Schizophrenia escrita por CapitaMK


Capítulo 3
Sozinha


Notas iniciais do capítulo

Hey gente

Espero que gostem



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O dia está cinza hoje, completamente nublado, parece estar sem vida, hoje faz 2 dias que meu pai faleceu, hoje, o dia do seu enterro. Os dias anteriores já foram muito complicado, ruins, difíceis, sem cores, sem nada. 

Estou de frente ao espelho encarando minha imagem refletida, usava um vestido preto simples sem detalhes, e um salto preto. Meu rosto pálido e com olheiras profundas denúncia minhas noites sem descanso. 

Parei de me encarar, não adiantaria nada, nada seria solucionado ficando parada. Coloquei um sobretudo preto, peguei meu celular, e sai do quarto, em direção a sala, chegando lá encontro, minha mãe, e meus irmãos, e mais alguns parentes e amigos do meu pai. Algumas pessoas notam minha presencia e me cumprimenta. Sigo em direção a um canto específico da sala, onde se encontravam minhas amigas, Ally e Normani. Não falo nada só as abraço, o mais forte que consigo. Elas retribuem. Passamos alguns minutos assim, até nos separarmos. Seus pais e irmãos vem me cumprimentar, e me dar as condolências. Minhas amigas fazem o mesmo. Ficamos algum tempo conversando, até dar a hora de irmos para o funeral. Primeira parada seria a igreja. 

Todos começaram a seguir para seus carros. Estávamos dividindo quem iria no carro de quem, eu iria no carro de Normani, com Ally e meus irmãos. Todos os carros já tinham saído, só faltava o nosso, mas por um simples motivo, ainda não tinha saído, minha irmã estava procurando algo, não me dei o trabalho de perguntar o que era, só esperava ela, Chris e Ally, que foram a ajudar a procurar. Normani estava dentro do carro falando com alguém no celular. Eu estava do lado de fora do carro encostada na porta, olhando, para o nada, até uma senhora passar por mim. Ela estava com um vestido todo preto longo, tinha alguns detalhes em renda, sua pele enrugada denúncia que ela teria mais de sessenta anos, seus cabelos brancos também. Continuei a seguindo com o olhar, não sabia quem ela era, nunca teria visto ela por ali, e bom, era um bairro bem residencial, todos ali se conheciam, será que ela era parente de alguém? Mas por qual motivo estaria andando sozinha pelo bairro? Isso não era muito esperado, ainda mais pelo dia de hoje não estar muito bom. Será que estava perdida? 

—Então você é do tipo que gosta de encarar - Sou tirada dos meus pensamento por aquela voz, que se diga de passagem nenhum pouco agradável, em seu rosto tinha um sorriso meio sombrio? Não sei, mas senti meus pelos se arrepiarem. Pelo visto tinha sido pega no flagra. 

—Me desculpe, não foi minha intenção - Me desculpei. Ao ouvir minha resposta ela me olha com os olhos arregalados, parecia estar muito surpresa. Franzo a testa, e a encaro confusa.

—Oh! Esta tudo bem minha querida, só fiquei surpresa por você responder

—Sinto muito, não queria ser rude, mas a senhora esta perdida?

Ela continua me encarando com aquele sorriso horripilante. 

—Pareço estar perdida?

—Desculpa, é que eu nunca vi a senhora por aqui, então achei que pudesse estar perdida ou algo assim - Falei sem graça 

Ela continua com aquele sorriso no rosto, me deixando cada vez mais desconfortável. 

— Esta tudo bem, querida, estou surpresa, sabe? Dizem que não é difícil, mas que também não é fácil encontrar pessoas como você, ainda mais assim disposta a falar sem nenhum tipo de coação 

— Como assim? - Não estava gostando nenhum pouco daquela conversa 

—Você vai me ajudar então, querida 

Antes que pudesse responder qualquer coisa, Ally aparece me puxando.

—Vamos Laur, já estamos atrasados - Ela fala me puxando em direção ao carro, mas eu não conseguia tirar os olhos daquela mulher, que continuava com aquele sorriso horroroso. 

