A Cafeteria. escrita por Smitchkoff


Capítulo 3
Capítulo 3.


Notas iniciais do capítulo

Me pergunto se ainda tem alguém por aqui...



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A cafeteria.

CAPÍTULO

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Era uma tarde um tanto quanto que tediante para as quatro meninas que se encontravam no quarto, jogadas por sobre suas camas.  O ventilador girava lentamente e era acompanhado pelo o olhar sonolento de cada uma.

— Que tedio. – Espreguiçou-se Mayu, dizendo o que todas já sabiam.

— Eu estou cansada de não fazer nada. – Nazuna lamentou.

Rin e Ayame suspiraram. Era dia de inspeção no orfanato, e estava fora de cogitação sair, mesmo que furtivamente, poderia ser perigoso mesmo que cada parte de seu corpo pedisse para que ela fizesse algo imprudente, porém isso custaria um castigo tremendo depois e pensando melhor não valia a pena – um pouco, talvez -, pensou a morena de olhos cor de chocolate enquanto seus pensamentos vagueavam para longe daquele quarto, parando sobre um ser que estava no mesmo mundo que o seu, mas que de alguma forma não pertencia a este.

Irei ajuda-la.”

Ela fechou os olhos com um sorrisinho nos lábios. Estava ansiosa para reencontra-lo. Queria saciar todos os seus questionamentos e sabia que – não somente ele, mas todos aqueles que estavam no café – poderiam sanar suas duvidas que a tanto tempo procuravam por uma resposta. Perguntava-se se haviam notado a sua falta, dês de a última vez que fora ao café já tinham se passado dois dias. Por conta da inspeção surpresa tiveram que ajudar sendo assim ocupando todo o tempo que ela teria para fugir dali. Suspirou novamente.

— Hey!!

As meninas pularam das camas sobressaltadas olhando incrédulas para os dois meninos que escancararam a porta do quarto.

— Taromaru! Suekichi! – Bradou Ayame já se levantando e indo na direção de ambos.

— N-não me bata Aya, eu imploro. – Pediu Suekichi com as mãos juntas em frente ao rosto, a voz chorosa.

— Me de um bom motivo pra não fazer isso!

Pff.— Murmurou o outro. – Seu bundão. - Disse olhando para o amigo ao seu lado logo voltando para as meninas. – O velho tá pedindo para que vocês varram a área externa. – Informou.

— Hã, porque a gente? – Perguntou indignada. – Tem tanta gente pra fazer esse trabalho...

— Vamos, pare de reclamar. – Cortou Rin dando-lhe uma tapa no ombro, passando por ela e indo para fora do quarto. – Não eram vocês que queriam algo pra fazer? – Riu da carranca que a melhor amiga estampava na cara, e inclinou-se para o lado vendo Nazuna dar de ombros e se levantar com Mayu logo atrás. – Pode ser divertido, até.

— O poder de persuasão da Rin tem que ser estudado. – Informou a menor dentre elas, Mayu.

O quarteto seguiu até o armário de vassouras, pegando o que era necessário seguindo para fora da casa. O dia era cinza e frio e aparentava ser mais tarde do que realmente devia ser. Haviam folhas espalhadas por todos os lados e a primeira a murmurar fora a ruiva fazendo com que Rin revirasse os olhos, mas não conseguindo conter a risada, propôs então uma competição. Quem fizesse um amontoado de folhas maior do que a das outras, comia a sobremesa das perdedoras. Mayu aceitou prontamente arregaçando as mangas do casaco amarelo, mostrando-se ser competitiva. Nazuna debochou um “tá no papo” indo para outro lado. Aya a olhou com cara de poucos amigos, porém aceitou.

— Essa eu quero ver. – Riu Taromaru indo se sentar em um tronco de arvore caído que tinha por perto sendo acompanhado de Suekichi.

— Ora seus...! – Ameaçou a ruiva irritadiça fazendo com que os meninos se encolhessem a onde estavam.

— Vamos lá!! – Gritou Rin, chamando sua atenção. – Valendo!

Os minutos iam passando enquanto elas varriam as folhas sobre a grama baixa e falavam graça umas para as outras, vez ou outra tinham que segurar Ayame para não bater nos meninos que faziam de tudo para tira-la do sério. Nazuna cantava vitória antecipadamente até o vento espalhar todo o seu trabalho pelo campo onde trabalhavam fazendo com que o resto e seus amigos rissem do seu azar.

Mayu olhou orgulhosa para seu monte de folhas em seguida comparando-o aos de suas amigas, podia ter uma pequena vantagem entre elas, decidiu varrer mais, afinal, era melhor prevenir. O esforço valia por mais pedaços de pudim que seriam servidos no jantar daquele dia.

— Bomba! – Exclamou o moreno pulando nas folhas, fazendo com que todo seu trabalho fosse pelos ares.

— Maru! Você me paga seu merdinha!! – Gritou furiosa e atacou certeiramente a vassoura nas costas do fugitivo que caiu sobre folhas de Ayame.

— Eu não acredito nisso! – Esperneou. – Eu vou matar você! E dar de oferenda ao guardião da floresta! – Ameaçou, jogando-se em cima dele que gritava aterrorizado.

— O deus vai é fazer devolução disso ai. – Comentou Nazuna enquanto observava o desempenho de lutadora que a amiga tinha.

