How We Get Here escrita por TatyNamikaze


Capítulo 8
Capítulo 8 - Consequência da Mentira


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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How We Get Here

Capítulo Oito - Consequência da Mentira



Sasuke Uchiha

 

Depois da minha vitória, todos se juntaram a mim no centro da arena para comemorar, até mesmo a Sakura, que estava ainda mais linda naquele dia.

Mas, quando eu pensei que ela viria até mim, Ume pulou em meus braços.

Fui pego de surpresa pelo abraço dela e, em seguida, pelo beijo que me deu. Eu nunca havia beijado alguém, então, fiquei sem reação, ainda mais por ter sido ela a fazer isso.

E o estranho era que eu não senti nada. Foi, simplesmente, um toque sem sentido algum. Um selinho demorado que eu não fiz questão de tornar algo mais.

Por um tempo, depois de conhecer Ume, eu cogitei a possibilidade de dar-lhe uma chance, já que estava mais que evidente seus sentimentos por mim, e eu precisava esquecer Sakura, mas, agora, eu não sabia de mais nada.

Eu só queria que fosse Sakura ali.

Arregalei os olhos, finalizando aquele selinho rapidamente, porém a Haruno não estava mais lá. Ela havia ido embora.

Isso seria um sinal de que ela ainda gostava de mim? — perguntei-me.

Definitivamente, eu não sabia de mais nada.




. . .




Sakura Haruno

 

Acordei cedo para um domingo, mas porque já sabia exatamente o que fazer. Eu já havia tomado minha decisão.

Fui até o campo de treinamento após trocar de roupa — meu pijama pelo vestido qipao vermelho —, pois precisava falar com Ume e sabia que ela treinava sozinha nos domingos de manhã.

Assim que cheguei ao campo, a vi lançando kunais em um tronco sem usar as mãos e sim seu kekkei genkai.

Aproximei-me já irritada.

— O que pensa que está fazendo com o Sasuke?

Minha voz soou alta, fazendo-a virar-se imediatamente de frente para mim.

— Eu? Nada. — sorriu debochada.

Respirei fundo para não socar a cara dela nesse momento.

— Eu conheço seu tipo. Você só quer fama, até deu em cima do Naruto.

Ela deu uma curta risada.

— E por que está tão nervosinha? Que eu saiba, você tem namorado. — comentou, jogando os cabelos de lado. — O Yori não vai gostar nada de te ver assim, com ciúmes do Sasuke.

Estava difícil me segurar.

— Não fuja do assunto. O que quer com o Sasuke? — fechei as mãos com força, controlando a raiva dessa garota.

— É melhor cuidar da sua vida.

Sorriu debochada e deu as costas para mim, voltando a treinar.

— Me responda! — exigi, e ela respirou fundo.

— Quer saber mesmo, Sakura? — Virou-se para mim, já irritada. — Sabe o que eu quero? Eu quero ficar com o Uchiha porque ele é o último do clã, é mais forte que o próprio Madara Uchiha. Se eu conseguir me casar com ele, serei importante, serei conhecida como a mulher que conseguiu conquistar o grande Sasuke Uchiha.

Fechei os punhos mais fortemente, sentindo a raiva espalhar-se por todo o meu corpo.

— Você não presta! — gritei, controlando-me para não socar a sua cara. — Você não vai conseguir ficar com o Sasuke, eu não vou deixar.

Ela riu alto, debochada.

— Eu vou conseguir de qualquer jeito, e não vai ser uma kunoichi mais ou menos, feia e irritante que vai me impedir de concluir isso. — Ume disse e saiu do campo.

Que vadia…

Aquela garota não prestava, e Sasuke precisava saber disso.

 

. . .

 

Já era noite quando avistei Sasuke, ele estava andando ao lado de Ume, próximo a casa dela. Criei coragem e aproximei-me, não podia deixar aquela garota usar o Sasuke para aparecer.

O Uchiha ficou surpreso ao ver-me chamá-lo, e Ume tinha uma expressão vitoriosa no rosto.

— Sakura? O que faz aqui? — ele perguntou.

