos momentos, porém ficaram bem guardados na minha mente e eu posso vir aqui sempre que quiser. - Disse, no entanto não sabia se as suas palavras finais eram certas, no entanto acreditava que o seu futuro tutor não iria lhe proibir de visitar seus amigos. 

— Não chore, Sue! - Censurou Nazuna, contudo ela se segurava para não fazer o mesmo. 

— Chorem sim. - Ayame falou pela primeira vez, chamando atenção especial de Rin ao perceber aquele fato. 

A ruiva tinha a cabeça baixa, e suspirou pesadamente tentando se controlar. Era difícil aquele momento, para todos, mas especialmente para ela. Ayame havia sido a primeira amiga da morena, desde o dia em que colocou os pés naquele orfanato pela primeira vez. E se lembrava como se fosse ontem daquele dia. E quase pode sorrir se o sentimento de tristeza não fosse tão grande. Olhou para a melhor amiga parada a uns poucos passos de si. E teve certeza que ela conseguia ler aquele olhar, determinado e que lhe passa forças para seguir. 

— É uma demonstração de felicidade também... Apesar do aperto no peito. Não é fácil, afinal foram muitos anos juntos, né? - A garota fungou, as lagrimas acumulando no canto dos grandes e expressivos olhos verdes. 

E então uma seção de choro se seguiu, abraços e declarações de despedida, lembranças foram entregues de última hora, pertences que para cada um era importante e seria uma parte dos amigos que levaria consigo, para a nova casa que onde viveria. Ela apertou os presentinhos sobre o peito e sorriu agradecida. Seriam eles seus verdadeiros amigos, ela sabia. Independente de qualquer coisa. 

O final da tarde era pintado em cores acinzentadas e um pouco rosadas. Uma mala média descansava aos pés de Rin, que estava sentada nos bancos acolchoados do Hall da mansão, uma bolsa estava em seu colo, trajava roupas de frio bem como um gorro, cachecol e luvas – uma das mãos segurava firme a de Ayame – o batimento do coração parecia estar concentrado somente na veia da lateral do seu pescoço.  Os amigos estavam aguardando o momento em que ela fosse embora, ansiosos mesmo que uma pontada de dor no peito os fizesse lembrar que não estariam mais na presença da adorável Rin. Ainda assim todos transmitiam energias e positivas para que o futuro dela fosse bom e agradável.

Faltava pouco para a hora do jantar e a menina de longos cabelos sabia que não participaria com eles, uma parte de si gostaria de fazer isso ao menos uma última vez. Mas já deixara claro e combinado com os amigos que escreveria na primeira oportunidade que tivesse, e prometera também que não deixariam o contato se desfazer.

Quando escutaram os passos do andar de cima, todos os seis praticamente pararam de respirar. Não, na verdade Rin estava quase pulando de excitação. Ela queria viver a nova vida que a estava esperando por todos aqueles anos, fora daqueles portões tão conhecidos por si, de todas aquelas paredes que a impediam por tanto tempo de enxergar quem realmente era. Não deixando que descobrisse ou desfrutasse do que realmente tinha sido feita pra ser. Era egoísmo querer tanto algo assim?  

Quando os pés de Sesshoumaru tocou o assoalho do Hall, a menina se pós de pé. Rin não havia contado quem era seu novo guardião, mas mentiu dizendo que este era casado e que sua suposta mulher não poderia ter filhos e que esta já havia adotado uma criança antes de si. Aos olhos das crianças que escutavam a estória, era algo realmente bondoso da parte daqueles “dois” adultos.

Dando o último adeus, a garota de cabelos escuros e aura revitalizada deu as costas, descendo os degraus do lado de fora do orfanato. Então ali terminava a sua história, para começar outra. Quase fora do alcance da propriedade, escutou alguém a chamar, os passos corridos sobre o chão repleto de neve.

— Rin! – Ayame gritou novamente. A mencionada se virou. – Templo Higurashi. No ano novo, estarei te esperando, ok? – Ela perguntou a voz alterada, respiração ofegante.

 E sem pedir qualquer permissão ao seu novo familiar, apenas lhe olhando brevemente, ela respondeu:

— Estarei lá!

 

Assim que se afastaram o suficiente do casarão Sesshoumaru estancou no lugar, de dentro da manga do seu traje retirou uma pedra de coloração azulada. Aos olhos de Rin, parecia um pedaço do céu estrelado guardado, em um azul escuro muito bonito. Estendeu-o para a garota e esta pegou objeto entre as mãos.

— Aperte. – Disse, como se lê-se o questionamento que estava prestes a vir. – E quando o fizer, imagine para onde quer ir.

Não era preciso dizer para onde iriam. Rapidamente os pensamentos da garota foram em direção ao ambiente em meio à mata. Os rostos de Kana e Kagura tomaram a memória e ela sorriu, estaria finalmente indo vê-las e não seria necessário ficar na empolgação para que se encontrasse lá de novo, e novamente. Pois aquele lugar se tornaria seu também.

