Heart and Soldier escrita por Sapphirah


Capítulo 18
Capítulo 18 - Desentendimento




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Frisk ficou estática por alguns segundos, tentando assimilar o que havia acontecido. Para ela ter certeza de que realmente havia voltado ao passado, ela olhou novamente o relógio, confirmando alguns minutos faltando para dar seis horas.

Frisk: Se eu realmente voltei no tempo... Ele está vivo?

Sem perder mais tempo, ela correu para se arrumar. Ela tinha que ter certeza que, mesmo que tivesse desejado isso, ela não esperava que isso realmente tivesse acontecido. Após se arrumar, ela correu até a porta do hotel e percebeu que ele não havia chegado supostamente. Alguns segundos depois, ela viu alguém no fundo se aproximando, andando até ela. Ela não parava de olhar quem estava se aproximando até ter certeza de quem era. Assustadoramente, ela viu Sans novamente. Ele andou até chegar perto dela, surpreso por ela estar esperando-o.

Sans: E aí? Estou atrasado?

Ela não sabia mais o que dizer, isso era inacreditável. Ela se lembrou nitidamente de tê-lo visto morrer minutos antes e isso causou um péssimo mal estar nela.

Sans: Você está bem?

Frisk abaixou a cabeça e se recusou a olhá-lo. Sans percebeu a reação dela e tentou manter a calma, ela estava muito estranha e ele não estava entendendo a razão disso.

Sans: ... Ao menos coma um pouco, vai te fazer sentir melhor.

Ele estendeu a mão e esperou que ela segurasse. Frisk olhou a mão dele por alguns segundos e se lembrou que eles iriam ter a suposta conversa em que ele tinha algo importante para falar. Ela segurou sua mão sem olhar para ele e ambos se teleportaram até o restaurante. A mesma cena se repetiu, eles se sentaram na mesma mesa reservada, ela viu a mesma vela no meio da mesa, o mesmo garçom deixando o mesmo cardápio. Frisk pegou o cardápio e abriu-o, começando a ler sem desgrudar seu olhar do mesmo. Sans continuou estranhando seu comportamento e sem dizer nada, ele pegou o outro cardápio para ler. Ele queria deixá-la falar primeiro, seja o que queria comer ou conversar, porém, ela não falou nada. A situação durou por dois minutos que pareciam uma eternidade. Ele estava suando frio naquela situação e sem esperar mais, ele fechou o cardápio e olhou para ela.

Sans: Olha, eu preciso te dizer por que eu te chamei aqui...

Ela não reagiu e ele começou a falar, resumindo toda a história da porta das ruínas. Ela ouviu tudo novamente, em silêncio. Agora tudo fazia sentido, a promessa que ele fez... Ela se culpava por não ter percebido antes quem ele era... Não, ele deveria ter falado a verdade antes de inventar aquele nome falso. Ela começou a chorar de raiva, todo esse tempo, seus sentimentos não corresponderam ao que ela pensava ser verdade. Depois de tudo que ela fez, de ter se aberto e falado o que ela sentia... Ele tinha mentido esse tempo todo e isso a deixou amargurada. Seu estômago começou a embrulhar, ela estava realmente inconformada.

Sans: Eu detesto fazer promessas... Mas, devo admitir que se ela não tivesse me pedido isso... cara... Você teria morrido antes de perceber...

Frisk: ... Mentira...

Sans se assustou com a resposta, ele não esperava que ela reagisse dessa forma. Frisk secou suas lágrimas com remorso e fechou o cardápio, olhando para ele. Ela estava com um semblante de raiva em seus olhos, fazendo-o se sentir intimidado.

Frisk: ... Você mentiu pra mim... Esse tempo todo.

Sans: ... Vai com calma, ok? Eu só estava brincando...

Frisk: E sobre me proteger? De se esconder naquele traje? Estava brincando sobre isso também?

Ouvindo aquilo, ele ficou perplexo. Ele não esperava que ela soubesse a verdade e pior, que isso tivesse chateado ela muito. Ele sabia que tinha culpa e não sabia como se desculpar. Ele só podia a ouvir descontar sua raiva.

Frisk: Eu já sei de tudo, não preciso de desculpas... Eu acreditei em você, expressei meus sentimentos, mas agora... isso está sendo demais para mim.

Ela voltou a chorar e parou de olhar para ele, sua mente estava vazia e ela deixou sua raiva se apoderar dela. Sans já não sabia mais o que fazer. Vendo-a nesse estado, sua culpa aumentou ainda mais. Ele tentou se explicar uma ultima vez.

Sans: ... Eu estava tentando dizer isso a você agora. Me desculpe por ter escondido isso, me escute, por favor.

Frisk: Não... não me proteja mais...

Sans: O que?

Frisk: ... Se você continuar me protegendo... VOCÊ VAI MORRER!

