Heart and Soldier escrita por Sapphirah


Capítulo 20
Capítulo 20 - Julgamento




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Frisk estava tentando ver quem era aquele ser que apareceu diante dela e imediatamente, um sino tocou alto, deixando o ambiente pálido. Então, uma voz lhe soou muito familiar.

Sans: ... Sua jornada está quase no fim, em breve, você verá o Rei... Mas, antes disso, você será julgado por cada ação que cometeu.

Após reconhecer aquela voz, Frisk olhou-o tensa, ela conseguiu sentir uma aura negra que o cercava e ela viu o olho esquerdo dele ativo, com outra cor da qual ela nunca tinha visto, era cor roxa. Seu braço e sua mão se estenderam diante dela e Frisk sentiu ser puxada para cima, ela estava definitivamente com muito medo de olhá-lo. Ele a jogou para trás sem piedade, fazendo Frisk cair de costas. Ela se levantou arduamente e olhando-o novamente, ele saiu da sombra e foi iluminado pela luz da janela. Definitivamente era Sans, porém, ele foi possuído pelas trevas e estava agindo sem consciência. Frisk tinha que fazê-lo acordar e tentou chama-lo.

Frisk: Pare, por favor... Esse não é você...

Ele não a ouviu e estendeu novamente a mão, fazendo vários ossos surgirem e se atirando contra ela. Frisk se levantou e se desviou delas rapidamente. Sem escolha, Frisk viu que teria que usar seus poderes para fazê-lo voltar ao normal. Ela segurou seu emblema e estendeu-o para cima, fazendo-a se transformar na guardiã da Determinação.

Frisk: Eu não quero lutar contra você. Mas eu sei que você vai me machucar, saiba que eu perdoo você.

Após dizer essas palavras, Sans voltou a ataca-la e Frisk começou a se desviar forçadamente e usou seu poder para mover-se mais rápido contra seus ataques. Antes que Frisk começasse a se cansar, ela parou e sentiu que havia mais uma magia que era capaz de fazer. Dessa vez, Sans invocou mais ossos e eles se atiram contra ela mais rápido. Frisk fez um movimento rápido com seu cajado e bolas de luz surgiram ao redor dela, se atirando contra os ossos e destruindo-os no ar, deixando cair uma poeira brilhante. Frisk não sabia por quanto tempo ela iria aguentar continuar lutando dessa forma, ele era muito forte para o nível dela e Frisk apenas estava tentando ganhar tempo. Ela viu que não conseguiria fazê-lo voltar ao normal desse jeito e mais uma vez, ela tentou acordá-lo.

Frisk: Por favor... Pare... Sou eu...

Ele não ouvia nenhuma súplica e avançou novamente contra ela. Dessa vez, ele invocou várias adagas e lançou-as em seguida. As adagas eram muito mais rápidas e Frisk tentou evocar mais bolas de luz para anulá-los, mas elas eram rápidas demais e uma delas feriu seu rosto, fazendo um corte no maxilar. Outras acabaram fazendo um corte em sua perna e outra, em seu braço. Frisk começou a tremer e continuava resistindo, mesmo sentindo dor. Ela tinha que pensar em algo rápido, alguma memória que o tocou, alguma lembrança que poderia fazer ele voltar a se lembrar...

Frisk: Sans... Pare... Eu não posso continuar desse jeito... Eu deixei todos os meus amigos e vim até aqui, sozinha, porque eu acreditei que era melhor assim... Eu esqueci do meu propósito outra vez...

Ele estava com seus Gaster Blasters prestes a dispararem contra ela enquanto Frisk continuava falando, trêmula.

Frisk: Uma vez... Você me disse para acreditar em mim mesma, que todos acreditam em mim...  Meu propósito sempre foi libertar todos os monstros das trevas e desde o início, eu decidi que faria isso sem lutar... E sempre que eu vejo alguém possuído, eu me lembro...

Pouco a pouco, ele começou a ficar estático e relembrou o que ele fazia no passado. Ele se lembrou da primeira vez que a viu lutando junto com Papyrus e ele mesmo apareceu, encorajando-a. Ele parou para ouví-la falar e Sans sentiu que ele conhecia aquela frase.

Frisk: “... Consegue poupar a criatura diante de você?”... Além disso... Você prometeu que me protegeria. Por isso, eu te imploro... Lembre-se de quem você é...

