Confissões de uma Odiadora Compulsiva escrita por Lybruma


Capítulo 3
Odeio a escola


Notas iniciais do capítulo

Hey!
Olá novamente! Espero que gostem desse capítulo =3



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Tobias

Se tinha uma coisa que eu não entendia era porque a Maria Clara parecia não gostar de mim.

Ninguém sabia quase nada sobre ela, apenas que gostava de passar os intervalos e o almoço na biblioteca, que tirava notas ótimas e era uma excelente aluna.

A maioria das pessoas com quem eu falava não gostavam dela. Diziam que ela sempre estava de mau humor e era chata, mas… Ela não parecia ser daquele jeito.

Sem mencionar o fato de que ela era muito bonita. Não era exatamente maravilhosa, mas tinha uma beleza diferente.

Ela era asiática e seus olhos eram a coisa mais fofa. O cabelo não era liso nem cacheado, era um ondulado muito lindo.

Só que… ela nunca falava nada. Eu nunca tinha ouvido sua voz nem nada do tipo, então parte de mim ficou bem feliz quando o professor de história anunciou que ela seria minha dupla.

E ela também nunca ria das minhas piadas, por mais que eu me esforçasse bastante para tirar pelo menos um sorrisinho dela, mesmo que indiretamente.

Eu tinha me mudado do Rio de Janeiro para São Paulo por causa do trabalho do meu pai. Com certeza iria sentir falta da praia e do clima de lá, mas eu entendia que era para o bem dele e da minha mãe. E, também, eu sempre tive vontade de conhecer São Paulo. Ouvia falar tantas coisas de lá… E eu iria pra um colégio melhor, estava ansioso.

Chegando no colégio novo, acabei me saindo melhor do que eu esperava em relação a amigos. Aquilo me deixou bem feliz, tirando o fato de que agora eu estudava em período integral.

E teria que parar de surfar.

Por mais que eu gostasse muito, não era uma coisa que eu fazia todo dia, o dia inteiro. Apenas algumas vezes por semana, porque o que eu realmente gostava era de ler — por mais que algumas pessoas ficassem chocadas ao descobrirem esse fato — Qualquer coisa, qualquer livro.

Quando eu cheguei naquela escola, tive que preencher uma ficha com diversas perguntas, quase um currículo, e “gosto de ler” foi uma das respostas mais predominantes.

Eu só não achava que os professores realmente usavam aquela ficha para alguma coisa, então fiquei bem surpreso quando o professor de história me colocou na dupla que leria um livro.

Não consegui evitar a timidez então, quando ele anunciou, acabei ficando um pouco vermelho, mas nada demais.

Esperei Maria vir falar comigo, mas ela nem olhou para mim, então fui atrás dela na biblioteca na hora do almoço. Ela estava fazendo alguns deveres em uma das mesas mais escondidas de lá.

— E aí, beleza? — cumprimentei, quando me aproximei o suficiente. Aquela era minha chance de finalmente causar uma boa primeira impressão para ela, então sorri do jeito mais alegre possível.

Ela escreveu mais algumas coisas no caderno antes de me responder.

— Oi.

E só. Apenas um oi.

Não deixei me abalar por aquilo. Sentei na cadeira que estava de frente para ela e continuei o assunto:

— Então… nós temos um trabalho para fazermos juntos, né? Você tem ideia de como fazer esse trabalho? — perguntei, esperando ideias.

— Sobre isso, pode deixar, eu faço sozinha. Já li os dois livros que o professor pediu. Eu escrevo o trabalho e coloco o seu nome. — ela respondeu, simplesmente.

Olhei surpreso para ela. Jamais deixaria alguém fazer um trabalho todo sozinho e apenas colocar meu nome no final.

— Eu também já li esses dois livros. Não vou deixar você fazer tudo sozinha.

Naquele momento, foi ela que me olhou com surpresa. Mal soube disfarçar. E então, entendi uma coisa: ela devia achar que eu era um daqueles meninos que não ligam para nada, que “dane-se os estudos” e que nem sabem o que é um livro.

Okay, eu fazia algumas piadas no meio da aula e coisas do tipo, mas eu não era aquele tipo de garoto. Eu sabia dar valor às coisas que eu tinha e sabia que pensar no futuro era importante, por isso eu gostava bastante de variar os temas dos meus livros.

