Heart and Soldier escrita por Sapphirah


Capítulo 7
Capítulo 7 - Cachoeira




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Frisk acordou em um novo sonho, ela estava em uma sala escura, dessa vez havia só um fogo fátuo a observando, ele brilhava em uma cor azul. Ela se levantou e olhou para ele, esperando ouvir o que ele tinha a dizer.

FF: Sua jornada está apenas começando, vim te alertar que daqui em diante, os inimigos serão muito mais fortes do que você já enfrentou, esteja preparada.

Surpresa ao ouvir aquilo, ela não tinha ideia de quais inimigos ela teria que enfrentar. O Dogão realmente foi um desafio e tanto ao lado da árvore das Ruínas. Repentinamente seu emblema brilhou diante do fogo fátuo e as imagens que Frisk viu nas runas da caverna se revelaram novamente.

FF: O emblema da bondade foi despertado, restando mais cinco. Quando você despertar todos, vocês devem unir seus poderes e criar o artefato, somente com ele será possível quebrar a barreira.

Frisk: Que artefato é esse?

FF: É a herança suprema, o poder que irá unir mundos distintos. Você é a escolhida porque seu brasão contém uma parte desse poder, e com todas as almas, esse artefato será recriado por completo. Eu imploro a você que não deixe seu poder cair em mãos erradas, se isso acontecer, será o fim dos tempos.

A imagem das runas desapareceu e restou somente eles, Frisk imaginava a grande responsabilidade que teria de guardar sua vida dos monstros que queriam matá-la. Ela sentiu medo, mas ela queria acreditar que iria conseguir libertar todos.

FF: Esse foi meu ultimo aviso, esteja a salvo... confiamos em você Frisk...

O fogo fátuo desapareceu lentamente e a sala é dominada pela escuridão até Frisk acordar. Enquanto isso, em um acampamento em nevada, estava de noite e os cães estavam reunidos diante de uma fogueira, contando histórias e conversando animadamente. Eles não notaram que alguém apareceu atrás deles, eles se viraram pausadamente para ver quem havia se aproximado, havia uma pessoa com armadura e capacete de metal, cabelos vermelhos e longos. Ela estava segurando a foto de Frisk e estendeu a foto para mostrar a eles.

?: Vocês a viram?

Dogami: A humana... Sim, hoje mesmo ela ajudou a encontrar o Dogão, vê?

Após ouvir a resposta afirmativa, ela encarou-o e falou com uma voz ameaçadora, ela não se importava com o fato de que Frisk resgatou Dogão.

?: ... Onde ela está?

Dogami: ... Da ultima vez ela foi à casa dos irmãos esqueleto, eu não sei onde ela pode estar agora...

A pessoa estava notavelmente impaciente, os cães olharam preocupados entre si e para ela, pois eles haviam considerado deixar a humana em paz.

?: Se a encontrarem me avise imediatamente, estarei na cachoeira.

Dogami: Certo...

Os cães olharam-na se afastando, estavam assustados, não sabendo o motivo de ela querer encontrar Frisk com tanta urgência. Na manhã seguinte, Frisk acordou e notou o cobertor cobrindo-a, alguém tinha colocado enquanto ela dormia. Frisk olhou pros lados e parecia que não havia ninguém em casa. Sem perder tempo, ela saiu do sofá e se arrumou pra sair. Agradecendo a hospitalidade de Papyrus, ela deixou a casa deles e andou chegando à entrada da cachoeira. Frisk logo se deparou com Sans na barraca, ele observou quem se aproximava e notou-a por perto.

Sans: E aí? Deu tudo certo?

Ouvindo a pergunta dele, Frisk se lembrou da suposta captura que Papyrus havia planejado, e acabou que ambos enfrentaram Dogão, que estava possuído. Ela sentiu um leve desconforto, sabendo que podia ter morrido.

Frisk: É... Deu sim.

Sans: Eu estou no meu intervalo, quer ir ao Grillby’s comigo?

Na visão dela, isso era o mínimo que ele deveria ter feito depois de ter aceitado o plano do dia anterior, ela aceitou o convite, grata por isso ter acabado.

Frisk: Tudo bem.

Sans: Vamos por um atalho, eu conheço um.