Respirei fundo, criando coragem.

— Vim te dizer quem é a Ume de verdade. — ele me olhou confuso, e Ume deu um sorrisinho de canto.

Por que aquela garota estava rindo?

— Ela é uma interesseira, quer apenas fama. Ume só está com você porque tem poder, é conhecido e o último Uchiha.

O olhar dele desviou de mim para Ume, confuso e, depois, voltou para mim.

— O que está dizendo, Sakura? De onde tirou isso?

Olhei pra ele, indignada.

— Ela mesma me disse. Ume me falou que queria ser conhecida como a mulher que te conquistou.

A face de Ume assumiu uma expressão falsa de surpresa e indignação.

— Mas, que absurdo! Não é verdade, Sasuke. Ela nunca gostou de mim e quer atrapalhar nós dois para você não ser feliz.

— O quê? — estava com muita raiva dessa garota. — Claro que não! Você é uma falsa e interesseira!

Ameacei ir para cima dela, mas Sasuke colocou-se entre nós.

— Parem. — falou em seu tom sério de sempre. — Por que está inventando tudo isso? — Virou-se para mim.

— Inventando? Acha que eu estou inventando? — perguntei, indignada. — Ume é uma interesseira, pergunte ao Naruto, ela também já deu em cima dele.

O olhar de Sasuke vacilou por um instante, desviando-se para a garota.

— Isso é verdade, Ume?

Ela fez uma cara de indignação.

Falsa!

— Claro que não! Sakura está inventando tudo isso. Ela não quer que sejamos felizes juntos, ela quer te ver sozinho, eu a ouvi falar isso com Ino, Sakura quer te ver sofrer como ela sofreu.

Não conseguia acreditar no que ela estava dizendo.

— O quê?! Você está completamente maluca, isso sim! — esbravejei. — Sasuke, ela...

— Chega, Sakura. Já deu. — ele disse seriamente, começando a andar pela rua.

Ume e eu ficamos paradas, vendo a figura do Uchiha sumir na escuridão da noite.

— Eu disse que ninguém vai me impedir. — ela falou, dando uma risada debochada em seguida.

Ume acenou para mim em despedida e entrou em sua casa, de onde, do lado de fora, eu ainda conseguia ouvir sua risada.

E eu fiquei ali parada por alguns segundos, ainda sem processar direito tudo que houve e sentindo meu coração despedaçar em meu peito.

 

. . .

 

Estava a caminho do trabalho, na manhã seguinte, exausta e chateada pelas palavras de Sasuke. Ainda não conseguia acreditar que eu tentei ajudá-lo e saí como mentirosa da história.

Bufei, irritada, porém logo disfarcei ao ver Yori aproximando-se.

— Sinto muito não poder estar com você no festival de inverno.

E foi quando me dei conta de que o festival era naquela noite. Estava acontecendo tanta coisa que eu até me esqueci.

— Sem problemas. — sorri sem graça enquanto olhava para ele.

Yori era legal e um bom namorado, não merecia alguém que não o amava. E não adiantava mentir mais para mim mesma, Yori e eu nunca daríamos certo, pois não o amo e sei que nunca ia amar.

Abaixei o olhar, tentando criar a coragem que precisava.

— Eu quero falar com você. — ergui a cabeça, encontrando um sorriso estampado em seu rosto.

— Eu também quero falar com você. — roubou-me um selinho. — Quero te dizer que te amo, Sakura. Você é a mulher da minha vida, e nunca amei ninguém como te amo.

Abaixei a cabeça, sem graça. Eu ia terminar com ele, e Yori vem e se declara? Droga…

Perdi a coragem.

— O que queria dizer?

— N-nada. — sorri fraco. — Nada de importante.

— Certo, então, nos vemos amanhã de manhã. — roubou-me outro selinho.

— É, até amanhã. — respirei fundo ao vê-lo afastar-se.

Isso era mais difícil do que pensei.

