Na noite, Natori, Seiji e os youkais espreitavam Reiko e Natsume – ela queria falar a sós com ele e os dois saíram da caverna para ter um pouco mais de privacidade.

— Você cresceu tanto Natsume. – Reiko o abraçava de lado – Eu sempre estive te observando. Não importava o tempo que passava, quando soube que meu filho era pai eu sempre dava um jeito de observar meu neto. – ela era sincera e sentia os tremores de Natsume.

— Você sempre viu pelo que passei...? – aquela pergunta saiu pesada e cruel.

— Sim. E pode acreditar que eu sei como você se sentiu. Nada é tão difícil quanto ver e interagir com seres que os outros não podem ver ou não acreditam que existam. Eu passei por situações bem parecidas com estas. Mas, mesmo assim, eu encontrei alguém especial para mim. – ela terminou sorrindo.

— Essa pessoa era meu avô, né? Eu fui na casa de um exorcista uma vez e encontrei um shiki que dizia que eu era parecido com um homem que ele conheceu um dia, mas todos geralmente me confundem com você. – ele finalizou e Reiko riu.

— Esse exorcista chamava Hakozaki. Seu avô invadiu uma festa de youkais dele uma vez e os dois se tornaram amigos. Foi através dele que seu avô ouviu sobre mim e veio a minha procura. – ela sorria um pouco corada ao se lembrar – Ele e você realmente são muito parecidos. Eu amei ele de verdade e ele a mim da mesma forma. Como foi bom aquele tempo. – ela fechou seus olhos admirando a Lua – Não demorou muito para casarmos e seu pai nascer. Ele também tinha uma grande sensibilidade para youkais e acabou casado com sua mãe que também já teve esse mesmo dom por pouco tempo quando pequena. – ela ria da coincidência.

— Então porque nunca se aproximou de nós? – aquilo era uma questão delicada.

— Por que muitos ainda buscavam vingança contra mim e eu tinha medo que algo acontecesse. Até onde eu estudei meu lado da família, sempre que alguém nasce com o poder de ver youkais na nossa linhagem, essa pessoa não tem uma vida longa. – aquilo surpreendeu Natsume e seus expectadores escondidos – Isso acontece por não termos muita resistência ao uso continuo de nossos poderes, algo necessário para pessoas que precisam se proteger como nós. Tenho certeza que você cansa muito quando usa seus poderes ou o menor exagero pode fazer você perder a força nas pernas. – ela olhou para Natsume que confirmou sua questão.

— Isso acontece bastante. Sempre que devolvo um nome, por exemplo, eu fico bastante cansado. – ele deu o exemplo.

— Isso é mais por que você esta liberando os poderes dele, absorvendo parte dos meus junto das minhas lembranças e ainda usando os seus poderes para concretizar o feitiço. Além de que eu penso que sua saúde é bem delicada. – aquilo era verdade e Natsume não tinha como negar.

— Agora faz sentido. Mas eu ainda quero devolver os nomes deles. – ele pegou o Livro que carregava – Acho que eles gostam de tê-los de volta e eu acho muito legal ver suas lembranças de como os conheceu. – ele dizia sorrindo.

— Que bom que você gosta tanto do Livro. Nem todos os youkais que tem seus nomes aqui são bons, mas sei que você pode sempre pedir ajuda as pessoas e youkais a sua volta. – aquelas palavras fizeram Natsume gelar e ela percebeu – Eu sei que você tem medo de perde-los ou que se machuquem, mas lembre-se sempre: estas pessoas conhecem o verdadeiro você e estão dispostas a estarem ao seu lado e te ajudarem. Pode ser difícil expressar todo necessário ou aguentar o medo de que algo ruim aconteça. Mas acho que você e seus amigos conseguem fazer isso. – ela parou e pensou um pouco – Talvez apenas Touko e Shigeru sejam mais difíceis para explicar. Eles gostam demais de você e não iriam ficara em paz depois de saberem. Talvez seja melhor mesmo que os dois não saibam nesse caso. – ela parou pensativa e os dois começaram a rir.

— Eu vou pensar muito bem no que me contou, Reiko-san. – ele se aconchegava no abraço dela.

— Me chame apenas de Reiko, Natsume. Não precisa ser tão formal assim comigo. E lembre-se de ter cuidado com aqueles dois exorcistas! Eles podem ser perigosos para você e o clã Matoba em particular esta sempre envolvido em situações complicadas e perigosas. – ela foi bem direta e séria com Natsume no final.

— Não se preocupe que terei cuidado. Além do mais já prometi o Livro para o Nyanko-sensei. – ele confessou e Reiko o encarou – Eu prometi que quando morresse ele poderia ficar com o Livro. Então até o dia chegar ele ficaria cuidando de mim e passando seu tempo comigo para ninguém mais me devorar ou usar o Livro. – ele finalizou e Reiko riu alto com força.

— Ele ainda faz isso? Ai esse gato branco nunca muda. Eu o conheci ainda jovem e ele ficou bastante próximo a mim e eu a ele. Onde eu ia eu sabia que ele estava logo atrás. – Natsume estava atendo as palavras de Reiko – Ele sempre quis proteger o Livro e aqueles que vivem nele, nunca ele realmente o usaria para fins ruins ou beneficio próprio. É que o Madara é um pouco tímido e teimoso as vezes. Acho que isso você já reparou. – ambos começaram a rir – E você tem que entender uma coisa importante Takashi: apenas quem tem o meu sangue pode usar o Livro. Ele é inútil para qualquer outro ser ou pessoa. – aquilo foi surpreendente e os dois continuaram a conversar juntos enquanto seus expectadores curtiam a conversa que se desenrolava.

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Enquanto estavam nas montanhas ao longe, Tanuma, Taki e Shibata estavam reunidos. Os três estavam muito preocupados com Natsume e tinham uma sensação ruim que os incomodava amargamente – esta já persistia a três dias (um dia depois da saída de Natsume)! Sabiam que Nishimura, Kitamoto e Sasada também estavam assim, mas a eles não podiam contar a verdade que Natsume tanto se esforçava para ocultar.

Perigoso ou não o quanto fosse, eles decidiram ir atrás de Natsume. Reuniram vários talismãs e coisas que podiam ser úteis na viagem e seguiram para as montanhas onde Natsume disse que iria.

Chegando lá, eles descobriram que foram seguidos pelos amigos que estavam preocupados. Agora eles teriam que levá-los junto atrás de Natsume e torcerem para seus medos serem apenas exagero de preocupação.

Taki sabia que os youkais da região iriam lhes dar uma carona até Natsume e que muitos youkais que o conheciam na cidade estavam indo com eles também. Na noite enquanto Nishimura, Sasada e Kitamoto dormiam, os amigos foram escoltados pelos youkais até a localização de Natsume.

Eles desceram no topo da montanha onde Natsume estava, porem do lado oposto. Ali eles acampariam pelo resto da noite e depois seguiriam em busca de Natsume.