Capuz Vermelho - 2ª Temporada escrita por L R Rodrigues


Capítulo 20
Avante, Legião! (Parte 2)


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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O estampido fez todo o recinto imergir em um silêncio arrepiante.

Se dissipou em uma fração de segundo... mas para Mollock, cabisbaixo e mergulhado em seu mundo particular, era como se o mundo e o tempo à sua volta estivessem lentos em relação à velocidade estonteante de seus pensamentos sombrios. "Inaceitável!", pensou, repetindo para si mesmo a única definição cabível para uma desilusão como aquela. Seus punhos cerrados tremiam, as veias em relevo com um sangue fervente como lava de um vulcão prestes a entrar em erupção.

O cano da pistola de Hector soltava uma fumaça lenta e transparente. O olhar do caçador fitava friamente um corpo jazido dormente no chão... cujo braço esquerdo apertava uma ferida grave no direito, pressionando para estancar a hemorragia.

— Já que concordou com minha decisão em matar Mollock... - disse Hector, sem alterar a expressão dura. - ... terá de me dar a arma, se quiser que acabemos com isso por definitivo.

Robert Loub gemia dolorosamente, rangendo os dentes e olhando inconformado para seu agressor.

— Acabar... assim!? - esbravejou ele. - Por um momento eu achei que fosse me matar!

— Era exatamente isso que eu faria, mas dúvidas acabaram de me ocorrer... elas prorrogaram sua sentença. - disse o caçador, sem desviar a mira.

— Hector, me escute, por favor. Você tem que me ouvir com o máximo de atenção! - pedia ele, desesperadamente, se rastejando para trás com os cotovelos apesar da dor lancinante no braço direito. - Eu iria entregar a prova à você se me deixasse atirar em Mollock. Se tivesse herdado a sensatez de seu pai, teria me dado a chance... Assim escaparíamos deste museu e seguiríamos nossos caminhos.

— Deixa eu adivinhar: Você seguiria seu caminho reassumindo o controle sobre o exército de quimeras, para depois, por meios ilegais, falsificar sua identidade fazendo-se passar por outra pessoa a fim de se ver livre da polícia. Robert Loub não existiria mais e caso os sequestros e experiências voltassem a acontecer, uma outra pessoa, que nem ao menos existe, levaria a culpa, com a polícia tendo em mente que você desapareceu do mapa ou estaria morto. - disse Hector, fuzilando-o com o olhar.

Loub franziu as sobrancelhas, com ar irônico.

— Pelo visto, o DNA paranoico de John também foi partilhado com você.

— Não me faça atirar outra vez! - ameaçou o caçador, aproximando a arma. - Há mais duas balas aqui. Uma para disparar em qualquer outra parte do seu corpo e outra para mata-lo de uma só vez. Agora quero que me responda algumas questões. Mollock havia me dito que exigiu de Eleonor uma magia de teleporte... para o lugar onde ele deve tornar-se deus! Obviamente, para mim, são as Ruínas Cinzas. - fez uma pausa, olhando de relance para o rei, estranhamente deprimido no centro da sala. - Se Mollock tem este desejo, significa, indubitavelmente, que ele obteve acesso a uma cópia da Bíblia de Abamanu... mas, claro, uma cópia do exemplar traduzido.

Ao ouvir a última frase, Loub sentiu calafrios contínuos. "Já era de se esperar. Afinal, ele é o pupilo de Abamanu. Como iniciei o decorrer da profecia... Oh, não, ainda devo muitas explicações!".

— Escute, Hector... - ele se esforçava para falar em um tom menos rouco. - Na época em que eu e Ethan éramos infiltrados no grupo de estudiosos da conspiração... nós, de fato, obtivemos acesso às traduções feitas pelo célebre líder das reuniões... - fez uma pausa, tentando lembrar-se do nome do sujeito - Ele se chamava Gustaff Brienord. Nos revelou ser um mago do tempo...

As três palavras fizeram Hector ficar em alerta máximo. "Ele disse mago do tempo!?", pensou, embasbacado. "Adam me disse que a pessoa com quem estavam aliados era um mago do tempo!".

— Já explico: Tudo o que ele nos revelou sobre sua alcunha foi em relação à habilidade que os membros desta irmandade tem com a língua dos deuses. - disse Loub, suportando a dor da ferida cada vez mais aberta. - Quando eles nos apresentou a verdadeira Bíblia de Abamanu, nos deparamos com um idioma difícil de ser lido, praticamente indecifrável. Gustaff traduziu, todas aquelas páginas, do dia para noite, sem nenhuma dificuldade. Foi então que ele nos revelou o que era. Pouco tempo depois, Ethan e eu roubamos as traduções feitas por Gustaff e nos desvencilhamos do grupo, depois incorporamos elas no nosso livro. Eu apenas copiei o início da profecia, por isso, tempos depois, fui declarado como precursor da mesma, e isto já na época em que Richard Campbell, o herege, morreu e assim a fraternidade desfez suas atividades, mas com a esperança de que a profecia se cumprisse o mais breve possível.