Sans saiu de sua barraca e ficou a frente dela, estendendo a mão para que ela segurasse. Frisk olhou para a mão dele e se perguntou se ela tinha mesmo que segurar a mão dele de volta, pois ela nunca tinha feito isso antes.

Sans: ... E ai?

Frisk: Eu tenho mesmo que...

Sans: Relaxa, se você me acha OSSUDO demais, podemos ir andando se preferir.

Frisk: Muito engraçado.

 Ela entendeu aquilo como provocação e ela não queria dar a impressão de estar com medo ou seja lá o que for. Rapidamente ela estendeu o braço dela e segurou a mão dele, Sans notou a atitude repentina dela e após isso, ambos se teleportaram para dentro do bar de Nevada. Para Frisk, aquilo foi mais rápido do que parecia. Sans cumprimentou todos que estavam ali e eles saudaram-o de volta. Eles foram andando até o balcão e encontraram alguém limpando as taças da bancada, era um monstro humanoide vestido de garçom e seu corpo era inteiramente de fogo, estranhamente usava óculos e não tinha feição alguma, ele olhou-os se aproximando e ambos se sentaram perto da bancada onde ele estava.

Sans: Conhece o meu chapa? Esse aqui é o Grillby, o dono desse lugar.

Frisk: É um prazer conhecê-lo.

Grillby acenou para Frisk de volta, satisfatoriamente em vê-la e entregou o cardápio para Frisk, ela pega e lê os pratos disponíveis no cardápio e se surpreende, alguns pratos dali são iguais ou se parecem muito com a comida humana, algo que ela não imaginava ser possível. Frisk se sentiu curiosa em experimentar, querendo saber se tinham o mesmo sabor da comida humana.

Sans: O que vai querer?

Frisk: ... Acho que vou querer um hambúrguer.

Sans: Boa pedida, traz dois pra nós.

Grillby anotou o pedido e saiu da bancada até entrar na cozinha, deixando-os a sós.  As conversas dos clientes enchiam o lugar e ambos ficaram em silêncio, até um deles começar a falar.

Sans: Então... O que achou do meu irmão?

Frisk: Ele é bem legal.

Sans: Claro que é. E você viu a roupa dele? Eu fiz pra ele numa festa a fantasia, só que ele gostou tanto que não quis tirar mais e agora, ele usa pra todo lado, e quando eu digo isso, digo que ele usa até no banho.

Frisk imaginou o quão estranho seria ver Papyrus tomando banho usando aquela roupa, porém não deixou de ser engraçado para ela. Ela riu ao pensar nisso e voltou a olhá-lo.

Frisk: Realmente é a cara dele, foi legal da sua parte fazer a roupa dele.

Ele apenas riu e ambos voltaram a olhar a bancada. Aquilo estava estranho, Frisk logo percebeu que ao redor havia um silêncio profundo, ninguém fazia um barulho sequer, o foco agora estava somente nele e Sans não parava de olhar a bancada, sem transmitir qualquer emoção.

Sans: Se importa se eu te perguntar uma coisa?

Frisk: ... O que?

Sans: A essa altura, você já deve conhecer a lenda. Mesmo que você tenha feito o bem, há monstros que cultivaram o ódio contra os humanos por anos, não são todos que terão piedade de você, então... Você está aqui pra quê? Você recebeu alguma missão?

Ouvir aquilo dele era assustador. Frisk estava ciente do que iria enfrentar e por um momento, ela hesitou em falar a verdade. Seja o que ele falou, será que ele mostrou estar preocupado, ou ele estava só testando ela? Ela não sabia o que dizer naquele momento, mas alguma coisa tinha que sair.

Frisk: ...Eu...

Sans: ... Nah, só esquece, fica fria ok?

De repente ele voltou à sua expressão calma e sorridente, como se nada disso tivesse acontecido. Aquilo tudo pareceu ainda mais estranho para ela, porém ela só decidiu ignorar a pedido dele. Frisk notou que o barulho do local voltou a encher o bar e isso a tranquilizou.

Sans: Você vai pra cachoeira depois de passar aqui?

Frisk: É o que eu pretendo.

Sans: Então eu devo te contar uma coisa: Quando chegar lá, você vai ver um monte de flores por lá. Antes que você ache que elas estão falando com você, na verdade, elas guardam a ultima coisa que ouviram do ultimo monstro que passou por elas.

Frisk: Por que está me falando isso?