As memórias voltaram com mais intensidade e ele se lembrou de quando a encontrou a primeira vez. A cada encontro que ele teve, estando disfarçado, junto com Frisk fortalecia a confiança dela cada vez mais. Desde que ela ficou conhecida, havia pessoas de todas as regiões comentando sobre ela, inclusive ele mesmo passou a admirá-la. Com isso, ele também teve um flashback do evento da porta das Ruínas. Ele acabara de contar mais uma de suas piadas e a senhora do outro lado do portão não estava rindo dessa vez, ele olhou surpreso para a porta e não deixou de se preocupar.

Sans: ... Algo errado?

Toriel: ... Posso te pedir algo?

Sans: O que?

Toriel: Você sabe que o artefato sempre pertenceu aos humanos...

Sans: Sim.

Toriel: Mas... eu me preocupo que, de todos os humanos, esse poder caia nas mãos de uma criança... Se ela cair aqui, eu sei que não vou estar com ela para proteger... Você pode protegê-la pra mim, por favor?

Sans ficou surpreso ao ouvir esse pedido e ficou olhando para o chão, pensativo. Ele não sabia como iria poder cumprir tal promessa, já que isso era contra seu trabalho.

Sans: Por que me pediu uma coisa dessas?

Toriel: Eu não sei... Mas algo me fez sentir que eu devo confiar isso a você.

Sans: Sua intuição diz isso?

Toriel: Sim...

Do outro lado da porta, Toriel estava olhando para seu brasão que levava em seu peito. Era um coração roxo com um livro atrás do mesmo. Sans ficou surpreso ao ver que a senhora confiava nele para pedir isso, logo, ele decidiu aceitar, sem muita esperança.

Sans: ...Tudo bem então, mas não posso garantir nada.

Toriel: Eu sei que você fará um ótimo trabalho, você só precisa acreditar em você mesmo...

Ao relembrar sua promessa, ele colocou suas mãos sob seu crânio e começou a reagir com as memórias que inundavam sua mente. Dentro de si, ele começou a lutar contra o fantasma das trevas para voltar a obter controle de sua consciência. Frisk viu a reação dele e percebeu que havia dado certo. Ela segurou seu cajado firmemente, prestes a fazê-lo voltar ao normal quando ela percebeu algo surgindo dentro do peito dele, um brilho diferente que captou a atenção dela. Imediatamente, o emblema dela brilhou junto e Frisk percebeu que havia uma nova alma de guardião por perto para despertar. Ela olhou para Sans perplexa, ela nunca imaginou que ele realmente fosse outro guardião. Frisk temia que quando o despertasse, ele iria ganhar novos poderes, porém, sem a consciência de volta. Mesmo assim, Frisk apontou para a alma dele e uma luz saiu do emblema de Frisk, indo a encontro dele e se materializando em um novo emblema: um coração amarelo com o crânio de um dragão atrás. Sans parou de reagir e olhou para aquele emblema, assustado. Ele ouviu uma voz por perto ao pegar aquele emblema.

— “Desperte! Guardião da Justiça.”

Uma energia enorme rodeou o palácio inteiro, transformando-o. Ele adquiriu um uniforme amarelo, seu sobretudo era de couro claro com ombreiras de crânio de dragão. Ele também adquiriu uma calça escura com botas e luvas, e por fim um cinto ao redor de sua cintura com o emblema colocado. Após isso, a luz se dissipou e ele permaneceu parado no lugar, imóvel e sem abrir os olhos, ele estava repleto de aura amarela.
     Vendo que ele não se mexia, Frisk se aproximou dele aos poucos, com esperanças de tê-lo acordado. Sans, porém, olhou diretamente para ela ao notar sua presença e Frisk viu a íris roxa dele novamente. Parece que a situação piorou de vez. Frisk não sabia mais como lidar com ele a essa altura e percebendo que Sans não havia acordado, ela apenas viu-o prendê-la com seus ossos ao redor e ele estendeu seu braço esquerdo, surgindo uma bazuca e preenchendo seu braço. Ali também surgiu um Gaster Blaster, apoiado na boca da arma dele. Ele apontou sua arma para Frisk e estava prestes a executá-la quando Frisk abaixou a cabeça e começou a chorar. Vendo que havia deixado que isso acabasse assim, ela começou a perceber que nada mais havia restado para ela ao escolher abandonar seus amigos. Ela pensou que não merecia viver e por isso, ela disse o que sentia antes de ser executada.

Frisk: ... Eu sou tão idiota não é?... Por minha culpa, meus amigos não estão mais aqui. Eu não o culpo por estar chateado comigo, eu fui tão egoísta... Eu só queria estar com todo mundo, conversando e jantando e rindo das suas piadas...

