Heart and Soldier escrita por Sapphirah


Capítulo 8
Capítulo 8 - Perseguição




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Depois de um tempo, Frisk se levantou do jardim e continuou andando, convencida de que ela tinha que continuar procurando mais algum guardião. Adiante ela viu uma ponte larga e estreita que atravessava um abismo, abaixo, era possível ver uma cascata enorme, cair dali poderia ser fatal. Seus passos gelaram ao entrar naquela ponte. Andando lentamente, a madeira daquela ponte fazia um barulho de dar calafrios, Frisk temia que a ponte quebrasse com ela andando. Parando de pensar nisso, ela respirou fundo e começou a andar.
    Enquanto andava, Frisk percebeu alguns círculos fluorescentes que surgiram no solo da ponte, olhando assustada para aquele fenômeno, os círculos se transformaram em lanças, apontando rapidamente para cima como se fossem espinhos. Frisk logo notou que Undyne estava a observando na ponte, abaixo dela.

Undyne: Você não vai escapar de mim!

Frisk começou a correr, agoniada, ela não queria ser capturada, mesmo sabendo que ela tinha um trabalho de capturá-la. Quanto mais Frisk desviava das lanças, mais rápido elas agiam. Frisk acabou sendo atingida por algumas das lanças, porém ela continuou correndo, suportando a dor das feridas.
       Ao chegar no final da ponte, Frisk viu que era um beco sem saída. Vendo a cascata abaixo e as águas que caíam num grande abismo, ela olhou para trás e viu Undyne pular acima da ponte onde Frisk estava, pousando em seguida. Frisk soube que não podia fazer nada, ela estava fraca e só podia encarar Undyne se aproximando. Undyne fixou os olhos nela e invocou duas lanças acima de Frisk, prestes a atingí-la. Porém, as lanças atravessaram a ponte no meio de ambas, fazendo a ponte se partir. Frisk olhou para essa cena assustada, vendo que a parte da ponte onde ela estava iria cair e ela tentou pular para perto de Undyne, porém não houve tempo de se salvar e Frisk caiu, junto com a ponte cascata abaixo, desmaiando durante a queda.
     Frisk ouviu uma voz desconhecida em seu sonho, ela não conseguia entender o que estava dizendo. Abrindo os olhos aos poucos, ela notou que estava deitada em cima de flores douradas, pareceu que aquela cena da queda do abismo se repetiu novamente. Quando ela se levantou, ela viu um fantasma observando ela calmamente. Ela se assustou ao vê-lo e ele também ficou assustado ao ver a reação dela.

?: Oh... me desculpe... Fui rude com você te observar enquanto dormia... oh... M-me desculpe...

Ele se afastou aos poucos com uma voz melancólica, imediatamente Frisk se levantou e tentou acalmá-lo.

Frisk: Não! Não... V-você não fez nada de errado...

?: Oh... Eu pensei que você tinha morrido... Isso explicaria as flores, mas aí você acordou... oh... Acho melhor eu ir...

Frisk: Ei, espere! Poderia me dizer onde eu estou?

?: Oh... Aqui é o lixão... Acima está a minha casa, se quiser passar lá, tudo bem, se não... tanto faz também...

Ele não alterou em momento algum seu humor e estava prestes a se distanciar dela ainda mais. Nervosa, Frisk pensou em agradecê-lo para ver se isso o animava.

Frisk: Bem... Obrigada por velar por mim...

Logo ela tentou animá-lo com um sorriso sereno e o fantasma parecia contagiado com isso.

?: ... Você é legal, é a primeira vez que conheço alguém assim bem... até mais.

 O fantasma começou a distanciar-se e Frisk enfaixou suas feridas na perna e nos braços, como ela queria que Papyrus estivesse ali para usar a magia de cura. Ela olhou acima da cachoeira e percebeu o depósito de lixo no andar mais baixo, esse local fedia muito. Frisk se lembrou que havia caído da ponte quando Undyne a encontrou e por pouco Frisk não foi morta. Ela andou no meio do lixão e conseguiu sair. Voltando a ver a mesma estrutura da cachoeira, ela encontrou três caminhos distintos, cada um indo para casas diferentes. No mesmo local o fantasma estava ali, indo pelo caminho do meio quando percebeu Frisk atrás dele. Ele se virou e falou com ela.

?: Oh... você veio... Minha casa é pelo meio, se quiser vir...

