Reencontro escrita por Lucca


Capítulo 32
Capítulo 32


Notas iniciais do capítulo

Estava ansiosa para escrever esse capítulo. Questões triviais numa gravidez se entrelaçam com situações que só são possíveis com esse Team incrível. Espero que se divirtam.
E já é hora de alguma criança nascer, não é? Aproveitei esse momento para ir fechando o arco da história.
Para finalizar, um momento Jeller que abre o último grande desafio para o casal.
Boa leitura.



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Jane e Tasha atenderam prontamente ao pedido de Patterson para que se reunissem em sua casa naquela manhã. A loura tinha pedido o dia de folga, algo raro, e isso deixou as amigas em alerta máximo. Mas assim que ela abriu a porta, as duas se tranquilizaram. Um sorriso eufórico brilhava no seu rosto. Seja lá o que fosse que a doce “nerd da cadeira” tivesse aprontado, a deixava feliz e radiante. As duas não compartilharam seus pensamentos, mas ambas imaginaram se tratar do desenvolvimento de um novo jogo que obviamente seria um sucesso, viciaria Tasha e seria ignorado por Jane.

— Bem vindas, futuras mamães. Tenho novidades quentes. Vocês vão amar! Não, não. Vocês vão surtar quando souberem. – Patterson disse eufórica.

— Olá, meninas. Aceitam um chá já que nenhuma pode beber café, chocolate quente ou bebidas alcoólicas? Nossa, estar grávida deve ser muito chato. – Rich surpreendeu Jane e Tasha se materializando atrás de Patterson que reagiu com um expressão insatisfeita.

— Rich! Você prometeu não dizer nada desagradável! – e virando-se para as amigas – Por favor, me desculpem por isso. Eu precisei dele aqui pra me ajudar a finalizar os detalhes. Isso é tão excitante! Eu precisava contar para vocês assim que terminei.

— Ok, estamos aqui. Mas será que podemos começar com cumprimentos tradicionais com beijos e abraços? Eu gosto da ideia das crianças se sentirem numa família normal. – Jane disse e abriu os braços para Patterson que se entregou ao carinho da cunhada.

A risada de Tasha ecoou pela sala:

— Jane não desiste. Vou repetir: nossa família, assim como você, é muita coisa, menos normal. Eu, por exemplo, sou procurada pelas agências de segurança nacionais.

A conversa trivial foi bem mais breve que o normal. Trocaram carícias nas barrigas umas das outras, mas antes que adentrassem nos desabafos sobre os desconfortos da gestação, Patterson já retomou o assunto para o qual tinha convocado a reunião:

— Venham até aqui. – e as encaminhou até uma mini central de trabalho organizada na mesa da sala de jantar. – Eu desenvolvi um aplicativo surpreendente, o algoritmo deu um pouco de trabalho, mas valeu a pena!

— Hei, hei, Patsy Patt, não se esqueça de mim. Acho que mereço algum crédito pela participação.

A loura revirou os olhos:

— Ok, Rich também ajudou. Enfim, é um aplicativo surpreendente. Toda grávida vai querer ter isso!

— Por Deus, Patterson, conte logo o que isso fez. Grávidas não podem ficar tão ansiosas assim. – Zapata buscou focá-la.

— Você conseguiu me deixar curiosa também. – Jane completou.

— Meninas, conheçam o Aplicativo de Interação Informacional para Nomes Adequados, ou AIINA! Uma verdadeira revolução para a parte mais difícil da gestação: a escolha do nome do seu bebê.

Tasha e Jane se entreolharam tentando entender a importância daquilo. Em seguida, olharam para Rich que, atrás de Patterson, gesticulava indicando que a amiga estava em algum tipo de surto gestacional e não devia ser contrariada.

— O aplicativo funciona com uma base de dados montada pelos pais. Basta preencher os formulários com informações básicas como histórico familiar, preferências de livros, jogos, programas de TV, filmes, comida, viagens... – enquanto a loura descrevia tudo, por trás dela Rich gesticulava para lista enorme de informações pedidas pelo aplicativo. – Bem, essa parte é um pouco trabalhosa. Mas, feito isso, as informações se cruzam com questões da atualidade e aponta qual o melhor nome para seu bebê! Tudo cientificamente calculado e sem chances de erro para nunca acontecer que o maior interessado nisso tudo – o bebê – acabe não gostando do próprio nome.

As amigas tentaram disfarçar o riso. Desde o anuncio da gestação, nunca tinham imaginado que Patterson teria problemas em encontrar um nome para seu bebê porque não aceitava seu próprio nome.

