King’s Landing

Depois de dias viajando, Sor Jaime Lannister finalmente havia chegado em King’s Landing, apenas para ser recebido pelos guardas quando chegou perto da Fortaleza Vermelha. Teria sido arrastado para as masmorras exatamente como havia imaginado, mas Qyburn apareceu na mesma hora em que ele exigia aos guardas que o levassem até Cersei.

— Mas o que está acontecendo aqui? – perguntou Qyburn ao ver aquela confusão.

— Meu senhor, a Rainha ordenou que se Sor Jaime voltasse a aparecer por aqui deveria ser levado para as masmorras. – respondeu um dos guardas.

— Qyburn, eu preciso falar com Cersei. – interrompeu Jaime já irritado com toda aquela enrolação. – É urgente. Trago uma mensagem de Daenerys Targaryen.

Qyburn o olhou desconfiado, mas por fim disse que o acompanhasse. Eles foram até a sala onde o Pequeno Conselho costumava se reunir. Cersei estava lá sozinha esperando por Qyburn e levou um susto ao ver Jaime junto com ele entrando na sala.

— Você! – gritou Cersei passando de surpresa a irritada. – Seu traidor! O que está fazendo aqui?! O que esse traidor faz aqui, Qyburn?

— Vossa Graça, Sor Jaime disse ter uma mensagem urgente da garota Targaryen para a senhora. – respondeu Qyburn.

— Uma mensagem daquela vagabunda prateada? Então de cavaleiro foi rebaixado a mensageiro, seu traidor? – perguntou Cersei nervosa.

— Eu não traí você, Cersei! Se tivesse traído não estaria aqui agora e sim ao lado de Daenerys. – disse Jaime no mesmo tom, tinha imaginado que a discussão seria ruim, mas descobriu que não estava com tanta paciência para lidar com o humor da irmã. – Fui até o Norte sim e ajudei a lutar na Grande Guerra, que aliás nós, os vivos, vencemos. Jon Snow derrotou o Rei da Noite, mas acabou morrendo devido aos próprios ferimentos...

— Acha que não sei disso? – perguntou Cersei de forma arrogante. – Eu sou a Rainha, tenho olhos e ouvidos em todos os lugares. Diga logo que mensagem tão importante é essa já que os guardas não o trancaram nas masmorras.

Jaime a encarou irritado, mas decidiu acabar logo com aquela discussão idiota.

— Tyrion pediu que lhe trouxesse uma mensagem de Daenerys. – Ele notou a careta dela ao mencionar o irmão. – A Mãe dos Dragões quer uma reunião com você para negociar sobre o trono. Ela estará aqui em King’s Landing em poucos dias.

— Negociar sobre o trono? Não há nada a negociar sobre o trono. O Trono de Ferro é meu. Os Sete Reinos são meus. E eu não irei entregá-los a ela só porque está fingindo ser educada. – disse Cersei já ficando nervosa outra vez.

— Fingindo ser educada!? – Jaime aumentou o tom de voz de novo perdendo de vez a paciência. – Será que você não entende? Nosso irmão convenceu Daenerys a vir até aqui barganhar com você em relação ao trono ao invés de simplesmente matá-la como era a ideia inicial dela!

— Me matar?! E como exatamente ela me mataria se eu estou aqui cercada pelas paredes do castelo e de guardas?

— Caso tenho esquecido, ela tem dragões. Se quisesse podia simplesmente botar fogo nas parede do castelo e nos guardas e, então, em você. – disse Jaime e, pela primeira vez, Cersei pareceu disposta a ouvi-lo. – Tyrion a convenceu a fazer essa reunião.

— E o que, exatamente, ela vai propor nessa reunião? – perguntou Cersei um pouco mais calma.

— Isso eu não sei. Mas provavelmente serão condições de rendição.

— De fato, é provável que seja isso, Vossa Graça. – interveio Qyburn. – Talvez não seja má ideia ouvir o que ela irá propor.

— Está bem. – disse Cersei já maquinando um plano. – Você irá recebê-la quando ela chegar, Jaime. E irá dizer a ela que aceito uma reunião com a condição de que seja aqui na Fortaleza Vermelha, na Sala do Trono. Ela pode trazer guardas se quiser.

