Com a mochila nas costas, me despeço de Hiroko-san e Toshiya-san, saindo do local que será minha casa durante um ano. Uma pousada com fontes termais artificiais. Ajeito meus óculos e ando em direção à estação de trem, observando melhor a vizinhança tranquila. Pegando o celular, percebo que o aplicativo designado por Igor está ativado. Quando me aproximo de uma cafeteria chamada LeBlanc, escuto uma voz do celular.

"Cognição Encontrada. Local: Café LeBlanc."

Percebo que o ícone do aplicativo brilha 5 vezes antes de voltar ao normal. Voltando a olhar para o café, noto a cortina da janela do segundo andar está um pouco aberta, mas decido continuar seguindo para a escola.

...

Da janela, alguém observa discretamente o japonês se aproximar, checar o celular, olhar para ele e ir embora.

~x~

“Cognição encontrada: Academia Shujin.”

Quando chego na escola, vejo uma moça asiática com um cigarro aceso na boca, toda de preto e cabelos curtos castanhos claros. Quando ela me nota, ela acena para que eu me aproximasse.

"Kunogi Yuuri?" Ela pergunta em japonês, recebendo um aceno meu como resposta. "Meu nome é Katsuki Mari e sou a professora responsável pela classe em que você vai estudar."

"Katsuki?" Pergunto, surpreso ao ouvir o mesmo sobrenome de meus guardiões.

"Hiroko e Toshiya são meus pais." Ela diz, e eu me surpreendo com a coincidência. "Agora vamos indo que meu tempo é curto."

"Hai." Digo, a acompanhando para dentro do Colégio, onde ela me.ensina os locais importantes.

Na sala de aula, ela me apresenta para a turma.

"Pessoal, esse é Yuuri Kunogi. Ele se transferiu para cá por motivos pessoais então não conhecê muito bem a cidade e a escola." Ela diz e eu, notando que a classe está mais interessada em fofocar do que prestar a atenção, permaneço calado. "Seu assento é aquele que está vazio."

Eu me dirijo para a mesa em questão e retiro a mochila do ombro, me sentando e apoiando meu braço direito nela. Quando me endireito, noto que há um livro dentro dela e o pego, me surpreendendo ao ler o título: A Mente e Tudo por Trás Dela - de Amaywa Chulanont. Decido dar uma olhada rápida nele no almoço e retiro meu caderno e lápis da mochila, anotando tudo o que foi explicado nas aulas.

...

Folhear aquele livro é algo interessante. Mas infelizmente ele não me pertence. No final das aula, me aproximo da professora Katsuki.

"Professora, eu encontrei esse livro na minha mesa. De quem ele pertence?" Pergunto, mostrando para ela.

"Oh, deve de Phichit Chulanont." Ela responde e de repente, escuto do meu bolso.

"Cognição encontrada. Nome: Phichit Chulanont. Local: Café Leblanc. Dois andares liberados. Iniciando navegação. Usuários: Yuuri Kunogi e Mari Katsuki."

Pego o meu celular, notando o aplicativo vermelho brilhar antes do meu redor se distorcer. De repente, eu e a professora Katsuki estamos na entrada do café. O que está havendo aqui?

"Mas que diabos?" Escuto a professora e me viro para ela.

"Tudo bem com você, professora?" Pergunto, preocupado.

"Eu estou bem, e você?" Ela pergunta, olhando em volta e então me olhando. "Que diabos de roupas é essa?!"

Surpreso com o grito dela, eu me olho e percebo que não estou usando meu uniforme escolar. Do meu lado direito, a camisa é de manga comprida com jóias azuis indo do ombro ao peito e uma espécie de saia longa que cobre sua perna direita inteira. Do lado esquerdo, a camisa não tem manga, deixando o ombro do lado de fora, e usando uma luva preta longa que cobre até a metade do antebraço. No meu peito e cintura, minha roupa adquire diferentes tonalidades de preto, onde mais pedras se destacam e dão à volta até as costas, seguido de uma calça colada na perna e botas pretas..

"Eu gostei." Digo, tocando nos meus cabelos e notando que eles estão deslizados para trás.

"Por que só você mudou de roupa?! Não é justo!" Ela reclama, me fazendo dar risadas.