—Lauren! Caralho entra no carro logo! - Dessa vez ela gritou em minha orelha

—Cacete Ally, calma, estou falando com a senhora - Falei indicando com a cabeça em direção a onde a mulher estava. Então Ally olhou. 

—Lauren para de graça, entra logo no carro! 

—Como assim? Você não a vê? - Falei enquanto ela me empurrava para dentro do carro, e fechava a porta

—Não! 

E então a velha começa a gargalhar. O que estava acontecendo? 

Ally então entrou no carro, no banco ao lado do motorista, e Normani, já dava a partida no carro. 

— Até mais Lauren! - A velha falou frisando meu nome enquanto ainda ria. 

E então o carro deu arrancada, e saiu, enquanto eu estava com a cabeça para fora da janela olhando aquela mulher perplexa. Até que a ficha caiu. 

—Porra! Esqueci dos meus remédios - Sussurrei. Estava perdida. 

Do caminho da minha casa até a igreja, bloqueei todos os meus pensamentos, a missa para meu pai, em minhas memorias sempre será em branco, não me permitir a pensar em nada, apenas desliguei, a muito tempo não fazia isso, mas não foi tão difícil como antigamente.

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Doze anos atrás

 Estava no balanço do quintal, apenas sentada, não queria balançar, estou muito triste para brincar. Do meu lado se encontrava ela, apenas tentando me confortar, me fazer entender. Eu epenas balançava a cabeça de vez em quando, e não conseguia tirar os olhos do meu vestido preto com alguns detalhes em renda. 

“Você tem que entender minha querida”

—Eu sei mas…

—LAUREN! - Me assusto com alguém me gritando, busco rapidamente quem me chamava, e vejo meu pai em frente a porta, seu olhar fixo em mim, de longe consegui sentir toda sua raiva. Rapidamente me levantei do balanço, arregalei os olhos quando ele veio em minha direção.

—Papai eu só… - Paro de falar assim que ele me segura fortemente pelos braços. Eu travo na mesma hora, meus olhos se arregalam ainda mais, sinto minha boca tremer levemente.

—O QUE EU JÁ FALEI COM VOCÊ EIN? - Me sacode mais forte - CHEGA DESSA PALHAÇADA, LAUREN! CHEGA - Sinto o aperto em meus braços cada vez mais forte. Não consigo dizer nenhuma palavra, sinto minhas bochechas molhadas pelas lagrimas. Seu rosto estava vermelho, seus olhos demonstrava toda raiva que sentia, e eu apenas  sinto medo. - PARA COM ISSO! SE EU VER MAIS UMA VEZ VOCÊ AGINDO ASSIM, EU TE MANDO EMBORA, EU TE INTERNO! É ISSO QUE VOCÊ QUER? É ISSO? EIN? - Me sacode cada vez mais quando faz uma pergunta. Então eu começo a negar freneticamente a cabeça. - Ótimo! que isso não se repita novamente - Fala entre dentes, e me solta me jogando para trás, me fazendo cair no chão, e sai em seguida. Só consigo chorar, me abraço para tentar diminuir a dor que sentia. Então sinto ela senta atrás de mim e me abraçar. 

“Está tudo bem, querida, tudo bem”

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“Isso é uma palhaçada” 

Escuto uma voz muito familiar dizer isso. Olho para o lado discretamente e vejo meu pai ali, olhando para seu próprio caixão.

“Fala serio, Lauren, essas pessoas nunca chorariam por mim” Então ele ri. 

Então olho em volta. Estava no cemitério, eu e mais algumas pessoas, minha família e amigas. Estamos todos em volta do caixão do meu pai, o padre falava algo, mas não dei atenção para saber do que se tratava, deveria ser alguma oração ou sermão. Eu estou soando frio, de novo não, de novo não. 

“Vai me ignorar agora? Serio?”

Olhei para ele, e depois em volta, será que ele não entendia? ele esta morto! Se minha mãe me visse falando sozinha, já iria chamar os médicos, sem sombra de dúvidas.