— Coitado. – Lamentou o mais novo dos meninos quando ouviu o grito de ajuda, porém não saiu de seu lugar.

E voltaram novamente ao objetivo real de estar ali. Declarado que Mayu era vencedora. Pegaram as sacolas de lixo dessa vez tendo o auxilio dos meninos para que o trabalho fosse um pouco mais rápido. Entre conversas e risadas a tarde prosseguia.

— Precisa de mais um saco. – Informou Rin, vendo que ainda tinha muitas folhas para serem recolhidas. – Vou buscar. – Prontificou-se já se afastando.

Perto da porta avistou algo, de primeiro momento não pensou ser nada de mais, porém estreitando os olhos notou que era um objeto, como um cajado e ele movia-se de um lado para o outro não era tão detalhado por estar ao longe, mas tinha certeza que haviam dois rostos cravados ali. Rin olhou para trás onde os amigos que se encontravam distantes e envolvidos em alguma brincadeira perigosa - já que Ayame estava segurando uma pedra nas mãos e olhando para Taromaru – voltando o olhar se surpreendeu vendo uma pequena criatura olha-la e correr dali, com o cajado nas pequenas mãos. Era um deles tinha certeza, onde mais se veria um bichinho estranho daqueles por ai?

Correu atrás dele indo em direção à mata, saindo da visão da propriedade. Ela conseguia ouvir por onde o ser verde e baixinho corria, já que as plantas balançavam dando-lhe pistas por onde seguir. Ele tinha algo que conhecia um sentimento que não era estranho pra ela, mas mesmo assim porque corria atrás dele com tanto interesse?!

Foi quando a terra a sua frente elevou-se fazendo com que ela fosse jogada para trás com brutalidade, um grito saiu por entre seus lábios tamanha surpresa. Abriu os olhos, ainda sobre o chão ficando paralisada pelo que seus olhos miravam.

Uma centopeia grotesca estava a sua frente, os olhos vermelhos e dentes pontudos que mal cabiam na boca. Ela observou o inseto gigante pegar impulso e no mesmo instante pôs-se a correr dali, ainda atordoada pelo ocorrido.

— Carne. Me de a sua carne! — Ouviu o monstro esbravejar assim que colidiu com a árvore a onde estava há minutos atrás.

Rin olhou por cima do ombro enquanto corria para longe, a centopeia vinha em sua direção,  fechou os olhos e fez a curva em volta de uma árvore sentindo o vento passar rapidamente por suas costas, fazendo-a com que se arrepiasse.

Menina!!! – Vociferou. – Me de a sua carne!!

Ela queria mata-la. Engoliu em seco enquanto estava encostada sobre um tronco, escondida. Vagarosamente inclinou o corpo para poder espiar o espaço. Nada viu. Sentiu o corpo suar frio, o coração bater fortemente na caixa torácica, eufórico.

Eu vou morrer? Perguntou-se por um momento. Apertou os olhos a um ponto de poder ver estrelas em sua pálpebra. Não podia morrer!

Não agora. Um flash do ser de cabelos brancos passou em sua mente. Estava tão perto de esclarecer suas duvidas! Fechou as mãos em punhos. Respirou fundo e soltou em uma só lufada. Nenhum sinal do mostro à vista, não precisava ser muito mais inteligente para se perceber que novamente estava de baixo da terra.

E respirando profundamente.

Correu sem destino e a poucos passos atrás de si a centopeia reapareceu fazendo com que o chão explodisse e terra voasse por todos os lugares, Rin desiquilibrou-se, porém não caiu conseguindo continuar correndo.

Mas o que iria fazer? Correr não pouparia sua vida. Cometeu o erro de olhar para trás mais uma vez e sentiu o pé torcer fazendo com que caísse e rolasse no chão, ralando-se inteira. Levantou a cabeça vendo a criatura avançar sobre si. Fechou os olhos.

Bastão de duas cabeças!

A menina reabriu os olhos, atônita. O pequeno bicho verde – que até então ela corria atrás - estava na sua frente apontando o cajado que lançava uma enorme quantidade de fogo sobre a centopeia que grunhia enquanto era queimada. Contorceu-se e voltou a cavar para fora dali. Havia pedaços de carne queimada pelo chão, o cheiro começava a subir.

— Menina tola! – Xingou irritado. – Anda e-

— O que você é? Um sapo?! – Pegou o pequeno ser verde nas mãos e o analisou.

— Ora sua atrevida! – Disse, erguendo a mão, dando-lhe uma cajadada na cabeça de Rin fazendo-a o soltar.

— Ai! Ai!! – Gemeu, retraindo-se pela dor infligida.

— Bem feito pra você! – Apontou o cajado em sua direção e voltou a ajeitar o traje em seu pequeno corpo. – O que pensa que estava fazendo? – Perguntou mais para si mesmo do que para a própria.

— Seguindo você. – Respondeu ela puramente.

— Não foi isso que eu quis dizer! – Berrou ele abismado negando a estupides da mesma. – Ora, ora. Se o senhor Sesshoumaru descobre isso... – Lamentou temeroso.

Sesshoumaru? – Repetiu o nome conhecido, intrigada. – Conhece o senhor Sesshoumaru?! – Engatinhou para perto do sapo.