— Nossa, parece interessante. – Jane disse tentando quebrar o silêncio que se instalou.

— Você quer ser a primeira a tentar? – Patterson disse empolgada.

— Bem... eu acho que não. Kurt e eu pensamos em escolher o nome de forma mais tradicional. Ainda não colocamos nenhum deles na lista, mas foi assim com o nome da Bethany. E ela é tão encantadora que também pensamos que esse nome poderia nortear a escolha do nome do nosso bebê pela letra inicial ou pela referência.

Patterson, Rich e Tasha fizeram expressões de desaprovação da metodologia escolhida por Jeller para a escolha do nome.

— Espera, você quer dizer que pretendem colocar um nome começado com B e que lembre alguém que vocês amavam e morreu de forma trágica? – Tasha questionou balançando a cabeça em desaprovação.

— Por essa linha de raciocínio teríamos Bill para menino numa referência ao pai assassino de Kurt. Bonnie para menina  - lembrando a trágica história de Bonnie e Clyde numa referência ao passado de Jane como Remi. Ou então Ellen, como Shepherd. –Rich acentuando as informações com caretas.

— Céus! Jane é melhor vocês usarem esse aplicativo. Não é que esse negócio será útil, Patterson! – Zapata disse rindo.

— Não, não, não. Eu acho que muitas pessoas podem querer usar esse aplicativo, mas apesar de vocês traçarem possibilidades tenebrosas de nomes, a escolha vai ser feita por mim e Kurt sem usar nenhum recurso tecnológico. Por que você não tenta, Tasha?

— Não. – Tasha respondeu enfática enquanto atacava o pote de bolachas que estava na mesa. – Meu filho terá um nome forte, condizente com o grande homem que ele se tornará e também o lembrará de suas raízes latinas, de todas as dificuldades que meus avós passaram ao migrarem para os EUA.

— Particularmente, gosto de Carlos. – Rich sugeriu.

— Está louco, Rich! Esse é o nome que dão ao bebê da prostituta em “Se beber não case”. O garoto vai sofrer bullying com certeza. – Patterson disse. – Para evitar esse tipo de equívoco que esse aplicativo é tão importante.

— Não vai ser Carlos. O nome dele será Miguel. Era o nome de mi abuelo.

— É lindo, Tasha. – Jane disse suspirando.

— É, eu gosto. Forte, contextualizado, bonito. Miguel é uma boa escolha. – Patterson admitiu enquanto se sentava em frente ao computador e começava a digitar.

— Eu ainda prefiro Carlos. – Rich insistiu e foi ignorado.

— Já que vocês não querem, eu mesma vou usar e escolher o nome dessa garotinha aqui. – Patterson continuou acariciando a própria barriga.

Os três se entreolharam e esperaram. Após alimentar o banco de dados, Patterson colocou o algoritmo pra rodar. Quando o resultado apareceu na tela, ela leu e olhou para os amigos. Se levantou e disse:

— Deleta esse aplicativo agora, Rich! Não quero nem a sombra dele no meu computador ou em lugar nenhum. – a irritação dela surpreendeu a todos.

— Ei, calma. Não precisa ficar desse jeito. – Tasha disse se aproximando e já tentando abraçar a amiga que secava as lágrimas que insistiam em correr.

Jane também se aproximou e levou a mão até as costas de Patterson fazendo movimentos suaves pra cima e pra baixo tentando acalmá-la.

— Patterson, não importa qual seja o nome dela, nós já a amamos. Tenho certeza que ela vai amar qualquer nome que escolham e todos que a conhecem vão amar o nome também pela pessoa incrível que ela será.

A loura se soltou de Tasha e abraçou Jane. A latina aproveitou para cutucar:

— Mas conta pra gente: qual nome o aplicativo sugeriu?

Patterson respirou e disse:

— Matilde.

Nenhum dos amigos conseguiu conter a risada.

— Matilde?????? Impossível, eu tenho certeza que programei para ele gerar Sophia quando você jogasse seus dados.

— Rich, você tentou hackear o meu aplicativo?! Como pode fazer isso?

— Eu achei que você daria mais atenção à esse recurso tecnológico do que a mim. E acho esse nome simplesmente perfeito para nossa bebê porque ela será incrível como você.

Dessa vez o hacker conseguiu atingir o coração de Patterson que se comoveu e foi abraçá-lo:

— Achei sua sugestão muito melhor que Matilde. Vou conversar com Chris sobre isso e, se ele concordar, podemos chamá-la de Sophia, ok?

— E eu vou torcer para que Chris concorde. Achei esse nome perfeito. – Jane disse emocionada.

