O Caçador da Tempestade escrita por Karina A de Souza


Capítulo 5
O Instituto


Notas iniciais do capítulo

Oi. Então... Esse capítulo é sobre algo que foi introduzido em "A Garota de Vestido Azul", mas se você não leu, vai entender mesmo assim.



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Depois de deixar minha irmã na escola, corri para casa, encontrando a TARDIS no jardim dos fundos. Um sorriso se abriu no meu rosto automaticamente. Ainda parecia um sonho.

Fazia dois dias que eu não via o Doutor. Depois do incidente com o micro robô, ele achou melhor que eu ficasse em casa, descansando, mesmo com o médico da Torchwood dizendo que não havia nada de errado comigo e que a “operação” tinha sido um sucesso.

Foi um processo simples, se quiser saber. Apenas um aparelho esquisito, que desintegrou o micro robô, ainda dentro de mim. Era uma coisa alienígena que agora pertencia a Torchwood, e Owen jurou ao Doutor que era seguro.

Entrei na TARDIS, encontrando o Senhor do Tempo sentado numa cadeira, enquanto lia um jornal britânico.

—Bom dia, Doutor. -Saudei.

—Bom dia, Kali. Como se sente?

—Perfeita. Mas acho que sabe disso. Você veio me espionar nesses dois dias. Eu ouvi o barulho da TARDIS. -Bufou.

—Sabia que devia ter estacionado mais longe.

—Okay. Aonde vamos hoje?-Fechou o jornal.

—Tenho um lugar em mente. Um onde eu queria ir, mas evitei, por estar sozinho. Acredito que com companhia, eu possa ir. Isso se aceitar me acompanhar.

—Então vamos.

Pouco depois a TARDIS pousou. O Doutor parecia hesitante em sair, mas o fez assim que segurei a mão dele. Não perguntei o por que daquela reação, ele poderia contar se quisesse. Eu não ia pressionar.

O lugar onde estávamos era de terra vermelha. Longas construções podiam ser vistas de longe, assim como morros enormes.

A construção mais perto era gigantesca e azul. Lembrava muito uma construção grega. Na fachada, a frase “Instituto Joanne Watson”.

Havia uma estátua também, em frente ao Instituto, de uma garota segurando uma estrela, e havia outras desenhadas em azul no vestido de mármore dela. Era algo lindo.

—Que lugar é esse, Doutor?-Perguntei. Olhei pra ele. O Senhor do Tempo parecia distante, pensativo, o olhar preso na estátua da garota. -Doutor?

—Oh, sim?-Me encarou. -O que?

—Onde nós estamos?

—Em Marte 002. É um planeta habitado apenas por mulheres. E o refúgio de muitas.

—Tipo Themyscira, da Mulher Maravilha, onde tem as amazonas?

—Pode-se dizer que sim. Algumas mulheres vieram pra cá para fugirem da violência e do medo, agora é um lugar de paz para todas elas. E sim, há guerreiras aqui.

—Você pode ficar aqui? Por que são apenas mulheres....

—Eu já estive aqui antes. E elas me convidaram para conhecer o Instituto.

—Então você já...

—Doutor!-Olhei na direção da voz. Uma mulher alta e negra estava saindo do Instituto, seguida por outras duas que usavam um tipo de armadura. Deviam ser as tais guerreiras. -Você decidiu vir.

—Alguns convites não podem ser recusados. -Respondeu. -Kaliane, essa é Deirini, a líder das mulheres de Marte 002. Essa é minha nova acompanhante.

—Certo. Seja bem vinda, irmã. E onde estão os outros dois? Jack Harkness e a irmã...

—Por que não nos mostra o Instituto? Estou muito curioso. -Franzi a testa. O Doutor não tinha sido discreto em mudar de assunto. Deirini percebeu, mas apenas assentiu.

—Claro, por aqui, por favor. -Começamos a segui-la para dentro do Instituto. -Depois que a irmã Joanne mostrou sua força e sabedoria, salvando você e Jack Harkness, nós decidimos dar seu nome ao Instituto. Aqui, nós temos bibliotecas, salas de estudos, laboratórios, salas de artes, de músicas, uma enorme ala hospitalar, além de consultórios de diversos tipos. Nas alas superiores, também temos 214 dormitórios.

—Uau. -Murmurei.

—Há arenas de treino para as nossas guerreiras, e um anfiteatro, para nossas reuniões e lazer.

—Em quanto tempo construíram tudo isso?

—Um ano.

—Isso é incrível. Um lugar tão grande... E tão bem feito... Vocês são incríveis.

—Era preciso um lugar como esse. Mulheres de todo o Universo continuam vindo aqui, pedindo ajuda, abrigo... E até trabalho. Precisávamos do Instituto para acolhê-las melhor.