— Se eu o conheço??? – Elevou o tom de voz, para logo gabar-se. – Mas é logico que eu o conheço, sou seu mais fiel servo!

— Servo? – Ele assentiu. – Como se chama?

— Jaken.

— Jaken. É um pequeno nome, que nem você. – Ela riu, achando graça.

— O que esta dizendo? O seu nome é menor que o meu! – Acusou enfadado.

— Porém sou bem maior que você.

— Ora sua!!!! – Rin riu-se novamente.

— Porque está aqui Jaken? – Questionou curiosa.

Senhor Jaken pra você, pirralha! – Retrucou. – E não lhe interessa!

Ela o encarou por alguns instantes, notando que o que chamara sua atenção fora a presença que emanava da pequena criatura verde, muito semelhante a que sentia em Sesshoumaru. Saindo de seus devaneios pelo vento frio que ultrapassava suas roupas olhou adiante. Quando tempo já teria se passado?

— Eu tenho que ir!! - Declarou levantando-se e batendo as mãos nas roupas, na intenção de retirar o excesso de sujeira que havia sobre elas. Jaken observou-a atentamente. Depois de tudo o que havia acontecido naquele meio tempo à garota agia como se apenas tivesse ido à caça de minhocas para a pesca, e não fugido de uma centopeia demoníaca, ele com certeza não compreendia toda aquela naturalidade.

— Garota estranha! - Murmurou. – Vou leva-la de volta. Vamos! - E saiu andando na frente. Rin sorriu e correu atrás dele.

Resolvendo ir direto para o seu quarto, foi em direção a uma das portas laterais da casa. Inventaria alguma desculpa para os amigos depois, o mais importante era tomar um banho e se desfazer daquelas roupas imundas. Na porta despediu-se do novo amigo e entrou, se esgueirando rapidamente até o seu quarto.

Já com o sangue frio, conseguiu sentir os efeitos de todo aquele exercício. Suspirou vendo a si mesma no espelho, até que não estava tão ruim assim... Apenas cabelos bagunçados, com alguns pedaços de galho. Retirou uns mais aparentes do cabelo. Havia um corte em sua bochecha – fora as escoriações pelo corpo, mas isso daria para esconder com as roupas. Passou uma gaze umedecida com álcool para limpar alguns dos machucados e em seguida tomou uma chuveirada. Era a primeira vez que fora atacada tão diretamente. Era estranho, pensou. Depois de tanto tempo...

Trocou as roupas e saiu do banheiro. Assim que colocou os pés para dentro do quarto ouviu a maçaneta virar e três garotas entraram em seu campo de visão.

— Rin, aí está você. A onde foi? Ficamos te esperando. - Questionou Ayame.

— Tomou banho? - Nazuna observou seus cabelos úmidos.

— É, eu me distrai. - Mentiu vendo os olhares inquisidores, principalmente o da ruiva com uma sobrancelha bem arqueada.

— Sua bochecha-

— Insetos. Pois é. - Falou não deixando Mayu completar a frase logo pensando na próxima desculpa. - Eu acabei caindo num pequeno barranquinho enquanto perseguia uma borboleta... - Rodopiou pelas meninas que estavam no caminho. - Mas já estou melhor. Não se preocupem. Espero vocês pro jantar? - Tagarelou olhando-as em busca apenas da resposta para última pergunta, ansiando que elas não lhe questionassem mais.

— Você tem que parar de ser tão avoada. - Ayame falou ainda intrigada com a amiga. Rin apenas riu coçando a nuca e saiu da vistas das três.

— O que deu nela? - Tazuna perguntou.

O jantar decorreu sem mais problemas, o salão era tomado por murmúrios decorrentes das conversas paralelas. As garotas contentaram-se em comer apenas a sua comida e beber o suco e ver Mayu deliciar-se com todas as sobremesas ganhas naquele dia, com direito ainda a escutarem ela se gabar cada vez que comia um pedaço do doce, os dois meninos juntaram-se a ela já que estes comiam suas respectivas sobremesas sem mais problemas, até, claro Ayame roubar uma boa colherada de Maru. Rin apenas ria divertindo-se.

Dado a hora todos voltaram aos seus quartos. Os meninos acompanharam o quarteto até determinado ponto onde se separaram. A noite estava notavelmente fria fazendo com que dividissem as camas umas com as outras em busca de calor humano.  Rin e Ayame estavam ao lado direito perto da porta, enquanto Mayu e Nazuna no lado oposto perto da janela. Alguns murmúrios foram ouvidos da cama ao lado.

— O que vocês duas estão fazendo? – Nazuna sussurrou.

— É a Aya! Esta ocupando toda a cama. – Reclamou à morena, quase rindo.

— Pa-pa-re Rin! – Riu-se a ruiva desviando das cocegas. – Ora, sua chata. Tá bom, tá bom eu me rendo. – Declarou vencida ainda entre risos.

— Ainda bem que eu não tenho esse problema. – Agradeceu a morena que estava noutra cama. – Mayu é pequenininha.

Tsc. Não enche hein ou derrubo você daqui. – Disse ela fingindo empurra-la fazendo com que esta desse um gritinho assustada.

— Sua louca!!

— Fiquem quietas. – Pediu Rin com a voz ainda embargada. – Daqui a pouco vão vir aqui no quarto.

