Sonhos de Grãos de Areia escrita por LaviniaCrist


Capítulo 21
Cortês


Notas iniciais do capítulo

VOLTEI! Kkks.
Desculpem o sumiço, não achei que esse semestre iria ter tantas coisas para fazer.
Essa fanfic eu parei um pouco antes das outras por um problema que eu mesma criei: tentava achar uma música clássica para combinar com cada um dos capítulos. O problema é que eu ficava horas ouvindo músicas e mais músicas (não que eu não adore) e, no fim, escolher apenas uma para cada capítulo era impossível. Decidi, então, tirar as músicas (eu não acredito que alguém realmente lia os capítulos ouvindo elas...).
Em breve vou estar mudando as notas de todos os capítulos e fazendo as correções no texto! >3



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Desde a luta contra Naruto, Gaara se comportava absurdamente diferente: não tinha mais sua sede por sangue, não falava coisas aterrorizantes e começou a tentar criar laços de afinidade com as pessoas, por mais difícil que fosse. Aquela luta havia o mudado drasticamente.

As mudanças, no entanto, ficaram apenas no interior. Por fora, Gaara continuava o mesmo ruivo sem graça e emburrado de sempre, ao menos era assim que Kankuro descrevia o irmão.

Mudanças são tão importantes por fora quanto por dentro, jaan!

A cor das roupas, talvez? Não...

Uma pintura no rosto, quem sabe? Nada iria combinar com aquelas manchas em volta dos olhos sem parecer exagerado...

A cabaça? Isso, a cabaça poderia sair de cena! Gaara jamais iria aceitar.

Então, como uma última tentativa de gastar seu tempo pensando em como deixar o irmão mais apresentável como um novo Gaara, Kankuro teve uma ótima ideia:

— Vamos mudar o seu cabelo, jaan! — O rapaz falava animado, armado de uma tesoura em uma mão e uma escova no outro.

— Por quê?

— Porque ele não combina mais com você... Ele era do antigo Gaara, não do novo.

— Isso soa superficial!

Apesar de ser uma crítica sobre o modo que o irmão pensava, Gaara não teve o efeito que queria. O comentário apenas abriu brechas novas para que Kankuro o convencesse.

— E você não quer parecer mais cortês? — O mais velho sorriu de canto.

— Cortês?

— Claro! Precisamos aparentar nossa posição, você com esse cabelo emaranhado ainda se parece com o Gaara de antes, sabe?

— Mas meu cabelo é exatamente como seu... — agora tudo soava com muito mais dúvidas que certezas.

— E eu uso um capuz escondendo ele, não uso?

Aquela foi a cartada final!

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Minutos depois, Gaara já estava sentado em uma cadeira e um tanto inseguro quanto a sua “mudança exterior”, enquanto isso, Kankuro parecia mais uma criança que acabou de ganhar um brinquedo novo. A todo momento, o mais velho mudava a direção dos fios e se decidia sobre o corte que iria fazer.

Quando finalmente posicionou a tesoura e estava pronto para aparar a primeira mecha de cabelo, um pensamento muito importante invadiu a mente de Kankuro:

Como se corta o cabelo de alguém?

A verdade era esta: ele jamais cortou cabelo algum na vida e não fazia a menor ideia de como realizar o processo. Porém, tinha noção de que caso cortasse de qualquer jeito, Gaara não iria gostar NEM UM POUCO.

Depois de alguns minutos tentando disfarçar a inexperiência, Kankuro finalmente pigarreou e cuspiu uma desculpa esfarrapada para ter mais tempo até decidir o que fazer:

— Preciso de acessórios! — Anunciou, saindo o mais apressado possível daquele lugar e indo atrás dos preciosos enfeites de cabelo que a irmã tinha.

Prendendo pequenos tufos de cabelo, cortando a beirada e penteando, ficaria diferente ao ponto de o caçula realmente achar que ele fez algo incrível. Seria fácil, só precisava de chuchas, grampos e mais qualquer coisa de cabelo que conseguisse no quarto de Temari. O difícil mesmo era pegar tudo sem despertar um excesso de curiosidade...

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Depois de algumas batidas e constatar que Temari não deveria estar no quarto, Kankuro resolveu entrar.

Sorrateiro, foi até a penteadeira e se armou de tudo o que julgou servir para por no cabelo e, quando já estava saindo, estranhou não ser pego em flagrante pela irmã. Até mesmo os mais azarados têm seu dia de sorte, certo?

Sorridente e a salvo de uma possível bronca da mais velha, Kankuro caminhou pelos corredores escondendo todas as coisas que havia pego na aba da camisa, como se fossem joias preciosas ou doces que ele não queria dividir com ninguém.

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Finalmente de volta ao posto de cabelereiro, Kankuro descobriu mais um empecilho: Gaara parecia nunca ter usado um pente na vida!

Os fios finos e avermelhados estavam emaranhados entre si, a qualquer tentativa de usar o pente, resmungos eram ouvidos e Gaara se remexia na cadeira, só dificultando mais ainda as coisas.

— Fica quieto!

— Então para de puxar!

— Tenta tirar os nós dessa coisa que você chama de cabelo então, jaan!

O silencio seguiu nos segundos seguintes, Kankuro imaginava se havia ofendido o irmão ou algo assim, até que finalmente veio a resposta:

— Vou ficar quieto...

Aquela briga que Kankuro estava tendo como cabelereiro deveria ser uma briga diária para Gaara.