Jaime a olhou desconfiado, ela havia cedido fácil demais na opinião dele. Por fim, assentiu e perguntou irônico:

— Não vai me jogar nas masmorras então, querida?

Cersei o fuzilou com os olhos e o mandou sair. Ele fez uma reverência ainda com um olhar irônico e obedeceu.

Poucos dias depois, a frota de Daenerys e dos Greyjoy cercou King’s Landing. Jaime foi recebê-la como ordenado, junto com ele estava Bronn, que havia acabado de sair de um puteiro na mesma hora em que o Regicida se dirigia aos navios da Rainha Targaryen. Chegando lá, Jaime transmitiu as condições de Cersei para que se realizasse a reunião. Daenerys e Tyrion não gostaram nada da ideia de que a reunião fosse dentro da Fortaleza Vermelha, mas duvidavam que Cersei fosse mudar de ideia e por fim concordaram. Além dos dois, também iriam Missandei, Melisandre, Varys, Sor Jorah Mormont, Arya Stark (representando o apoio do Norte à Mãe dos Dragões), Verme Cinzento e também Sandor Clegane, o Cão de Caça, além de alguns Imaculados e Dothraki fazendo a guarda da rainha. Gendry e Sor Davos também iriam, pois Daenerys e Tyrion haviam decidido legitimar Gendry como Senhor de Ponta Tempestade quando ela fosse coroada. Os irmãos Greyjoy ficaram no navio liderando o cerco.

A comitiva de Daenerys acompanhou Sor Jaime até a Fortaleza Vermelha. Cersei já os aguardava na Sala do Trono. Ao entrar no castelo, Daenerys sentiu certa nostalgia em pensar que logo estaria entrando lá como a verdadeira rainha de Westeros. Logo chegaram na Sala do Trono, onde se encontravam Cersei sentada no Trono de Ferro, Qyburn do lado direito do trono e Sor Gregor Clegane próximo ao trono, além de alguns guardas Lannister posicionados nas saídas da sala.

Foram colocadas três cadeiras a frente do Trono de Ferro, onde se sentaram Daenerys no meio, Tyrion a direita de sua rainha e Missandei a esquerda. Jaime fez uma leve reverência para a irmã e ficou ao lado de Tyrion. Qyburn apresentou os títulos de Cersei e Missandei os de Daenerys, recebendo um revirar de olhos da Rainha Lannister pela grande quantidade que a outra tinha.

— A Rainha Daenerys propôs esta reunião para negociar em relação ao Trono de Ferro e à governança dos Sete Reinos. – anunciou Missandei.

— Diga exatamente os termos dessa negociação de uma vez. Não estou com paciência para enrolação. – disse Cersei.

Tyrion se levantou e respondeu: – Os termos são os seguintes: Cersei Lannister deverá entregar o trono e ir embora para Essos como exilada, sob pena de morte caso volte a Westeros.

— E se eu não aceitar? – perguntou Cersei irônica.

— Se não aceitar irá morrer de fome, assim como todos em King’s Landing já que temos uma frota enorme de navios fortemente armados cercando a cidade. – disse Daenerys como quem diz o óbvio. – Não me importaria se isso acontecesse se não fosse pelos cidadãos inocentes que também ficarão sitiados aqui dentro.

— E por que o exílio ao invés de uma execução? – perguntou Cersei. Qyburn arregalou os olhos para sua rainha, ela queria ser executada? Era o que ele pensava.

— Tyrion contou sobre o filho que espera. – respondeu Daenerys simplesmente. – Imaginamos que fosse preferir criá-lo longe daqui ao invés de morrer enquanto o carregava ou depois que a criança nascesse.

Cersei deu um sorriso maldoso após a resposta da Rainha Targaryen. Ela então disse:

— Preciso de um dia para pensar no assunto. Podemos convocar outra reunião amanhã neste mesmo horário. – ela se levantou do trono e saiu da sala com Qyburn logo atrás. Daenerys e sua comitiva voltaram aos navios acompanhados por Jaime, desconfiado do que Cersei iria fazer, assim como Tyrion que sugeriu levar mais guardas no dia seguinte.