Sans: Papyrus me disse uma vez que quando ele estava na cachoeira, chateado, ele ouvia as flores animarem ele, dizendo coisas como “você consegue”, “não desista”, algo do tipo. Isso não é ruim, mas só fique de olho pra que ninguém pregue uma peça em você.

Frisk parecia estar se convencendo de que ele estava preocupado, será pelo fato do irmão dele ser guardião como ela? Ele parecia saber de alguma coisa. Antes que ela pudesse perguntar, Grillby apareceu com dois pratos com hambúrgueres e entregou um prato para cada. Grillby também entregou um vidro de molho de ketchup para eles e Sans pegou o vidro, oferecendo para ela.

Sans: Quer um pouco?

Frisk: Não, obrigada.

Sans: Melhor pra mim.

Ele começou a beber o ketchup até virar o vidro todo, terminando de beber. Frisk olhou aquela cena, tensa, aquilo deveria ser normal para um monstro. Vendo isso Frisk sentiu ter perdido o apetite.

Sans: Eita, já passou do meu intervalo, desculpe por tomar seu tempo criança. Grillby, põe na minha conta.

Ele saiu apressadamente sem tempo de se despedir, Frisk viu-o sair pela porta e começou a comer o hambúrguer, o sabor era diferente, mas a textura era a mesma. Frisk não desgostou o hamburguer e considerou voltar ali em outro momento. Quando saiu, ela agradeceu Grillby e deixou o bar, indo até a cachoeira novamente. Frisk encontrou-o novamente na barraca e Sans avistou-a, prestes a falar algo.

Sans: Eu ia dizer algo, mas esqueci. Outro dia a gente sai de novo.

Frisk agradeceu-o pelo convite e continuou seu caminho. Enquanto ela andava, Frisk olhou para cima, vendo nuvens escuras e densas que estavam cobrindo aos poucos o céu, provavelmente irá chover em pouco tempo. Enquanto andava, ela viu alguém parado num espaço aberto, ela usava armadura e um capacete de metal, cobrindo todo o seu rosto. Ela não estava vendo Frisk se aproximar. Frisk sentiu que deveria se esconder e avistou uma mata grande em um canto, se escondendo ali. Enquanto não se mexia, ela ouviu alguém se aproximar e Frisk reconheceu a voz que falava com a pessoa.

Papyrus: Olá Undyne, sobre a humana que falei no celular...

Undyne: Você a capturou não é mesmo? Ela está com você?

Papyrus: ... Não, eu a deixei sair. Mas Undyne...

Undyne: ... Então eu mesma irei capturá-la.

Papyrus: Espere! Não tem que ser assim, a humana não quer machucar ninguém.

Mesmo ele tentando convencer Undyne de que Frisk era outra humana, Frisk viu Undyne não se convencer de forma alguma. Undyne se virou, olhando ameaçadoramente para ele, como se ninguém tivesse o direito de discordar dela. Papyrus olhou-a assustado e recuou.

Undyne: ... Eu recebo ordens, espero que isso fique bem claro.

Papyrus: Certo... Me desculpe.

Ele deixou o local, triste por ver que ela não acreditou nele. Frisk percebeu que ela deveria ter cuidado com quem quer que seja essa pessoa que quer capturá-la a todo custo. Quando Frisk tentou sair dali de fininho, Undyne percebeu um barulho vindo da moita onde Frisk estava e se virou na direção da moita, invocando uma lança prestes a pular ali para matar quem quer que esteja espionando-a. Frisk fez o possível para não se mexer mais e houve um silêncio profundo no local. Sem receber um sinal, Undyne decidiu recuar sem deixar de encarar a moita até sumir nas sombras.
      Vendo que Undyne já não estava mais ali, Frisk respirou aliviada, sentindo que escapou por pouco da morte. Ao sair da moita ela se deu de cara com mais alguém saindo da mesma moita: um monstro pequeno semelhante a um dinossauro amarelo com uma camisa amarela e sem braços, ele parecia ser mais novo que ela. Frisk olhou o monstrinho muito agitado, sem parar de mexer suas pernas.

 Monster Kid: Você viu isso? Ela tava olhando pra cá.

Frisk: O que está fazendo aqui? É perigoso, você tem que ir a um lugar seguro.

Monster Kid: Mas essa é a minha chance de ver Undyne mais de perto! Eu quero ver ela dar uma surra nos caras maus!

