Amor Young And Beautiful escrita por Felipe Melo


Capítulo 2
Capítulo Dois


Notas iniciais do capítulo

A cada capítulo eu sempre posto uma letra de uma musica. No final existe todo um contexto.



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“My clothes still smell like you,
And all the photographs say that you're still young.”

Logo após o discurso e o aparecimento do novato Abel, eu me sento lá no fundo como sempre. Todas as pessoas a minha esquerda se sentam sempre duas fileiras depois. Deixando assim uma linha tênue entre nós. E marcando bem o território que não devo avançar. E nem eles.
Decido como sempre ignora-los e abro meu caderno surrado, e com os adesivos já descolando, e começo a escrever letras que vem a minha mente. Sempre quando estou muito estressado ou muito nervoso começo a escrever. Então coisas aleatórias figuram sempre na minha mente. Por isso protejo esse caderno com a alma. Enquanto escrevo, sinto uma sombra mais alta q eu sentando ao meu lado, me preparo para bombardear com palavras Jessica e sua turma, e relembra-los do famoso acordo de guerra fria entre nós, mas quando olho pro lado, me deparo com o garoto novo. Abel.
Consequentemente ele não sabe do acordo entre eu e o resto da sala. Mas não demorará muito tempo e Jessica logo logo contará ao queridinho, o que se passa aqui.
Decido ignora-lo e de quebra coloco meus EarPods. Assim vai ser melhor me concentrar e deixar essa besteira de lado. Não tinha porque me preocupar se nunca tive amigos, e nem fazia parte dos meus planos ter.
— Você ouve música muito alto sabia? - a voz rouca me faz causar arrepios mas mesmo assim ignoro a voz de Abel, aumentando mais o volume - Você quer ser um velho surdo é isso?
Ignoro mais uma vez e continuo escrevendo. Ele não sabe o quanto dirigir a palavra a mim pode me causar problemas pelo resto do ano. E não é isso que eu quero.
— O seu idiota - diz ele se levantando e chegando próximo a minha carteira - você não me ouviu, HEIM?
O que segue agora foi totalmente inesperado para mim. Ele se levanta e tira um dos fones do meu ouvido. A sala que antes estava agitada, se cala ao perceber que ele está ao meu lado, e pior... Tirando o fone dos meus ouvidos. Coisa que ninguém nunca fez, até por que ninguém nunca cruzou a linha.
— Você deveria se afastar Abel - a voz aguda e irritante de Jessica corta o ambiente e na mesma hora, sinto vontade de socar a cara dela - James Bambi Bu não fala com ninguém. Ele é o recluso da sala.
James enfim para, e pelo que vejo de relance se vira para Jessica. Ela como sempre, já tirou a camiseta do uniforme, e está com uma regata curtíssima e com os peitos amostra. Essa menina não perde tempo mesmo!!
— Recluso? - ele olha pra mim novamente e depois pra ela - eu não sabia que em pleno século vinte e um você ainda usasse esse termo.
— O que você quer dizer com isso? - rebate Jessica - é o que ele é. Ele pediu por isso.
Ops!! Pelo visto essa não era a reposta esperada por Jessica. Pelo visto esse Abel é casca grossa mesmo. Decido ignorar, e colocar os meus fones. Mas ao contrário de tudo, abaixo o volume da música.
— Não me interessa o que seja, ou que aconteceu, aliás eu não quero saber. Vou me sentar aqui, se tiver alguma objeção, venha aqui e me fale comigo. - e ele se senta ao meu lado, e eu aqui pensando seriamente em como fazer ele se mudar de lugar. Ele mal chegou, e já estava me causando problemas.
— Você não sabe aonde está se metendo Abel - diz Jéssica - se quiser, posso te mostrar a escola e o condado que moramos. Você vai adorar eu tenho certeza.
Antes que eu tenha que ouvir sua voz fanhosa e horrorosa flertando com Abel, o professor entra na sala, e pelo menos uma vez, a sala se aquieta. Graça a Deus. Eu não estava aguentando mais.
Não daria dois dias para Abel sair com essa vagabunda.
— Bom dia seus infelizes - o professor é baixinho e gordinho e tem um bigode muito estranho no rosto, me lembrando uma foca - meu nome é Caruso, Professor de História e Ciências Sociais. Não pense vocês que vou aliviar pra vocês, por que o meu intuito é que ninguém aqui passe. Assim eu mostro como o ensino de hoje em dia está um caos. Agora.... abram seus livros e vamos começar.
Já vi que não seria nada fácil aturar as aulas desse ano e escrever em tempo livre. O professor não era pouca coisa, e a todo tempo falava e escrevia naquela maldita lousa. Minhas mãos estavam doendo tanto que em alguns momentos me vi massageando os dedos de tanto apertar a caneta para escrever.
Abel por outro lado, não escrevia nada, e muito menos se dava ao trabalho de prestar atenção. Estava com a cabeça baixa, e os cabelos castanho e volumosos cobriam sua cabeça.
— Senhor Abel - disse o professor Caruso - o senhor poderia me dizer as causas da revolução industrial? Com certeza sendo filho de um grande empresário o senhor deve saber.
Olho de esguelha para ele, e vejo que sua mão está levantada mostrando o dedo do meio para o professor. Jessica e sua turma caem na risada, e eu continuo me recusando a acreditar que ele tenha sido tão grosseiro. Pra mim, se ele queria chamar atenção, ele já tinha conseguido.
— PRA FORA DA SALA SEU IMBECIL - O professor estava vermelho, com uma aparência não muito agradável - EU QUERO VOCÊ NA DIRETORIA AGORA. E VOCÊ VAI VER AONDE SEU DEDINHO VAI PARAR...
— Caruso é seu nome? Foi isso que você disse? - disse Abel agora se levantando da cadeira e caminhando até o professor - uma curiosidade sobre meu pai e eu professor... eu odeio ser mandando a alguma coisa.
Com um empurrão no professor ele sai da sala, deixando a bolsa intocada, lá. Olho de volta para a turma de Jessica, e todos eles estão rindo e a desordem enfim se instala. Quando enfim acho que vou ter paz, pego Jessica olhando pra mim.