— Ótimo. - disse Hector, satisfazendo-se com as informações. - Mas ainda resta explicar como as cópias chegaram até aqui.

— Gustaff fizera um pacto com o diretor deste museu. - contou Loub, ofegando. - Ele escreveu uma cópia do exemplar original e a ofertou para o museu... quando ele havia vencido o leilão organizado pelo diretor com um lance bilionário. Correu um rumor entre nós, da fraternidade, de que o ex-diretor deste museu era um mago do tempo e por isso, não só aceitou a oferta, como também havia combinado a vitória de Gustaff no leilão. Nada foi confirmado, mas há a suspeita. Além disso, ofereceu também a cópia traduzida, todos os quatro exemplares existentes possuem a mesma capa.

"O original se encontra com o tal Charlie, como herança do pai.", pensou Hector, ligando os fatos. "O livro traduzido pelos Red Wolfs está em poder da Legião. As cópias do original e da traduzida se encontram neste museu... e Mollock, obviamente, leu a cópia traduzida.", fitou o pupilo de Abamanu discretamente, cravando seu olhar frio no rei caído em depressão.

Tornou a se aproximar de Loub um pouco mais, vendo que ele tentava se afastar a todo momento. Seu olhar interrogativo mesclando uma tonalidade gélida e melancolicamente denotando uma alma perturbada faziam Loub sentir-se um animal sob o domínio de seu caçador. "Eu odeio me sentir assim! Ele está completamente cego pela vingança! Ele... Não, não, não! Ele precisa se convencer de que ficarei fora de cena se seguirmos com minha ideia!".

Hector voltou-se para Loub, a arma em riste. Baixou a cabeça deixando os lisos cabelos negros ocultarem seus olhos por alguns instantes. Seu semblante exalava um ar de luto densamente inalterável. Tornou a falar, erguendo um pouco a cabeça.

— Eu perdi muitas pessoas importantes... mortas pelas mãos de monstros... e eu, como protetor nato, não devo deixar que estas mortes fiquem impunes - a mão que segurava a pistola agora estava trêmula. - Loub, infelizmente, você foi um destes monstros. Você já disse quase tudo o que eu precisava saber... mas é o bastante, pelo menos por ora. - fez uma pausa, deixando um suspiro pesado ressoar levemente pelo silêncio temporário. - É através da punição por nossos atos que demonstramos arrependimento. Mas ele não é um modo correto de expiar os pecados. O arrependimento é somente o fator resultante do medo causado pela punição. Você, Loub, sente medo agora. 

— Não... Hector... - Loub o fitava com os olhos arregalados, em desespero completo. - Eu confessei minha inveja pelo seu pai... cometi muitos crimes... mas eu ainda sinto que não perdi minha humanidade... Por mais que agora seja tarde para pedir por clemência, eu, ainda me entendendo como ser humano, posso recomeçar. Não posso trazer seu pai de volta, mas posso abraçar uma segunda chance que só você pode me dar... Eu sou como você... apenas um ser humano! - vociferou, querendo fazer com que sua voz alcançasse o coração petrificado de Hector naquele momento. - E como tal eu tenho direito de consertar minhas falhas. Direito de apagar aquela faceta maléfica. Não pense que estou me rendendo pelo fato de Mollock ainda estar vivo...

— Mollock é a razão para você estar arrependido! Parte dele foi criação sua! - esbravejou o caçador.

— Eu não sabia que a profecia seguiria este caminho, seu tolo! - exclamou Loub, rispidamente. - Aqueles que escreveram suas partes do livro apenas leram aquelas partes! Eu apenas memorizei meu escrito e minha parte do mantra. Agora, diga-me, Hector: O que eu preciso fazer para você se convencer de que eu quero sacrificar esta crença para reparar meus erros e recomeçar minha vida como outra pessoa? - perguntou Loub, o olhos exibindo uma triste carência.

Hector permaneceu a olha-lo com desprezo.

— Eu duvido muito que seria isto que aconteceria se caso matasse Mollock. Ou se vive perigosamente para enfrentar este mundo perigoso ou você se torna perigoso o bastante para torna-lo assim. - disse Hector, o dedo prestes a apertar o gatilho involuntariamente. - Você, Loub, é alguém perigoso e transformou o mundo em um lugar mais árduo de se viver. Recomeçar não vai bloquear as memórias de seus atos, que atormentarão a mim e a você. - deixou sua mão novamente firme. - Não seremos mais atormentados por memórias assustadoras. Vou me livrar deste luto... e vou livra-lo deste fardo.