Ao chegar no hospital, havia muito trabalho para ser feito, tanto que fiquei ocupada até o horário do almoço, quando Ino e eu decidimos almoçar no meu restaurante favorito, pois fazia dias que não comíamos juntas, mas, quem disse que eu conseguia me animar ou distrair?

— Por que está com essa cara, testuda? — Ino perguntou após me ver mexer no prato sem ânimo por minutos.

Suspirei, chateada.

— Descobri que Ume só quer conquistar o Sasuke para ganhar fama.

Ino arregalou os olhos.

— O que? Como você descobriu?

— Fui tirar satisfações com ela sobre o que queria com o Sasuke, e Ume me confessou a verdade, aquela interesseira... 

Ino olhou-me com uma feição bem surpresa.

— Não sei o que é mais surpreendente, ela falar isso para você ou você ir tirar satisfações com ela.

Encarei-a. O assunto é sério, poxa!

Suspirei, cansada.

— E você não sabe do pior. 

— O quê? O quê? O quê? — perguntou ainda mais curiosa.

— Calma, porca! — respirei fundo. — Eu fui contar para o Sasuke sobre a Ume, e ela negou tudo, falou que eu estava inventando aquilo porque não queria que o Sasuke fosse feliz e que ela havia ouvido eu falar isso com você... 

— Mas que absurdo! Ah se eu encontrar com aquela ridícula na rua, ah se eu encontrar.

— Não me interrompa, Ino!

Já estava ficando irritada com a falação dela.

— Tá, desculpa. Continue.

— E o Sasuke...

— Não me diga que ele acreditou nela? — Ino me interrompeu de novo, assim não dava, né?

Por que é que eu estava falando com ela mesmo?

— Se me interromper de novo, eu não termino de falar. — cruzei os braços, aquela escandalosa não deixava eu terminar, irritante!

Pronto, peguei a mania do Sasuke agora. Mas que irritante!

— Tá bom, testuda, não vou mais te interromper, desculpa. Agora, vai, continua.

Olhava-me, curiosa.

— O Sasuke não acreditou em mim, mas não vou desistir, vou provar que ela é uma interesseira. — disse, determinada. — E sabe, Ino, eu tomei uma decisão, vou terminar com o Yori. Ia fazer isso hoje, mas não consegui, porém, quando tiver chance, vou fazer.

Ela sorriu de leve.

— Acho que isso já passou da hora, testuda.

Concordei. Ino estava mais que certa.

Olhei no meu celular, que, há muito tempo, não usava e notei que já passava de uma da tarde.

— Nossa, Ino, já estamos atrasadas, vamos.

Levantamos da mesa, pagamos a conta e saímos do restaurante em passos lentos.

— Você vai ao festival de inverno, Sakura?

Desviei meus olhos do caminho para a figura de Ino ao meu lado.

— Não, não tenho um par e não vou ir para ver o Sasuke e a Ume juntos.

Sorri triste.

— Deixa disso, testuda, vai comigo! — sugeriu.

— Para ficar de vela? Não, obrigada. Não quero atrapalhar o Sai e você.

— Você que sabe, Sakura, mas você que vai sair perdendo.




. . .




Sasuke Uchiha

 

 Fiquei mal por ter tratado Sakura daquele jeito, mas o que ela disse parecia tanto um absurdo que eu não conseguia acreditar, e as palavras de Ume sobre a rosada querer que eu sofra mexeram comigo, por mais que também parecesse um absurdo.

Eu estava confuso quanto à tudo que acontecia, e Ume parecia, realmente, disposta a ficar ao meu lado e fazer-me feliz. Não estávamos juntos nem nada, afinal, foi apenas um selinho demorado no fim do exame chuunin, mas decidi dar-lhe uma chance de me conquistar, de se aproximar, já que eu precisava esquecer Sakura, e Ume, talvez, conseguiria ajudar-me nisso.

Eu caminhava lentamente pela rua, Ume estava em meu encalço. Por mais que ela fosse legal, sua companhia me irritava em alguns momentos, o que me fazia, muitas vezes, perguntar-me se estava fazendo o certo ao deixá-la se aproximar de mim — ou se estava fazendo-o apenas para afetar Sakura.

