Reencontro escrita por Lucca


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Começamos pelo final do episódio 3x12: Jane voltou para casa. Foi um diálogo carregado de emoção e um primeiro passo rumo à reconciliação. Porém parece que ainda existem muitos obstáculos para serem superados. Resolvi mostrar que, a partir dali, os dois voltaram a ser um casal de fato.
Boa leitura.



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Não houve aqueles beijos que faziam toda a dor que ela já viveu ter valido a pena. Não houve sequer os toques carregados de carinho que foram sua força para acreditar em si mesma nos momentos mais difíceis.

E essa distância era uma escolha dela. Na verdade, era bem mais complicado que isso. Era uma necessidade naquele momento em que os últimos acontecimentos ainda latejavam na sua mente e em seu coração.

O quarto de hóspedes parecia tão impessoal quanto o quarto do hotel, por mais que o cheiro do lugar fosse familiar. A cama sem ele não era convidativa nem aconchegante, um breve cochilo foi tudo que ela conseguiu. Uma vez acordada, foi impossível continuar ali deitada.

Então Jane olhou para cômoda ao lado da porta de entrada do quarto. Discretamente alocado próximo à borda do móvel estava seu caderno de desenho e seus lápis.

“Kurt...”

Ela se aproximou e tomou os objetos em suas mãos. De forma ainda mais concreta Jane se apossou da certeza sobre sua decisão em voltar ao apartamento, em voltar pra perto dele. Então, ela fechou os olhos desfrutando do conforto de ter Kurt em sua vida.

A sala foi atravessada pé ante pé e a porta da varanda foi aberta cuidadosamente para que nenhum barulho atrapalhasse o sono dele.  A lua estava cheia no céu, iluminando NYC e trazendo toda a claridade que Jane precisava para desenhar. Ela ocupou uma das cadeiras de madeira, trazendo os pés para cima do móvel e usando suas pernas como apoio.

 Por alguns instantes, a mordida no lábio inferior foi tudo que a folha de papel em branco conseguiu despertar. De forma ainda relutante, ela marcou os primeiros traços. Em pouco tempo, ela já rabiscava compulsivamente o papel, ocupando todo o espaço disponível enquanto os sentimentos dentro dela corriam pelas curvas sinuosas de tudo que ela viveu. Quando suas mãos finalmente pararam de castigar o papel, ela percorreu com os olhos o resultado: Kurt e Avery estavam estampados na página. Sua filha parecia mais jovem e angelical na imagem, contrastando com um olhar carregado de raiva e desprezo. Mas foi o olhar retratado de Kurt que a surpreendeu: havia tanta compreensão nele...

Jane tocou suavemente a imagem do marido.

— Você tem um talento incrível com desenhos._ a voz dele a arrancou de seu transe, ela olhou pra trás sem conseguir dizer sequer uma palavra._ Mas está muito frio aqui fora, venha pra dentro._ a mão dele se estendeu na direção dela.

Foi só então que Jane percebeu a dormência gélida no seu corpo. Ela segurou a mão dele permitindo que aquele toque fosse mais um passo em direção ao amor que ela queria de volta à sua vida. Ela se deixou conduzir ao interior da sala e sentou-se ao lado dele no sofá sem deixar que suas mãos se separassem.

— Eu posso preparar um chocolate quente..._ ele arriscou.

— Não! _ a negativa saiu de forma mais súbita do que ela desejava, mas qualquer ameaça de separação de suas mãos naquele momento precisava ser combatida com urgência. Ela respirou e suavizou a fala e ousou manter seu olhar conectado ao dele._ Estou bem, Kurt.

Ele entendeu sua necessidade, afinal compartilhava a mesma sensação. Então, seu polegar percorreu suavemente os dedos dela.

— Você quer falar sobre Avery?

Ela baixou o olhar e sorriu triste.

— Ela é difícil. Está ressentida comigo por tudo que Roman disse e eu fortaleci deixando que ela fosse colocada naquele polígrafo. Acho que não vai ser fácil ela me dar uma chance de corrigir tudo isso.