Mollock, apenas escutando as duras palavras de Hector, ergueu os penetrantes olhos amarelos para o caçador ainda apontando a arma para seu "pai".

Viu um rápido ponto brilhante perpassar pelo ar saindo da arma... seguido de um estouro ensurdecedor.

Relanceou os olhos para a sua direita e viu uma cintilante lágrima cair do rosto de Hector. Voltou-se para a sua esquerda, sem mover a cabeça, e viu sangue se espalhar pelo chão... que vinha da cabeça de Loub... um corpo definitivamente desfalecido e inerte, cuja cabeça, mais precisamente na testa, mostrava um buraco de bala, com finos rastros de sangue sinuosos que passavam pelo rosto.

— Não! - berrou Mollock, aturdido com a cena.

Hector largou a arma como alguém que descarta um papel velho. Agachou-se próximo ao corpo de Loub para pegar o revólver que continha a bala especial.

— Fique longe dele! - gritou Mollock, andando lentamente na direção de Hector. - Se arrependerá de ter feito isso! Seus aliados irão pagar pelo seu ato! Papai se juntaria à mim, estava na cara que ele iria trair você se tentasse me matar!

Hector, tranquilamente, lhe dera as costas, ignorando seu falatório. Mexeu no mecanismo da arma e retirou a bala ao destravar. Jogou o revólver no chão e analisou o projétil de aço inoxidável na palma de sua mão. Virou-a de cabeça para baixo e viu o buraco onde Loub conseguiu colocar as cinzas. Balançara de leve a bala, deixando as cinzas saírem de dentro. Passados poucos segundos, já não havia mais nada dentro. "Apenas isso?", pensou ele, franzindo o rosto.

— Ouça-me, seu verme insolente: Descontar a vingança das mortes de seu pai e de seu amigo nele é algo imperdoável! Se quer vingar-los, enfrente à mim! - sua boca movia-se furiosamente enquanto falava e andava até Hector. - Teve a sua vingança, agora terei a minha! Vou retalhar seu corpo sem deixar nenhum membro intacto! Irei banquetear meus soldados com suas entranhas verminosas!

O caçador mantinha-se alheio às palavras do rei. Segundos depois, com Mollock já a poucos metros de aproximação, Hector virara-se vagarosamente para frente... fechando o punho com o qual segurava as cinzas de vampiro.

— Morra! - disse Mollock, andando mais depressa e erguendo as garras da mão direita.

Em um veloz movimento, Hector jogara o pó negro diretamente em seu alvo planejado: Os olhos de Mollock. Instantaneamente, o rei lançou um grito gutural que reverberou pelo espaço, pondo as duas mãos nos olhos e movendo sua cabeça, loucamente, de um lado para o outro. Intercalava seus gritos de dor com gemidos inquietantes. Cambaleou pela parte parte central da sala, sentindo como se seus olhos tivessem sido incendiados.

— Seu maldito! - vociferava, continuamente.

Assistindo com plena satisfação àquela cena, Hector enveredou para uma saída, sem tirar os olhos de Mollock. Algo ainda precisava ser esclarecido.

— A quantidade das cinzas me levou a pensar se Loub estava mentindo ao querer mata-lo para em seguida me trair ou estava desinformado acerca da medida certa para se matar um licantropo com as cinzas. Agora que o matei, jamais saberei a resposta. - disse, enquanto andava para a segunda porta alternativa da ala. - Segundo relatos mais profundos e arquivados de antigos caçadores, eram necessárias duas ou três balas com estas cinzas, sendo esta a medida perfeita. - fez uma pausa, parando em frente à porta sem se importar com os agudos e contínuos gritos de Mollock - Não se preocupe. Uma vez jogadas nos olhos, seja nos de licantropos ou de humanos, as cinzas de vampiro causam cegueira temporária. Se a mesma medida que fosse ser usada para mata-lo fosse cair em seus olhos, elas teriam um grave efeito nos globos oculares, corroendo-os das veias até à retina. - revelou.

Mollock interrompera os urros... apenas para dar uma escabrosa e ensandecida risada.

— Deve estar sorrindo ao me ver nesta condição, não é!?

— Na verdade... - disse Hector, com um sorriso leve. - ao vê-lo sofrer desta forma e o cadáver de Loub bem diante de mim... sinto que a morte de meu pai foi parcialmente vingada.

— O que quer dizer com "parcialmente"? - perguntou ele, mantendo as mãos nos olhos.

Hector se pôs na soleira da porta após abri-la. Virou o rosto para Mollock.

— Significa que eu e meus amigos encontraremos uma forma de matar você. Mas antes disso, encontrarei Eleonor. Vamos impedi-lo de explodir o museu. - e saiu, fechando rapidamente a porta.

Mollock novamente rira em escárnio. Ajoelhou-se diante de um escudo usado pelo exército Persa na batalha de Termópilas, exposto e mantido preservado em um tampo de vidro junto às outras armas daquela sala.