Ela voltou a olhá-lo após dar sua ultima palavra e viu a reação dele. Ele estava completamente chocado, sem entender porque ela havia dito aquilo. Frisk não queria mais ter que encará-lo e decidiu sair da mesa correndo e chorando. Na saída do restaurante, Frisk se deparou com várias câmeras e Mettaton chegou ao lado dela para fazer uma entrevista.

Mettaton: Querida, conte tudo! Como foi o jantar? Romântico? Profundo o bastante para aclarar seus sentimentos?

 Frisk não olhou para ninguém e empurrou quem estava na frente dela, ignorando todos os jornalistas. Frisk correu até seu quarto e se trancou lá, encolhida atrás da porta e começou a chorar.
      Mettaton e os outros olharam para a porta do quarto dela, espantados, eles voltaram a olhar dentro do restaurante e viram Sans parado. Ele tinha tentado alcança-la, mas soube que era melhor desistir disso, ele não queria encarar os jornalistas. Ao se virar, o garçom apareceu correndo até ele.

Garçom: ... Você está bem?

Sans: ... Não.

Ele decidiu ir embora, se teleportando de volta para seu quarto. Ele sentou-se em sua cama e colocou suas mãos na sua cabeça, desacreditado. Deu tudo errado, sua tentativa de falar a verdade fracassou e a única coisa que ele pensava era como ela descobriu isso. Ele não acreditava que foi Alphys quem falou, sendo que ela mesma falou para que ele fizesse isso. Ele tentou se lembrar de alguma possibilidade e então, ele pensou que poderia ser o fato de que ela é a guardiã do artefato. Fazia um bom tempo que ele não ouvia sobre a lenda e, para ter certeza do que ele estava pensando, ele decidiu ir até a biblioteca procurar um livro sobre o antigo artefato. Ele procurou entre vários livros e não encontrou nada que informasse sobre ele completamente. Sua ultima tentativa foi entrar no laboratório secreto e procurar pelas pesquisas antigas. Depois de muito procurar, ele encontrou uma informação precisa sobre o artefato.

“... O escolhido pelo artefato poderia controlar as linhas temporais e alterar o espaço-tempo, sendo capaz de alterar a história do planeta. O sétimo guardião contém uma parte do poder vindo do lendário artefato (...) a força de seus poderes é determinado através da crença e dos sentimentos de cada um, porém, somente alguém com tamanha determinação é capaz de obter o artefato.”

Enquanto isso, Frisk continuava encolhida em seu quarto faz várias horas depois do suposto jantar. Ela não tinha vontade de dormir nem de comer de tão frustrada. Ela segurava seu travesseiro abraçando-o. De repente, ela ouviu uma ligação do celular, chamando-a. Frisk decidiu não atender e se virou contra o celular. Quando a chamada caiu na caixa postal, Frisk ouviu alguém falar em seu telefone.

Alphys: Frisk... sou eu... eu só liguei pra saber como você está...

Alphys estava transmitindo em seu celular. Ela soube o que aconteceu através de Mettaton e ela sentiu-se preocupada. Sem saber o que falar para consolá-la, Alphys decidiu falar a verdade sobre o que ela e Sans haviam conversado, pois ela teve parte nisso.

Alphys: ... M-me desculpe pelo que aconteceu, Frisk... Sobre os dados que você me pediu... Eu sabia quem ele era... mas... eu fiz o Sans prometer que iria contar a você antes... Por isso não contei... m-me desculpe...

Alphys desligou a ligação e Frisk continuou deitada. Ela não sentia mais nada naquele momento. Frisk pensava em como seria a próxima vez que ela tivesse que lutar. Depois do ultimo acontecimento, seus pensamentos não focavam mais em trabalhar em conjunto. Ela não queria que seus amigos lutassem mais por ela. Ao invés disso, Frisk queria provar a si mesma que conseguiria lutar sozinha.

Frisk: Eu não quero envolver mais ninguém... Eu não quero que ninguém morra por minha causa...

Longe dali, em um local distante do subsolo, havia uma floresta densa e escura, ao lado de Nevada, onde não tinha tantos monstros morando lá por acreditarem que era um local assombrado por monstros possuídos pelas trevas. Porém, havia alguém lá. Em sua trilha, ramos e vinhas cresceram descontroladamente até secarem e se transformarem, ganhando outra forma. A criatura que antes era uma flor, se transformou em outra espécie. Humanóide, listras negras apareceram em seus novos membros e seus olhos se tornaram negros, ele tinha a pelagem branca e chifres arredondados e vestia um robe roxo, estampado com a mesma figura que usava Toriel em suas vestes. Ele se levantou e olhou a si mesmo, contemplando sua nova forma e sentiu um poder maior preencher seu corpo.

