Indo pelo céu para subir a montanha e camuflados na noite, Misuzu carregava Nyanko-sensei e Natsume, Benio estava com Natori e Hiiragi, Hinoe com Seiji e Urihime, o ciclope estava com Sasago e os outros youkais seguiam a comitiva.

No topo da montanha eles pararam e os exorcistas se separaram dos youkais. Mas muito ainda tinha que ser feito!

— Ai! – tentando descer das costas de Misuzu, Natsume sentia as dores dos machucados pelo corpo e tentava manter Madara quieto em seu colo para que não fizesse esforço.

— Natsume!! – Natori correu para ajudar, mas os youkais da comitiva já estavam fazendo isso.

Benio pegou Nyanko-sensei dos braços de Natsume, enquanto Hinoe apoiava Natsume nos ombros, o ciclope e o touro já haviam encontrado uma caverna segura para passarem a noite, Kappa havia ido buscar lenha, Chouhige levava as bolsas de viagem dos três para caverna enquanto os guiava também e Misuzu colocava um feitiço para protege-los.

Seiji nunca foi tratado daquela maneira por youkais! Aquilo era realmente estranho! Eles vieram correndo ajudar Natsume, não tinham a menor obrigação de ajuda-los junto e estavam preparados antecipadamente para o pior. Youkais nunca agiram assim por um ser humano antes na história; ao menos pelo que Seiji sabia.

Natori, Hiiragi, Urihime e Sasago não podiam dizer que estavam menos surpresos que Seiji. Sabiam sobre o Livro dos Amigos e que Natsume tinha uma relação complicada com youkais, mas não que ele tinha tantos do lado dele! Haviam youkais grandes e pequenos ali que fariam qualquer um tremer de medo. Além de nunca nutrirem o respeito por humanos que viam nutrirem por Natsume.

Os youkais o apoiaram em folhas e alguns cobertores que tinham. Natsume estava bastante dolorido das batidas e sacodes de Madara, além do ferimento na perna estar incomodando horrores.

Os youkais não sabiam como ajudar ao certo um humano naquele estado, mas Natori e Seiji sabiam e tomaram providências.

— Matoba-san, eu tenho um kit de primeiros socorros na bolsa. Me ajude a segura-lo para podermos cuidar das feridas dele. – o pedido sério de Natori contrariava um grito dos instintos de Seiji.

Seus pensamentos e aprendizados gritavam para deixa-lo morrer por estar ao lado de youkais. Mas o menino acabara de salvar sua vida em uma perigosa situação e se exposto pelo bem de todos com coragem. Aquilo foi muito estranho e alguma coisa naquele garoto criou um conflito desconhecido para Seiji.

— Hinoe...? – Natsume tentava chamar a youkai.

— Estou aqui Natsume. – Hinoe se aproximou.

— Na minha mala tem uma caixa de primeiros socorros onde coloquei remédios para youkais junto aos humanos. – Natsume fazia força para aguentar – Você pode cuidar dos ferimentos do Nyanko-sensei por mim, por favor? – ele terminou em meio a surpresa dos exorcistas com aquela intimidade toda.

— Claro. Farei imediatamente. Benio você segura ele? – ela se dirigiu a companheira que assentiu enquanto pegava a caixa de primeiros socorros de Natsume (lá tinha até algumas amoras Akazasa e Grama da Neblina).

— Natsume! Você não devia ter feito aquilo! Enlouqueceu? – Madara estava lhe passando bronca enquanto Benio procurava mantê-lo parado.

— Foi por um bom motivo. Eu não podia deixar você descontrolado e se machucando, Sensei. – Natsume respondeu gemendo de dor pouco depois por Seiji ter tocado suas feridas.

— Fique parado. Você esta cheio de cortes e hematomas. – Seiji tentava segurar Natsume em uma posição boa. Sem resultados. Nenhuma posição era confortável o bastante.

— Hiiragi. – Natori chamou a shiki que imediatamente entendeu seu pedido.

Hiiragi veio de lado e deixou Natsume desacordado com um ataque rápido em seu pescoço por trás. Com o menino dormindo, agora Shuuichi e Seiji podiam resolver o problema de suas feridas. Os dois também tinham alguns arranhões e cortes, então decidiram que um faria os curativos do outro.

Cansados, eles adormeceram enquanto os youkais ficaram de vigia pela noite. Uma confiança que jamais depositariam ou um momento em que nunca abaixariam a guarda! De onde os dois exorcistas tiraram ideias tão loucas?