De repente, o coração de Jane despertou com suas próprias palavras. Era exatamente assim que ela tinha agido com seu marido. Ela buscou atônita o olhar de Kurt que retribuiu com muito carinho:

— Tudo é muito recente. Dê tempo à ela e tudo se resolverá. A metade Jane dela à trará pra você.

Aquelas palavras, aquele olhar, o caderno de esboços sobre a cômoda, a forma como ele deixou o caminho aberto para ela voltar, de repente tudo parecia fazer sentido novamente. Havia algo dentro dela mais forte que a dor da decepção. Era um sentimento manso, compassivo, forte e corajoso como olhar de Kurt. Era amor que compartilhavam. Ele estava lá consolidado nas profundezas de sua alma, disposto a enfrentar qualquer dificuldade e a permanecer vivo mesmo diante de um Kurt Weller real, suscetível à erros como qualquer ser humano.

Seus olhos ainda estavam conectados e ela sentiu a necessidade de dizer sem medo de como seria interpretada:

— Eu te amo, Kurt._ e sua outra mão alcançou o rosto dele. Ela não precisava ouvir a recíproca, era uma verdade óbvia depois de tudo. Assim como foi claro que devia continuar _ Eu sinto muito por tudo... eu vou me esforçar pra consertar tudo...

Os dedos dele silenciaram os lábios dela.

— Nós vamos consertar tudo. Estamos juntos nessa, não é?

Ela sorriu e seu olhar se deslocou para a lateral brincando com a situação.

— E como faremos isso? Um encontro ou você acha que é necessário recuarmos para etapas ainda anteriores e tentarmos seguir um caminho bem tradicional?

Ele franziu a testa.

— O tradicional não tem me feito feliz. _ enquanto ele falava, suas mãos já a puxaram para perto e eles se beijaram.

Quando aquele beijo começou ainda tão tímido e buscando a cada novo toque a autorização do outro para continuar, nenhum dos dois imaginou o quanto se estenderia. A verdade é que eles não estavam dispostos a romper aquele contato e a química intensa que sintonizavam através disso. Muito tempo depois, quando o fim se fez necessário, não se desvencilharam do abraço.

Foi assim, nos braços um do outro que os dois colocaram as cartas na mesa, trazendo para a pauta tudo que fosse necessário para recomeçar sem que a mentira ou a ocultação lançassem sombras e dúvidas no futuro. Logo ficou evidente que outros momentos assim seriam necessários, então se comprometeram em torná-los parte da rotina. De qualquer forma, os dois se sentiam muito mais leves, fortes e otimistas depois daquela conversa.

A hora passou, mas ainda era cedo demais para permanecerem acordados. Eles se dirigiram aos quartos de mãos dadas. Na porta do quarto de hóspedes, Kurt depositou um beijo suave na testa de Jane e rumou ao quarto do casal. Antes de adentrar no cômodo, ele se recostou no batente da porta para observá-la também ainda fora do quarto. Seu olhar e sua voz se revestiram de um sarcasmo sensual:

— Boa noite, Jane.

Ela respondeu no mesmo tom:

— Boa noite, Kurt.

Mas nenhum deles se moveu e continuaram se entreolhando deixando o desejo transparecer de forma mais clara do que as palavras poderiam alcançar. 

— Droga, Kurt, acho que podemos fazer o resto da noite se somar de forma mais eficiente à reconstrução do nosso relacionamento._ e mordeu o lábio inferior_ Vem ...

Ele riu alto e ultrapassou a distância entre eles quase num único passo atacando os lábios dela com o desejo que o consumia. Ela retribuiu com a mesma intensidade se apressando em o livrar da camiseta que  vestia.

No instante seguinte, Jane se viu suspensa na parede ao lado da porta e, enquanto suas pernas buscavam se firmar ao redor da cintura de Kurt, esbarrou num vaso que estava sobre o aparador que se quebrou em pedaços ao bater no chão. Nem isso foi capaz de interromper os beijos e carícias que os dois trocavam. Havia uma vontade latente ali que precisava ser saciada, não importavam mais os obstáculos que se colocassem. Kurt rosnou enquanto afastava um dos cacos maiores próximos a seus pés:

—Merda!

— Esquece o vaso, foi presente da Hirst._ Jane sussurrou já encadeando outra mordida no lóbulo da orelha dele.