— Essa é provavelmente a única vez nessa vida que isso vai acontecer: Sophia é um nome lindo!

Algumas semanas depois...

41ª semana de gestação. Tasha foi acordada às 2:30 PM por um forte repuxada no abdômen. Droga, a noite passada ela quase não dormiu com azia. Esse cochilo à tarde era tudo que ela precisava, mas só durou 20 minutos. Nas duas últimas semanas repuxos assim tinham acontecido algumas vezes. Aquela ansiedade de ser ou não a hora do parto a deixava irritada. Impossível ficar na cama. Melhor levantar e caminhar um pouco pela casa. Ela ainda não sabia que aquele resto de dia seria longo demais.

Em torno das 4:00 PM, ela considerou que existia a possibilidade real de seu bebê chegar naquele dia. Uma leve cólica vinha em intervalos irregulares. Foi então que outros problemas se fizeram sentir de forma intensa. De repente, ela se viu mergulhada em discussões desnecessárias, pequenos surtos violentos empurrando móveis e uma xícara acabou estilhaçada na pia, além da tradicional resistência em aceitar a medicação.  Foi tudo tão intenso e perturbador que, somente às 8 PM, após tudo se acalmar, ela se deu conta que a cólica agora estava bem mais forte e vinha em ondas regulares. Essa dor ainda parecia fraca demais perto dos relatos de parto que sempre ouviu, então pensou que a natureza conspirava a seu favor e tinha tempo de se preparar com calma.

Arrumou suas coisas e as do bebê. Decidiu tomar um banho antes de conseguir apoio para ficar na casa e ela poder ir ao encontro dos amigos para o parto. Madeline, com a ajuda de Patterson e Rich, tinham preparado um casa com tudo que precisariam para um parto natural e para a coleta e armazenamento do material do cordão umbilical e da placenta. O lugar era próximo a uma grande maternidade e, se necessário, o atendimento especializado estaria a uma curta distância de tempo e espaço. Tudo isso a fazia se sentir muito segura e tranquila. Sua maior preocupação era como conseguir o antídoto depois, já que perdera seu acesso ao SIOC.

O banho demorou mais do que ela previa. A água quente era relaxante e ela se permitiu desfrutar daquilo o máximo possível conversando com seu bebê e prometendo que tudo ficaria bem. Depois que já estava trocada mandou uma mensagem para Rossi. Nada de resposta. Esperou 15 minutos e nada dele visualizar. Optou por uma ligação telefônica. Fora de área. Ela teria que esperar um pouco mais.

Meia hora depois, as dores resolveram incomodá-la bastante. As tentativas de falar com Rossi continuavam frustradas. Ela resolveu pedir a ajuda de Christofer. Nada. Fora de área. Todos resolveram sair de férias num lugar remoto e não a avisar ou essa estúpida companhia de telefonia e internet estava de brincadeira com ela? Enquanto tentava entender o que acontecia e buscar uma solução, as dores tornaram-se um furacão e o domínio sobre as respirações foi ficando tenso.

Ela foi até o quarto ao lado para observar se seu “problema” ainda dormia, decidida a deixá-lo sozinho por mais que isso a desagradasse. Não sabia se seria capaz de dirigir se esperasse mais. O quarto estava vazio. Tinha como as coisas ficarem pior? Saiu numa caçada pela casa. Aquelas ondas de dor tornavam tudo mais difícil. Não o encontrou e isso deixou sua respiração ainda mais difícil. Uma nova contração fortíssima a vez se agachar e acabou sentada no chão recostada na parede da cozinha. Veio mais uma e depois outra. Mal dava pra respirar entre as contrações. Precisou assumir: dirigir não era mais uma opção. Olhou novamente o celular. Nada de sinal.  Ela fez tanto, pagou um preço tão alto e agora tudo parecia estar perdido. Ela teria seu bebê ali, sem ajuda, sem saber o que fazer, sem poder coletar o cordão e placenta. Sozinha.

O choro veio e ela se entregou a ele. Não que estivesse desistindo, mas ela precisava de um momento assim antes de tentar qualquer outra coisa.

De repente, a porta da cozinha se abriu e o “problema” entrou. Pelo menos uma gota de alívio, um medo a menos. Se ele tivesse ido para a cidade seria bem pior. Ela se preparou para uma nova discussão, mas de repente, ele estava ao lado dela afastando o cabelo de seu rosto suado. Em seguida a pegou nos braços e levou até o sofá da sala antes de desaparecer pela porta da frente levando seu celular. Quando foi que ela entregou o aparelho pra ele? Ela sequer percebeu. Essa dores mal a deixavam respirar.