— Ela está perdida! Nunca irá acha-la! Nos vemos nas Ruínas Cinzas, caçador! Farei questão de enfrentar você e seus aliados se tentarem nos impedir! Grave minhas palavras: Eu me tornarei um deus! Espere minha cegueira passar e vou até meus soldados prepara-los para a viagem!

Enquanto Mollock vomitava esbravejamentos desesperados, Hector já tivera saído da sala há pouco tempo... e estava longe o suficiente para não ouvir nenhuma daquelas palavras de ameaça, correndo à procura de Eleonor.

O relógio de parede da Ala II das armas marcava 18:00.

                                                                                ***

Rosie entrara em seu quarto com o pé direito. Virara-se depressa e deparou-se com a imensa horda de bonecos Repo aproximando-se, erguendo suas espadas a todo vapor. A jovem, por ínfimos segundos, encarou os brilhantes olhos vermelhos das criaturas acentuados pela claridade branca que vinha por trás, invasora e agressiva. Quando um deles estivera prestes a adentar no cômodo, rugindo sem parar, Rosie fechara a porta a toda rapidez. Com um baque, ela se fechou. Rosie encostou-se na porta de madeira polida pintada de branco, suspirando aliviada. Olhou devagar para a maçaneta, esperando temerariamente que um daqueles monstros cinzentos fosse querer invadir. Cerca de vinte segundos passaram-se e nada.

Hesitante, ficou de frente à porta e a abriu de modo lento. Arqueou as sobrancelhas, surpresa.

Sem bonecos Repo ou luz cegante. Somente a parede bege de um corredor sem iluminação. Verificou os dois lados do corredor. Em ambos a escuridão era quase predominante. O início parecia dar na cozinha ou sala de jantar. Já o fim era um beco sem saída, inteiramente escuro. Fitando o começo do corredor, Rosie divisou, com dificuldade, cadeiras e uma mesa coberta por uma toalha branca. Um filme ia sequenciando em velocidade máxima na sua mente...

"Mas o que... O que estou fazendo aqui? Onde está Michael? Hector?", pensou ela, fechando a porta e lembrando-se da noite em que fora assolada por um vendaval de verdades difíceis. "Eu estava me sentindo estranha... estranhamente irritada, do mesmo jeito de quando eu discuti com Hector... Ah, merda, Hector!", fechou a cara ao lembrar-se do caçador. "Ele havia me enganado esse tempo todo! Eu estava no templo dos Red Wolfs! Então como vim parar aqui tão de repente?".

Seus pensamentos foram cortados ao avistar uma doce recordação... aliás, duas delas.

Aproximou-se de sua cômoda, olhando fixamente para os dois objetos. Baixou o capuz e pôs algumas mechas dos cabelos negros e ondulados atrás das orelhas. Sentiu que seus olhos haviam chorado, além de uma extrema fadiga e, sobretudo, fome.

"Porque estou tão cansada?". Pegou um dos objetos delicadamente.

Era uma antiga foto em um porta-retratos mostrando a jovialidade de sua estimada avó. "Vovó.", pensou ela, os olhos enchendo-se de água. "Não faz ideia da loucura que a minha vida se tornou... depois que você atendeu aquele maldito telefone.". Uma lágrima deixou-se cair sobre a fotografia.

"Sinto saudades... Substituiu os meus pais e nunca cogitou me mandar para um orfanato. Eu não teria sido feliz se fizesse isso. Minha única família... foi a senhora.". pôs uma mão na boca, soluçando enquanto as lágrimas caíam. "Sei do seu segredo... e agora percebo que não está aqui... quando irá voltar?". Deixara a foto no seu devido lugar. Tornou a olhar o segundo objeto.

Uma caixinha de música com uma bailarina. Fazia tempos que Rosie houvera tocado aquela caixa pela última vez. Ganhou-a de presente de sua avó, quando fizera dez anos. A recordação encheu sua mente de uma nostalgia pura. A fim de relembrar os bons tempos de sua infância para afastar a atordoante temporada que passara ao lado de Hector, Rosie sentou-se na cama e girou a pequenina manivela cuidadosamente. A bailarina em miniatura começava a rodopiar ao som da leve música. "Ah, essa música... ela me fazia acreditar que, na época, a vida era um paraíso na terra. Depois que li aquela carta, é como se eu tivesse sido banida do céu e fosse condenada a pagar uma penitência no inferno.", pensou ela, com um semblante sério. Deitou-se confortavelmente na cama, colocando a cabeça sobre o travesseiro, segurando a caixinha. "Monstros não existiam pra mim naquela época. Essa música vai me ajudar a afasta-los da minha mente... pelo menos por um tempo."

Enquanto a doce melodia tocava, enchendo o ambiente de calmaria impenetrável, Rosie fitava o teto, deixando-se entorpecer ao som.