— Sasuke-kun. — Ume chamou, despertando-me dos meus devaneios.

E o “kun” fez eu lembrar-me de Sakura novamente.

— Você vai ao festival de inverno comigo, né?

Estreitei os olhos, confuso.

— Que festival?

— Um festival para comemorar a troca de estação. Vai ter baile e muita comida, vamos? — sorriu.

— Dança? Não. — falei, indiferente.

Odeio multidões. Odeio música. E não sabia dançar.

— Por favor!

Ela juntou as mãos em frente ao corpo, implorando. Respirei fundo.

Ume não me deixaria em paz se não aceitasse, então, concordei com um aceno. Mas, depois disso, só o que veio em minha mente foi uma pergunta:

Sakura estaria lá?

E uma certeza:

Eu não conseguiria esquecê-la tão cedo.

 

. . .

 

No dia do festival, não vi Sakura em momento algum, e isso já estava deixando-me mal.

Será que ela estava com muita raiva de mim? Bom, talvez, eu descobriria à noite.

Não demorou a dar a hora do festival, tudo encontrava-se arrumado, e o clima já começava a esfriar. Peguei um kimono no meu armário, o qual comprei outro dia e vesti. A roupa era bem simples, toda no tom preto e não tinha nenhum detalhe.

Depois de pronto, saí na rua, que, por sinal, estava lotada, o que fez com que eu me arrependesse na mesma hora.

O que eu tinha na cabeça? Por que aceitei ir nesse festival?

Suspirando cansado, comecei a andar entre a multidão e, imediatamente, avistei Sakura ao longe — os cabelos no tom rosa facilitava muito as coisas. Ela estava linda com um kimono vermelho que ia até o meio da coxa, todo florido e com um leve decote. Os longos cabelos rosados estavam jogados para o lado direito, encaracolados e com uma delicada e pequena margarida no lado esquerdo do cabelo.

De fato, estava muito mais linda do que em qualquer outro momento, coisa que eu pensei que fosse impossível. Fiquei alguns segundos olhando-a, até que ela me percebeu e nossos olhares se encontraram.

Meu coração disparou nesse momento, eu nunca havia me sentido assim em toda a minha vida e nem conseguia desviar o olhar.

— Sasuke-kun! — revirei os olhos ao escutar a voz de Ume.

Eu só queria falar com Sakura e, de alguma forma, consertar as coisas, mas tinha certeza de que Ume não permitiria.

Ela entrou em minha frente, o que fez Sakura virar-se de costas para mim.

Suspirei cansado.

— Vem, vamos dançar. — puxou minha mão, e eu me arrependi de ter aceitado o convite dela.

Fomos para junto dos casais que estavam dançando e fiquei parado. Detestava multidões, será que ela não percebia?

— Anda, Sasuke-kun, se anima. — pediu. — Sasuke-kun, por favor.

Colocou minha mão esquerda em suas costas e entrelaçou a sua na minha mão direita.

Que chatice!

Pronto, peguei a mania do Shikamaru, mas que isso era uma chatice, era.

— O que foi Sasuke-kun? Não me diga que não sabe dançar?

Encarei-a.

— Não sei.

Ela deu uma pequena risada.

— Está brincando, né? O grande Sasuke Uchiha, o mais forte de todo o clã e que ajudou a combater Kaguya Otsutsuki não sabe dançar? Fala sério!

Encarei-a ainda mais seriamente, o que pareceu convencê-la. Isso já estava irritando-me.

— Estava falando sério? — olhou-me surpresa e sorriu sem graça.  — Eu te ensino.

Que maravilha… — sintam a ironia.

Começamos a dançar e acabei pisando em seu pé sem querer algumas vezes, o que pareceu não ter doído muito, porém, em seguida, pisei novamente, mas de propósito. Precisava de uma desculpa para sair de perto dela por alguns instantes.

Enquanto Ume soltava minha mão para massagear o pé, falei:

— Vou pegar uma bebida.