— Hm, não sei como podemos fazer, então. Sei lá. Vamos reler O Diário primeiro, discutimos sobre ele, depois A Menina Que Roubava Livros e de novo discutimos sobre o livro. Assim está bom? — ela respondeu, por fim. O tom dela indicava claramente que ela não queria continuar aquela conversa.

Decidi respeitar a paciência dela (que não aparentava estar muito cheia naquele momento), então acabei pedindo o número do celular dela, já que eu havia procurado no grupo da sala e não havia encontrado nada de número da Maria Clara. Ela ditou o número sem maiores problemas e, após eu salvar o contato dela, me despedi e fui embora, voltando para o prédio 1, mandando uma mensagem para ela enquanto atravessava o enorme corredor que separava os dois prédios.

Maria Clara

Senti meu celular vibrar no meu bolso e quando olhei, era mensagem de um número desconhecido, mas na foto estava um rapaz loiro extremamente sorridente, com o Pão de Açúcar como fundo da foto.

Olá! Não esquece de salvar o meu número! =D

Visualizei a mensagem e não respondi. Nem salvei o número dele. Apenas deixei a mensagem lá e voltei para os meus deveres.

O sinal indicando o fim do almoço tocou e eu fui direto para a quadra (vulgo sala de aula de educação física).

Nossa professora, Luzia, era uma pessoa estranha. Aparentava ter por volta dos 40, mas era ranzinza como se tivesse 80 anos e uma perna quebrada. Ela definitivamente não tinha dó dos alunos, então nós passávamos praticamente duas aulas fazendo exercícios direto, apenas com intervalos de poucos minutos entre as atividades.

Só que naquele dia aconteceu algo estranho na segunda aula.

Depois de corrermos várias vezes em volta da quadra, a professora reuniu a turma e disse que jogaríamos queimada.

Os grupos foram divididos em alunos com o número da chamada ímpar de um lado e os com número par de outro. Comemorei internamente quando lembrei que o meu número era 28 e o do Tobias 33 (ele era o último número da chamada, por ter entrado há pouco tempo na escola).

Com o apito da professora, o jogo começou.

Bem, você provavelmente já jogou queimada e sabe que é um jogo sem muito nexo, por mais que até seja divertido.

Nas primeiras arremessadas da bola o pessoal tá todo animado, pulando, correndo e se jogando no chão.

É… menos eu. Geralmente eu sou um alvo fácil, justamente por não ser tão empolgada na hora de correr ou pular, o que faz com que ninguém goste que eu fique em seu time.

Mas tudo bem. Odeio todos eles, de qualquer forma.

Okay. Voltando.

Naquele dia não foi diferente. Eu estava distraída quando, do nada, senti uma pancada forte na cabeça e, como eu obviamente não estava preparada para aquilo, acabei caindo no chão (tanto pelo impacto da bola quanto pelo susto que eu levei).

Não, eu não desmaiei. Apenas fiquei no chão, tentando entender o que raios tinha acabado de acontecer.

A lateral da minha cabeça estava latejando e o lado esquerdo do meu corpo estava doendo por causa da queda.

A gritaria parou por um momento e, da posição em que eu estava, consegui ver um par de chinelos correndo em minha direção.

Eu tinha acabado de levar uma bolada na cabeça, mas, graças ao bom Deus, meu raciocínio continuava rápido então eu percebi bem rápido o que aconteceria se a pessoa-de-chinelos-na-aula-de-educação-física chegasse perto de mim: contato humano, só que pior; contato humano do Tobias.

Tentei levantar, mas senti uma tontura horrível e acabei caindo de novo. Os chinelos estavam chegando ainda mais perto — por mais que naquele momento existissem uns 5 pares de chinelo na minha visão.

Tobias chegou do meu lado e, com um pouquinho de esforço, me pegou no colo, me tirando do chão e indo comigo até a enfermaria, onde eu finalmente desmaiei, com uma coisa em mente: "caramba, esse perfume caro é muito bom".

(eu bati a cabeça com muita força, mesmo)


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Notas finais do capítulo

E é isso!
Não se esqueçam de comentar (principalmente se você veio de Bad Girl).
Beijos!



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