Sem esperar Frisk argumentar, o monstrinho saiu dali correndo para longe, adentrando na cachoeira. Sem escolha, Frisk teve que seguir seu caminho procurando o monstrinho que estava se arriscando imprudentemente, ela estava indignada de ter que protegê-lo de qualquer ação imprudente.

Frisk: Que ótimo... Espero que nenhum monstro apareça por perto.

Voltando a andar, Frisk notou que estava entrando em uma caverna em que o teto dele estava preenchido de cristais brilhantes. Havia uma cascata no meio do caminho por onde ela passou e mais adiante, para a surpresa dela, ela viu Sans ao lado de um telescópio. Ele a notou se aproximar e acenou para ela.

Frisk: Como você chegou aqui?

Sans: E aí? Eu to vendendo o serviço desse telescópio.

Aquilo parecia uma piada, como um telescópio iria funcionar dentro de uma caverna se não tinha como ver o céu? Frisk achou aquilo bizarro e olhou torto para ele, porém Sans não se sentiu surpreso pela reação dela.

Frisk: Um telescópio dentro de uma caverna? Mas pra que?

Sans: Viu esses cristais no teto? São as estrelas do nosso mundo, se quiser ver mais de perto é só usar esse telescópio.

Frisk: ... E quanto é?

Sans: Eu cobraria 10 mil ouros, mas como você é meu amigo eu faço de graça no primeiro uso.

Frisk ficou surpresa de ter recebido uma cortesia e resolveu aceitar para não ofendê-lo ainda mais, no ponto de vista dela, a resposta dele foi o bastante para deixá-la quieta. Ao olhar pelo telescópio, ela somente viu tudo vermelho e não deu para ver nada. Confusa, ela parou de olhar no telescópio e se virou para ele tentando entender o que aconteceu, sem notar que havia algo errado. Sans olhou para ela, disfarçando a graça de vê-la de olho manchado.

Sans: Não deu pra ver? Que azar... Outro dia você tenta de novo.

Frisk não estava acreditando nisso, parecia ser um jogo de sorte ao mesmo tempo e ela não podia reclamar, já que não pagou nada para usar o serviço. Sem agradecer, ela voltou a andar e então ela notou um jardim adiante, com luzes brilhantes e flores azuis fluorescentes. Os córregos que separavam os quadrantes do solo tinham luz própria e iluminavam o jardim de baixo para cima, dando um visual magnífico. Uma sensação de calma e paz preencheu sua alma e Frisk somente pensou como era fascinante estar ali.
       Olhando cada detalhe do jardim, ela decidiu se aproximar de um córrego para se olhar e estranhou ver uma mancha vermelha circular em seu olho direito. Ela logo associou ao telescópio que ela usou e ela se virou, olhando indignada para Sans. Ele porém ignorou completamente a presença dela. Ela sabia que ele fez isso de propósito e ele preferiu fingir que não sabia de nada. Rosnando de raiva, ela lavou seu rosto para tirar a mancha de olho e prosseguir seu caminho.
       Enquanto ela andava, Frisk ouviu várias vozes preenchendo o local. Inicialmente ela se sentiu assustada ao ouvir as vozes, mas logo se lembrou que Sans havia explicado sobre as flores. Ela começou a prestar atenção ao que elas diziam. As flores imitavam usando uma voz mais aguda que o normal.

“Por favor, se estiver aí, liberte este povo.”

Frisk continuou andando e viu que o jardim era extenso, havia várias flores no caminho e várias vozes diferentes proferiam uma mensagem, os monstros estavam contando seus mais sinceros desejos. Eles associaram seu libertador como o anjo, àquele que irá destruir a barreira. Frisk ouviu cada um e logo se lembrou das vozes que a chamaram atrás daquele portão enorme no primeiro sonho. Aquilo não era coincidência, Frisk sentiu dentro de si que eles realmente clamavam por liberdade. Ela soube que era por isso que estava aqui, para atender ao desejo deles. Esse também era o desejo dela.
      
Esse lugar marcou sua alma com paz, era um lugar muito bonito de ficar. Frisk decidiu parar de andar e se sentou para meditar e continuar ouvindo os desejos dos outros monstros falando de liberdade. Ouvi-los falando do anjo que irá trazer a liberdade deles encheu-a de determinação.


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