— Okay. Okay. – Cederam. – Durmam bem. Amo vocês.

O dia amanheceu com um sol cinzento deixando o tempo um tanto frio fazendo com que mesmo quem estivesse acordado na cama a uns bons minutos não quisesse levantar de forma alguma. Este era o caso da morena de olhos cor de chocolate que se encontrava de barriga pra cima enquanto era usada de travesseiro pela melhor amiga. Suspirou. Hoje ela definitivamente voltaria no café. Vibrou decidida.

Ayame remexeu-se, e abriu os olhos erguendo a cabeça para encarar a amiga, sorriu sendo retribuída.

— Bom dia. – Falou arrastado e abaixou a cabeça novamente.

— Bom dia. – Riu. – Acho que nunca iremos entender porque ficamos com mais sono ao acordar do que na hora de ir dormir.

— Realmente. – Concordou Nazuna deitada de bruços com os olhos ainda fechados.

Era dia de recreação no orfanato, dia em que eles liberavam até determinada hora para que saíssem, na intenção que ocupassem suas mentes com coisas diferentes. Rin e as meninas decidiram ir até a cidade em uma biblioteca, após o café reforçado que tomaram foram se arrumar para em seguida saírem, sem mais delongas. Levava cerca de quarenta minutos a pé, e sem pensar duas vezes optaram por ir de ônibus.

A intenção era aproveitar ao máximo, porém mesmo que Rin tentasse se concentrar nas três amigas que conversavam alegremente ao seu redor, seus pensamentos mantinham-se em outro lugar, em um tipo diferente de plano que estava a sua volta e que elas não poderiam ver, mas estava ali bem presente no meio delas. E só fazia com que a morena pensasse no belo café em meio à floresta a alguns bons quilômetros dali.

Deixando os pensamentos de lado adentrou o grande espaço que guardava grande parte dos livros que conhecia. Cada uma foi para uma seção, marcaram que pelo menos em 20 minutos se encontrassem na parte de leitura do local. Rin apenas movia-se sem  prestar muita atenção, sendo guiada pelas fileiras cheia de livros, virando aqui e ali entre os corredores. Quando deu por si estava na seção de mitologia, ao lado havia ficção e magia, ponderou. Passou os olhos pelos livros que mostravam-se ser de bruxaria e esoterismo, porém não sabia realmente o que procurar e nem se aquilo ajudaria a resolver seus questionamentos, pensou em Sesshoumaru, com toda a certeza ele saberia o que falar e consequentemente teria livros que poderia lhe indicar, afinal tudo aquilo que estava nas estantes não passavam de especulações, não teria nada real e concreto pelo que Rin estaria passando... Resolveu deixar pra lá.

Seção de história. Andou de um lado ao outro do extenso corredor procurando algo que lhe agrada-se. Um livro de capa dourada chamou sua atenção esticou um dos braços para pega-lo, estando no suporte mais acima pôs-se nas pontas dos pés e quando o puxou desequilibrou-se se chocando com alguém atrás de si, fazendo com que o livro que estava na sua mão caísse assim como o da pessoa com quem havia colidido.

— Perdão. – Pediu imediatamente, curvando-se para quem quer que fosse.

— Tudo bem. - Informou a pessoa, fazendo com que Rin a olhasse e se deparasse com uma menina de uniforme do colegial. – Aqui. – Entregou o livro. Ela tinha belíssimos olhos cor de safira e os cabelos negros estavam soltos.

— Oh, obrigada. – Pegou-o.

— Essas prateleiras são muito altas às vezes né. – Riu-se a desconhecida.

— Sim, são. – Concordou olhando de volta de onde tinha tirado seu livro.

— Aliás, este livro é muito bom. É um belo romance. – Comentou a garota observando a capa em suas mãos.

— Já o leu? – Perguntou vendo-a anuir. – Então vou leva-lo! – As duas sorriram, Rin se despediu e se afastou para reencontrar as amigas.

A garota fixou os olhos na figura menor que já estava a vários passos a sua frente.

— Ka-go-me! – Alguém se aproximou fazendo-a desviar o olhar, logo sentiu o peso sobre seus ombros. – O que estava fazendo ai parada? Hm é este que vai levar?

— Sim, é sim. – Concordou averiguando o livro. – Ei, Sango sentiu algo diferente por aqui?

— Não. – Ela olhou ao redor e negou com a cabeça. – Por quê?

— Não... Nada. Bom, vamos? – Tendo o consentimento da amiga, seguiram para fora dali.

Elas haviam voltado mais cedo do que o esperado para alivio de certa morena ansiosa que logo despistou as amigas e sumiu apressadamente pelo caminho que já havia memorizado e adentrou as matas que tanto conhecia. Naquele dia ela não estava com a típica vestimenta do orfanato, sem cor e sem graça e no lugar da mochila carregava uma bolça pequena. Naquele dia não estudar pretendia e sim conversar com o belo homem de cabelos prateados.

O coração estava agitado no peito, e ela se perguntava se ele a estaria esperando. De algum modo tinha esperanças que sim, o porquê ela não entendia bem.

