Reencontro escrita por Lucca


Capítulo 31
Capítulo 31


Notas iniciais do capítulo

Bem, temos muito Jeller nesse capítulo porque sei que gostam como eu.
E também um pouco das grávidas mais badass no FBI.

Boa leitura.



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Tasha entrou na casa e logo se desfez do casaco e sapatos. Tudo que ela queria era se jogar no sofá e relaxar. Sentia como se uma tonelada tivesse sito retirada de seus ombros. Mas assim que adentrou o local, lembrou-se que alguém a esperava. Sentado na mesa redonda que unia num ambiente aberto a sala e a cozinha, Rossi disse:

— Você demorou mais que o esperado.

— Era um encontro de amigos. Tínhamos muito o que conversar.

— Então você teve oportunidade de sentir melhor como tudo será. Eles te acolheram sem suspeitas?

— Nós somos como uma família. E, como bebê, aceitaram minha versão facilmente. Disseram que vão preparar tudo que for necessário para o parto.

— Isso é bom. Tenho feito tudo que posso por você, mas quanto mais tempo se passa, mais dinheiro isso exige. O orçamento que foi disponibilizado está se esgotando. Novas doses do antídoto ajudarão bastante.

Zapata bufou irritada. Ela detestava saber que seu bebê e, provavelmente, o de Patterson também, forneceriam dados para uma pesquisa genética que ela ainda não tinha total certeza da idoneidade. O acolhimento dos amigos foi fundamental para ela tomar uma decisão: no momento certo, quando a dívida com Rossi estivesse quitada, ela contaria tudo o que sabe e impediria isso de cair em mãos errada.

— E Jane, como está? Você teve a oportunidade de contar tudo à ela? Precisamos da colaboração dela, mas seu bebê deve convencê-la disso com facilidade.

— Ela está bem. – Zapata se apressou em responder, mas no seu interior ela ainda não sabia se devia compartilhar a notícia da gravidez de Jane com Rossi. – É lógico que ela se prontificou a fazer de tudo pelo bebê. Mas os últimos meses não foram fáceis pra Jane. Melhor deixá-la fora disso por enquanto.

— Jane é forte. Sempre foi. Ela dá conta. E será uma aliada imprescindível para que tudo isso termine bem. Encontre uma forma de trazê-la para cá o quanto antes.

— Não é tão simples assim. Deve haver uma forma de deixá-la em paz, fora disso.

— Tasha, ninguém mais que eu quer isso para Jane. Tenho feito tudo que está ao meu alcance porque devia isso àquelas crianças que não defendi de Shepherd.  Mas você sabe que certas coisa nem eu nem você poderemos controlar. Pense nisso.– concluiu empurrando os três vidros de medicamentos que estavam em suas mãos para que Zapata os segurasse. - Boa noite.

— Boa noite.

Assim que Rossi saiu, Tasha olhou atentamente para as medicações em suas mãos. Até agora ela colocou sua sensação de controle sobre a situação nessas drogas. Mas ela sabia que era uma questão de tempo, uma verdadeira bomba relógio. A única coisa capaz de conter a explosão era Jane.

Duas semanas depois - Casa dos Wellers

Kurt preparava uma café da manhã nutritivo com shakes e panquecas veganas. Nos últimos meses ele tinha se tornado um expert nesse tipo de comida, sabendo exatamente como prepará-las e como enriquecer as refeições com todas as vitaminas que uma gestante precisa. Sua maior satisfação estava em observar Jane se deliciando com tudo que ele preparava. Os exames pré-natais também apontavam que isso estava sendo muito bom para mamãe e bebê: os dois estavam muito bem.

Lembrar do resultado dos exames colocou um sorriso torto e convencido nos seus lábios. Não, ele não precisava de qualquer exame para saber que Jane estava muito bem. O sorriso no rosto dela e sua disposição durante esse segundo trimestre de gestação era a maior prova disso. Aliás, que disposição! Uma fase assim tão intensa sexualmente só era comparável com a lua de mel. Jane parecia insaciável. Naquela semana, ela chegou a sugerir algo em pleno SIOC!

