Peut-être le coucher du soleil? escrita por Ariel F H


Capítulo 9
Não tranque a porta




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Nico nunca gostou de ficar em lugares com muitas pessoas. Era por isso que não gostava da ceia de Natal.

Jason estava conversando com Percy, seu outro primo. Bianca estava ajudando uma de suas tias com alguma coisa. As pessoas estavam conversando, rindo, contando coisas.

Enquanto isso, Nico estava no celular. Ele e Will estavam conversando sobre Natal. Will dizia que era uma data capitalista. Nico concordava. Nenhum dos dois gostava quando a família se reunia. Em algum ponto, a conversa virou sobre religião. Quando Nico se deu conta, Will estava mencionando casualmente que a família toda estava enchendo o saco dele desde que ele revelou não ser heterossexual.

Nico queria conversar sobre aquilo, mas também não queria fazer isso com aquele tanto de gente em sua volta. Assim, o garoto foi até o banheiro da casa de sua avó e trancou a porta. Sentado no vaso sanitário, com a tampa abaixada, Nico contou à Will sobre ter saído do armário para seu pai. Ele cortou a parte do segundo segredo, porque era uma coisa que eles ainda nunca haviam falado.

Até aquele momento.

 

Will: seu pai parece legal. Ele sabe sobre seu pulso?

Will: eu entendo se você não quiser falar disso. Provavelmente você não quer.

Will: mas eu quero saber se você está bem. Não falei sobre isso antes porque não sabia como e achei que seria invasivo

Will: desculpa

Will: mas se você quiser falar, eu tô aqui.

Will: espero que você tenha parado.

Will: sério, Nico. Me diga se eu posso fazer alguma coisa pra te ajudar.

 

Nico bloqueou a tela do celular. Sentia-se enjoado.

Ainda sentia vontade de se cortar, era a verdade. Mas não havia feito desde que seu pai jogou as lâminas fora. O homem também havia confiscado a chave do quarto de Nico e a do banheiro.

Não sabia muito bem como falar sobre aquilo com Will. Então, demorou para escrever uma resposta.

Quando estava no meio do texto, ouviu uma batida na porta.

— Nicolas? Você está aí?

A voz de Nico soou meio fraca quando ele respondeu o pai:

— Sim. Eu já vou sair.

Alguns segundos depois, Nico achou que Hades havia ido embora, mas descobriu que não quando a maçaneta se moveu, como se ele quisesse abrir a porta, mas ela estava trancada.

— Nicolas. — ele ouviu o pai o chamar. Sua voz estava estranha. — O que você está fazendo?

Nico não respondeu de imediato. Primeiro, ficou confuso. Depois, entendeu

Nico se levantou, então foi até a porta e a abriu.

O pai o encarou, aliviado.

— O que você estava fazendo?

Nico sentiu sua respiração falhar.

— Conversando. — ele mostrou o celular. — Só.

— ‎Conversando? Com quem?

— ‎Com... Meu amigo. — foi estranho dizer aquilo. Hades continuou a encara-lo. — Will.

— ‎Nicolas. — o homem suspirou. Suas bochechas estavam levemente coradas. Nico pensou se ele não estava um pouco bêbado. Tinha certeza de o ter visto bebendo com um de seus irmãos. — Me deixe ver seus pulsos.

— ‎O quê? Não. Não, pai. Eu não... Não fiz nada. Eu só tava conversando.

Hades se apoiou no batente da porta. Ele fechou os olhos, como se estivesse muito cansado.

— Você não pode se trancar assim, Nicolas.

Nico engoliu em seco. Aquela forma como seu pai dizia seu nome era tão carinhosa que doía.

— Desculpa. — ele pediu. — Eu só queria ficar sozinho um pouco.

— Só... Não se tranque de novo, tá? Não se tranque. Por favor.

Nico não tinha muita certeza se ele ainda falava da porta.


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