As pernas já estavam doendo de tanto que corria e desviava de arbustos entre outras coisas pelo caminho, em determinado ponto avistou um vulto vermelho pelas arvores, porém este não a notou e pelo que via estava indo na mesma direção e em poucos minutos já havia sumido de seu campo de visão. Os seres estavam por todas as partes e falavam com ela, murmuravam coisas que ela não entendia, mas sentia que era bom, sentia que a estavam recebendo de volta, depois de muitos dias sem ir até aquele lugar.

Parou em frente à porta de madeira e vidro, esbaforida. Enfim havia chegado. Assim que colocou ambos os pés no local os olhos involuntariamente levaram-na a olhar ao lugar perto da janela e naquele dia ele estava lá e ele já a olhava. E no mesmo instante ela soube que ele esperava por ela.

Fechando o livro em suas mãos ele levantou e caminhou em sua direção parando a três passos de distancia. Sorriu e ele apenas a observou, porém inclinou a cabeça para o lado, como uma saudação em retribuição ao sorriso da menina. Abrindo passagem para que a morena adentrasse o local que em tão pouco tempo se tornara tão habitual.

Kagura encontrava-se sentada sobre a bancada do caixa e sorriu ao vê-la, Kana passou pelas portas vai e vem que davam para a cozinha como um furacão indo em direção a Rin, já a puxando para o canto de leitura na janela não conseguindo conter o impulso de questionar o porquê de ter ficado tanto tempo – apenas aqueles curtos três dias – sem visitar o café. Rin sorriu de todo os seus questionamentos e de final respondeu devidamente a menina que parecia um tanto encabulada pelo seu sumiço.

Pela janela oposta de onde estavam viu um homem pular a janela, ele estava com a cara fechada aparentemente irritado com alguma coisa quando este virou o rosto pode ver a semelhança com o homem ao seu lado, ele tinha as mesmas características de Sesshoumaru, tirando a parte em que ele estava com as madeixas completamente soltas a coloração igualmente prateada, porém ainda mais revoltas e assim como os olhos ambares, porém os do desconhecido eram mais cheios de vida e de expressão. O novo integrante a olhou e estancou no mesmo lugar.

— Então é verdade que ela apareceu. – Disse simplesmente.

— Os modos. – Informou Kana.

Tsch. – Sibilou. – InuYasha.

— Rin.

Rin? Que nome fácil de lembrar. – Comentou com ar cômico. – Hã?! Qual o problema?! – Questionou a garota que até então estava sentada e no momento seguinte estava a olha-lo a quase um palmo de distancia, com olhos brilhantes e curiosos. Sesshoumaru apenas observava.

— Porque você tem orelhas de cachorro? – Murmurou encantada. A cada passo que ela dava InuYahsa dava dois para trás até bater em uma mesa, impedindo-o de andar e dando total liberdade para que Rin erguesse as mãos e tocassem as brancas e felpudas orelhas de cachorro.

Kagura olhou completamente pasma para aquela situação, rindo livremente em cima do balcão, Kana colocou as mãos na boca escondendo o riso, Sesshoumaru por outro lado mantinha o olhar clinico sobre toda a situação sem demostrar quaisquer emoções.

— Ora! – Exclamou InuYasha surpreendido retirando as mãos da humana de suas orelhas. – Deixe as minhas orelhas em paz, ok?

Rin apenas assentiu risonha enquanto ainda era segurada por ele.

— O que você veio fazer aqui? – Questionou Sesshoumaru, imparcial.

— O que será não é? Colher morangos é que não foi. – Retrucou, enfim soltando a menina. – A mesma coisa que o lobo fedido. – Soltou assim que farejou o rastro conhecido.

— Eu ouvi isso cara de cachorro! – Rin virou-se ao som da voz que adentrava o local, vendo um moreno alto com cabelos presos em um rabo de cavalo alto passar pela porta, ele fitou Rin com os olhos azuis mais claros que ela considerou ter visto na vida e logo os desviou. – Ainda temos que verificar o resto da área leste, então para de moleza. – Disse ele para enfezar o outro, aproveitou e pegou um biscoito de uma das mesas perto de si. – Anda. – E com a mesma velocidade que entrou no café ele saiu, agora com o mais novo conhecido por Rin atrás de si.

Sesshoumaru pediu licença passando pela porta da cozinha sumindo das vistas das três. Kagura sentou-se próxima a elas e Rin antes com o semblante alegre agora se encontrava um pouco abatido o que não passou despercebido entre as duas que ainda estavam no local.

— Hoje o dia esta parado. – Comentou Kana, apenas para desviar o foco do abalo palpável que se instalou no local.

— Sim, é verdade. – Rin concordou olhando em volta, realmente não havia ninguém ali naquela tarde. – Bom, aquele InuYasha. Ele é irmão do Sesshoumaru, né? – Perguntou curiosa, Kagura riu.

— Uhum. – Murmurou Kana.

— Meio-irmão. – Acrescentou a mais velha.

— Meio? – Ela piscou algumas vezes. Talvez por isso tenha orelhas, pensou. Mas por quê?!

— Rin, antes que você faça mais alguma pergunta, ele fara questão de respondê-las. – Informou ela, decifrando suas próximas palavras. A menina apenas concordou.

Gostaria de fazer-lhes mais perguntas, porém Sesshoumaru adentrou o local novamente, os olhos fixaram em Rin fazendo-a parar de respirar pela intensidade com que a olhou, desviou os olhos dos dele sem saber o que fazer.