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O sol adentrava pela caverna onde estavam escondidos e acordava todos. Natori e Seiji já se sentiam melhores e viam os youkais já acordados. Os menores já tinham recolhido alguns peixes e frutas na floresta e traziam algumas ervas que serviam de antídoto para veneno para os três.

Que coisa mais estranha era aquilo! Aqueles youkais realmente vieram para cuidar de Natsume e estavam cuidando deles também. Exorcistas nunca se relacionariam daquela maneira com youkais nem que suas vidas dependessem disso.

Os dois viram Natsume começar a acordar e foram diretamente verificar como estava.

— Natsume, como se sente? – Natori colocava uma de suas mãos sobre o menino para que ficasse parado.

— Natori-san. Matoba-san. – as palavras saíam lentas ainda e ele evitava de se mover muito – Eu ainda estou bastante dolorido. – ele disse a verdade.

— Que coisa. Eu já disse para você tomar mais cuidado. – Natori lhe passava bronca enquanto os youkais assistiam – Como você pode pular nas costas do Nyanko-sensei enquanto descontrolado!? – Natsume apenas deu um risinho que deixou Natori mais nervoso ainda – Natsume!!!! – a bronca do exorcista demoraria para acabar.

Mas tudo parou quando uma risadinha preencheu a caverna.

— Esse é meu neto. Todo machucado e recebendo bronca de um exorcista. – a voz terminava e todos se viravam para o local de onde viera. Os presentes deram de cara com o espirito de Reiko.

— Reiko! – Hinoe gritava enquanto se abraçava na moça.

— Reiko-san!? – Natsume estava muito surpreso por aquilo junto de Seiji e Natori.

— Reiko! Você esta bem!? – Nyanko-sensei saiu do colo de Benio e foi até a moça preocupado e surpreso.

— Madara! – Reiko o abraçou – Você esta muito fofo sabia? – ela brincou para incomodar o youkai e tirou risadas de todos (até Seiji achou engraçado a maneira como ela brincava com o youkai) – De onde vieram esses ferimentos seu arteiro? Você não estava bebendo novamente né? - Reiko segurava o gato e o olhava fixamente.

— Não foi nada disso. – Natsume começou a rir tanto que seus ferimentos doíam junto e as atenções foram para ele – Ele se descontrolou um pouco e eu ajudei ele a se acalmar. É por isso que estamos ambos machucados. – ele explicou e Reiko entendeu se aproximando do neto e se sentando perto dele e dos exorcistas.

— Natsume, você pode me explicar o que aconteceu para você estar aqui com eles e acompanhado de dois exorcistas? – Reiko estava séria e queria que Natsume contasse a verdade.

— Primeiro deixa eu te apresentar eles. Este é o Natori Shuuichi e seus shikis Hiiragi, Sasago e Urihime. Ele é um exorcista nas horas vagas e trabalha como ator como profissão oficial. Eu aprendi muito com ele desde que nos conhecemos. – ele apresentou o amigo que cumprimentou Reiko.

 - É um prazer conhece-la pessoalmente Reiko-san. – Natori foi educado e recebeu um gesto positivo da moça.

— E esse é o Matoba Seiji. – o nome fez Reiko se arrepiar – Ele é o atual líder do clã de exorcistas Matoba e tem um poder bem elevado. – ele terminou e viu Reiko ficar apreensiva.

— Oi Reiko. Finalmente nos conhecemos. – Seiji esboçou um sorriso para tentar conversar com ela.

— É bom você não aprontar nada com meu neto! Eu já ouvi muito do seu clã pelos youkais que conheci. Se fizer algo a ele ou minha família vai ter volta! – Reiko estava nervosa e Seiji tinha certeza que aquelas palavras não eram um simples aviso.

— Reiko-san, esta tudo bem. – Natsume chamou sua atenção – Eu e ele não nos damos muito bem e temos nossos problemas, mas da para aguentar. Não precisa ameaça-lo ou fazer algo de ruim. Ele tem os problemas dele e não é sempre que nos envolvemos; é que dessa vez as coisas eram mais sérias e acabou decidido que eu iria com o Natori-san e ele resolver o trabalho. – Natsume se explicou e conseguiu surpreender a todos.

— Bem, se você diz. Mas o aviso esta dado! – ela reforçou suas palavras e viu Seiji confirmar que a entendeu.