Fui até uma barraca e comprei um copo de saquê. Eu não era muito de beber, mas precisava de um copo para aliviar o estresse daquele dia e, como se fosse o destino, olhei para o lado e lá estava Sakura, uns vinte metros longe, escorada na parede de uma das casas e olhando a decoração do festival.

Sozinha.

Tomei o meu saquê de uma vez só e fui até ela.

— Admirando a decoração? — perguntei ao me aproximar, e isso a assustou.

— Sasuke! — exclamou surpresa, mas logo tratou de suavizar sua expressão, assumindo uma feição indiferente. — O que faz aqui?

Escorei na parede, ao seu lado.

— Eu que pergunto, o que faz aqui sozinha? — quando vi, já tinha perguntado, mas não obtive resposta. — Seu namorado não gosta de festivais? — e ela apenas foi saindo, ignorando-me.

Segurei o seu braço levemente para não machucá-la, sentindo a sua irritação por minha causa.

— Me desculpe. — falei, porém o semblante dela não suavizou-se.

Ela continuou transmitindo raiva através dos olhos verdes.

— Não quero falar com você. Não depois do que fez.

Respirei fundo.

— Me desculpe, mas é só que... Eu achei aquilo muito absurdo. — respondi, e ela puxou seu braço de volta, cruzando-o com o outro.

— Eu ainda vou provar que estava falando a verdade, pode ter certeza.

Encarou-me com uma feição triste e irritada ao mesmo tempo e começou a afastar-se de mim.

— Sakura, espera. — pedi, e ela parou.

Não havia muitas pessoas por perto de onde estávamos.

— Não quero conversar com você! — ela gritou, e fiquei surpreso pelo seu tom de voz.

Havia mais que raiva por nossa discussão. Seria ciúmes?

Eu precisava saber.

— Por que está agindo assim? Você acha que é a única que pode ficar com outra pessoa? — ficou me observando. — Pare de ser egoísta.

Sakura olhava indignada para mim.

— Eu sendo egoísta? Você nunca importou-se comigo, apenas com você mesmo. — bufou, irritada. — Eu estou tentando te ajudar, mas você insiste em me magoar não acreditando no que digo. Você que é egoísta! Não se importa nem um pouco com os meus sentimentos!

O quê? Olhei-a, irritado.

— Você que não se importa com os meus! — esbravejei. — Não sei porque está tão brava, eu é que deveria estar, já que você vai se casar com o Yori!

Nesse instante, ela ficou sem fala, olhando-me com os lábios entreabertos.

— O quê?! — Sakura parecia confusa. — Do que você está falando?

— Como assim do que estou falando? Você sabe muito bem.

Eu a encarava. Estava irritado com tudo que estava acontecendo e colocando para fora tudo que estava guardado em meu peito.

— Que história é essa de casamento? Eu não sei do que está falando, Sasuke.

— Como não? — perguntei, ainda mais irritado

Por que ela estava mentindo para mim?

— Não precisa mentir, eu já sei de tudo. O próprio Yori me contou.

Ela pareceu ainda mais confusa nesse instante.

— Como assim o Yori contou? Eu nunca disse que ia me casar com ele.

O quê?!

E, então, a ficha caiu.

— Quer dizer que isso é mentira?

Não conseguia acreditar que aquele cretino havia mentido sobre se casar com Sakura só para me afastar dela.

— Sim, eu nunca me casaria com Yori.

Ouvir isso deixou-me um pouco mais calmo, admito, porém também irritado por tamanha mentira.

E minha vontade de socar a cara do Yori só aumentou.

— Mas não entendo porque Yori faria isso. — a Haruno completou, os lábios ainda entreabertos de surpresa.

Como não entendia? Nossa, Sakura, você já foi mais esperta.

— Ele me queria longe de você.

Sakura suspirou, fechando os olhos por um instante, porém logo os abriu novamente.

— Ele não tem o direito de afastar meus amigos de mim. Yori não tem que querer nada. — eu conseguia sentir a raiva através da voz dela. — Ele não deveria ter feito isso.

— Mas fez. — minha voz soou fria, e eu pude escutar a longa respiração de Sakura de onde eu estava.