Ele se afastou rapidamente até lá e Frisk pensou que seria bom visitá-lo pelo menos por um instante. Logo ela vai até a casa do fantasma e vê uma casa pequena de um quarto apenas, havia uma geladeira, um computador e vários CDs e vinis pela casa. Ao ver Frisk chegar, ele a recebeu, surpreso.

?: Oh... Olá... Sinta-se em casa...

Frisk agradeceu-o e ficou olhando ao redor, sem saber o que fazer ali.

Frisk: É... meu nome é Frisk, e o seu?

Napstablook: Oh... me desculpe, eu nem me apresentei a você... Sou Napstablook...

Ele parecia mais melancólico ainda e Frisk estava sem ideias de como animá-lo, angustiada por ter deixado-o mais triste, mas ela viu que ele queria fazer algo. Napstablook foi até a geladeira e pegou alguma coisa, quando ele se aproximou, Frisk estendeu sua mão e ele entregou alguns doces fantasmas, mas eles atravessam a mão dela e desapareceram ao tocar o chão. Os dois observaram os doces caindo e Frisk ficou sem reação.

Napstablook: Oh... são doces fantasmas... Esqueci que elas atravessam corpos.

Frisk: Não tem problema.

Napstablook: ... Depois de comer... Eu costumo me deitar no chão e me sentir um lixo, você quer fazer isso?

Ouvindo esse convite, inicialmente ela achou estranho aceita-lo, porém ela estava se convencendo a fazer isso, não só por não ter conseguido animar Napstablook, mas por lembrar-se de Undyne ter tentado matá-la, ela se sentia incapaz de vencer o ódio dos monstros contra os humanos.

Frisk: Sim.

Napstablook: É assim... Você fica deitada no chão até quando tiver vontade de se levantar.

Os dois se deitaram no chão, aos poucos Frisk notou que a casa virou um pedaço do universo, surgiram estrelas e galáxias ao redor da sala e Frisk se sentiu mais calma, relembrando o céu na superfície. Logo algo estranho aconteceu, ela ouviu Napstablook falar com outra voz, ele estava contando uma história.

Napstablook: Era uma vez um reino onde os monstros viviam pacificamente com os humanos, um dia, o rei concebeu um filho, ele seria o escolhido a usar o artefato, porém, aqueles que guardavam o lendário artefato perceberam que aquela criança não era a escolhida. No mesmo dia, havia uma família de monstros que tivera um filho, eles o olharam com compaixão e deram o poder da vida eterna como uma dádiva, ele seria o novo herdeiro que guiaria as futuras nações. O rei, invejado pelo poder que Deus concedeu a um monstro, declarou guerra contra nós. Com a nossa derrota, os humanos selaram-nos no subsolo através de uma barreira mágica. Desde esse dia esperamos pelo anjo salvador, aquele que irá nos libertar e trazer de volta a harmonia que existiu gerações passadas.

Assustada, ela refletiu sobre a história do lendário artefato e se levantou, ela tinha que continuar procurando o próximo guardião. Napstablook se levantou e se sentiu mais animado, ele nem se lembrou do que falou há alguns minutos atrás.

Napstablook: Bom... Isso foi divertido, obrigado.

Frisk: Eu tenho que ir agora, muito obrigada pelo convite.

Ela acenou para Napstablook de volta e deixou sua casa. Voltando a seguir seu caminho, ela viu um labirinto escuro, iluminado por alguns cristais luminescentes. Enquanto andava, Frisk acidentalmente bateu em algo e ela se depara com um monstrinho pequeno, meio cão e gato e com uma camisa listrada, ela tinha uma cara sorridente e estava muito ansiosa ao ver Frisk por perto.

Temmie: HOI, sou Temmie!

Frisk: Que gracinha...

Temmie: Venha ver Vila Temmie, e minha loja Temmie tem coisas legais!

Frisk se abaixou para tentar fazer carinho na Temmie, porém Temmie não deu tempo e saiu correndo, indo por algum caminho desconhecido. Frisk olhou aquilo assustada e se levantou sem graça, apesar disso ela gostou de ter conhecido Temmie e considerou visita-la por curiosidade.

Continuando seu caminho, Frisk conseguiu sair do labirinto e viu que a saída da caverna estava próxima. Aliviada por ver que estava chegando ao fim, ela andou ansiosamente para atravessá-la quando viu Monster Kid correr ao lado dela, passando-a, Frisk viu-o e chamou a atenção dele.

