Heart and Soldier escrita por Sapphirah


Capítulo 19
Capítulo 19 - Núcleo




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Durante a noite, os monstros que haviam sido possuídos acordaram de madrugada e começaram a andar por conta própria, sem alarmar seus vizinhos, e foram andando todos, no mesmo sentido e com os mesmos passos, indo em direção ao núcleo. Alphys ainda estava acordada maratonando um anime de drama, e se lamentando não poder ter ajudado os dois, mais cedo. Ela mal se deu conta de que as câmeras estavam gravando a marcha dos monstros possuídos até o núcleo, com exceção de Sans, que ficou dormindo essa noite.
      No dia seguinte, de manhã, Sans acordou sem sua própria consciência, pois o fantasma continuava se apoderando de seu corpo. Dali, ele se levantou e sem fome, dirigiu-se a porta de casa quando foi interrompido por Papyrus.

Papyrus: Bom dia Sans! Dormiu bem? Adivinha o que vai ser de café...

Sans: Não estou muito bem hoje, vou dar uma volta...

Papyrus: Ei! Não quer me contar como foi o jantar com a humana?

Sem respondê-lo, ele fechou a porta, deixando Papyrus confuso e chateado. Papyrus se perguntava se ontem foi tão ruim assim a ponto de agir dessa forma. Porém, o que realmente incomodava era que Papyrus não teve nenhuma oportunidade de ajudar seu irmão como ele fazia por Papyrus. Quando ele precisava de algo, Sans estava ali pronto para ajuda-lo.

Papyrus: O que houve com ele?... Eu não entendo...

Afora, Undyne estava andando da Cachoeira, indo até a casa de Papyrus quando ela percebeu várias pessoas fora de suas casas, debatendo entre si e desesperados, procurando seus familiares e amigos que desapareceram do nada. Ela notou que havia algo errado acontecendo. De longe, ela viu Sans se aproximar, ela estava prestes a acenar para ele quando Undyne olhou-o. Sans continuou olhando para baixo, ignorando totalmente a presença dela. Eles passaram um ao lado do outro, cruzando caminhos e sem trocar uma palavra. Undyne estranhou esse comportamento dele e decidiu se esconder pela floresta de Nevada sem ser notada.
   Enquanto Sans andava em direção à Cachoeira, Undyne continuou observando-o e viu-o parar na entrada. Nela, havia uma pequena cascata que formava um reflexo do rosto dele e Sans decidiu se teleportar dali, revelando seu olho esquerdo roxo. Assim que ele se teleportou, Undyne sentiu claramente uma aura negra que havia deixado o lugar junto com Sans, ela olhou aquela cena perplexa e não pensou duas vezes, deduzindo o que havia acontecido com ele.

Undyne: Não pode ser...

Ela saiu da floresta de Nevada e correu até a casa do Papyrus, ela tinha que saber se Papyrus estava bem, e se estava, ela devia avisá-lo que Sans havia sido possuído. Abrindo a porta, Undyne encontrou Papyrus na cozinha, lavando os pratos com pouco jeito e sem ânimo. Ela não esperou fazer cumprimentos e correu até ele.

Undyne: Paps! Você está bem?

Ao ouvir Undyne por perto, ele decidiu esconder seu mau humor e se virou, alegremente.

Papyrus: ... Sim, estou bem! Como pode ver...

Undyne: Olha Paps, esse não é o melhor momento para distrações, sabe o que aconteceu com Sans?

Ouvindo-a mencionar sobre seu irmão o fez abaixar sua máscara e ele começou a se sentir triste, ele não era de fingir muito bem, assim como Frisk.

Papyrus: Eu não sei... Ontem a noite eu ouvi ele gritando e ele não me deixou ajudar. E hoje... Ele saiu sem comer e não me disse onde ia, ele estava estranho... E ele ainda não me contou o que teve ontem com a humana.

Undyne: Não acho que esse seja o motivo, Paps. Acredito que alguma coisa aconteceu com ele, e não é nada bom. Quando eu o vi, ele se teleportou da Cachoeira com uma aura maligna ao redor.