Ele voltou, a pegou nos braços novamente e saíram pela porta. O carro esperava com a porta do passageiro aberta. Cuidadosamente, a acomodou lá e assumiu a direção:

— O que você está fazendo?

— Estou te levando até eles.

— Você sabe que não pode fazer isso!

— E você sabe que não pode ter esse bebê aqui! – a voz dele era feroz, mas existia algo terno no seu olhar.

O carro rumou até a periferia de NYC. Estacionaram. Ele conferiu o celular e viu que ali tinham sinal. Fez uma chamada e entregou o aparelho à ela:

— Mande a localização para ele. Sei que ele virá rápido, seu apartamento não é longe daqui.

Tasha obedeceu sem saber com quem estaria falando.

— Pronto, Tasha. Precisa de alguma coisa? – a voz de Reade soou como de um anjo para ela.

Por um instante, ela vacilou, mas sabia que era o melhor a fazer:

— Reade, eu estou em trabalho de parto e não consigo mais dirigir...

Sua voz devia estar muito afetada pelas dores, porque ele respondeu já pegando as chaves e saindo do apartamento. Ela pode perceber isso pelos sons que acompanharam sua voz:

— Onde você está? Mande a localização. Estou indo.

Ela fez e então percebeu que já estava sozinha no carro. Em minutos, Reade chegou e pouco depois estavam na casa preparada para o parto e rodeada por amigos, sorrisos e carinho. Ela chegou a rir da forma desajeitada que Jane e Patterson tinham ao abraçá-la e encorajá-la com aquelas barrigas salientes. Em alguns momentos, ela pensou que devia estar alucinando por causa da dor. Também passou por sua cabeça pedir para as amigas se afastarem. Aquilo era tão intenso que podia ser assustador e as duas logo passariam pela mesma coisa. Talvez ela tenha chegado a dizer isso as duas, mas elas permaneceram ali.

Uma hora e meia depois, às 11:45 PM, chegava ao mundo o pequeno Miguel. Chegou silencioso, de olhinhos negros semi-abertos, muito cabeludo, mãos pequenas e ativas. Com ele ainda conectado ao cordão, o colocaram no peito de Tasha que sentiu a sensação mais apaixonante de toda a sua vida. Ela massageou suas costinhas e, finalmente, ele chorou. Chorou forte arrancando comentários de admiração de todos que estavam na casa.

Minutos depois, tudo estava tão calmo. Os procedimentos encerrados. Todos se retirando do quarto para que mamãe e bebê descansassem. Tasha segurou a mão de Jane e lançou um olhar que fez amiga entender que deveria ficar. Quando estavam finalmente sozinhas, a conversa começou:

— O que você precisa? – Jane perguntou com um sorriso lindo no rosto pois seu olhar estava sobre o sobrinho.

— Jane, eu preciso que me ajude a conseguir uma dose do antídoto que Madeline vai produzir e tem que ser logo.

— Mas porquê?

Zapata respirou pensando que era hora de compartilhar toda a verdade com a amiga.

— Eu devo favores a pessoas que querem isso como pagamento.

— Tasha, nós podemos protegê-la...- Jane estava dizendo apesar de saber que isso não era exatamente verdade. Sequer tinham conseguido inocentar a amiga sobre a “retirada” não autorizada do último antídoto no SIOC. Ao traçar esse paralelo, uma forte pontada de dor a fez levar a mão até a cabeça.

Zapata percebeu e resolveu amenizar a conversa. Melhor aguardar até que o bebê de Jane nascesse e o antídoto final a curasse.

— Rossi me garantiu que não será usado para nada perigoso, Jane. Só pesquisas. Eu só não quero correr o risco de ser separada dele por qualquer motivo que seja. – e se aninhou com seu bebê.

Se tinha uma dor que Jane não desejava a ninguém era ter seu bebê recém-nascido arrancado de seus braços. Era preferível enfrentar uma guerra ou meses de tortura num black site da CIA.

— Eu vou dar um jeito. Agora descanse. – e deu um beijo na testa da amiga que mais que nunca considerava como irmã.

Ao sair do quarto, Jane foi direto para o banheiro. Estava nauseada. Vomitou. Lavou o rosto e foi ao encontro de Kurt. Decidiu que era melhor ele não saber disso. Ela precisava de alguém inocente nessa história para amparar as crianças se tudo desse errado.

Na manhã seguinte, o casal levou Tasha para sua casa. Ela permaneceria lá por alguns dias até estar plenamente recuperada.

