No dia seguinte, estavam todos na Sala do Trono outra vez. Cersei no trono e Daenerys e os outros em pé, não havia cadeiras desta vez. Tyrion foi direto ao ponto:

— E então, decidiu-se, minha irmã?

— Oh sim! – respondeu Cersei com uma alegria maldosa. – Decidi que não entregarei o trono nem a você nem a ninguém! O Trono de Ferro é meu e se eu não puder tê-lo ninguém mais terá! Qyburn vá acender o Fogovivo. Queime tudo! Queime eles! Queime todos eles! – gritava Cersei ensandecida. Qyburn apressou-se em sair para obedecê-la.

— O que diabos está fazendo, Cersei!? – gritou Tyrion. – Por acaso ficou louca?

— Louca é ela se acha que entregarei o meu trono!

— Vossa Graça, temos que sair daqui agora. – disse Varys a uma Daenerys paralisada.

— Corram para a saída! Rápido! – gritou Tyrion.

— Sor Gregor, impeça a fuga! – ordenou Cersei. – Guardas! Tranquem as portas! Não deixem que ninguém saia! Iremos todos queimar!

Os guardas fecharam as portas e Sor Gregor avançou em direção a eles. Sendo barrado pelo Cão de Caça. Os dois começaram uma luta. Enquanto isso, Melisandre tentava fazer Cersei ver a razão:

— Não percebe que irá morrer também se botar fogo em tudo?

— Mas é claro que sim! Iremos todos queimar! E você será a primeira, bruxa! – respondeu Cersei virando um braseiro em cima de Melisandre que gritou ao sentir o fogo queimar sua roupa e carne. Daenerys e os outros assistiam a tudo apavorados, num dado momento o Montanha jogou Sandor para fora de seu caminho e avançou sobre a comitiva paralisada, o mais próximo era Varys que acabou sendo atravessado pela espada dele, caindo no chão cuspindo sangue.

Jaime se sentia num pesadelo, parecia que havia voltado no tempo do Rei Louco enquanto ouvia os gritos de Melisandre sendo queimada viva e Varys engasgando no chão com o próprio sangue. Aquilo não podia continuar, ele pensou. O Regicida foi até a o Trono de Ferro tentar argumentar com Cersei:

— Cersei, pare com essa loucura! Não pode queimar todos! Vai acabar matando a si mesma também, não entende?!

— É exatamente isso que vai acontecer! Morrerei sendo a legítima rainha do Trono de Ferro! E todos os meus inimigos irão morrer também!

— E nosso filho?! – gritou Jaime desesperado. – Vai matar nosso filho também com essa loucura?!

— Filho? – disse Cersei saboreando suas próximas palavras. – Que filho? Nunca estive grávida de você. Apenas inventei que estava porque percebi que estava se distanciando e eu não ia arriscar que me traísse. Mas não adiantou de nada, não é? Você me deixou mesmo achando que eu estava esperando um filho seu! Traidor!

Jaime sentiu como se tivesse levado uma bofetada na cara. Já Cersei voltou a gritar insana que queimassem todos. Jaime olhou em volta sentindo-se fora de sintonia, viu a luta entre os Clegane, um monte pegando fogo que deveria ser Melisandre, uma poça de sangue em volta de um Varys já morto e os guardas da Rainha dos Dragões tentando derrubar as portas. Viu seu irmão o olhar com desespero nos olhos. Então, virou-se para frente e fez o que deveria ser feito: desembainhou a espada, subiu o restante dos degraus do trono, puxou Cersei e a apunhalou bem no meio da barriga. Ela o olhou surpresa e ele a encarou de volta sentindo a maior culpa do mundo por matar a única mulher que amou na vida.

— Eu sinto muito. Sinto muito. – chorou Jaime enquanto caía nos degraus com Cersei em seus braços gemendo de dor. – Por que teve que me obrigar a isso? Eu sinto muito. Me perdoe. Eu te amo. Te amo... – suplicava Jaime até que ele engasgou ao sentir algo perfurar seu peito. Era sua adaga. Cersei havia puxado de seu cinto e cravado no peito de Jaime. Ele olhou a adaga em seu coração e depois olhou Cersei como quem perguntava “O que você fez?”. - Cersei...?

— Viemos ao mundo juntos, meu amor, nada mais justo do que o deixarmos juntos. – foram as últimas palavras de Cersei Lannister, ela olhou seu irmão e amante de forma vazia e então fechou os olhos para sempre. Jaime sentiu os braços pesarem e acabou soltando Cersei ao mesmo tempo em que caía ao lado dela, sua última visão sendo sua gêmea de olhos fechados como se dormisse.

Em uma sala não muito longe da Sala do Trono, Arya encurralava Qyburn que havia ido acender o Fogovivo. De lá, os dois podiam ouvir os gritos insanos de Cersei e também os os gritos desesperados de Melisandre morrendo queimada. Arya olhou Qyburn no fundo dos olhos e perguntou calmamente:

— A loucura dela deve ser contagiante, não? Afinal, o que mais te levaria a obedecer essa insanidade de queimar todos vivos?

Qyburn não tirava os olhos da espada de Arya, o homem estava praticamente tremendo de medo de morrer. Fato que Arya logo notou e não perdeu tempo em comentar:

— O que foi? Está com medo de morrer? Não parecia com medo instantes atrás quando ia acender o Fogovivo e queimar todos aqui, inclusive você mesmo. – ele engoliu em seco e a olhou prestes a suplicar. – Últimas palavras?

— Por favor... – mas Arya não ia ouvir súplicas. Apenas atravessou Agulha no peito de Qyburn e o observou friamente cair no chão engasgando com o próprio sangue.

De volta à Sala do Trono, a luta dos irmãos Clegane continuava. Sandor estava levando a pior, mas num golpe de sorte conseguiu fazer seu irmão perder a espada e atravessou a sua própria no tórax do Montanha, que cambaleou para trás e acabou esbarrando em um braseiro. O meio-zumbi caiu no chão com o braseiro por cima, onde passou a queimar do mesmo modo que Melisandre. O Cão de Caça olhou seu irmão pegando fogo e pensou ironicamente “Com fogo feriu e com fogo será ferido, ou melhor, morto”.

Tyrion observava desolado seus dois irmãos aos pés do Trono de Ferro mortos. Estava prestes a ir até eles quando Daenerys passou em sua frente.

A Mãe dos Dragões caminhava como que hipnotizada pelo Trono de Ferro. Ela passou pelos corpos pegando fogo de Melisandre e Sor Gregor. Passou por cima do corpo de Varys caído no meio do caminho para o trono. E então ela subiu as escadas, atravessando entre Jaime e Cersei, caídos nos degraus. Até chegar ao Trono de Ferro, onde se sentou imponente observando seus inimigos caídos e lamentando que alguns amigos também tivessem caído, mas satisfeita por finalmente ter chegado ao Trono de Ferro.