Ele olhou assustado para Undyne e entendeu o que ela queria dizer. Isso foi difícil de acreditar, porém, Papyrus temia que algo assim tivesse acontecido.

Papyrus: Espere... Você acha que ele está...?

Undyne: Sim, temos que avisar à humana e os outros antes que algo aconteça!

Papyrus: Só nos resta uma coisa a fazer... Ligar para a Dra. Alphys! E como vocês duas são muito próximas, irei deixar isso com você!

Undyne: ... O QUE?

Papyrus entregou o celular nas mãos de Undyne e ela, nervosa, ficou olhando o celular e pensando no que ela deveria falar para Alphys. Fazia muito tempo desde que Undyne havia ligado e havia perguntado para Alphys sobre o clima, mesmo sabendo que não existia previsão do tempo no subsolo.

Papyrus: ... Oras, você está com medo de ligar pra ela?

Undyne: Eu não estou com medo. Não seja ridículo!

Undyne não queria se render ao comentário de Papyrus e ligou para Alphys, digitando o número dela com os dedos tremendo. Enquanto isso Alphys acaba de acordar quando seu celular tocou, ela pegou seu celular da mesa de trabalho para atender.

Alphys: Alô?

Undyne: A-Alphys? Bom dia, eu preciso te dizer uma coisa...

Ao perceber a voz da Undyne, Alphys caiu da cama e segurou o celular, tremendo, ela começou a fazer milhões de perguntas na cabeça sobre o que ela realmente queria falar.

Alphys: É... B-Bom dia... O-o que v-você quer... falar?

Undyne: É... sobre aquele dia que eu te perguntei sobre o clima, aquilo era brincadeira... Hahaha... Quem diria que aqui existiria algo assim... não é?

Ela estava tão nervosa de falar pelo celular que Undyne preferia um milhão de vezes conversar por mensagens de texto, falar pelo telefone não era a melhor coisa que ela gosta. Papyrus estava tão intrigado pelo assunto que Undyne inventou que ele chamou a atenção dela. Alphys só ouviu gritos do Papyrus do outro lado da linha.

Papyrus: UNDYNE! NÃO TEMOS TEMPO PARA ISSO! LEMBRE-SE DO QUE TEMOS QUE FAZER!

Undyne: AAAH... Alphys. Consegue ver pelas câmeras onde Sans foi? Ele está agindo muito estranho hoje e nós tememos que algo aconteceu com ele.

Alphys: Sans? Tem certeza? Ontem ele estava normal...

Undyne: Você sabe o que houve com ele ontem?

Alphys: Ele tinha ido pro hotel com Frisk para jantarem e eles acabaram brigando... Foi tenso...

Undyne: E porque diabos ele foi jantar com a humana? Ele tinha algum motivo em particular pra isso?

Alphys: ... É uma longa história na verdade... Promete não ficar com raiva se eu contar?

Undyne: Hah, vindo do saco de ossos, duvido que seja algo tão grave, não precisa ter medo de me falar.

Alphys: Bem... Você conheceu o cara encapuzado, não?

Undyne: Sim... O admirador secreto...

Undyne não imaginava que o que ia ouvir seria algo inesperado, vindo do próprio Sans. Ela estava sorrindo ao ouvir falar do cara encapuzado e Alphys começou a contar sobre a última vez que eles o viram. Papyrus encostou seu crânio no telefone para ouvir o que Alphys estava falando e ao ouvir que ela mencionara sobre o cara encapuzado, ele sentiu uma pontada de raiva brotar novamente. Logo, o que eles ouviram foi chocante para eles e ambos gritaram no celular, perplexos.

“... O CARA ENCAPUZADO É ELE?”