Meia hora se passou e a música tinha parado. Em decorrência do cansaço, os dedos de Rosie não conseguiram mais girar a manivela.

Havia adormecido, readaptando-se ao conforto que só a sua casa podia oferecer.

                                                                                  ***

Na cabana em Kéup, o relógio marcava 18:35. Adam e Êmina estavam sentados à pequena mesa da cozinha, iluminados pelo luar através da janela envidraçada. O caçador de braços fortes massageava as têmporas com os grossos dedos, com os olhos fechados. A alquimista, por outro lado, estava entediada e impaciente, roendo as unhas. Esperavam Lester sair do banheiro.

Alexia estava no quarto, provavelmente dormindo. Mas, na verdade, estava diante da penteadeira, passando uma escova macia pelos cabelos ruivos laranjas. Aquele momento de pura calma se fazia mais do que necessário. A vidente olhara para o espelho, divagando em milhões de pensamentos. Não queria acordar Rufus, que estava dormindo muito profundamente na sua cama, inteiramente tomado pelo cobertor. "Rosie, espero que esteja bem.", pensou ela, interrompendo o seu hobby. Relanceou os olhos para a janela do quarto. A lua estava cheia e seu tamanho estava maior do que normalmente se via nesta fase. Para os astrônomos, era um evento raríssimo conhecido como "Superlua". Para os Red Wolfs, era o indicativo para a chegada do Cavaleiro da Noite Eterna, Abamanu.

Alexia voltou seus olhos para Rufus. "Mas que sono profundo. Estou surpresa, nem está roncando.".

Sorriu levemente ao levantar-se da cadeira. Saiu do quarto e enveredou para a sala de estar... que ainda não havia sido verificada.

Êmina socou a mesa raivosamente, cansada de esperar.

— Droga, por que logo agora o Lester vai fazer "arte" no banheiro!? - disse ela, visivelmente irritada.

— E pensar que essa é a menor das nossas preocupações. - disse Adam, com ar forçadamente brincalhão.

Êmina o olhou com reprovação.

— A dor de cabeça fez você ficar engraçadinho de repente? - perguntou ela, ríspida. - Adam, sei que odeia ouvir reclamações, mas Lester precisa de uma advertência. - suspirou, olhando para a janela. - Mas ele é nosso melhor estrategista, então vamos precisar dele esta noite mais do que nunca.

— Além de uma boa dose de cafeína. - disse Adam, olhando para a garrafa com café ao seu lado na mesa. - Me passa uma xícara, por favor. - pediu ele.

Entregando a xícara à Adam, Êmina lembrou-se de Alexia.

— O que a Alexia tá fazendo?

— Não sei. - disse ele, abrindo a garrafa e em seguida pondo o café. - Vamos dar à ela um pouco mais de espaço. Ela precisa respirar melhor, engolir tudo o que ela viu naquele lugar, principalmente aquele monstro asqueroso de quatro-braços que perseguia Rosie. - tomou um longo gole.

— Pouco depois de voltarmos, ela me garantiu que já viu coisas piores... - disse Êmina, olhando na direção da entrada da cozinha. - Ai, acho que eu seria uma péssima confidente, ainda mais com essa minha curiosidade quase obsessiva de querer saber das visões dela. Não sei porque, mas... o motivo que ela deu foi forçado demais.

Um repentino chamado da vidente fez Adam quase engasgar-se com o café.

— Pessoal, venham aqui! - gritou Alexia da sala.

Os dois levantaram-se abrupta e apressadamente. Correram para a sala em disparada tendo em vista o tom do pedido da ruiva.

Ao chegarem lá, viram a vidente parada diante de um objeto coberto por um pano branco.

— Eu... não faço a menor ideia do que isso seja... - disse ela, gaguejando apreensiva. - Hesitei em tocar, não sei porque. Não estava aí antes? - perguntou ela, dirigindo-se à Adam.

— Não... não estava. - disse o caçador, fitando fixa e seriamente a coisa. Foi aproximando-se devagar, desconfiado ao extremo.

Êmina também se pôs a andar na mesma direção, curiosa sobre o que de fato era. Cautelosamente, Adam tocou no pano e foi tirando-o. O que se revelou foi uma caixa de papelão média.

— Mistério no ar: Quem deixou essa caixa aqui? - perguntou Êmina.

— Rufus, talvez. - respondeu Alexia, incerta.

Adam foi abrindo lentamente a caixa. Êmina, apesar de estar a poucos metros, não conseguia ver pois o corpo robusto do caçador impedia sua visão de alcançar o objeto. Alexia mantinha-se afastada, pensativa.

Adam esbugalhara os olhos. Um suor frio seguido de um arrepio forte em seu corpo o paralisou. Segurou as laterais da caixa com as duas mãos, as veias ficando em relevo, tremendo... não de medo, mas de raiva. Raiva da mais venenosa natureza. Êmina notou o corpo do caçador ficando trêmulo e olhou com preocupação.