Antes que ele puxasse o gatilho, a porta de trás é aberta com uma explosão de lá vieram os três para ajudar Frisk. Porém, ao ver a cena adiante, eles ficaram ainda mais surpresos com o que descobriram.

Undyne: Humana! O que diabos...?

Papyrus: ... Sans?

Mettaton: Ele é um guardião também?

Eles olharam para Sans usando aquela roupa diferente e imediatamente deduziram o que aconteceu, porém, ele ainda estava com aquele mesmo olho roxo aparecendo. Já Frisk não estava acreditando nisso, seus amigos apareceram exatamente na hora em que ela estava prestes a morrer e isso o fez distrair-se. Sans começou a focar em detê-los e Undyne avançou contra Sans, usando sua lança maior para conter os ataques dele. Mettaton aproveitou-se disso e usou suas correntes para puxarem Frisk e fazê-la pousar ao lado deles. Ela não conseguia encará-los e se sentiu agoniada e ressentida.

Frisk: Me desculpe...

Papyrus: Você está conosco agora, humana... está tudo bem! Mas o meu irmão...

Papyrus estava olhando perplexo para aquela cena, ele não conseguia acreditar que Sans estava lutando contra seus amigos. Ele ainda estava lutando contra Undyne e Mettaton fez mais correntes se invocarem do chão, indo em direção a ele para prendê-lo. Sans notou as correntes se aproximarem e se teleportou, se desviando delas e ele acabou distanciando-se dos quatro. Undyne pulou para trás e já estava se sentindo cansada depois de tanto lutar com vigor contra aqueles monstros possuídos do núcleo.

Undyne: Que droga! Nunca imaginei que ele era tão bom assim em batalha...

Frisk sabia a razão atrás disso, ele podia parar o tempo a seu favor e impedir que fosse atingido tão facilmente. Vendo isso, ela tinha que dar um jeito de impedí-lo, ela criou essa situação e estava determinada a pará-lo. Com seu ultimo esforço, ela queria que seu emblema desse a ela forças, mais uma vez, para expulsar as trevas dele de uma vez por todas.
     Sans começou a avançar novamente em velocidade alta e Frisk fez o mesmo. Antes que ela fosse impedida pelos três, ambos estavam cruzando seus caminhos e Sans se preparou para arremessar suas adagas contra ela. Frisk usou seu poder para se aproximar dele rapidamente sem Sans notar e os três somente viram Frisk abraça-lo repentinamente. Eles olharam assustados, inclusive Sans, que ficou parado, recebendo aquele abraço e sem fazê-lo de volta.

Frisk: Me perdoe por ter brigado com você sem te escutar... Se você ainda estiver aí... Eu...

Esperando que ele reagisse, Sans impediu-a de continuar falando e a jogou para trás, fazendo-a cair no chão. A essa altura, Frisk estava se rendendo, ela se recusava a ferí-lo e queria vê-lo de volta, mas parece que aquilo era impossível. Após ver que Sans a jogou, Papyrus olhou desacreditado que seu irmão machucou-a com tanto desprezo. Sans nunca se atreveria a machuca-la, ele não é assim... Ele entendeu que aquele, de fato, não era seu irmão e então, Papyrus começou reagir, olhando-o com raiva e decidiu intervir.

Papyrus: Você, criatura maligna! Não posso acreditar que você usou meu irmão e machucou a humana! Eu, o Grande Papyrus, Guardião da Bondade, terei que punir você!

Sans estava tão concentrado em matar a humana que nem percebeu que Papyrus estava preparando seu ataque para detê-lo. Undyne e Mettaton olharam-no surpresos e Papyrus lançou seu ataque de espaguete contra Sans.

Papyrus: Bondade! Ataque do Master Chef!

Sua raiva fez com que seu ataque fosse lançado rapidamente e com grande intensidade. Sans notou o ataque de Papyrus vindo rapidamente e ele foi atingido, voando contra a parede do palácio. Ele foi preso pelo excesso de espaguete. Frisk olhou para Papyrus assustada e com a ajuda de Undyne, ela se levantou e olhou para ele, tristemente.

Frisk: ... Não queria que você tivesse que passar por isso...

Papyrus: Ele... Vai ficar bem... Não é?