Num quadro à minha direita havia pequenas pinturas de algumas mulheres, e seus nomes de dourado abaixo. River Song. Idris Harkness. Joanne Watson.

—Apenas algumas das mulheres que ajudaram o Instituto. E aquela que foi uma das nossas inspirações e deu o nome ao coração do nosso lar.

—Irmã Deirini, você é solicitada na sala de comunicação. -A voz avisou, vinda do nada. Presumi que fossem auto falantes.

O Doutor pareceu ter despertado, então se apressou para seguir a líder, me puxando com ele. Ainda estávamos de mãos dadas, e eu nem tinha percebido.

Na sala de comunicação, havia uma tela enorme, vários aparelhos esquisitos e três jovens trabalhando apressadamente.

—O que houve?-Deirini perguntou.

—Uma nave de grande porte está parada acima de nós. -Uma das jovens disse, reconheci ela como a dona da voz anterior. -O capitão afirma que quer falar com a líder, e apenas a líder. Não sei do que se trata.

—Então me deixe falar com ele. Inicie a comunicação. -Agarota assentiu, apertando um botão na mesa a sua frente. -Aqui é Deirini, líder de Marte 002, e das Amazonas de Marte. Identifique-se e diga o que quer.

—Aqui é o Capitão Wolf, líder da Corsário Vermelho, a maior nave de guerra dessa galáxia, e dos Escarlates.

—Quem são esses?-Sussurrei para o Doutor.

—Piratas do espaço. -Sussurrou de volta, parecendo preocupado. -Isso não é bom.

—Se planejam nos atacar, saibam que escolheram as inimigas erradas. -Deirini avisou. Ela parecia a própria Mulher Maravilha agora. Era incrível.

—Nós não precisamos atacá-las, caso aceitem o acordo. -Wolf disse.

—Não fazemos acordos com piratas.

—Esse vocês vão querer fazer. Há um artefato no Instituto. Nós o queremos, pois é nosso.

—E se não for entregue?-Houve uma pausa tensa. Tive vontade de roer as unhas, mas era um hábito que estava tentando abandonar.

—Então nós explodiremos seu Instituto até reduzi-lo à pó. -Arregalei os olhos. -Você tem alguns minutos para decidir. -Na tela grande “Conexão Encerrada” apareceu.

—Ágata, prepare nossas guerreiras e soe o aviso interno de guerra. Depois avise o vilarejo. -A guerreira assentiu e saiu da sala como um raio

—Deirini, você não está pensando em guerrear, está?-O Doutor perguntou.

—É claro que estou. Não negocio com homens, muito menos com piratas.

—Reúna o Conselho... Pense bem antes de tomar uma decisão. A maior e mais armada nave de guerra está pronta para destruir esse Instituto e eles não vão parar até Marte 002 se tornar poeira espacial.

—Nós não estamos indefesas Doutor. As Amazonas de Marte estão prontas para uma batalha desse nível.

—Eles têm uma nave. Vocês tem espadas e flechas!

—As coisas mudaram aqui. Você saberia se tivesse vindo antes. Dorana, inicie os protocolos. Estamos em guerra.

—Me deixe tentar negociar...

—Não haverá negociação.

—Deirini...

—Eu sugiro que pegue sua nave, sua acompanhante, e saia enquanto pode. Ficará difícil, no meio do fogo cruzado.

—Você acha que Joanne ia apoiar isso?-Gritou, me soltando. Recuei alguns passos. -Acha que ela ia sentar e aplaudir seu decreto de guerra?

—Ela não está aqui agora, está?

—E as mulheres que estão aqui? Aquelas que vieram até você por medo, em busca de algo melhor, de uma chance de viver? Você está pronta para ter o sangue delas em suas mãos? Marte 002 não é só feito por guerreiras. Você tem médicas, professoras, mães, enfermeiras, artistas, atrizes, e aquelas que não sabem que destino seguir. Aquelas que temiam o futuro e o confiaram a você. Pense nelas, Deirini. E pense na garota que você conheceu há um ano. Aquela que foi escolhida para dar o nome ao Instituto, aquela que... -Se calou, respirando fundo. Ele não conseguia continuar. Segurei a mão dele de novo.

—Estão entrando em contato mais uma vez. -Dorana avisou.

—Aceite. -Deirini pediu.

—Estamos prontos para negócios?-Wolf perguntou.

—Você exige algo que diz ser seu, ameaça meu planeta e meu povo, por que eu negociaria com você?