Kurt sorriu novamente e voltou a focar na comida que preparava. Ele se sentia útil cuidando da nutrição dela e do bebê. Isso o ajudava a lidar com o fato de o “trabalho” de gerar aquela nova vida ficava por conta de Jane. Uma coisa ainda o incomodava: apesar da barriga dela estar bem mais saliente agora, o bebê ainda não parecia tão real para ele. Às vezes se sentia em débito por isso. Estava tão preocupado com a saúde dela, com a cura que essa gestação traria... Mas ele sabia que essas não eram as únicas coisas que o preocupavam na sua relação com o bebê. Seu amor por Bethany era tão imenso que ele se pegou questionando se seria capaz de amar seu novo filho com a mesma intensidade. Foi tudo tão rápido, em meio a tantos problemas e dúvidas, que ele ainda não tinha tido tempo sequer de se aproximar emocionalmente do novo membro da família.

Jane, ao contrário, estava totalmente envolvida com o bebê. Relatava cada movimento dele que sentia com uma empolgação totalmente atípica. Alguns dias atrás, enquanto cozinhava, Kurt percebeu que ela cantarolou enquanto acariciava a barriga sentada no sofá. Ao ver que era observada, parou e falou dele para o bebê, fazendo planos para os três. Seus olhos encheram de lágrimas imediatamente. Ele disfarçou e usou o pano de prato que estava em seu ombro para secá-las. Então, olhou para a esposa e sorriu. Várias vezes ela o chamou e colocou as mãos dele sobre sua barriga para sentir o bebê se mexendo, mas foi inútil. Os movimentos cessavam assim que a mão de Kurt a tocava.

A refeição ficou pronta e Kurt acomodou tudo numa bandeja. Jane teria seu café na cama. Ela merecia. Devia estar exausta depois de tudo que fizeram na noite passada.

Ele entrou no quarto pé ante pé. Ela se espreguiçou na cama, mas não acordou. Estava usando uma camisola de seda vermelha – presente pré-nupcial pelo qual ele sempre seria grato à Tasha. A peça deixava a barriga dela bem marcada. Em poucas semanas, ele apostava, Jane não caberia mais nela. Aproximando-se devagar, colocou a bandeja sobre a mesa de cabeceira, pronto para despertá-la com um beijo. Antes de beijá-la, entretanto, uma sensação estranha o fez olhar de novo para a barriga dela.

Então, aconteceu. Ele viu o movimento ondular o suave tecido que cobria a pele de sua esposa. Seu coração quis dar um sobressalto, mas ele se acalmou. Podia ser só uma falsa impressão. Fixou o olhar e se aproximou buscando uma confirmação. O movimento se repetiu uma segunda e terceira vez. Kurt se agachou ao lado da cama sem ser capaz de se dar conta do que sentia, completamente hipnotizado. E os movimentos continuaram se repetindo.

“Ei, você está agitado ou feliz?” Kurt sussurrou o mais baixo que pode. Não queria que Jane despertasse. Não queria que nada interrompesse aquele momento. E sentiu crescendo dentro de si a vontade de colocar sua mão sobre a barriga dela e mostrar à seu filho que “o papai” estava aqui com eles. Relutou. E se o bebê parasse de se mexer como nas outras vezes? Mas a tentação era grande. Ele aproximou a mão devagar, parou à milímetros de distância deixando o calor emanar e fazer-se sentir presente antes do toque. Então, finalmente com toda delicadeza que podia, deixou sua mão repousar ali naquela parte do corpo dela que agora parecia ser todo o centro de seu mundo. O próximo movimento do bebê fez Kurt abrir o sorriso mais intenso e autêntico de sua vida. Era real. Havia mesmo uma nova vida crescendo ali. E a cada ondulação que sentia sob sua mão, mais certeza ele tinha do amor que sentia por aquele serzinho. Como ele pode um dia achar que seria diferente?

“O papai está aqui.” Voltou a sussurrar. Deus, ele faria o possível e o impossível para impedir que qualquer coisa ruim acontecesse à sua família. Uma imensa gratidão tomou seu ser. Então, ele precisou ver o rosto de sua esposa. Sem ela, nada disso seria possível. E encontrou Jane olhando para ele, com as lágrimas escapando sorrateiramente de seus olhos. Foi só então que ele se deu conta que seu rosto também estava banhado em lágrimas.

— Bom dia. – ela disse quase sussurrando.

— E...eu senti. – foi tudo que ele foi capaz de articular.

— Eu sei. – ela disse mordendo o lábio inferior.

Então, os dois se abraçaram e riram juntos, gratos por toda a felicidade que esse momento proporcionou.

A emoção refluiu diante da fome de Jane. Os dois se acomodaram na cama e comeram, conversaram, riram. Essa nova rotina de suas manhãs era tudo que queriam para o resto da vida.