Enquanto isso, Frisk saiu de seu quarto, decidida a procurar outro guardião e deixar seus amigos em paz, ela não queria envolvê-los depois do que ela havia presenciado antes de voltar no tempo. Ao andar até o salão principal, ela ouviu um enorme silêncio no hotel e não havia ninguém lá. Aquilo era muito estranho se tratando do mais famoso hotel do Mettaton. Sem perder mais tempo, Frisk prosseguiu seu caminho andando pela outra porta que continuava o caminho até outra área do subsolo. Enquanto andava, ela percebeu alguns monstros estranhos andando em direção ao núcleo e sem perceber a presença dela. Frisk esperou um tempo até ver que ninguém mais estava por perto e entrou naquele edifício do núcleo. Ela começou a se esconder aos arredores e nos cantos do local para despistar a atenção deles. Enquanto se escondia, ela podia sentir que os monstros que estavam ali estavam todos possuídos pelas trevas. Seria difícil para ela passar com todos esses monstros vigiando cada centímetro daquele local. Frisk teve que reunir coragem suficiente para continuar andando pelo núcleo e manter-se escondida deles.

Enquanto Frisk se escondia, ela viu uma boca de lobo pelas laterais das paredes do núcleo e abriu as grades de uma para poder entrar ali e se movimentar pelos canos do núcleo. Por sorte, Frisk notou que passava ar condicionado pelas bocas de lobo. Enquanto se engatinhava pelos canos, ela começou a ouvir uma conversa alheia de dois monstros. Frisk não estava conseguindo ouvir de longe, porém, ela jurava ter ouvido algo sobre o “Mestre” ou “Deus”, será que eles estavam se referindo ao suposto Mestre que Muffet mencionou? Ou até mesmo esse Mestre poderia ser o Deus da Hipermorte de acordo com Flowey. Só de pensar no que poderia acontecer se ele renascesse, Frisk não sabia como iria derrota-lo. Esses pensamentos começaram a perturbar a mente dela e Frisk não percebeu que colocou força demais na grade de cima onde ela estava, abrindo-o e fazendo-a cair do cano pro chão. Ela se machucou durante e queda, mas ao perceber que havia caído perto dos monstros que pararam de conversar, ela se levantou e começou a correr, percebendo que havia chamado a atenção deles. Enquanto corria, ela foi avistada por um dos guardas.

Guarda: PARADO!

Ela não obedeceu-o e continuou correndo. Os monstros que estavam espalhados pelo núcleo começaram a perseguí-la em grande número. Mesmo em pânico, Frisk estava determinada a fugir deles e conseguiu encontrar uma sala a frente. Mesmo cercada por alguns monstros, ela conseguiu pular, se esquivando deles e pulou até entrar na porta, fechando automaticamente. Frisk suspirou, por pouco ela não foi pega pelos guardas. Ao se levantar, Frisk viu que havia para do em uma sala escura e havia uma porta à frente, iluminada do outro lado. Ao sair da sala, ela viu um imenso corredor que dava até outro elevador. Sem saber onde esse elevador iria parar, Frisk entrou nele e o elevador se fechou, levando-a até outro lugar.
     Enquanto isso, Papyrus, Undyne e Mettaton chegaram ao núcleo e ouviram vozes de dentro do edifício do núcleo. Eles andaram adentro para investigar e mais a frente, viram vários soldados discutindo entre si, falando do “humano” que havia escapado. Estava um tumulto naquela área e os três se aproveitaram disso para se esconder.

Undyne: Droga... Há muitos deles.

Mettaton: Alphys, algum sinal dela?

Mettaton direcionou sua atenção ao alto-falante que estava posicionado em seu peito, Alphys estava em contato com eles através da linha de telefone que vinha do laboratório.

Alphys: Ainda estou procurando a localização dela.

Papyrus: Não sei... Não me sinto bem nesse lugar...

Alphys: ... Achei! Ela foi direto à capital usando o elevador do outro lado da ultima sala. Mas os guardas cercaram a porta, vocês vão precisar passar por eles para chegar até Frisk.

Undyne: Como ela conseguiu ir até lá? Ela está bem?

Alphys: Sim... Por enquanto. Vocês devem ir rápido, ela precisa estar a salvo.

Undyne: Então não temos escolha a não ser lutar contra esses caras.

Undyne foi a primeira a sair do esconderijo e ela parou em frente a eles, junto com Mettaton e Papyrus logo em seguida. Ficando a frente do exército, eles notaram a presença dos três e se posicionaram para ataca-los.

Mettaton: Dessa vez são muitos...

Undyne: Vai ser legal quebrar a cara deles.