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Desembaraçar, separar e prender havia levado tempo o suficiente para Kankuro já se arrepender daquela ideia. Afinal de contas, por que não levou o irmão em um cabelereiro ou coisa do tipo? Por que tinha que se meter a besta e fazer o que não sabe!?

Não dá mais tempo de desistir, jaan...

— Ei, Gaara... Você tem certeza que eu posso cortar o seu cabelo?

— Sim.

— Absoluta?

— Absoluta.

— E realmente confia em mim para cortar o seu cabelo?

— Hun...

— É que, sabe, talvez seja mesmo algo superficial e...

— Eu quero que as pessoas saibam que eu mudei, quero parecer cortês. Você não acha mais que só cortar o cabelo vai resolver?

— Não é bem isso...

Vendo que não tinha mais argumentos, Kankuro respirou fundo e decidiu terminar o que havia começado.

 

Não sei nem como estou tão nervoso com isso, é só cabelo!

A tesoura cortou suavemente uma mecha.

 

Cabelo é cabelo e apenas cabelo!

Novamente, a tesoura cortou uma mecha.

 

E se der errado...

Mais uma e mais uma.

 

Cresce de novo!

Por fim, um corte em bem mais comprimento que deveria.

 

Essa não!

Nervoso, o rapaz se afastou e esfregou os olhos para ter certeza do que tinha acabado de fazer. Bem no meio da cabeça, agora, estava com uma boa parte faltando bem mais cabelo do que deveria.

Iriam notar.

Era fácil de notar aquela zona “careca” no meio da cabeleira ruiva.

Gaara iria notar com certeza!

 

GAARA VAI ME MATAR, JAAN!

Como aquilo foi acontecer já não importava mais. O foco total de Kankuro estava sendo utilizado para pensar em uma maneira de esconder aquilo. Talvez, se ele colocasse as mechas cortadas no lugar...

Ele vai achar estranho eu querer colocar o cabelo de volta!

Talvez, se ele cortasse tudo tão curto quanto...

Além de sem sobrancelhas, ele ainda vai ficar sem cabelo!

Segurando as risadas só de imaginar o visual com que o irmão ficaria, Kankuro pensou em uma ótima solução:

Vou pentear o cabelo por cima, ninguém vai notar, jaan!

.

.

.

Momentos de tensão seguiram e, depois de manusear os fios vermelhos como se estivesse fazendo uma “reconstrução capilar” no irmão, Kankuro finalmente havia terminado. Não dava para notar absolutamente nada, tudo estava igual a sempre.

Só faltava colocar as presilhas de Temari no lugar e poderia jurar de pés juntos que aquele dia jamais aconteceu em sua vida, porém, toda a sorte de um azarado dura pouco. Antes mesmo de poder impedir de algum jeito, a irmã já estava entrando naquele cômodo com uma expressão irritada e pronta para começar uma briga.

— Kankuro! Por que você... — quando a loira já estava de frente para os irmãos, ela notou uma de suas presilhas presa ainda no cabelo de Gaara e desfez todo o mau humor para dar lugar à duvidas — Por que está usando isso? — Ela apontou.

— Eu esqueci de tirar, jaan. — Com um sorriso amarelo, Kankuro cuidou de tirar a presilha e entregar logo todas de uma vez para ela — Prontinho, Gaara.

— Pronto o que? — Novamente, a irmã perguntou em dúvida.

— Estou mais cortês. — O ruivo respondeu.

— Entendi...

Na verdade, Temari não fazia a menor ideia sobre o que o irmão estaria falando, mas já estava feliz por ele ao menos responder as perguntas e parecer de bom humor. Em um ato um tanto equivocado, ela bagunçou a cabeleira vermelha e sorriu ao notar que o irmão não ficou zangado.

— E você, Kankuro. O que estava fazendo? — Agora, um tanto áspera, ela perguntava ao outro irmão enquanto se aproximava mais dele.

Por pouco, ela não notou a grande falha no meio dos fios vermelhos.

— Nada! Não fiz nada e nem vou fazer nada! — Desesperado, Kankuro enfiou o capuz em Gaara antes que qualquer erro fosse notado — Pode usar o tempo que precisar, irmãozinho! — Nervoso e apressado, ele saiu em disparada e foi se esconder no meio das marionetes em seu quarto.

.

.

.

Horas se passaram e em algum momento, Kankuro finalmente despertou daquele sonho estranho que havia começado tão bem e terminou com ele amedrontado. Os raios de sol brilhavam, tudo estava no seu lugar e ele, feliz, se preparava para mais uma de suas missões acompanhado pelos irmãos.

Quando já estava no corredor, pôde notar um certo ruivo olhando-o e parecendo ter dificuldades em puxar algum assunto. Para Kankuro, era sempre divertido ver o jeito embaraçado com que Gaara tentava lidar com situações novas.

— Bom dia, Gaara — o mais velho sorriu.

— Bom dia.

Desviando o olhar, o caçula tentava pensar em algum jeito de continuar aquele curto dialogo. Ele encarava o chão, as paredes, o teto, qualquer coisa que conseguisse faze-lo ter alguma ideia do jogo de palavras que poderia utilizar para soar amigável.

— Ei, Gaara... — novamente, Kankuro retomou a conversa — Estive pensando... — ele encarou os cabelos do irmão com atenção, tendo a certeza absoluta que tudo não havia passado de um sonho.

— Hun?

— Você parece mais cortês agora, jaan! — Kankuro sorriu.

— Obrigado.

Era quase possível notar um pequeno sorriso nas feições de Gaara.

Talvez a mudança exterior que ele precisava era apenas uma questão de gestos e não de um corte de cabelo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!



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