Aham. Continuação.

   Bom. Pois é. Ela. A Meli. Ela descobriu quem eu sou. E meus pais falaram que não queria que ela soubesse, se não...

— Você foi atrás daquelas viaturas? 

— Sim, Meli. Eu fui. 

— Você podia ter se machucado. Ou melhor, se machucou. Seu braço está sangrando.

— Já vou limpá-lo.

— Sabe que mesmo eu não sendo a irmã mais velha eu me preocupo muito com você, né?

— Sei, Meli, mas...

— O papai e a mamãe sabe?

   Era incrível como minha irmã estava mantendo a calma. Ela...sei lá...

— Sim...

— Então eles, tipo, deixaram você entrar na ativa?

— É. Tipo assim.

— Sou toda ouvidos.

— Meli...

  Ela me olhou com aqueles olhos de "só tô pedindo que me conte como aconteceu pra você ganhar essa liberdade de sair por aí".

— Ok -- Comecei -- Bem. Tudo começou quando eu fui naquela excursão da escola, quando fomos na TecnosCorp. Eu estava prestando tanta atenção no que o Cientista Nickolas Dunfordd estava explicando sobre biogenética que nem percebi que alguém me furou com uma seringa no braço. Só percebi quando vi que meu braço estava com um furinho e um cara estranho saiu com uma seringa na mão e...

— É. Eu me lembro de ter visto um cara com um seringa na mão entrando numa porta. Ele tinha cabelos brancos mas a aparência era de um homem de...ahn...30 anos. Cabelo pra trás um pouquinho de nada longo.

— Ahn... É. -- Olhei pra baixo e voltei a olhar pra ela -- Depois eu desmaiei.

— É. Eu também lembro. Aí te levaram para o hospital. Depois você começou a correr mais rápido, melhorou MUITO na aula de Educação Física, ganhou do Teddy Johnson na escalada, e começou a vomitar muito.

— Se você sabe tanto da minha origem, porque tá querendo saber? 

— Eu não sei de TUDO. Só um POUCO. Eu quero saber MAIS.

— Bom, e aconteceu tudo isso que você falou e o papai fez uma análise de sangue. Ele descobriu que meu DNA foi geneticamente modificado. Meu DNA se fundiu com o de uma raposa. Aí ganhei essas habilidades de correr mais rápido, e meus 5 sentidos foram melhorados também. Enxergo super bem, ouço bem melhor de uma longa distância, consigo sentir cheiro de coisas um pouco longes e etc. Aí, num dia eu conversei com o papai e a mamãe sobre usar esses poderes pra, sabe? Fazer o bem e tal. Eles estabeleceram regras e tal, mas no fim, concordaram que muita gente precisava de ajuda. Aí eu virei o que sou agora. O RedFox...

— Legal, tem até nome.

  Sorri.

— Meli...?

— Quê? 

— Como você me descobriu?

— Elementar meu caro Watson... 1- Você sumiu de repente. 2- Voltou machucado. 3- Quando eu entrei, você arredou mais perto da cama, como se tivesse escondendo algo. Agora, Steve. Por que não me contou que era o vigilante?

— Eu não queria te preocupar, e a mamãe achou que você também podia querer entrar nessa de vigilantismo, coisa que ela não queria.

— Sei.  -- Ela respirou fundo -- Eu até me esqueci do porquê deu ter vindo aqui mas eu lembrei...é. O papai me colocou num curso de arquearia.

— Meli... Isso... Isso é DEMAIS!!! Puxa!!! Parabéns!!!

— Obrigada.

— Mas você já não sabia usar o arco e tal?

— É só pra mim aprender coisitas novas mesmo. Bom eu... Já vou. Tenho muito o que processar na minha cabeça.

Sorri.

 Logo lembrei do meu braço. Havia um pouco de sangue no chão. Fui ao banheiro e dei um jeito. Enrolei faixas e voltei pro quarto. Depois de tudo o que aconteceu, eu dormi.