Terminada a refeição, Jane se sentou no colo de Kurt, de frente para ele e começou o beijo que deixava claras suas intenções a partir dali. Ele respondeu de forma amena e a afastou:

— O que houve? – ela questionou.

— O bebê tá acordado.

— Ele está quietinho agora. Já deve ter dormido. – e voltou a beijar o marido que correspondeu, mas logo cortou o beijo.

— Jane... temos muito o que resolver no SIOC hoje. Se começarmos com isso, vamos nos atrasar.

Ela revirou os olhos e saiu da cama em direção ao banheiro:

— Vou tomar um banho frio, então.

Ele riu convencido por saber o quanto era capaz de despertar o desejo nela. Logo em seguida, um pensamento o fez falar:

— Jane, banho frio não. Pode fazer mal para o bebê. Melhor ser morno.

Ela bufou e bateu a porta do banheiro. Ele riu e foi para a cozinha tentar “se acalmar” enquanto lavava a louça.

Nos próximos três dias tudo se repetiu. Durante várias vezes, Kurt pode sentir o bebê se movendo. Senti-lo tão real ali, o deixava muito inseguro quanto a manter uma atividade sexual tão intensa com Jane. Então, ele usou toda desculpa que pode: dor de cabeça, falta de vontade e manteve distância, afinal seria difícil se conter se estivesse tocando nela. Nada mais de banhos compartilhados. Ele se deitava depois dela e acordava antes.

Laboratório de Patterson – SIOC

Jane chegou e se jogou na cadeira ao lado de Patterson com algum tipo de descontentamento visivelmente a incomodando:

— Bom dia. – cumprimentou.

— Bom dia. – a loura respondeu – Está tudo bem? Você parece irritada...

— Nada sério. Sei lá, tudo parece que me atinge mais do antes. Esse caso que também não anda...

Patterson olhou pra ela indignada:

— Ainda não me conformo que fizeram isso conosco. Colocar as grávidas para investigar um caso sobre mães reclamando da irritabilidade dos filhos pequenos. Esse caso só veio parar no FBI por conta da distribuição espacial das queixas.

— É, eles arrumaram uma forma de nos deixar seguras e ocupadas. O que me intriga é que as queixas continuam aparecendo e sempre na mesma região da cidade. Hoje algumas mães virão prestar depoimento aqui. Talvez ao verem que estamos grávidas, elas se abram conosco e consigamos alguma informação que não apareceu nos relatórios hospitalares e boletins de ocorrência policial.

— A primeira já chegou. Vamos lá. Espero que você esteja certa. Weller está na reunião com Reade e Weitz?

— Está sim. Ele acredita que isso vá consumir o dia todo deles. Tenho que me preparar para um final de noite tenso. Hoje seremos Branca de Neve e o Zangado no lugar do Príncipe Encantado.

Após três horas de interrogatórios, as meninas estavam cansadas, mas muito mais animadas.

— Uma creche ilegal. Por isso todas tinham medo de falar sobre o lugar. Precisamos ir até lá averiguar. – Patterson começou.

— Elas precisam do lugar para deixar os filhos e poderem trabalhar. A maioria delas são imigrantes ilegais. Provavelmente estão dopando as crianças. O dialeto e sotaque que usam é muito difícil de entender. Se faremos uma visita, vamos precisar de um tradutor com mais habilidade no espanhol que eu.

— Não temos como solicitar um tradutor agora. Reade está em reunião. E assim que a notícia da convocação as mães para prestarem depoimentos se espalhar, duvido que encontremos qualquer prova na creche.

— Eu tenho uma ideia: Zapata.

— Ótima ideia! Vou ligar e pedir para ela nos encontrar lá.

Pensando em não levantar suspeitas nos funcionários do lugar, as meninas resolveram ir disfarçadas. Zapata seria a faxineira de Jane e Patterson que a estavam ajudando a encontrar uma creche para seu bebê.

Creche no Queens

A visita ao local foi rápida. As três mostraram curiosidade e pediram para olhar todas as dependências. Tudo parecia em ordem. As funcionárias eram uns amores. A diretora, parecia séria e competente. Não demorou muito, chegou um senhor grisalho, aparentando mais de 60 anos acompanhado de dois seguranças. Uma das cuidadoras informou que se tratava de Richard Murdock, mantenedor do lugar que sustentava grande parte das despesas da creche como um trabalho filantrópico.