— Poderia me acompanhar? – Convidou e no mesmo instante a morena que estava sentada se pôs de pé.

— Sim.

— Por aqui. – Ele apontou para a porta da cozinha e o seguiu.

Ela fez questão de olhar todos os lados, como imaginava era uma cozinha industrial grande e espaçosa que levava para a porta dos fundos que quando teve a visão completa do lado de fora, antes desconhecida, Rin perdeu o folego de tão belo que era. Nunca imaginara que teria um lugar tão bem podado e cuidado na parte de trás daquele café encantado.

Havia vários arcos que faziam um caminho formando um túnel totalmente florido, a morena correu passando a frente de Sesshoumaru encantada com tamanha beleza. Por outro lado ele apenas observava Rin exteriorizar toda a sua inocência diante daquela situação. Como poderia algo tão gracioso como aquele pequeno ser humano a sua frente ser abrigo de tanto poder? De fato sempre teria coisas não compreendidas no mundo.

— Senhor Sesshoumaru... – O próprio atentou-se ainda mais a garota ouvindo seu nome ser pronunciado de forma tão calma e simples.

— Sim? – Colocou-se mais perto.

— O que tudo isso significa? – Ela perguntou, sem olha-lo. Observando qualquer outro ponto daquele vasto jardim colorido.

— A perguntas que ficaram sempre sem respostas, Rin. – Informou, vendo-a assentir. – Porém, há uma pergunta que não lhe respondi em nosso encontro anterior. – Pontuou fazendo com que a menina o olhasse.

O que você é?— Repetiu as mesmas palavras feitas naquele dia. Sesshoumaru anuiu.

— Nossa raça denominasse Youkai.— Esclareceu primeiramente. – Pode ser considerado como um monstro, espirito ou demônio. – Disse enquanto retirava uma belíssima rosa vermelha escarlate do alto do segmento onde estava encrustada e ofereceu a garota que sorriu agradecida. – Geralmente sempre temos um poder sobrenatural. Nascemos com ele ou adquirimos com o tempo. – Os dois caminhavam lado a lado, Rin rodava a rosa nas mãos enquanto observava-o. – Também existem as fadas, como a Kana. Ninfas, estas você terá oportunidade de conhecer mais tarde.

— A Kagura! – Exclamou cortando-o. – Ela também é uma Youkai, certo? – Ele assentiu. – Hm. InuYasha?!

— InuYasha é um Hanyou. – Respondeu a contragosto, contudo se controlou. – Foi uma união entre uma humana e um Youkai.

— No caso o seu pai. – Ela respondeu para si mesma, parecia pensativa.

— Sim. – Observou-a, agora ela olhava cuidadosamente a flor em suas mãos. – Sua mãe morreu há muito tempo. – Acrescentou.

— E o seu pai? – Ela o fitou.

— Morreu por ela. – Os olhares chocaram-se por um momento, e apenas naquele momento ele notou que havia um risco no rosto humano. A mão de Sesshoumaru ergue-se até o queixo de Rin, por instinto a trazendo para mais perto no intuito de usar sua língua para cortar qualquer efeito que fizesse o machucado voltar a sangrar, seu rosto ficando a centímetros do seu e como se acordasse de um transe hesitou, afastando-se dela minimamente a mão ainda em contado com a pele calorosa o polegar acariciou a ferida. – Onde fez isso?

— Fui atacada. – Respondeu como se estivesse hipnotizada. – Ontem se não me engano. – Ela piscou algumas vezes. Estando ali tão perto conseguia ver detalhadamente as ires âmbares e as cores pigmentadas em pequenas partículas.

— Hm. – Afastou-se finalmente, endireitando-se. – As células do seu corpo estão cuidando para que a pele se cicatrize com perfeição. – Disse simplesmente afastando-se pouco a pouco.

Após atravessarem aquele arco aparentemente infinito Rin deparou-se com um campo aberto, uma mesa com dois lugares e xícaras de café com algumas coisas para comer. Ela sorriu indo em direção à linda mesinha branca com alguns detalhes em verde e vermelho.

— Suponho que esteja com fome. – Presumiu.

— Sim, estou. – Disse sentando-se, Sesshoumaru fazendo o mesmo ficando a sua frente.

— Priiif. — Algo assoviou em seu ouvido fazendo-a com que se assustasse. Era um bichinho de rosto amigável que havia se enrolado em seu pescoço, uma salamandra. A garota riu quando este esfregou seu rosto no dela.

— Seres mais fracos que existem apenas por existir, como eles. – Apontou. – Não resistem à aura que emana de você, por isso é tão normal que fadas e pequenas criaturas fiquem tão apegadas.

— E porque alguns querem se alimentar de mim?

— A maioria dos demônios alimenta-se da alma humana, porém você não é somente uma humana qualquer, você nasceu com uma aptidão para magia que os atrai, sendo assim, sua carne lhes dariam força e vantagens... – Ponderou, não querendo falar algo que a assustasse. – O seu poder é muito requerido e por isso tem que ser protegido. – Advertiu.

— Muito dos Youkais que “conheci”. – Ela fez aspas com as mãos. – Salvaram a minha vida. Por quê?