?: Finalmente... graças a esse poder... eu finalmente renasci como o Deus da Hipermorte. O poder da Determinação é inutil agora contra mim, as trevas voltaram para destruir a humanidade!

Convencido disso, a criatura ergueu seus braços para o alto e fez surgir espíritos malignos que voaram, se espalhando e procurando por outros monstros para possuí-los.

?: Juntem-se a mim, exército negro!

Pouco a pouco, os espíritos voaram e espalharam seu terror durante a noite, eles estavam possuíndo vários monstros enquanto estes dormiam. Aos poucos, os monstros possuídos não sentiram o espírito dominar seu corpo e eles estavam esperando a ordem do Deus da Hipermorte controlá-los. Depois de um tempo, após liberar poder em excesso, o Deus da Hipermorte se sentiu fraco e começou a se contorcer, ele não entendeu o que estava acontecendo, porém, vendo que estava prestes a voltar à forma anterior, ele entendeu que precisava da alma de Frisk para continuar vivo. Ele não perdeu tempo e desapareceu dali, avançando com seu plano.

Sans voltou para casa e dirigiu-se ao seu quarto após reler sobre a lenda do artefato. Ele se lembrou das ultimas palavras de Frisk antes de ela dar as costas. Ele sabia que Frisk podia se virar sozinha, porém, ele já não tinha mais perspectiva alguma. Ele foi despachado da pior maneira possível e por quê? Ele não tinha a resposta, ele não sabia como ela descobriu. E mesmo sem saber, ele não iria tentar mais já que ela demonstrou que o odiava.

Sans: ... Sinto muito senhora, mas... Não poderei cumprir minha promessa...

Convencido disso, ele se deitou no seu colchão e se virou para dormir, entristecido. Passou-se algumas horas até que um espírito negro em forma de fantasma entrou pela janela do quarto dele e começou a perambular pelos cantos até avistar Sans dormindo. Ele então voou, avançando contra Sans, porém, ele pressentiu um perigo por perto e se teleportou, saindo da cama e parando do outro lado do quarto, em pé. O fantasma ganhou uma forma corpórea de um bípede e seus olhos eram brilhantes, ele se virou para olhar onde Sans estava e rugiu assustadoramente. Sans olhou para aquele ser maligno e ele ativou seu olho esquerdo.

Sans: O que você quer?

A criatura avançou novamente contra ele usando suas garras e Sans invocou ossos de cor azul para acertar o fantasma. Os ossos atravessaram seu corpo etéreo e Sans se desviou novamente, se teleportando para o lado, antes que o fantasma tentasse pegá-lo. Vendo isso, o fantasma começou a desaparecer completamente e Sans não abaixou a guarda, ele olhava para todos os lados, tenso, tentando achar uma pista de onde o fantasma estava. Inesperadamente, o fantasma avançou em velocidade alta, empurrando-o pelo lado e batendo-o na parede, agarrando seu pescoço. Ele tentou lutar para sair, sem sucesso. O fantasma penetrou seu olhar nele e entrou pelas cavidades oculares dele, se apoderando de seu corpo e dominando seus membros. Sans sentia a presença do fantasma se apoderando de si e gritava de agonia, era uma sensação horrível de falta de controle. Aos poucos ele parou de tremer e de gritar, não era mais ele que estava ali, o fantasma negro adquiriu seu corpo e tomou controle dele. Ele se estendeu de pé com uma expressão vazia no seu rosto e seu olho esquerdo adquiriu uma cor roxa.
     No fundo do corredor, podiam-se ouvir passos rápidos e barulhentos se aproximando. Papyrus chegou até o quarto de Sans correndo e abriu a porta rapidamente, preocupado.

Papyrus: SANS! Eu ouvi gritos, O que houve?

Sans: ...Ahn?

Papyrus: Você está bem?

Sans: Estou... Foi só um pesadelo...

Papyrus: Deixe que o Grande Papyrus ajude você a espantar seus pesadelos!

Sans: Não precisa... Vou voltar a dormir.

Papyrus: Não me ignore! Vou pegar mais lençóis e...

Sans: ... EU DISSE...

Ele encarou Papyrus com raiva e revelou seu olho esquerdo. Já Papyrus olhou assustado para Sans, acreditando que nunca reagiria assim com ele, Sans percebeu o que havia feito e abaixou a cabeça, arrependido.

Sans: Me desculpe... É melhor irmos dormir. Boa noite.

Papyrus: ... Ok, boa noite...

Sans voltou a se deitar na sua cama e Papyrus deu alguns passos atrás, fechando a porta. Ele sentiu que havia algo errado com seu irmão e não queria acreditar que ele podia ter sido possuído. Ele decidiu averiguar sobre isso no dia seguinte, ele ainda esperava saber como foi o encontro que Sans teve com Frisk.


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