As meninas foram deixadas sozinhas numa sala esperando pela diretora. Numa pesquisa rápida pelo celular, Patterson descobriu que Murdock era sócio de uma grande empresa de produtos farmacêuticos. Jane pediu para ir ao banheiro, uma desculpa para tentar entrar na sala de enfermagem e na cozinha, que eram bem próximas. Minutos depois, ela estava de volta, com inúmeras fotos que provavam que alguns medicamentos estavam sendo testados nas crianças da creche.

— Se deixarmos Murdock sair daqui, ele vai levar todas as provas. – Patterson antecipou.

— Então teremos que prendê-lo agora mesmo para averiguação. – Jane concluiu.

— Ele tem dois seguranças. Não acho que evitará um enfrentamento. A acusação é grave. Uma vez preso, não conseguirá escapar dessa.  – Zapata lembrou.

— Dois seguranças e nós somos três. – Jane parecia empolgada com um pouco de ação pela frente.

— Três grávidas! Não sei vocês, mas correr não é mais uma possibilidade pra mim. – Zapata lembrou.

— Nem pra mim. Já estou solicitando back up.  – Patterson se adiantou.

— Temos que segurá-los até os reforços chegarem e impedir que os capangas façam reféns. – Jane mostrou que não tinham outra opção para manter todos seguros, especialmente as crianças. Todas concordaram.

As três entraram na sala da diretora empunhando as armas. Apenas um dos seguranças de Murdock estava lá com ele. Zapata e Patterson os renderam e algemaram. Jane saiu à procura do outro segurança e da diretora. Os dois estavam na cozinha eliminando provas. Ela deu voz de prisão aos dois. A diretora levantou os braços, o segurança respondeu atirando, Jane revidou e avançou rápido para cima dele, chutando sua mão e o desarmando. Mais um rasteira e o cara estava de bruços no chão sendo algemado.

No final da tarde, elas retornaram ao SIOC, sem Zapata, é claro. Weller e Reade correram ao encontro delas quando viram quatro prisioneiros. O sorriso triunfante no rostos das meninas foi bem compreendido pelos dois.

— Você disse que era seguro e completamente sem riscos. – Weller colocou em voz baixa para Reade.

— Era o que parecia. Céus, passa um ano e não passam essas 40 semanas de gestação delas.

Os dois riram e foram ajudar as garotas com os trâmites legais.

Reade resolveu dispensá-las mais cedo para que descasassem. Jane se despediu discretamente com um tchauzinho já dentro do elevador. Kurt ficou observando as portas de fechando e pensou no quanto estava ainda mais orgulhoso de sua esposa hoje. Ela era tão linda, tão incrível, tão perfeita... ele contaria os segundo para poder estar em casa junto dela naquela noite. Poder abraçá-la, beijá-la, falar e demonstrar o amor que sentia...De repente, algo interrompeu seus planos. Ele sabia de forma isso acabaria e não tinha certeza se isso era bom para o bebê. Por outro lado, ele já sentia tanta falta dela... Na última consulta de pré-natal o médico disse que poderiam seguir com a vida sexual normalmente. Mas isso foi há algumas semanas atrás, a barriga estava menor, ele sequer sentia o bebê se mexendo... Droga! Seu corpo e seu coração pediam que ele cedesse aos desejos dela, mas sua razão alertava para ter cuidado. O que fazer?

Voltando para casa

Durante todo o trajeto até em casa, Jane pensou em Kurt e no distanciamento sexual que ele assumiu nos últimos dias. Algo aconteceu e ela não sabia o que era. Ponderou conversar sobre o assunto, mas não queria pressioná-lo, afinal foram só alguns dias, parecia injusto exigir que ele estivesse pronto a saciá-la sempre. Ele sempre foi uma marido tão amoroso, esteve lá para ela em momentos que ela sequer ousaria pedir. Se Kurt precisava de um tempo sem sexo, ele teria não importava o quanto o desejo a tivesse consumindo.

Já em casa, se dedicou a preparar o jantar. Depois traçou um plano para evitar o excesso de proximidade com o marido assim, talvez, seu desejo diminuísse. Ela sabia que não seria fácil. Kurt conversava com o bebê todas as noites e todas as manhãs. Mas ela poderia encurtar o tempo que passavam no sofá e ir pra cama bem mais cedo alegando cansaço, ainda mais num dia como hoje. Assim, quando ele se deitasse, ela já teria descansado um pouco e poderia se levantar, ver um filme para o tempo passar e cansaço realmente a abater. Exausta, voltaria ao quarto e dormiria ao lado dele sem que aquela doce presença do marido despertasse seu apetite sexual.