Passado alguns minutos o sinal toca e por fim sinto minhas mãos de novo. De tanto escrever elas estavam formigando. O professor acabou ficando amuado e apenas disse que seguimos a instruções dos exercícios seguintes, que foram nada mais e nada menos que cinquenta. Pelo menos gastei o meu tempo fazendo algo útil, mas minha mente ainda vagueava perguntando aonde Abel estava... Ele era doido, desafiando todo mundo assim no seu primeiro dia de aula. Que garoto louco.
Pego minhas bolsa me preparando para a aula de natação, pelo menos nessa aula eu não via a cara de Jessica, que segundo alguns, tinha fobia de água.
Eu amava me conectar com a natureza, e sentia uma forte relação com a água. Não sabia o por que, mas água sempre me acalmava. Talvez pelas musicas que eu escutava, sempre descreverem o azul como a cor da calma, ou a cor dos mistérios profundos.
A piscina onde nadávamos era extensa, mas muito velha. Sua água não era aquecida, e eu não gostava nada, nada mesmo de água fria. Mas depois de uma aula estressante, tudo era válido. Até mesmo agora.
— Vocês já sabem da regra não é mesmo? - disse o professor Adrian - nadem de peito, depois na volta, nado em borboleta.
— Okay - dizemos em uníssono, e ambos fomos nos trocar. Por precaução de piadas, eu esperava todos os meninos se trocarem, e logo após eu ia. O professor Adrian sabia, então por isso não me enchia muito o saco.
— Não foi se trocar ainda porque? - me arrepiei dos pés à cabeça quando ouvi a voz de Abel atrás de mim.
— Ei garoto - disse o professor - você não é aquele novato? Por que não foi se trocar ainda?
Continuo sentando no chão, ignorado sua presença, mas sentindo seus olhos se repousarem em mim.
— Como eu disse para o outro professor, eu odeio ser mandado. Então eu vou me trocar quando o James aqui for. - diz ele apontando pra mim e sorrindo.
Fuzilo ele com os olhos, e me levando com um pulo. Aponto bem o dedo pra ele, e sinto o professor se retesar de susto:
— Você é louco garoto? Você quer mesmo chamar a atenção? Por que não coloca uma melancia na cabeça? Você nem me conhece e já acha que pode sair falando meu nome por aí?
O professor entra no meio e faz sinal para que abaixe os meus braços e me acalme, mas a raiva dentro de mim só cresce. Que garoto cretino.
— Você é muito nervoso garoto - diz ele - eu só quis ser gentil com você. Mas pelo visto você é muito mal educado. Quer saber de uma coisa? Foda-se.
Ele sai batendo o pé e enquanto isso os outros alunos retornam. O professor pergunta se eu estou bem e eu aceno positivamente com a cabeça. Saio em direção ao vestuário. E mentalmente xingo Abel de todos os nomes possíveis. Até mesmo inventando palavrões que nem sabia que existia. Antes de abrir o armário sou prensado por uma força aterradora e bato a cabeça no armário atrás de mim.
Abel aperta o braço no meu pescoço e seus olhos azuis me perfuram mais que agulhas.
— Voce é muito petulante garoto - diz ele chegando e encostando o rosto bem próximo ao meu - por acaso você tem medo de homem? Não é disso que você gosta?


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