— Porque entendem que você deve ser protegida e que não deve ser usada para benefício próprio. – Esclareceu.

Alguns minutos se passaram sem que nenhum dos dois falasse qualquer coisa, para Rin aquilo havia sito uma tortura já que era habituada a falar pelos cotovelos. Sesshoumaru não se importava muito com o silencio, e usava de tal para observar a menina a sua frente que tomava um demorado gole de café. Observou o jeito que os cabelos negros caiam ondulados pela sua silhueta e como a franja ficava sobre as sobrancelhas grossas e bem feitas, com os olhos fechados pode perceber como seus cílios eram grandes e cheios. A pele naturalmente bronzeada, as maçãs do rosto robustas e rosadas, mãos finas e delicadas que depositaram com cuidado a xícara de porcelana sobre o pires, com os olhos já abertos ele viu a coloração achocolatada e o brilho profundo que haviam neles e notou sua timidez sobre o olhar atento de Seshsoumaru, botando uma mecha de cabelo por detrás da orelha.

— Devo leva-la embora. – Instruiu.

— Oh, - Ela olhou em volta o dia já dava sinais de ir embora e notando só naquele momento que estava mais frio do que pela manhã. – não tem problema, posso ir sozinha.

— Sabe que este horário é o mais propicio para que lhe ataquem. – Ele não parecia ter feito uma pergunta e sim ter afirmado a sentença.

Rin assentiu um pouco constrangida.

— Já ouviu falar sobre o Crepúsculo?

— Chamado também de hora mágica. – Sorriu, gostava daquele termo mais fantasioso.

— Exatamente. – Continuou, agora seguindo de volta para o café com Rin ao seu lado. – Não é apenas uma alusão, Rin. É nesta hora em que demônios e espíritos saem à caça. – Informou. E de alguma forma a menina sentiu o tempo mudando mais drasticamente de uma hora para a outra. O vento chicoteou seus cabelos, assim como os brancos do homem ao seu lado. Poderia ser impressão, mas a atmosfera do local havia mudado.

Seguiram por outro caminho que não precisassem cruzar com o café diretamente já que não seria necessário – pelo menos aos olhos de Sesshoumaru visto que Rin até gostaria de se despedir dos outros. A mata era escura, nenhuma claridade o cercava, não havia nem poste com iluminação por ali, talvez por acharem que não era um local habitado por pessoas, o que realmente não era.

Rin sentiu um calafrio percorrer toda a extensão de suas costas chegando até a sua nuca e virou-se rapidamente. Como se pudesse sentir que algo a espionava. Sesshoumaru aproximou-se mais dela colocando uma mão sobre seu ombro, mantendo-a perto. Sabia que nenhum seria tolo o suficiente para ataca-la ali, não com ele estando ao seu lado.

— Tem mais uma coisa que preciso falar para você. – Começou calmamente, retirando a atenção da menina de outras amenidades. – Disse que iria ajuda-la em relação aos seus poderes. E é o que pretendo, porém preciso que se mantenha ao meu lado. – Rin apenas o observou sem entender o que aquelas palavras realmente significavam

— O que quer dizer? – As sobrancelhas unindo-se em questionamento.

— Quero que venha comigo.

— Morar com você? – A pergunta quase sendo gritada. Em seguida um flash de Ayame e suas amigas passaram por sua mente o coração logo se apertou.

— Sim.

— Iria me adotar? – Dessa vez foi à hora de Sesshumaru olha-la em questionamento. – Eu moro num orfanato... – Acrescentou, e compreensão atingiu-o no mesmo momento.

— Não será problema. – Disse simplesmente.

— O que irá fazer?

— Posso facilmente manipular as memorias daqueles que conviveram com você por todo este tempo, seria como se para eles você nunca houvesse existido.

Rin intrigou-se com a maneira calma e monótona com que ele proferiu tais palavras. Não era tão fácil assim! Teriam suas lembranças. Teria a grande possibilidade de um dia esbarrar com Ayame e esta nunca lembrar-se dos momentos que viveram juntas e eram muitos. Não poderia largar de mão aqueles sentimentos e toda uma vida que construiu com elas. Era doloroso de mais. De maneira nenhuma ela queria aquilo.

— Não posso fazer isso... Seria doloroso de mais.

— Posso fazer com você o que irei fazer com eles. – Rin espantou-se se afastando no mesmo momento. Sesshoumaru parou no lugar, observando-a.

— Não. – Ela negou. – Essas memorias são muito valiosas. Eu não poderia simplesmente esquece-las. Seria triste de saber que vivi uma vida toda ao lado delas e de repente esquece-las.

— Você nunca iria saber. – Afirmou. Ela riu. E ele não compreendeu.

Talvez para ele que fosse uma criatura que aparentava não ter vínculos, poria ser fácil. Mas para ela, uma humana movida a sentimentos que quase poderiam tomar forma, não era a mesma coisa e nunca seria. E isso para a mente do Youkai, era confuso de mais.

— Podemos fazer do seu jeito também. – Propôs e ela concordou na mesma hora.

Caminharam em silencio por pelo menos vinte minutos até se encontrarem na propriedade do orfanato, havia apenas algumas luzes acessas pelo edifício e provavelmente todos já teriam jantado o que fez Rin prever a bronca que ela levaria por aquele descuido. Parecendo ler seus pensamentos o Youkai apertou seu ombro chamando-lhe a atenção.