E sem hesitar e sem precisar fazer muito esforço, pressionou os dedos ao redor da bolinha de tamanho médio, antes que pudesse esboçar sua surpresa o objeto sumiu de sua mão em uma fumaça de início pequena e logo os contornou. Os poros de Rin emanavam magia, e sentia o corpo formigar levemente...

E de uma hora para outra se encontravam na porta de entrada da habitação tão conhecida e aconchegante que era o café ao meio da floresta. Ofegou catatônica, eles haviam se teletransportado. Aquilo era incrível, mais do que incrível. Era realmente possível que algo como isso acontecesse. Rin estava maravilhada.

Magia, realmente existia.

E antes que pudesse tecer algum comentário sobre o que acabara de ocorrer sua visão se tornou turva e o breu tomou-lhe a mente. O corpo tombou e só não foi ao chão porque Seshsoumaru fora rápido o suficiente para pega-la no meio do processo.

— Fez ela se esforçar. – Kagura que os observava detrás da bancada do caixa, indagou.

— Era preciso.

— Não a sobrecarregue... – Murmurou ainda assim.

Pegou-a nos braços e adentrou o recinto. Kana abriu as portas duplas quase que em desespero ao sentir a presença da tão conhecida Rin, e assim que bateu os olhos no patrão, este lhe pediu que fizesse um chá, a platinada anuiu sem dizer nada voltando para dentro da cozinha e preparando o que lhe fora pedido.

Subiu as escadas de madeira em direção ao segundo andar da casa, adentrando um corretor mediano com diversas portas, seguiu para o terceiro andar por onde subiu em uma escada circular indo para a pequena torre que tinha na casa; era um quarto simples, apenas uma cama de solteiro, uma mesinha e janelas amplas bem abertas.

Depositou o corpo desacordado sobre os lençóis novos, especificamente prontos para aquela ocasião e observou a respiração fraca da humana. Talvez não tivesse sido uma boa ideia tê-la exposto daquela forma a algo ainda “desconhecido”, no entanto pode constatar que seu poder era forte e mesmo que inconscientemente Rin conseguia explora-lo, mesmo não sendo da forma correta. Ela não tinha controle ou dimensão do que estava fazendo. E isso era perigoso.

Mas tinha certeza que com o auxilio adequado e livros bons, sua pupila se tornaria uma ótima maga.

O quarto silencioso era preenchido pela revitalização involuntária da morena sobre a cama. Conseguiu sentir o pulso assim como a respiração voltando à normalidade. O sistema de reestruturação trabalhando para manter o corpo em seus conformes.

Aquilo era bom. Mas ainda tinha que averiguar como faria para o corpo aguentar toda aquela quantidade de poder que aflorava de si a cada pequeno instante. E não era como se não soubesse o que fazer de primeira, o canino dentro da boca coçou um pouco...

A presença de Kana foi percebida antes de adentrar o quarto, o Youkai deu espaço para que a menina deposita-se o que havia preparado na cômoda ao lado da cama, se afastando em seguida.

— Por quanto tempo ela vai dormir? – Quis saber a menina, pois não via a hora de começar a viver sobre o mesmo teto que Rin.

— O quanto for necessário para que o corpo de recupere. – Respondeu evasivo.

A de cabelos brancos anuiu dando uma última olhada ao rosto adormecido e se retirou do quarto.

Sesshoumaru se aproximou e curvou-se, sua face sentido o calor que emanava naturalmente de Rin, deixando um singelo beijo em sua testa, logo retornando ao andar de baixo da casa.

 

 

 

A aura pesada que contornava aquele lugar mataria facilmente um humano desavisado, a ânsia faria seu estômago revirar e a falta de ar seria o segundo sintomas para que finalmente a vida lhe fosse retirada. Porém, o homem que se encontrava no meio daquilo tudo não parecia ligar, era o ambiente perfeito para alguém de alma podre como a sua.

Os cabelos negros cascateavam sobre o trono no qual se assentava, rosto sereno, parecia meditar. O individuo de aparecia jovial abriu os olhos vermelhos de um brilho estranhamente obscuro.

— A criança não mais está sob os cuidados do velho.

A frase chamou a atenção de duas figuras próximas de si, ao redor de uma mesinha posta com chá e algumas outras especiarias definitivamente não-humanas. Ambos eram ligeiramente parecidos, apenas os cortes de cabelo facilitariam para que os diferenciasse.

— Akago, Hakudoushi – Chamou-os, os olhares cor de violeta das duas crianças ainda mais atentas em seu mestre. -, avisem o Mugen. Eu quero esta criança viva.

Prontamente os dois se levantaram. Hakudoushi tinha nos lábios um sorriso perverso e olhos sedentos por algo desconhecido, por outro lado Akago não esboçava reação alguma.

— Como desejar, mestre.

E com uma breve reverencia retiraram-se do local.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

EU TO EM SURTO T O T A L

Pois eu não esperava terminar assim CRISE e nem ter as ideais que eu tive, só posso dizer que eu to muito ansiosa. O próximo cap talvez demoro um pouco já que eu tive que mudar umas coisinhas ali e aqui hehe

Até mais.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Cafeteria." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.