Ele ficou tenso depois de fazer tal movimento, temendo ter exagerado e que seu irmão pudesse se lembrar disso. Já Frisk pegou seu cajado e, usando todo seu foco em fazer Sans voltar ao normal, a energia do cajado foi alcançada e ela apontou para ele.

Frisk: Pelo poder da Determinação, eu ordeno ás trevas que saiam!

Assim que o fez, um rojão de luz foi disparado em direção a ele e acertou-o. Sans sentiu as trevas deixarem seu corpo e evaporarem, estando em completa agonia até a luz se dissipar. Todo o espaguete que estava prendendo-o desapareceu e ele caiu, sentado de mau jeito. Frisk correu até seu encontro e se ajoelhou, vendo-o dormir. Ela se sentia culpada pelo que aconteceu e começou a soluçar.

Frisk: Me perdoe... Se eu não tivesse dito aquilo, você não iria ficar desse jeito... Eu achei... Que te perderia de novo.

Seus amigos se aproximaram deles aos poucos para vê-lo e Frisk sentiu uma mão colocar-se em cima de um dos seus punhos. Quando ela olhou, Sans estava exibindo seu sorriso de sempre e consolou-a.

Sans: Heh... Tudo bem, criança.

Ele abriu seus olhos e a primeira coisa que ele notou foram os cortes marcados pelo corpo dela. Ele começou a se sentir intrigado ao perceber que havia cortado-a e Frisk notou que ele havia mudado de humor.

Sans: Eu... Fiz isso?

Frisk: Tudo bem, não é sua culpa...

Ele não deixou de se sentir decepcionado pelo que fez, ele pensou que havia quebrado a promessa naquele instante, mesmo sabendo que foi controlado mais cedo. Ele se levantou, andando até a janela mais próxima e se recusou a olhar para seus amigos enquanto estes olhavam-o, assustados.

Sans: Podem ir em frente, ficarei aqui.

Frisk: Mas...

Antes que Frisk se aproximasse dele, Papyrus foi até ela e colocou sua mão no ombro dela, interrompendo-a e ele a olhou tranquilamente.

Papyrus: Eu falo com ele, vocês podem ir.

Vendo que ambos iriam ter uma conversa séria entre irmãos, Frisk olhou mais uma vez para Sans e então, ela se virou para andar com Mettaton e Undyne, seguindo em frente até encontrar o Rei. Enquanto isso, Papyrus continuou parado encarando seu irmão, ele estava claramente chateado com tudo que aconteceu, até mesmo por Sans ter se escondido de seu irmão.

Papyrus: Quero explicações, Sans.

Sans: Do que?

Papyrus: Por que andou se escondendo esse tempo todo de nós? Achei que você confiava em mim, você sempre esteve do meu lado para me ajudar quando precisei. Como você acha que me sinto quando vejo que não posso retribuir esse favor?

Sans sabia que havia chateado seu irmão. Desde o início, quando Papyrus contou para ele que era um guardião igual Frisk, internamente ele se sentiu apreensivo. Os monstros das trevas eram impiedosos e ele temeu tanto por Frisk quanto por seu irmão que fossem derrotados em batalha. E desde que ele fez a promessa àquela senhora, ele decidiu se disfarçar, pois todos no subsolo conheciam-o como Sans, o sentinela comediante, e nada mais.

Sans: Heh... Eu decepcionei vocês, não é? Perdoe minha falta de confiança...

Papyrus: Estou vendo... E porque você se disfarçou esse tempo todo?

Sans olhou para seu irmão e começou a contar sobre a promessa que havia feito para a senhora do outro lado da porta das ruínas e seu motivo para se disfarçar. Papyrus não sabia que ele conversava com alguém durante seu trabalho, mas isso não o incomodou.

Sans: ... Eu não sei como vou olhar para a senhora que me pediu para protegê-la. Aquela promessa foi muito importante para ela, e eu quebrei.

Papyrus: Não acha que está pegando pesado demais com você mesmo? A humana te perdoou. E se você disser a verdade para aquela senhora, ela vai entender.

Sans: Você acha mesmo?

Papyrus: Desde quando você começou a duvidar da sinceridade do Grande Papyrus?

Sans: ... Foi mal, mano.

Papyrus: E da próxima vez serei forçado a cozinhar espaguete de café da manhã por um mês.

Sans: Vai ser massa.

Papyrus ficou com raiva ao ouvir o trocadilho dele, porém, dessa vez, ambos começaram a rir um do outro, ignorando a situação atual. Papyrus não podia negar a bondade que tinha em seu coração de perdoar seu irmão e ambos se desculparam.


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