Frisk: O que está fazendo aqui? Já está muito longe de casa!

Monster Kid: Eu preciso achar um humano! Se eu ajudar Undyne, eu vou poder vê-la em ação!

Frisk olhou para o monstrinho, pálida, ela não acreditou que até mesmo ele estava atrás dela, porém o modo como ele falou deu a entender que ele não sabia que ela era uma humana, ou talvez, ele mesmo não sabia como é um humano. Monster Kid percebeu a reação dela e olhou preocupado, achando que tinha dito algo errado.

Monster Kid: ... você está bem?

Frisk mal teve tempo de reagir quando, de repente, um terremoto surgiu naquele local. Ambos olharam ao redor assustados e correram daquele lugar o mais rápido que podiam até chegar na ponte, perto da saída da cachoeira. No fundo, eles viram através da ponte um monstro enorme, escuro e com os olhos brilhantes, haviam tentáculos que se mexiam cautelosamente. Acima da cabeça do monstro gigante, havia mais uma, era um monstro com a forma de uma sereia com cabelos de tentáculos, e com os mesmos olhos brilhantes, ela estava sentada na cabeça do polvo. Ao vê-los, ela começou a emitir um som alto e agudo de estourar os tímpanos. Frisk imediatamente tampou suas orelhas e Monster Kid abaixou sua cabeça, gritando alto.
    Antes que algo mais acontecesse, Undyne chegou para impedir os monstros de se aproximarem contra Frisk e Monster Kid. Ela invocou lanças mágicas para deter os dois monstros. Atingido pelas lanças, o polvo agitou seus tentáculos tentando acertá-la, ao mesmo tempo, eles batiam contra o chão, causando impacto e criando novamente um terremoto. A ponte começou a balançar pelo impacto causado e Monster Kid perdeu o equilíbrio, caindo da ponte. Por pouco, ele usou sua boca para morder um galho, se segurando o quanto podia. Frisk não pensou duas vezes e correu para ajuda-lo. Enquanto isso, Undyne ouviu os gritos deles e ao ver a cena em que eles se encontravam, ela pulou rapidamente até ali, pensando que Frisk havia empurrado-o. Ao pousar na ponte, ela estava prestes a ataca-la quando viu que Frisk havia ajudado Monster Kid a subir a ponte. Furiosa pela atitude dela, Undyne gritou contra o monstrinho, que se sentiu agradecido por sua ajuda.

Undyne: FIQUE LONGE DA HUMANA!

Monster Kid olhou perplexo para Undyne, sem palavras, ele não sabia que Frisk era humana. Undyne continuou encarando-os e Monster Kid se sentiu confuso.

Undyne: O que eu te falei sobre ficar longe dos humanos? 

Monster Kid: Mas... ela me salvou...

Undyne: Saia, agora.

Ele se sentiu mais confuso ainda, sem entender o motivo. Ele entendeu que Undyne estava errada, Frisk não merecia ser capturada por ter ajudado-o. Logo ele se sentiu indignado e ficou na frente de Frisk, protegendo-a e desafiando Undyne.

Monster Kid: ... Se... Se quiser machucar meu amigo, vai ter que passar por cima de mim!

 Undyne não estava acreditando no que acabou de ouvir, ela fechou seu punho com fúria. Vendo a atitude do pequeno em protegê-la, Undyne nunca se atreveria a machucar um monstro. Sem escolha, Undyne desistiu de tentar captura-la e recuou, saindo dali com raiva. Após esse evento, Monster Kid respirou fundo, tremendo de medo, logo ele se virou para Frisk, que estava surpresa pela atitude dele.

Monster Kid: Você... é humana não é? Nossa... Nunca tinha imaginado que eu veria um na minha vida... Eu... me sinto um idiota, sempre acreditei que os humanos eram maus, mas... você não é igual eles... eu não entendo...

Ele abaixou a cabeça, relutante e arrependido pelo que acreditou a vida inteira. Frisk abraçou-o, vendo que os monstros estavam começando a acreditar nela. Monster Kid recebeu o abraço dela surpreso.

Frisk: Muito obrigada por acreditar em mim.

Monster Kid: De nada...

Ao se soltarem, Frisk lembrou que ele estava muito longe de casa, pensando em como ele iria voltar.

Frisk: Você tem que voltar pra casa agora, lembra?