— Ele já recebeu esse aviso mais vezes do que imagina. Sempre que ele aparece os youkais perto de mim o ameaçam e o Nyanko-sensei deixa claro que quer mata-lo. – Natsume terminou rindo com Reiko e os outros youkais como se fosse a maior brincadeira.

— Acho melhor deixar a brincadeira para depois. – Matoba cortou a conversa e ficou sério – Precisamos saber quem aquele homem era e o que exatamente o Livro dos Amigos tem a ver com a história. – ele foi bem direto e encarou Reiko e Natsume.

— Natsume, será que não tem problema? – Natori questionou o jovem.

— Está tudo bem. Precisamos deixar tudo muito claro aqui. – Natsume puxou sua bolsa e dela retirou o Livro dos Amigos – Este é o Livro dos Amigos que minha avó criou. Ele tem o poder de controlar os youkais que tiveram seus nomes escritos nele. Atualmente ele fica comigo o tempo todo, eu o protejo de quem o quer usar para fins ruins e uso para devolver o nome dos youkais que estão escritos nele. – Natsume explicou tudo e teve todas as atenções.

— O Livro nunca foi para eu controlar youkais. – Reiko juntou-se a conversa – Eu apenas queria ter comigo sempre os nomes dos youkais que conheci para jamais esquece-los. Eu nunca tive a intenção de chamar ou usar qualquer um deles. – aquilo era uma grande surpresa – O Livro é seu Takashi para usar como desejar e seguir adiante com a decisão de devolver os nomes que recolhi. Eu o deixei para você sabendo da bondade que possuía. – essas palavras foram estranhas para Natsume.

— Como você poderia saber, Reiko-san? Nós nunca nos conhecemos pessoalmente. – aquilo era verdade e Reiko se viu obrigada a explicar.

— Primeiro eu vou explicar quem o Kuroumaru é Takashi. Depois e posso responder sua pergunta? – ela estava bem séria e Natsume confirmou seu pedido – Eu sempre vi youkais e muitos me odiavam e outros gostavam de mim. Eu morava na casa onde viram Kuroumaru até meus parentes decidirem quem ficaria comigo. – Reiko parecia inexpressiva enquanto falava sobre o assunto – Quando me mudei pela primeira vez eu conheci um homem perigoso que enfrentei. Ele estava atrás da minha força espiritual e tentou várias vezes me capturar. Até um dia em que eu decidi acabar com ele sem a menor dó! – na hora sua expressão mudou para raiva e parecia que ela segurava sua vontade de esmagar algo – Eu o atrai para uma floresta afastada e lutamos durante dias. Eu enfrentei cada um dos seguidores dele separadamente e fiz com que me dessem seus nomes. – ela cruzou os braços satisfeita – Mas na hora de lutar com ele diretamente eu vi que ele tinha um espirito negro no talismã que carregava. – ela parou apreensiva.

— Esse espirito é aquela sombra que enfrentamos, certo? – Seiji questionou – O sentimento naquele poder é muito cruel e desolador. Algo ali já foi muito perigoso em vida.

— Aquilo é um deus negro. – as palavras de Reiko assustaram na hora – Ele dizia que era um feiticeiro de magia negra e se vangloriava bastante de ter o deus ao seu lado. Eu nem mais me lembro o quão difícil foi vencer aquele monstro. Eu lembro que ele me mordeu na luta e eu acertei ele com um talismã que vi em um templo. Eu nem sabia se aquilo ia funcionar, mas era a melhor opção que tinha. – todos prestavam atenção surpresos em cada palavra – O deus recuou e eu parti para cima do Kuroumaru quando ele se distraiu. Bati nele até não aguentar mais! Acho que nunca tinha espancado alguém daquele jeito antes na vida. No final eu larguei ele o mais longe possível na montanha e dentro de uma caverna escura. – ela terminou enquanto todos digeriam o que havia dito.

— Incrível! – Natori não deteve a surpresa – Você nunca aprendeu estes feitiços com ajuda e ainda assim conseguia usar o que via e podia enfrentar seres mais fortes que você. Quanto poder espiritual você tem? – ele perguntou e todos riram com a expressão preocupada e sem jeito que fizera.

— Eu não sei medir essas coisas. Apenas sei que são muito grandes para a média que os youkais e as pessoas do ramo de exorcismo e purificação consideram. – Reiko respondeu sincera.

Aquela conversa tinha sido muito séria e eles precisavam decidir o que fazer para enfrentar seu inimigo! Tudo tinha alcançado uma proporção altamente complexa e ainda não sabiam qual era o objetivo de Kuroumaru.