— Quando ele te disse isso?

— Depois do dia em que você desmaiou.

O semblante dela assumiu uma expressão de surpresa.

— Então, foi por isso. — sussurrou.

Estreitei os olhos em confusão.

— Então, foi por isso o quê? — perguntei, sem entender nada.

— Então, foi por isso que você ficou me ignorando. Foi por causa do Yori. — ela deixou uma lágrima cair.

Talvez, de raiva ou tristeza, não sei dizer. Só sei que senti meu coração pesar ao ver essa cena e, sem conseguir controlar-me ou pensar claramente, levantei minha mão e sequei a lágrima com as pontas dos dedos.

Sakura encarou-me nesse instante, surpresa pela minha atitude, e nossos olhares não conseguiram desviar um do outro enquanto nos aproximávamos inconscientemente, de uma forma que fosse possível sentir sua respiração quente em meu rosto.

Até, claro, uma voz indesejada nos interromper.

— O que está acontecendo aqui? — Ume aproximou-se, forçando-nos a afastarmos um do outro.

Ela tinha que chegar nesse momento? Logo nesse momento?

— Sasuke-kun, te procurei por todo lado, mas não pensei que estaria com ela.

Sua voz possuía um pouco de desdém e, em seu rosto, a raiva estava estampada.

— Já vou indo. — Sakura falou e foi embora, deixando-me sozinho com Ume.

Respirei fundo, irritado pela chegada de Ume. Ela tinha que atrapalhar, não é mesmo? Mas a culpa foi minha por deixá-la aproximar-se mais de mim.

Dei as costas para ela, começando a andar devagar.  

— O que estava acontecendo aqui? — ignorei a pergunta, continuando a andar. — Onde pensa que vai?

Suspirei, cansado.

— Para casa. — respondi friamente.

— Mas o festival ainda nem acabou.

— Para mim, acabou. — respondi de costas mesmo e voltei a andar, afastando-me dela.

Eu só precisava de paz e pensar. O dia havia sido muito cheio.




. . .




Sakura Haruno

 

Eu disse que não iria ao festival, mas ele só acontecia uma vez no ano, então, decidi ir, mas notei que estava atrapalhando Ino e Sai com minha presença, portanto, afastei-me deles para dar privacidade aos dois.

Eu só não esperava que, ao fazer isso, tudo aquilo fosse acontecer.

Sasuke com raiva, o nosso quase beijo — que eu ainda não conseguia acreditar —, a irritação de Ume e, o pior, a mentira de Yori.

Foi tanta coisa em uma noite que eu não conseguia acreditar. Se a raiva não fosse tão evidente em meu peito naquele instante, eu diria que aquela noite não passou de um sonho louco.

Mas não foi um sonho, foi bem real, tanto que, no dia seguinte, eu estava caminhando em direção à entrada da vila, à procura de Yori, que chegaria naquela manhã.

Eu não quis falar lá, já que não estávamos sozinhos na portaria, mas ele percebeu que havia algo de errado através das minhas atitudes frias.

Juntos, seguimos pelas ruas em silêncio, eu estava com raiva, muita raiva.

Não demorou, e chegamos em um parque no centro da aldeia, onde fui direto ao ponto.

— O que foi Sakura? — Yori perguntou, confuso.

— Por que falou aquela mentira para o Sasuke?

— O quê? Que mentira? — se fez de desentendido.

Respirei fundo, controlando minha raiva.

— A de que nós íamos nos casar.

Fingiu uma falsa confusão.

— O quê? Eu não disse nada. O Uchiha que mentiu, ele quer nos ver separados!

Encarei-o.

— Sasuke já cometeu muitos erros e já foi muitas coisas, mas não é mentiroso. — falei, encarando sua face confusa e indignada.

Por quanto tempo mais ele negaria o que eu já sabia?

— Eu já disse, Sakura, não falei nada. — insistiu.

Respirei fundo novamente, percebendo o quanto errei por ter me envolvido com ele. Yori não era como pensei.

E eu sentindo-me mal por querer terminar...