“Aaaah!” Acho que notou o recado. “Lauren, eu sei que agora não é um bom momento, mas eu preciso falar com você, está bem?”  Apenas faço um gesto discreto com a cabeça, concordando. “Ótimo!” 

Ele fica em silencio até terminar o funeral, de vez em quando ele ria debochado, ou fazia o gesto de desaprovação com a cabeça. 

Ao terminar, digo a minha mãe que vou dar uma volta, e que já voltava, ela apenas assente, não me questiona nem nada. Então eu saio, e vou em direção a um caminho bem conhecido por mim, posso sentir a presença do meu pai me seguindo. Paro em frente a uma árvore enorme, dou um pequeno sorriso sem humor, me lembrando das vezes que estive ali. Logo em seguida me viro, extremamente seria, e encaro meu pai, ele ainda estava com o avental do hospital. 

“Lauren, eu não sei o motivo de só você  me ver, e nem o de eu ainda estar aqui, acho que isso é alguma piadinha de mau gosto, não gosto dessa situação tanto quanto você, mas, você precisa me ajudar!”

—E como eu poderia te ajudar? - Não estou gostando do rumo dessa conversa.

“Primeiro, você tem que para de tomar os remédios!” 

—Você esta louco - interrompo ele - Você só pode estar louco, sabe o que isso me custaria, depois de tudo que eu passei 

“Lauren”

—Você sabe como foi difícil para mim?

“Lauren”

—Todas noites em claro, sozinha, trancada em um quarto 

“Lauren”

—Sem ninguém, tudo que passei, depois de tudo o que VOCÊ me fez passar! 

“Lauren, chega, me escuta, quando você toma os seus remédios algo me bloqueia, você não me vê e nem escuta, é como se eu não existisse mais!”

—Você é fruto da minha imaginação, você não existe mais - Falei seria, sinto minha pele queimar, deveria estar muito vermelha, eu segurava ao máximo minhas lágrimas.

“CHEGA LAUREN, PORRA, ME ESCUTA, EU NÃO SOU UM FRUTO DA SUA IMAGINAÇÃO, CARALHO” Me assustei, ele estava extremamente vermelho, e gritava muito alto. “CHEGA EU PRECISO DA SUA AJUDA, VOCÊ NÃO SABE COMO É FICAR SOZINHO EM LUGAR ESTRANHO, NÃO SABE COMO É…”

Sim, eu sabia como era.

Ele grita sem parar, minha cabeça começa a doer, e um zumbido alto atinge meus ouvidos, instintivamente coloco minhas mãos sobre minha cabeça e ouvido. Meu pai continua gritando. Começo a olhar ao redor, e então, meu coração acelera, sinto que cada batida no peito  fosse como se ele quisesse pular para fora, vejo algumas pessoas se levantado, surgindo do nada, parecem ouvir os gritos do meu pai, e então começaram a segui-lo, como se fosse um som de alguma banda prestigiada.

Não, não, não, isso não pode estar acontecendo, eles vão descobrir que posso vê-los, não, isso é coisa de sua cabeça, é sua imaginação, sim, sim imaginação. 

Meus olhos transborda minhas lagrimas, vejo aquelas “pessoas” vindo em minha direção, começo a me desesperar cada vez mais, sento no chão, me encolho na verdade, dobro os joelhos, empreensando minhas coxas sobre meu peito, e então começo a chorar instantaneamente. 

—Isso é uma ilusão, é só minha imaginação, só minha imaginação, só imaginação, só uma ilusão. - Começo a repetir sem parar, sem nexo

“Laur? Você esta bem?” Meu pai me pergunta, não respondo, só fico repetindo as palavras sem parar. 

“Ela nós vê?” 

“Será que pode nós ouvir?” 

Eles estão cada vez mais perto, meu coração acelera cada vez mais, se é que isso é possível. 