— Adam? -indagou ela, a voz trêmula. - O que tem aí dentro?

Impulsivamente, o caçador levantou-se e andou a passos firmes até a mesa da sala. Segurou a madeira velha e repleta de farpas do móvel. Usando sua extrema força, derrubou a mesa, jogando-a contra a parede em clara demonstração de descontrole emocional. Alexia deu um grito com a atitude de Adam. Logo outro grito ouviu-se. Êmina vira o conteúdo da caixa.

— Oh, meus deus! - exclamou ela, horrorizada com o que via. Uma náusea excruciante subiu-lhe pela garganta e ela cambaleou desnorteada para um lado, sem saber o que pensar enquanto chorava.

Alexia chegara perto da caixa... e teve a pior visão de sua vida.

Os olhos da moça passaram de um claro azul para um cinza melancólico, cintilado pelo luar. A expressão de puro horror percorreu seu âmago. Pôs uma mão na boca, enojada... não com o conteúdo, mas com tamanha barbaridade. Correu até uma parede, chorando... e ficou lá, batendo no concreto, enquanto suas esperanças se esvaiam. "Isso só pode ser um pesadelo!", pensou ela, chocada.

Adam ofegava, ainda cego pela raiva. Olhou para Êmina. A caçadora estava com os olhos vermelhos devido ao copioso choro.

— Adam... não dá pra acreditar...

O caçador assentiu com a cabeça negativamente, a expressão furiosa.

— Eu vou... - disse, enquanto cerrava os punhos. - ... eu vou arrancar os corações daqueles malditos. Eu quero faze-los sangrar... de um jeito pior do que fazem. - uma lágrima surgia em um de seus olhos. Pela primeira vez em muitos anos, Adam se via chorando.

Nenhum dos três ousou olhar novamente para a maldita caixa e seu tenebroso conteúdo.

Sentiam-se culpados por terem chegado tão tarde.

A caixa havia sido deixada por um dos novos Red Wolfs que invadiram a casa sob as ordens de Michael.

Rufus fora decapitado... sua cabeça, com um aspecto cinzento e os olhos abertos, jazia na caixa.

                                                                                  ***

Fazia pouco mais de trinta minutos que Hector saíra a passos desesperados à procura de sua parceira. O tempo certamente estava contra ele, e em menos de duas horas o Exército Britânico colocaria seus motores em ignição para iniciar a tão esperada ofensiva contra Mollock, com as finalidades de investir contra as forças do inimigo com força bruta, proteger e preservar as obras historicamente valiosas do Museu, além de garantir a segurança da população da grande Londres com o impedimento do avanço das tropas de Mollock caso ele resolva expandir seu reinado pelo país ao trilhar seu caminho com derramamentos de sangue.

O caçador se via perdido, sem mais ideia de qual rumo seguir. "Me perdi.", pensou, preocupado. "Definitivamente, me perdi!". Parou na metade do corredor onde estava. Teve a impressão de estar preso em um imenso labirinto sem fim ou saída. "Mollock com certeza, a essa altura, já deve ter se recuperado da cegueira. Se ele deixou Eleonor ser libertada, significa que ela deu o que ele queria. Caso fosse o contrário, Mollock me desafiaria a procurar seu cativeiro, me fazendo perder tempo, mas nesta situação Eleonor não teria revelado nada e ele sairia de mãos vazias.",

— Droga! - praguejou ele, olhando em volta.

"Presumo que Mollock previamente armou os explosivos. Apenas precisa iniciar a contagem.", pensou Hector, suando em demasia ao se dar conta das inúmeras possibilidades que acarretariam a sua escapada do museu.

Fazendo-o sobressaltar, uma voz distante atravessou seus ouvidos... uma voz apressada e feminina.

— Hector! - chamava ela. - Hector!

Virando-se para a direção de onde vinha a voz, o caçador mal sentiu sua expressão se amenizar rapidamente. Seu olhar suavizou-se, enquanto um sorriso se formava involuntariamente em seu rosto e via aquela moça de vestido azul escuro correr a toda velocidade até ele.

No entanto, o sorriso desaparecera com a instantânea lembrança mórbida do corpo de Josh eclipsando seu alívio. Tentou não imaginar como ela se sentiria ao saber da terrível notícia.

Eleonor sorrira levemente, chegando mais perto e andando mais devagar. Seu rosto estava com hematomas e cortes, mas o inchaço havia sumido por completo. Ao perceber a expressão pesarosa de Hector, andou a passos largos para chegar até ele logo.

— Hector, que ótimo vê-lo! - quis abraça-lo, mas se deteve quando viu a postura do caçador. - E então? Como foi com Robert Loub? O que aconteceu lá?