— Eu pensei que poderia ser feliz com você, Yori, que eu poderia amá-lo um dia, mas me enganei. — deixei uma lágrima cair, dando-me conta de que ele não era quem demonstrou ser durante esse tempo. — Você quis afastar o meu amigo de mim, e isso não posso perdoar.

O semblante dele assumiu uma feição indignada e irritada ao mesmo tempo.

— Amigo? Você sabe muito bem que Sasuke não é só um amigo para você. Eu só queria mantê-lo afastado da minha namorada.

Balancei a cabeça, não acreditando no que ouvia. Ele não tinha esse direito por mais que sentisse ciúmes e insegurança por conta do Sasuke.

— O que você fez é inaceitável. — falei firme e seriamente. — Nosso namoro acaba aqui.

Ele olhou-me com a face surpresa e tristonha ao mesmo tempo, porém logo mudou para irritada e nervosa.

E eu, bom, já não estava conseguindo controlar minha raiva.

— Vai me deixar por ele, Sakura? É isso? — perguntou, indignado. Seus olhos estavam escuros, diferente do Yori que eu conhecia. — Vai me deixar por aquele renegado? Por aquele criminoso que não te merece?

Nesse instante, eu não sei o que aconteceu. Só sei que não aguentei controlar minha raiva e acertei um soco em seu rosto, o que o fez cair sentado no chão.

No mesmo instante, Yori levantou a mão e começou a massagear a bochecha, que já assumia uma coloração bem avermelhada.

— Nunca fale mal de Sasuke na minha frente. — esbravejei e não esperei que falasse mais alguma coisa, apenas saí de lá, as lágrimas começando a cair dos olhos por tudo que havia acontecido nesses últimos dias, todo o peso que carregava em meus ombros e confusão em meu peito.

— Sakura-chan, o que houve? Por que está chorando? — Naruto perguntou ao se aproximar de mim e parecia preocupado.

— Por tudo, Naruto, por tudo que está acontecendo. — respondi com uma voz de choro, e Naruto apenas me abraçou forte.

— Tem a ver com o Sasuke?

Respirei fundo, soltando-me de seu abraço.

— Não, digo... Também. 

Ele olhou-me ternamente, secando minhas lágrimas com as pontas de seus dedos.

— Quer desabafar?

Suspirei, secando a última lágrima que insistia em cair.

— Você acha que o Sasuke gosta da Ume? — perguntei, quem sabe Sasuke não havia comentado algo com Naruto, ou sei lá, só precisava saber de algo, só precisava resolver meus problemas.

O loiro assumiu uma expressão mais séria.

— Não sei, Sakura-chan, mas acho que, se ele gosta dela, Sasuke tem um mal gosto absurdo e só pode ter ficado maluco por trocar você, que é uma pessoa incrível, por aquela interesseira. Mas, sabe, acho que ele não sente nada por ela. Ume não combina com ele, mas você sim.

Dei um pequeno sorriso. Naruto sabia como deixar-me com um melhor humor.

— Obrigada, Naruto, ainda bem que posso contar sempre com você.

Sorri fraco para ele, que sorriu abertamente de volta.

— Estarei sempre aqui.

Sorriu novamente, e eu acenei com a cabeça, deixando que a expressão triste sumisse.

— Acho melhor ir trabalhar, já estou atrasada. 

— Bom, eu também, preciso ir ver o Kakashi-sensei. Tenho uma nova missão para completar.

 

. . .

 

— Por que se atrasou tanto? Sabe que eu tive que fazer o seu trabalho? Faz ideia do tanto de gente que precisei cuidar hoje? Que falta de responsabilidade, testuda! — Ino gritou assim que me viu no corredor do hospital.

Respirei fundo. Eu não estava nada bem, uma discussão com Ino era a última coisa que queria nesse momento.

Ela aproximou-se de mim, notando minha feição triste e nervosa.

— O que houve, Sakura? — Ino perguntou, mais calma.

— Eu terminei com Yori. 

— Sério? E o que aconteceu? Você não estaria chateada assim por isso.