E assim ela fez. Jantar pronto. Foi para o quarto e se preparou para o banho. Já despida, no banheiro, observou sua imagem no espelho. Desde que viu aquele resultado positivo, ela se perguntou como as tatuagens ficariam com a pele da barriga se alongando. As últimas 20 semanas tinham mudado seu corpo, mas aquela barriga era mais que bem-vinda. Ela se achou linda no espelho. As tatuagens pareciam realçar ainda mais a nova vida que ela carregava. Sorriu satisfeita.

Talvez Kurt não me veja assim...” pensou sentindo um raio de tristeza percorreu seu coração “E hoje eu falhei de novo. Ele deve estar decepcionado comigo.” Então respirou fundo decidida a não deixar nada roubar deles a felicidade dos últimos meses: “Isso não é ruim. É só uma reação que não entendo.” – e sussurrou para a barriga: “Papai nos ama demais. Está lá, nos olhos dele. Isso é o que realmente importa.” E entrou para o banho.

Kurt chegou em casa com um buquê de rosas vermelhas nas mãos. Ele fazia questão de demonstrar o quanto estava orgulhoso por tudo que ela tinha feito hoje. Como não a encontrou na sala ou na cozinha, deduziu que ela estava no banho e colocou as flores num canto discreto do balcão para fazer uma surpresa mais tarde.

Jane chegou na cozinha com o cabelo molhado, vestindo uma calça de moletom e uma camiseta bem soltas no corpo. Assim que seu olhar encontrou o de Kurt, os dois sorriram. Ela respirou fundo e se aproximou. Era melhor enfrentar as divergências logo, assim jantariam em paz:

— Eu sei que prometi não ir mais a campo, mas acredite, quando Patterson e eu decidimos ir até a creche, não achávamos que haveria qualquer problema. Só faríamos uma sondagem e acionaríamos as equipes que fariam o resto.

— Jane...

— Por favor, me deixe terminar. As coisas ficaram no limite rapidamente. Se não agíssemos naquela hora, eles poderiam fazer reféns, eu só...

 Ele se aproximou e deu um beijo na sua testa. Depois levantou seu queixo e deu um selinho nos seus lábios.

— Eu tenho certeza que você fez apenas porque foi necessário. – e alcançando as rosas que estavam no balcão, presenteou a esposa – Você foi maravilhosa hoje. Você sempre é maravilhosa.

Jane riu e revirou os olhos. Então, recebeu as rosas e agradeceu.

Os dois jantaram conversando sobre o caso e como as três grávidas mais badass do FBI resolveram tudo aquilo. Camuflar a participação de Tasha tinha dado um pouco de trabalho, mas eles conseguiram deixar esse detalhe bem velado no processo.

Após o jantar, Kurt tomou um banho e se juntou com Jane no sofá da sala para verem TV. Ela seguiu seu plano: ficou ali por um tempo, deixou ele conversar com o bebê, depois disse que estava cansada e precisava dormir.

No quarto, deitada na cama, ela se pegou chorando. Como ela podia ainda se sentir rejeitada depois de toda a demonstração e amor que Kurt acabara de lhe dar? Ela não entendia. Só sentia.

Kurt percebeu, desde aquela manhã, que Jane estava fazendo o mesmo jogo que ele: evitando uma proximidade que desencadeasse desejos sexuais entre eles.

“Talvez ela também esteja sentindo que isso pode não ser bom para o bebê.” Pensou.

Mas a roupa que ela estava usando hoje durante o jantar o deixou intrigado. Ela parecia se esconder atrás daquele tecido algo que era justamente o contrário de seu comportamento desde que descobrira a gravidez. Beleza e sensualidade tinham sido sua marca desde então. Ele tentou se concentrar na TV, mas foi inútil. Ele precisava ir até o quarto, falar com ela, ter certeza que tudo estava bem.

Então ele se levantou, pegou um dos botões de rosa e foi para o quarto. Abriu a porta devagar, o ambiente estava escuro, caminhou com passos suaves para não incomodá-la e abaixou do lado dela na cama. Apesar da pouca luz, pôde ver que ela estava acordada, com olhos bem abertos e surpresa com sua presença ali. Outra coisa chamou sua atenção e não foi bom: haviam sinais de lágrimas no rosto dela. Kurt se apressou em acender a luz do abajur e deixou a flor na mesa de cabeceira:

— Está tudo bem?