—Por que você, amazona, é quem precisa do acordo. Eu posso simplesmente ir até aí e buscar o que é meu, nos destroços do seu planeta e arrancar das suas mãos frias e mortas. Você é quem decide. É um belo Instituto. Quer mesmo que seja destruído? Em segundos posso deixá-lo no chão.

—Se ousar destruir esse Instituto, enfrentará a fúria de um Senhor do Tempo. -O Doutor avisou.

—Senhor do Tempo? Então algum infeliz escapou da Guerra do Tempo. Como é ser o último da sua espécie?-Olhei para o Doutor, surpresa. Ele era o último? Dava para entender por que ele odiava tanto a ideia de uma guerra.

—Você não vai querer saber. Destrua esse Instituto, e poderá sentir na pele. -Wou. A coisa estava ficando cada vez mais tensa. -Recue agora e deixe esse planeta em paz.

—Então diga para a amazona dar o que é meu. -O Doutor olhou para Deirini, mas ela parecia firme. Não tinha cara de quem ia mudar de ideia.

—O que é mais importante?-O Doutor perguntou a ela, em voz baixa. -Seu planeta e seu povo, ou sua teimosia?

—Se trata de honra. -Avisou. -Eu não vou ceder. Não vou deixar um homem vir aqui e nos ameaçar. É assim que começa, Doutor. Eu sei muito bem como como é. -Bem, eu não podia julgá-la. Se foi necessário fugir e se refugiar em outro planeta, Deirini, a líder durona, tinha sofrido muito antes.

—Há outra nave se aproximando. -Dorana avisou, digitando rapidamente. -É uma nave ainda maior.

—Pertence aos Escarlates?

—Não. -Olhou para Deirini. -É da polícia. -Eu queria perguntar “Polícia? Polícia do espaço?”, mas não parecia uma boa hora. -E... Parece que estão invadindo a comunicação.

—Atenção Marte 002 e Escarlates. -A voz disse. Policiais em ação. -A negociação acabou. Os tripulantes da nave Corsário Vermelho devem se render agora mesmo e as Amazonas devem parar as preparações para a guerra. Além de cooperarem.

—Cooperarmos com o que?-Deirini perguntou.

—O artefato exigido pelos Escarlates pertence à nós. -Uau. Que reviravolta. -E deve ser entregue imediatamente, de acordo com a Proclamação das Sombras. -Deirini respirou fundo.

—Assim será. -A conexão foi encerrada. -Juma, faça com que a arma retorne aos seus donos.

—Arma?-O Doutor repetiu, indignado. -Tudo isso foi por uma arma?

—Não ouse me repreender.

—Eu repreendo todos os que devem ser repreendidos, independente de quem sejam. Você arriscou todas as vidas desse planeta por uma arma. Você está emburrecendo?

—Doutor, não se esqueça com quem está falando. Posso proibi-lo de pisar nesse planeta e não acredito que queira isso. -Se aproximou dele. -Não quer perder o que restou dela. Eu tenho todo o direito de declarar guerra. Esse é o meu planeta. Você e sua intromissão de Senhor do Tempo não devem ousar se meter nos assuntos de Marte 002. Eu permito você, um homem, vir aqui, em memória de Joanne Watson. Não se esqueça. Você é só um visitante de passagem. Não queremos sua intromissão. Agora, se não se importa... Sua visita acabou. -Olhou pra mim. -Irmã Kaliane, ficaremos felizes caso nos visite novamente. -Assenti, sem saber o que falar. -Com licença, tenho um assunto para resolver. Della irá acompanhá-los até sua nave.

***

—Você deve estar acostumado a ser expulso dos lugares. -Comentei, tentando deixar o clima menos tenso. O Doutor não olhou pra mim, aparentando estar concentrado nos controles da TARDIS. Na verdade, ele estava só me evitando mesmo.

—Às vezes acontece.

—Você vai poder voltar?

—Não sei se eu quero. -Assenti.

—Por causa... Da Deirini?

—Por causa das lembranças. -Hesitei.

—Lembranças de Joanne Watson? Você a conhecia, acredito eu.

—Sim.

—E... Onde ela está?-Ficou de costas pra mim

—Segure-se, hora de ir para casa.

—Ah, certo. -Me aproximei dele, segurando o mais firme possível na mesa dos controles. -Quer parar pra comer alguma coisa? Talvez a gente possa passar num drive tru do espaço. -Sorriu um pouco.

—Drive tru do espaço?-Dei de ombros.

—E por que não? Aposto que lucrariam bastante.


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Notas finais do capítulo

E é isso aí.
O aparelho usado por Owen em Kali no capítulo anterior foi visto na série Torchwood, onde foi utilizado em Gwen. Eu não sei como explicar melhor o que ele faz, foi mal.
Então... Até o próximo capítulo. Comentários?
Bjs ♥



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