Então ele a acomodou sobre o aparador e retirou as peças de roupa que Jane ainda tinha sobre o corpo. A impaciência dela tratou de fazer o mesmo com a calça e o boxer dele, parando de repente para buscar a confirmação no olhar do marido:

— Aqui?

Kurt assentiu com a cabeça enquanto já buscava se posicionar da forma mais adequada entre as pernas dela. Os dois não podiam esperar nem mais um minuto, precisavam estar unidos ao ponto de perderem por completo a noção de não serem um só. Ele a penetrou olhando diretamente nos verde dos olhos dela. E ali, conectados através de seus corpos e de seus olhares, se permitiram sentir por completo aquela sensação que os enlaçava desde o primeiro encontro: eles se completavam e lutar contra isso era se opor à própria natureza do Universo.

Quando finalmente a onda de emoção e êxtase entrou em refluxo permitindo que a respiração de ambos desacelerasse e que algo mais próximo do racional pudesse ser tangenciado, os dois estavam abraçados ainda tentando impedir que qualquer distância se colocasse entre eles. Alguns minutos depois, Kurt foi capaz de agir, tomando Jane nos seus braços. Ela olhou para ele de forma interrogativa e ouviu:

— Quero você de volta no NOSSO quarto e na NOSSA cama.

Aconchegados um ao outro, Kurt percorreu com os dedos os traços das tatuagens nos braços de Jane. Aquele toque trazia ao coração dos dois a certeza de que estavam no caminho certo e, enfim, puderam adormecer.

Na manhã seguinte, ninguém do SIOC ousou fazer perguntas. Jane e Kurt saíram do elevador de mãos dadas e se separaram com uma leve carícia dele nas costas dela antes iniciar o trabalho. Gestos mais que evidentes para os amigos e colegas de trabalho acostumados aos detalhes de cada caso. Tasha e Patterson trocaram um forte abraço de alívio e felicidade assim que se viram com privacidade para isso.  Reade sorriu e deu um leve tapinha nas costas de Weller demonstrando discretamente que havia compreendido que tudo se encaminhava para uma resolução.

Avery chegou um pouco mais tarde. O casal a levou para a sala de reuniões para tentar novamente uma aproximação e pedir colaboração. A garota parecia bem mais disposta a contribuir com informações agora que sabia que isso poderia ajudar a derrubar Crawford. O team se juntou a eles. Não demorou nada para ela notar o sorriso e a cumplicidade no olhar de sua mãe e de Weller. Aproveitando o fluir do diálogo entre eles, ao final da conversa, Jane sugeriu que Avery fosse jantar com eles em seu apartamento aquela noite. A garota franziu a testa e sacudiu a cabeça negativamente:

— Vocês estão brincando comigo, é isso? Não esperam realmente que eu vá jantar com vocês enquanto estão nessa fase de... _ e fez uma cara de nojo evitando terminar a frase_ Podem esquecer. A gente marca alguma coisa na semana que vem. _ se levantou e murmurou ao sair da sala_ Eu só posso estar tendo um pesadelo!

Tasha a alcançou e colocou o braço sobre seus ombros em sinal de compreensão. Enquanto Patterson gesticulava e sussurrava para Jane e Kurt:

— A D O L E S C E N T E S...paciência...

Kurt pressionou os braços de Jane e depois desceu as mãos até encontrar e se entrelaçar com as dela. Estranhamente, a frustração não parecia ser o maior sentimento que dominava sua esposa naquele momento.

Agora ela tinha um raio de esperança e, na sua retaguarda, estava Kurt e ele era tudo que ela precisava para suportar a caminhada. A próxima semana chegaria e Jane estaria lá para conquistar um lugar na vida de Avery.


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Notas finais do capítulo

Eu realmente queria que Jane tivesse apenas seu relacionamento com Kurt para se focar nesse momento, mas a presença de Avery pode pesar bastante na série. Aqui, eu me dei o direito de colocar essa parte da vida dela mais nos eixos porque acho que preciso disso muito mais que Jane. kkkkkk
Espero que tenham gostado.
Deixarei o segundo capítulo na sequência. Obrigada pela leitura.
Se quiserem dar sugestões ou fazer críticas, sintam-se à vontade.



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