— Eu bati nele. — falei, e Ino voltou a gritar:

— Você bateu nele? 

Suspirei, cansada.

— Ino, aqui é um hospital. — a repreendi.

— Desculpe. Mas por que bateu nele? — sua voz soou mais baixa e curiosa.

— Porque ele falou mal do Sasuke. Não consegui me segurar e soquei a cara dele.

Ino arregalou os olhos.

— Nossa, testuda, quanta violência. — fez uma pausa. — Mas como criou coragem para terminar com ele? 

— Bom, você sabe que eu já estava querendo fazer isso, né? Só não sabia como fazer. Mas, depois do que aconteceu, criei coragem e terminei de uma vez.

— Depois do quê?

— No festival de inverno, Sasuke e eu discutimos...

— Discutiram? — ela interrompeu-me gritando.

Que escandalosa!

— Se me interromper de novo ou gritar, não vou te contar nada. — falei, já irritada.

— Tudo bem, não vou mais gritar ou te interromper... Mas, agora, continue.

Ela estava bem curiosa.

— Estávamos discutindo por causa da Ume e por ele não ter acreditado em mim, até que Sasuke se alterou e revelou que Yori disse que íamos nos casar.

— Casar? Como assim, Sakura? — Ino gritou, interrompendo-me de novo, mas, dessa vez, não me irritei.

Qualquer um muito próximo a mim teria uma reação dessas, até eu mesma tive.

— Pois é, eu também fiquei assim. O Yori falou isso para o Sasuke se afastar de mim, então, hoje fui tirar satisfações e acabei terminando tudo.

Ino colocou a mão na testa, indignada com o que ouviu.

— Fez bem, Sakura, o Yori passou dos limites. — olhou para trás, vendo a movimentação grande no corredor e dando-se conta de que precisava trabalhar. — Eu te desculpo pelo atraso de hoje, mas vai ter que ficar até mais tarde no meu lugar, preciso sair, tenho umas coisas para resolver.

— Tudo bem, eu fico.

Ambas voltamos ao trabalho. O movimento no hospital havia sido bem intenso durante todo o dia e não havia muitos médicos ninja trabalhando. Resultado: saí de lá meia noite.

Estava bem escuro em Konoha, além de frio e ventando. Meus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo e voavam de um lado para o outro.

Eu estava bem cansada e só queria chegar em casa logo.

As ruas encontravam-se desertas, mas eu não possuía medo. Ninguém em sã consciência me enfrentaria sozinho.

Já quase no meio do caminho até minha casa, notei que havia algo estranho no ar. Imediatamente, pulei para trás ao ver um monte de estacas de madeira caírem do céu de encontro ao chão, bloqueando o caminho.

— Fique longe do Sasuke, Sakura. — a voz de Ume soou atrás de mim. — Ou irá se arrepender.

Virei-me para trás, encarando-a com o semblante transmitindo raiva.

Eu não estava em um bom dia e nem com paciência.

— Você não manda em mim.

Ume respirou fundo, parecendo controlar a raiva e sorriu debochado.

— Você não se cansa, né? O Sasuke não gosta de você, então, não entre no meu caminho.

Encarei-a com ainda mais raiva.

— Não vou permitir que use o Sasuke para aparecer. Se você, pelo menos, gostasse dele, eu não interferiria, mas você só quer ficar com o Sasuke porque ele tem fama e poder.

Ela sorriu ainda mais debochado.

— É verdade, mas você não pode fazer nada, Sasuke não acredita em você. 

— Não importa, eu vou provar para ele quem você é.

Ela juntou as mãos em frente ao corpo.

— Pode tentar, mas não vai conseguir. — fez um selo, o qual fez com que as estacas saíssem do chão e se posicionassem no ar acima dela. — O Sasuke nunca vai ficar com você, testuda.

Meu sangue ferveu de tanta raiva. Só Ino me chamava assim, e quem Ume pensava que era para afirmar alguma coisa?

— O Sasuke não vai acreditar no que você está dizendo. Nunca.

Sorriu vitoriosa.

— Será mesmo?


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