Nove dias depois, o Team estava novamente reunido. Dessa vez, o local era a sala de espera da melhor maternidade de NYC. Após algumas horas de trabalho de parto nas quais Patterson e Chistofer quiseram ficar sozinhos, as coisas se complicaram e ela precisou passar por uma cesariana. Sophia nasceu com dificuldades respiratórias e precisou ficar numa estufa oxigenada. Todos puderam vê-la através do vidro do berçário. Era tão branquinha e careca. Os amigos fizeram-se presentes, dando todo apoio a Chis e Patt. Foram horas tensas.

Na manhã seguinte, tudo já estava bem e Patterson descobriu que amamentar pode ser mais difícil do que resolver equações quânticas ou quebra-cabeças sob a forma de tatuagens tridimensionais. Três dias depois puderam ir pra casa. No final da tarde daquele mesmo dia, todos estavam lá. Numa brincadeira, colocaram Miguel e Sophia nos braços de Jane, acomodados sobre sua barriga para uma foto.

Patterson parecia meio perdida. Eles nunca a tinham visto tão desarrumada. Sozinha no quarto com Jane, ela desabou num choro. Disse que se sentia impotente. Nada do que calculou para aqueles primeiros dias estavam dando certo. Sophia sempre tinha reações que escapavam pela tangente. Após um caloroso abraço, a morena disse:

— Ela é uma Krugger e sempre vai escapar das previsões. Concentre-se em amá-la e estar aqui para ela. Tenho certeza que é só o que ela espera de você. Se amamentar não der certo, existem tantas fórmulas no mercado que podem alimentá-la. Esse momento é para vocês serem felizes, não ceda as exigências da sociedade, médicos ou outras mães. Deixe seu coração te guiar por essa relação que é única: sua e da Sophia.

Um novo abraço e Jane se despediu. A nova família precisava de um tempo sozinha para se adaptar. E ela sentia-se nauseada de novo.

Dias depois, Jane saia do SIOC atônita. Há muito tempo ela não se sentia tão mal consigo mesma. Na bolsa levava a dose do antídoto que conseguiu retirar da sede do FBI sem levantar a menor suspeita de qualquer um. Ela tinha certeza que fez tudo de forma perfeita. Não haveria qualquer prova contra ela. Usou todas as suas habilidades para que a operação tivesse total sucesso.

O lugar de encontro com Tasha já estava marcado. Foi rápido. Um abraço, a encomenda, o agradecimento. Tudo estava feito. Missão cumprida. A última missão obscura de sua vida, disse a si mesma. Mas sua cabeça não parava de latejar o tempo todo.

Ela chegou em casa e Kurt já estava lá. Parecia que ele pressentia que ela não estava bem. Veio ao seu encontro e a puxou para um abraço. Era tudo que ela precisava. Ela se queixou da dor de cabeça e foi tomar um banho para ir pra cama. Talvez o sono resolvesse o problema evitando o uso de analgésicos. A 28ª semana de gestação prometia ser difícil.

Ele a acompanhou. Assim que ela adormeceu, voltou pra a cozinha para preparar o jantar. Depois assistiu um pouco de TV e foi tomar banho para se juntar a ela no sono. Ainda estava se enxaguando quando a forma desesperada como ela chamava seu nome o fez sair às pressas do chuveiro.

Entrando no quarto, Kurt viu Jane deitada de lado na cama, com as mãos tateando a cabeceira desesperadamente e chamando-o aos gritos.

“Pesadelos com o tempo que ficou enterrada.” Ele pensou.

 Antes mesmo de alcançá-la, ele respondeu ao chamado tentando fazê-la se acalmar. Não teve efeito algum. Quando ele se aproximou e a tocou todo molhado, primeiro ela recuou assustada, depois levou a mão ao rosto dele tateando para reconhecê-lo:

— Sou eu, Jane. Estou aqui. O que aconteceu? – perguntou preocupada enquanto estendia a mão e acendia a luz do abajur para que ela o visse e se acalmasse.

Seu rosto estava coberto de lágrimas e o pânico nos seus olhos era algo que nunca antes ele tinha presenciado. Ele continuou questionando-a, mas ela só percorria seu rosto com as mãos enquanto seu olhar estava vazio e fixo no nada.

Então ele parou de questionar e só esperou. Tomando fôlego, entre soluços, Jane disse:

— Kurt, eu não consigo ver nem ouvir você.


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Notas finais do capítulo

Sugestões e Críticas são bem vindas. Deixe seu comentário.
Talvez estejam querendo me matar. É compreensível.
Esse último desafio enfrentado por Jeller é uma homenagem especial a um casal de amigos muito especiais que passaram por isso.
Muito obrigada pela leitura.



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