"Talvez porque você não deveria estar aqui." Ele diz, notando que a porta do café se abre e a professora se dirige para dentro. "Espera, professora!"

Quando entro, sou cercado por escuridão. Me arrepio e olho em volta, tentando encontrar professora Katsuki ou algum sinal de vida por ali, em vão. De repente, escuto-a gritar.

"Professora!" Grito, e de repente, sinto minha cabeça doer cada vez mais.

E noto que à medida que a dor aumenta, passo a enxergar coisas bizarras na escuridão. Seres em forma de animais avançam na minha esquerda e eu finalmente posso ver a professora sendo agarrada por uma deles.

"NÃO TOQUE NELA!" Grito, e percebo meus óculos se envolverem em chamas azuladas.

"Você quer salvar ela? Você quer ter poder para salvar ela? Por quê? Você teve sua vida, seu sonho destruído pelo egoísmo de alguém, então de que deveria se importar com os outros."

"É claro que eu quero ter poder para salvar ela e muitas outras pessoas. Porque mesmo sofrendo por causa daquele maldito, eu acredito que pessoas são capazes de mudar se alguém estiver ao lado delas para ajudá-las." Digo, ofegando por causa da dor de cabeça.

"Hm, interessante." Escuto uma outra voz, e franzo a testa. "Me mostre do que você é capaz."

No lugar dos meus óculos, uma estranha máscara surge e eu, instintivamente, a agarro e a puxo com força, gritando de dor ao sentir minha pele ser arrancada junto. A chama me envolve e do meu corpo, diversas correntes negras surgem.

"Eu sou você. Você sou eu. A luz da esperança no fundo da Caixa de Pandora, capaz de ver além muito além do normal." Eu e a voz da minha alma nos tornamos um e eu finalmente possuo um nome para chamar. "Persona. Venha, Àrsene!"

As chamas azuladas se tornam negras e sinto minha alma se elevar do meu corpo. Mexo meu braço direito e as chamas se espalham ao meu redor, atraindo a atenção daqueles seres, que logo avançam para cima de mim. Desvio do primeiro ataque e avanço para cima, notando que seguro um bastão grande e o usando para enfrentar aqueles seres.

"Eiga!" Grito, lançando chamas negras em direção ao ser que está perto da professora, chamando a atenção dele.

Eu, me sentindo esgotado, acabo recebendo um ataque direto.

"Impressionante. Mesmo esgotado mentalmente, você se mantém de pé para enfrentar as 'sombras'. Mas não deixa de ser um novato. Deixe-me te mostrar como se usa um Persona." A voz de antes surge e de repente, um gato preto surge e grita "Persona! Venha até mim, Zorro!"

Para a minha surpresa, o gato também invoca um persona e segura um estilingue, o apontando para a 'sombra' e atirando.

"Estou sonhando, só pode." Professora Katsuki diz, apavorada.

Eu e o estranho gato acabamos por derrotar as sombras e eu me sinto mais forte, apesar do cansaço. De repente, noto uma porta com um grande cadeado.

"Está trancado. Provavelmente o segundo andar não foi liberado." O gato diz.

"Não, segundo o meu celular, dois andares foram liberados." Digo, tocando na fechadura. "Se pelo menos algo pudesse abrir esse cadeado..."

"Com as ferramentas necessárias, dá sim." Professora Katsuki diz, me segurando no braço.

"Você sabe como?" Pergunto, surpreso.

"Eu posso te ensinar a criar gazuas descartáveis. Mas não vai sair de graça." Ela diz, abrindo um largo sorriso.

"Tudo bem." Respondo, surpreso ao escutar que uma professora sabe criar

"Mantenha seus estudos em dia." Ela diz, e eu abro um largo sorriso.

"Fechado." E então, vejo em cima dela uma carta surgir, do mesmo jeito que aconteceu com os Katsukis e Igor.

New Tarot Arcana Bond ~ The Temperance (Rank 1)

…

“Encerrando navegação.” Escuto e de repente tudo se distorce.

Eu e a professora nos encontramos de volta na escola.

“Visito meus pais todo fim de semana. Iremos começar nessa, ok?” Ela pergunta, acendendo um cigarro.

“Hai.” Digo, muito cansado.