— Tudo bem. – ela apressou-se em responder rápido e sem jeito, como uma criança pega fazendo algo inconfessável. – Não é nada importante.

— Qualquer coisa que te faça chorar é muito importante pra mim, Jane.

— Deve ser coisa de grávida...

— Você não é assim. Eu sei. Algo está te machucando. Por favor, fale comigo.

Ela se sentou na cama e se recostou na cabeceira, cruzando as pernas próximas ao corpo. Ele aproveitou para se sentar bem à sua frente. Determinada a ter aquela conversa e entender o que estava acontecendo, ela disse:

— Você tem procurado se manter afastado sexualmente de mim. – então ela desviou os olhos para a aliança no seu dedo e começou a girá-la com a outra mão enquanto falava – Eu... eu acho que eu entendo. Você tem todo o direito de não querer mais fazer amor comigo... Sei que é difícil, meu corpo mudou bastante nas últimas semanas. Não quero exigir nada de você...Eu estou tentando ajudar... mas... – as palavras não vieram.

Ele imediatamente levou a mão até o rosto dela e levantou seu queixo para que seus olhos se encontrassem:

— Jane, você acha que tenho te evitado porque seu corpo mudou?

— Kurt, tudo bem...

— Não, não está tudo bem. Não é nada disso. Jane, você é a mulher mais linda e sexy do mundo pra mim. E mesmo que seu corpo mude, você engorde ou envelheça, eu nunca vou deixar de te amar e de te desejar. E eu te amo e te desejo ainda mais agora. Você está maravilhosa. Eu sinto vontade de fazer amor com você o tempo todo...foi exatamente por isso que me afastei.

Ela entrelaçou os dedos nos dele e disse:

— Como assim? Me ajude a entender...

— Desde que eu senti o bebê mexendo, ele se tornou tão mais real pra mim que senti medo de incomodá-lo enquanto a gente faz amor.

— Mas o médico disse que não tinha problema. Ele está protegido. Talvez ele sinta um pouco do sentimos, mas é uma explosão tão grande de amor e carinho que isso fará bem pra ele, não é? Queremos que ele saiba que tem pais que se amam e que vão amá-lo com uma intensidade ainda maior.

Ele sorriu e afastou uma mecha do cabelo dela que estava caída no rosto:

— Quando ouço isso você dizendo isso parece tão claro e certo. Acho que eu só estou me sentindo um pouco perdido nisso tudo. Quer dizer, você está fazendo esse milagre incrível sozinha. Eu quero ajudar, participar de alguma forma ou, pelo menos, não atrapalhar...

— Kurt, você é parte de tudo isso! – e pegou as mãos dele e levou até a barriga – Por “nós”, lembra? Nosso sonho...

Ele recostou a testa na dela e disse:

— Eu te amo mais que tudo.

— Eu também te amo mais que tudo.

Os dois trocaram um beijo suave. Então se abraçaram e ele sussurrou no ouvido dela:

— Minha determinação em evitar fazer amor com você morreu hoje quando você entrou toda poderosa no SIOC trazendo três caras algemados. Tenho que confessar uma coisa, as rosas escondiam minhas segundas intenções.

— Prove! – ela desafiou.

— Assim que eu te livrar de toda essa roupa...

Ele a ajudou a se despir. Então a observou por alguns segundo e voltou a sussurrar no seu ouvido:

— Deite-se e feche os olhos, sweet heart.

Ela atendeu ao pedido e ele pegou o botão de rosa que estava sobre a mesa de cabeceira. Começou contornando o rosto dela suavemente com as pétalas da flor, depois os lábios. Maliciosamente iniciou a descida lenta, detalhando cada detalhe do corpo dela por onde passava: pescoço, seios, barriga, a parte interna das coxas. Jane se deixou levar pelas sensações. Enquanto as pétalas deslizavam por sua virilha, arqueou o corpo para trás desesperada por mais e disse:

— Kurt, eu juro que se você me deixar sem você depois disso, eu te mato!

Ele correu as costas dos dedos pelo corpo dela, subindo rapidamente no sentido contrário daquele seguido pela flor e sussurrou no ouvido dela:

— Tenha calma, Agente Doe. Estou só começando... Agora eu preciso sentir o sabor que ficou em sua pele cheirando como uma rosa.

E já começou a seguir uma sequência de beijos quentes e úmidos pela pele dela...


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam?????? Por favor, eu preciso saber. Deixe seu comentário.

Muito obrigada pela leitura.



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