Papyrus: Mas a gente não deveria fazer isso!

Undyne: Enquanto a humana não estiver aqui... Por que não?

O exercito começou a avançar contra eles e pelo número de monstros, havia uns cinquenta deles. Os três estenderam seu braço levando o emblema para o alto, proclamando.

— Poder da luz, me guie!

Do outro lado, após sair do elevador, Frisk se deparou com uma cidade acinzentada, as casas no fundo eram maiores e davam a impressão de ela estar numa capital. Enquanto andava pelos corredores largos, ela encontrou uma casa com arquitetura que lembrou muito a antiga casa das ruínas. Vendo isso, Frisk entrou nela sem pensar duas vezes e notou que era a mesma casa da Toriel. Enquanto Frisk explorava a casa, ela viu uma luz flutuante na sala de estar e Frisk se aproximou daquela luz, curiosa. Ela tocou-a e a luz se expandiu, fazendo com que toda a casa se transformasse ao redor, se tornando um cenário de lembranças e era como se Frisk começasse a fazer parte daquelas cenas. No fundo, uma voz começou a narrar àquelas lembranças.

“Houve um dia em que uma criança caiu no subsolo, fraca e ferida, ela chamou por ajuda e alguém atendeu ao seu chamado. A criança foi resgatada pelo príncipe do subsolo e por fim, adotada pelos reis do subsolo. Eles a criaram como se fosse filho deles e ela, junto com o príncipe, eram inseparáveis.”
      “Então... algo aconteceu que mudou o destino de todos. Ela havia sido escolhida como a guardiã do artefato. Encarregada de dispersar as trevas dos monstros possuídos, ela lutou corajosamente e todos os monstros a admiraram como sua salvadora... Porém, quanto mais poder ela usava, ela mudou cada vez mais seu olhar, se distanciando de todos, inclusive do príncipe, por quem confiara.”
      “Até que um dia... a guardiã adoeceu gravemente. O príncipe, aflito, ouviu seu último pedido. Ela desejava que seu corpo fosse colocado sob um jardim de flores douradas. E então... ela morreu. Tomado pela tristeza, ele abraçou-a e por fim, absorveu sua alma. Quando um monstro absorve a alma de um humano, ele se torna uma criatura de poder imenso, e assim aconteceu. O príncipe, junto com a alma da primeira guardiã, se tornou a criatura mais poderosa de toda a terra.”
    “Determinado a cumprir sua promessa, ele atravessou a barreira, carregando-a em seus braços e a deitou em uma cama de flores douradas. Naquele mesmo instante, nuvens negras e escuras tamparam o sol e o céu inteiro. Uma criatura negra, com o puro ódio em sua essência surgiu. Ele tomou ambas as almas, unidas, em um golpe mortal. O príncipe caiu, sem alma e impotente, ele nunca mais veria aquela criança que tanto a estimava. O príncipe desceu novamente ao subsolo e ali expirou, seu corpo se tornou cinzas e dela, se espalhou uma maldição em todo o reino dos monstros, eles alimentaram uma sede de vingança contra os humanos.”

Frisk, ouvindo aquela história, se sentiu triste e aflita pelo inimigo que havia destruído a vida dos dois personagens. Ela sabia que estava destinada a enfrentá-lo mais cedo ou mais tarde, porém Frisk já não sabia mais o que fazer, ela não estava pensando mais em seus amigos ajudando-a e nem em ninguém, ela só pensava em contar consigo mesma.
     Quando ela saiu da casa, havia um caminho para um grande palácio adiante e ela andou lentamente, chegando até a entrada. Dentro do palácio extenso, as paredes eram amarelas, havia um piso de cerâmica em forma de xadrez de vidro. Os pilares e o teto estavam pintados de amarelo igualmente e as janelas de vidro em fileiras possuíam um vitral decorado e bem arrojado, iluminando todo o local magnificamente. O interior lembrava um grande salão, e Frisk, enquanto andava, sentiu a presença de alguém que lhe soava familiar. Então, alguém apareceu, tinha a mesma estatura, porém estava sob a sombra de um pilar, impossibilitando-a de vê-lo.


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