— Vinguei meu pai. - disse, melancolicamente. - Pelo menos, uma parte da justiça foi feita. Mas ela acarretou um preço... muito alto. - tentou conter as lágrimas, cerrando os dentes. - E agora estou me culpando por isso a todo momento.

Eleonor o olhou seriamente. Recuou alguns passos, aflita.

— Onde esta Josh?

Hector dera um suspiro longo e pesado. Fechou os olhos tristemente e fez que não com a cabeça. A bruxa, sentindo o chão ceder sob seus pés, interpretou aquele gesto. Os esverdeados olhos ganharam um aspecto mais lúgubre. Como uma martelada na cabeça, Eleonor um lampejo de clareza ao notar o erro que cometera. Um aperto em seu coração quase a fez gritar. Hector tentou abraça-la, mas lembrou que era um péssimo consolador. A moça encaminhou-se para perto de uma parede do corredor. Agachou-se e pôs os cotovelos sobre os joelhos e as mãos na cabeça. Seus soluços já estavam audíveis.

— Eleonor, por favor, eu peço que não...

— É tudo culpa minha! - disse ela, enquanto chorava. - Foi um erro eu te-lo chamado! Ele era tão jovem... - ergueu a cabeça, olhando para Hector com lágrimas nos olhos. - Mollock estava lá, não estava?

— Sim. - disse Hector, secamente. - Ele o matou.

— Desgraçado! - vociferou ela, levantando-se e enxugando o rosto. - Eu devia te-lo matado enquanto tive a chance! Agora ele vai aproveitar a oportunidade para usar a magia de teleporte e ir para as Ruínas Cinzas!

— Você tentou matar Mollock? - perguntou Hector, incrédulo.

— Sim. - respondeu ela, virando-se para Hector. - Enquanto eu estava sendo libertada, recuperei o equilíbrio das forças que agiam dentro mim, o meu chackra. Bruxas de nível Ômega ainda em estágio de treinamento, como eu, tem seus chackras vulneráveis quando expostas a situações de alta pressão, como um sequestro, por exemplo. O equilíbrio se esvai. - fez uma pausa, respirando fundo. - Fazendo um breve resumo: O chackra é a energia residual que cada bruxa possui quando passa a conjurar múltiplos feitiços, incluindo combinações. No caso da vulnerabilidade, ela é temporária, claro, mas mesmo assim pude sentir a energia da parte demoníaca de Mollock... - olhou para o caçador, o olhar cansado denunciando o pesar.

— E? - perguntou ele, curioso.

— Eu repensei sobre a tentativa. - disse ela, novamente enxugando as lágrimas. - Era um risco desnecessário. Um tiro no escuro. O demônio dentro de Mollock é um dos mais poderosos já libertados, até mais do que Belial.

— Quem é Belial?

— O demônio que libertei para o nosso plano fracassado de distração. Mollock bebeu do seu sangue após mata-lo. - respondeu ela. - Ah, eu não consigo explicar mais nada sem pensar no Josh... Hector, você tinha razão o tempo todo, chama-lo foi um erro terrível...

Hector foi se aproximando dela com um ar acolhedor. Tocou em seus ombros de modo tranquilizador.

— Eleonor... Juro, pela alma de meu pai, que a morte de Josh não terá sido em vão. - afirmou o caçador, firme em seu tom. - Não use essa fatalidade como justificativa para uma culpa inexistente. Você não tinha como saber. E ele veio de tão longe, não havia como manda-lo de volta, tampouco convence-lo a ir embora. Nossa próxima batalha contra Mollock será para vinga-lo.

Eleonor, percebendo a intensidade daquelas palavras, olhou fundo nos olhos de Hector, ainda derramando lágrimas. O toque de suas mãos lhe proporcionou uma paz alentadora. Eram verdadeiros braços protetores, pudera constatar com mais clareza. Ela assentiu, mudando o semblante como se uma força inexplicável fosse responsável por revigora-la e não deixar resquícios de luto mancharem a vontade de seguir em frente.

As lágrimas haviam secado. Era hora de escapar com vida e se preparar para a verdadeira batalha.

— Muito bem - disse Hector, olhando seu relógio de pulso. - Faltam cinco minutos para as sete. O Exército chegará as oito e meia, mas temo que possam vir com antecedência. Portanto, devemos encontrar a saída antes das oito.

— Não está com o mapa, não é? - perguntou Eleonor, preocupada.

— Não, está com Josh e exatamente onde Mollock cravou suas garras. - disse ele, lutando para não rememorar a horrenda cena que testemunhara. - Deve estar rasgado, picotado e sujo de sangue.

— Então devemos nos apressar. Mollock já deve ter movido suas tropas para todas as entradas e saídas, precisamos chegar antes deles. - disse Eleonor, andando para a direção de onde veio.

Hector puxou-a de leve pelo braço.

