Peut-être le coucher du soleil? escrita por Ariel F H


Capítulo 5
Mas ele vai falar




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Naquela quarta feira, Nico esperava um dia comum.

O medo de que Will abrisse a boca para alguém estava sumindo. Já havia passado cinco dias. Se ele quisesse contar, já teria feito. Certo?

Nico sempre ia à biblioteca nos intervalos entre as aulas. Jason tinha seus amigos. Nico tinha apenas Jason — e ainda suspeitava de que eles eram relativamente próximos apenas porquê eram primos. Então Nico preferia não atrapalhar Jason com sua companhia.

Gostava de se sentar no chão, na sessão de livros de poesia. Ninguém ia até lá, foi por isso que Nico se assustou quando ouviu alguém dizer oi.

Will.

— Jason disse que você estaria aqui.                  

Sempre Jason.

Nico achou tudo aquilo muito estranho. Por que Will Solace estava procurando por Nico di Angelo?

Quando Will se sentou ao seu lado, Nico se manteve em silêncio.

— O que você está lendo?

Mostrou a capa do livro; Poesias nunca publicadas de Caio Fernando Abreu.

— O Caio é meu segundo poeta favorito. — Will comentou.

— ‎Quem é o primeiro?

— ‎Bukowski. E o seu?

— ‎Drummond, provavelmente. Ou Paulo Leminski.

— ‎Ah, Leminski é incrível. Mas acho que nenhum deles tinha o que o Caio ou o Buk tinham.

— ‎Não sei, não posso opinar muito sobre o Caio.

— ‎Por que? Você está com o livro dele nas mãos.

— ‎É, mas é da biblioteca. Tá faltando páginas e alguém decidiu rabiscar metade do livro. Não dá pra ler direito.

— ‎Deixa eu adivinhar; você não encontra pra comprar?

— ‎Como sabe?

— ‎Eu demorei muito pra conseguir um exemplar desse livro. É engraçado, acho. Você sabia que o Caio nunca publicou um poema em vida?

— ‎Sério?

— ‎Sério, ele dizia que não tinha valor literário ou algo assim. Eu acho burrice, ele era incrível. Mas tudo bem. Então, alguém decidiu publicar os poemas depois que ele morreu. Acho que ele ficou tão bravo com isso que dificultou as pessoas de encontrarem as poesias dele. Foi tipo: tá bem, vocês podem publicar meus poemas, mas boa sorte pra conseguir comprar o livro depois.

Nico riu. Uma risada de verdade, do tipo que fazia dias que não ria. Ele não conseguia acreditar que estava realmente conversando com Will Solace e que eles tinham um gosto literário muito parecido.

Naqueles minutos em que ficaram conversando, Nico teve medo de que tivessem A Conversa, mas ela nunca veio. Não naquele dia.

Tudo o que Will disse foi:

— Eu posso te emprestar meu exemplar se você quiser. Ele está inteirinho.

E foi assim que, no dia seguinte, Nico estava com Poesias nunca publicadas de Caio Fernando Abreu em mãos.

Enquanto folheava o livro durante a aula de geometria, no meio de todos aqueles trechos grifados e aquelas anotações com a letra torta de Will, Nico encontrou um post-it.

Havia um número de celular, e então, embaixo:

pra quando você se sentir sozinho ou simplesmente quiser conversar


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