Monster Kid: É verdade... meus pais devem estar muito preocupados comigo agora...

Ele se despediu de Frisk e saiu correndo dali, animado. Frisk logo começou a pensar que ele poderia ter sido o novo guardião, mas o emblema não despertou na hora em que ambos estavam em perigo. Infelizmente, encontrar um guardião era mais difícil do que parecia. Frisk se virou até a saída e achou uma montanha com um túnel em frente, indicando a entrada para outra região do subsolo. Olhando acima daquela montanha, Frisk viu alguém parado lá em cima: armadura de metal e cabelos vermelhos voando ao vento. Logo ela percebeu que era Undyne olhando para o outro lado do horizonte.

Undyne: ... Os humanos tiraram tudo de nós, eles nos selaram nesse lugar pra toda eternidade. Por todos esses anos, sempre soube que os humanos eram as piores criaturas com quem podíamos contar, mas aí, você aparece... Ajudando a todos. Até mesmo Papyrus disse que você sequer machucou alguém... Isso quebra todo o conceito que conhecemos dos humanos... Quem é você?

Frisk não sabia o que falar, no fundo podia-se ouvir o vento soprando alto, balançando o cabelo delas. Undyne não esperou-a falar.

Undyne: Hmph, isso não importa, eu recebi ordens de te capturar e levá-la à presença do rei, então... EU TE DESAFIO HUMANA!

Ela se vira para olhar Frisk, tirando seu capacete. Ela era um monstro peixe com orelhas de barbatanas, tinha a pele azul, olhos amarelos e dentes afiados. Undyne escancarou um sorriso e pulou da montanha, pousando com impacto na frente dela e invocando uma lança em sua mão.

Undyne: Vamos fazer uma luta justa. Mas antes, apresente-se.

Frisk: Eu sou Frisk.

Undyne: Undyne, agora suas armas.

Frisk não queria lutar contra Undyne e nem tinha intenção, ela fez sinal negativo.

Undyne: Não tem uma arma? Francamente, como você sobreviveu aos monstros até agora? Você tem poderes especiais?

Frisk: Eu não quero lutar, por favor, me deixe passar.

Undyne: Eu não acredito, você se rendeu antes de começar? Não teste minha paciência, eu quero que lute, ou você irá sofrer!

Undyne estava ficando irritada e Frisk se sentia cada vez mais pressionada, como ela iria fazer isso? Ela se recusou a se transformar para lutar contra Undyne. Antes que Undyne reagisse contra a teimosia dela, surgiu um terremoto novamente.

Undyne: MAS O QUE ESTÁ HAVENDO AQUI?

Os monstros possuídos estavam por perto, fendas se abriram no chão e elas olharam a linha da fenda até verem um buraco enorme surgir perto da ponte. Dali, os dois monstros surgiram através do buraco do chão e eles pararam ali, olhando ambas ameaçadoramente, o polvo não parava de mexer seus tentáculos. Frisk olhou assustada e Undyne gritou furiosamente, indignada por eles terem interrompido o momento.

Undyne: Idiota! Como se atreve a interromper nossa luta? Não irei perdoá-los por isso.

Ela avançou novamente, pulando alto e deixando Frisk para trás. Usando sua lança para atacar, a sereia emitiu novamente um som ensurdecedor e Undyne parou de avançar, afetada pelo som. Tanto Frisk quanto Undyne tamparam suas orelhas, agonizadas pelo som. O polvo rapidamente usou seus tentáculos para agarrá-las e ele enrolou-as ainda mais, sufocando-as. Frisk estava prestes a desmaiar pela falta de ar quando notou algumas adagas voando do alto, atingindo os tentáculos do polvo. Frisk não conseguiu identificar quem havia aparecido antes de desmaiar. O monstro acabou soltando-as quando foi atingido e eles notaram o cara encapuzado no topo da montanha. Dali ele pulou do topo, pousou no chão onde elas estavam e correu à frente, se aproximando deles. Enfurecido, o polvo tentou pegá-lo com seus tentáculos, mas ele desviou-se de suas tentativas e ele pulou acima de ambos, se teleportando antes que um deles gritasse novamente. Sem saber onde ele foi, os monstros perceberam que ele chamou a atenção deles e correu dali, indo para o labirinto. Ambos os monstros começaram a perseguí-lo pelo mesmo caminho, deixando-as caídas no chão. Nem Frisk nem Undyne viram o cara encapuzado salvando-as.


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