— Espere. Mollock nunca recorreria a um plano tão batido e que levasse tempo. Ele fará algo muito pior. - disse, arqueando as sobrancelhas. - Explodir o museu com nós aqui dentro. O que acha?

A moça empalidecera de repente, engolindo a saliva.

— Mas... como? Este museu por acaso abriga algum covil onde armazenam-se explosivos?

— Não sei. Uma coisa é certa: Mollock armou os explosivos por todo o museu previamente. Ele planejou isso desde a hora em que ouviu aquela transmissão, creio eu.

— Ou talvez já tenha planejado muito antes. - presumiu Eleonor. - Um rei que anseia por poder certamente sente vontade de saber tudo relacionado ao povo que quer dominar. Mollock estava antenado nas notícias sobre o Exército desde o início.

— Então, tudo que devemos fazer agora é encontrar a saída, antes que a contagem se inicie. - disse Hector, começando a correr para a direção onde iria.

— Ei, por que ir por aí? - indagou Eleonor, seguindo-o. - Nós nem sabemos onde estamos, nem quanto tempo a contagem terá! - correu tentando alcança-lo.

— Eu acredito que estamos em algum ponto próximo a uma das galerias. - disse Hector, correndo enquanto olhava em volta.

— A Grande Galeria talvez esteja perto! - disse Eleonor. alcançando-o. - Você memorizou praticamente o mapa todo, pode ser que se lembre de algum ponto à medida que nos aproximamos. - sugeriu ela.

— Olha, depois de tudo que passei nas últimas horas, garanto a você que vai ser bem difícil. - afirmou ele, avistando um outro corredor à esquerda. - Vamos tentar ali! - apontou, correndo mais depressa.

A dupla dobrara para o corredor escolhido em velocidade máxima.

A noite já caíra por definitivo na localidade do Museu de História de Londres e uma corrida acelerada se iniciara pelos dois intrusos que desejavam naquele momento, acima de tudo, sobreviver.

                                                                               ***

As portas do grande salão de festas do museu abriram dando passagem a um verdadeiro furacão tempestuoso. Mollock pisara triunfante no piso quadriculado com lajotas preto e brancas. Se sua raiva crescente possibilitasse-o de entrar em combustão espontânea, seus passos deixariam sérios rastros de fogo e brasa pelo chão. O musculoso monstro de 1,90m entrara, os olhos cravados no símbolo antecipadamente desenhado por todo o amplo espaço circular.

Parara, encarando os soldados formando um vasto exército. Mais de 152 quimeras, empunhando suas lanças, esperavam por sua majestade adentrar no recinto para, enfim, entoar o mantra que os levaria para o destino planejado.

Alguns soldados que estavam em sua frente lhe deram passagem, formando um "beco" para que ele se dirigisse ao centro do salão. Andara calmamente até a ponto central do símbolo, sem dizer uma única palavra.

Anteriormente, ordenara cronometrar a contagem das bombas, programando o detonador para iniciar as explosões em uma hora e dez minutos. Naquele relativamente curto espaço de tempo toda a estrutura do museu voaria pelos ares, dando margem para a ruína de um inestimável patrimônio público. E quanto aos livros que lera... não importava mais. Nada mais daquele conteúdo importava. Tudo o que precisava ser assimilado e compreendido foi, com paciência e prazer, desfrutado intensamente.

Eleonor dissera todo o processo em mínimos detalhes, para que se adaptassem a surrealidade da magia em questão. Para quebrar de vez o silêncio, lhe fora entregue o papel com as palavras a serem ditas. Leu letra por letra como que querendo se certificar de que era, de fato, uma magia pertencente ao livro mais primoroso que Mollock já lera: Goétia. Sem saber, leu o ritual de invocação do demônio que foi essencial para a sua criação.

Mollock erguera a cabeça, como que aparentando ter memorizado todo o rito.

— Etza uk transportu's me et behezov materiallis uk locus uk temporious ruptoru's! 

As linhas dentro do símbolo, bem como o contorno do círculo, irradiavam, gradativamente, uma luz embranquecida que se erguia iluminando Mollock e seu exército de baixo para cima. O rei abriu um largo sorriso macabro, sentindo o ar ficar abafado ao seu redor. As quimeras mantinham-se quietas, sem manifestar nenhum desconforto perante aquele fenômeno. Segundos depois, uma lenta fumaça se formara em torno do círculo, rodeando o símbolo como uma tempestade de areia.

Não tardou para que se visse a vagarosa poeira cobrir inteiramente o campo de visão. Mollock e as quimeras foram completamente envolvidos por aquela densa fumaça... até desaparecerem.

Instantes depois, a poeira dissipou-se... O símbolo, por sinal, estava intacto.

Mollock e suas tropas finalmente se despediram daquele museu ameaçado.

CONTINUA... 


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