— Lançarei um feitiço sobre este lugar até que você chegue ao quarto e se arrume. – Avisou. – Seja breve. Eu venho busca-la amanhã. – Lembrou já se afastando.

— Estarei esperando. – Falou alegremente. – Obrigada... – Sussurrou vendo a figura comprida e imponente de Sesshoumaru sumir nas sombras da floresta.

Correu não querendo perder tempo e apressou-se pelas escadas alcançando seu quarto, entrou não reparando no que suas amigas faziam, mas percebeu que ninguém notou sua presença até que ela saísse do banheiro de pijama e com a toalha no cabelo, elas a saudaram com sorrisos no rosto e comentaram sobre o dia que tiveram, Rin envolveu-se facilmente na conversa, porém seu coração apertava-se em seu peito. Ela iria deixa-las, um dia acreditava que todas iriam para um lugar e se veriam esporadicamente, só que até aquele momento ela nunca tinha pensado no peso que isso lhe causaria. Será que falar para elas era melhor? Ou aproveitar o momento até que ele voltasse?! Rin não sabia o que fazer a vontade de chorar a assolava de uma maneira horrível. Suspirou prendendo a respiração por um tempo, se queria manter a sua ida em segredo não poderia começar a chorar ali, sabia que o trio não cansaria até descobrir o que a afligia daquela maneira.

Quando todas resolveram dormir o silencio a perturbou novamente naquele dia, fazendo com que seus pensamentos ficassem turbulentos a retirando da cama, sorrateiramente. Saiu do quarto e foi para a área ao ar livre sentando-se em um banquinho. Estava frio naquele inicio de madrugada, porem naquele momento não se importou. Ficou parada apenas olhando em volta, vendo a silhuetas das arvores banhadas pelo brilho da lua. E um suspiro pesado saiu de seus pulmões. A lufada de ar ficando esbranquiçada pelo contato com o ar frio encolheu-se um pouco. Esfregou as mãos pelos braços, agora o ar gélido fazendo efeito em seu corpo frágil.

Sentiu-se ser coberta por algo pesado e surpreendeu-se quando viu aquela cabeleira ruiva e olhos verdes ao seu lado, também em baixo da manta. Ela nada disse apenas observando a paisagem quase congelada. Ayame era sua melhor amiga. A amiga mais próxima que teve em toda a sua vida, a primeira pessoa a falar consigo quando entrou naquele lugar, não se importando com suas estranhezas e sempre cuidado de si quando precisava. Sabia que a ruiva esperaria o momento certo para vir questiona-la e sabia que o faria naquele momento quando se remexeu ao seu lado e respirou como se para tomar forçar.

— Você só vem aqui nessas horas quando algo a está incomodando. – Começou ela, um tom nostálgico na voz.

— É verdade. – Assentiu. Ambas olhavam para frente.

— O que esta acontecendo? – Perguntou a ruiva, e Rin sabia que ela referia-se a tudo, dês de aquele momento as cosias estranhas que ela havia feito ultimamente. A morena suspirou.

— Eu vou embora Aya. – Declarou. Pelo canto dos olhos pode ver a amiga arregalar os olhos e a postura enrijecer.

— Quando?

— Amanhã. – Ayame abaixou a cabeça, as mãos fechadas sobre as pernas. – Eu-

Rin foi impedida de continuar pelo abraço que recebera da melhor amiga, era terno, era amável e doloroso ao mesmo tempo. A morena respirou fundo e a retribuiu ficando assim por um tempo até Ayame quebrar o silencio.

— Eu estou muito feliz por você. – Disse com sinceridade, os olhos fechados segurando as lagrimas que já ameaçavam a querer desabar. – Nós sabíamos que esse dia iria chegar. – Afastou-se de vagar, ainda mantendo certa proximidade contato.

— Eu espero que a vez de vocês não demore muito. – As duas riram, estando ali desde os dez anos, o tempo já havia passado de mais para que alguém realmente as quisesse, ficando mais difícil de achar um lar, já que adolescente eram sinônimo de problema para os adultos.

— Prometa me escrever. E que não ira se esquecer de mim. – Ela pediu, agora as lagrimas corriam livremente pelas suas bochechas.

— Aya... – Rin fraquejou. – Eu nunca irei esquecer-me de você e isso é uma promessa. – Ela pegou sua mão entrelaçando o mindinho das duas.

— Uma promessa de dedinho nunca pode ser quebrada, você sabe disso não é? – Rin anuiu, um sorriso triste despontando em seu rosto fazendo companhia aos olhos cheios de lagrimas. – Não quero ter o problema de ter que cortar o seu dedinho. – Ambas gargalharam inundando aquela noite escura com um pouco de alegria em meio à tristeza que sentiam.


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Notas finais do capítulo

HEY! Leiam aqui hauahu

Acabei de receber o meu pc, arrumadinho, bonitinho, cheirosinho ksks e pretendo continuar está estória, pois és o meu xodó. Já tava com saudade e quase enlouquecendo por não poder posta-la.

Me desculpem os erros, mas esse capítulo já tinha sido escrito a muito tempo, eu até revisei, sério, porém eu tava ansiosa de mais pra compartilha-lo com vocês.



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