“EI VÃO EMBORA DAQUI!” Escuto a voz do meu pai cada vez mais longe. Eu encaro meus saltos, não ouso olhar nem um centímetro pra cima, sei que estou cercada, consigo ouvir e sentir eles, sei que estão ali sussurrando em meus ouvidos. 

“Ei eu sei que você pode me ouvir”

“Você tem que me ajudar!”

“Vamos trocar de lugar garota” 

—Laur? 

—LAUR? O QUE FOI? ME DIZ! - Sinto alguém me chamando, bem distante, não consigo reconhecer a voz, tem muitas falando em minha cabeça agora. 

—LAUREN!! ME RESPONDE! - Chacolha meu corpo. Ally? acho que é ela.

—Mãe -  É a única coisa que consigo dizer ou sussurro, não sei dizer

—Chama a Clara!! Rápido, alguém chama a Clara! 

—Calma Laur, vai ficar tudo bem! - Alguém me abraça 

“Ei garota”

“GAROTA, ESTOU FALANDO COM VOCÊ, NÃO ME IGNORA!” - Sinto agarrarem meu tornozelo com muita força.  É ai que eu começo a gritar. 

—Me solta! ME SOLTAAAA! 

“LARGUEM ELA, SEUS FILHOS DA PUTA!”

“VEM AQUI GAROTA”

“ME RESPONDE SUA PUTA”

“SOLTEM ELA!”

E nesse instante sinto alguém segurar meu rosto, me assusto, estou pronta para reagir, mas em meio a lágrimas consigo ver que é minha mãe.

—Minha filha, está tudo bem. - Me abraça, eu retribuo fortemente. - Aqui - Ela pega minha mão e coloca alguns comprimidos nela, sem dizer uma palavra, pego eles e coloco na boca, engulo eles, sem aguá, já era acostumada a fazer isso. 

Depois disso agarro minha mãe fortemente de novo, escondo meu rosto em seu ombro. Em alguns minutos já não vejo e nem escuto mais nada.

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Abro meus olhos lentamente, vejo que as luzes estão acessas, aos poucos vou me acostumando com elas, depois de alguns segundo olho ao redor, e vejo que estou no meu quarto, deitada na minha cama, rapidamente sento nela.

—Está tudo bem, já estamos em casa - Sigo o olhar em direção a voz, e vejo minha mãe sentada na cadeira, perto da minha escrivaninha, então relaxo meus músculos. Seu rosto transmitia sua tranquilidade. 

— O qu.. o que aconteceu - Minha voz sai falha, sinto minha garganta arranhar, estou um pouco rouca, mas tinha quase certeza que não era por ter acabado de ter acordado. 

— Você tomou seus remédios antes de sair de casa? 

— Não. - Falo envergonhada, e abaixo a cabeça

—Então você já sabe o que aconteceu - Não respondo, e nem a encaro, mantenho o olhar baixo - Lauren - Diz meu nome lentamente, como se pensasse o que iria dizer, ou fazer. E isso me assustava.- Com tudo que aconteceu, você ainda assim consegue ser irresponsável e egoísta, hoje, justo hoje no funeral de seu pai, você me faz passar por isso de novo, como se já não fosse difícil o suficiente o dia de hoje, estou completamente decepcionada com você, mais uma vez. - Ela dizia tudo aquilo sem mudar seu tom de voz, não gritou nenhuma vez, e nem mudou sua expressão, isso me machucou ainda mais. - Só quero dizer que estou cansada, e espero que isso não volte a acontecer, não pagamos caro em remédios para você não os tomar, só quero te deixar claro, eu não quero mais ter que passar por isso, e se voltar a acontecer, bom… - Ela para de falar, e é neste momento que crio coragem para encara-lá. - Eu te mando de volta. - Ela me encara profundamente, sei o quão serio ela esta falando, e meus pelos se arrepiam.

Dito isso ela sai do quarto sem dizer mais nenhuma palavra. Me deixando sozinha em um quarto, mais uma vez.


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Notas finais do capítulo

Hey

Qualquer coisa me avisem

Flw, Vlw



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