Amor Young And Beautiful escrita por Felipe Melo


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Ola, eu me chamo Felipe Melo, sou autor da série A noiva que fez muito sucesso por aqui, e agora estou de volta com a minha primeira história sobrenatural gay. Espero que gostem, e que se divirtam com as personagens.
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“Blue jeans
White shirt
Walked into the room
You know you made my eyes burn”

Não durmo direito vai fazer dois fuckings dias, e sempre acordo no mesmo horário. As 5 da manhã. Me remexo de todos os lados, sabendo que tenho aula daqui a pouco, e logo mais o inferno do colegial me esperando.
Mesmo sabendo que tinha que dormir, minha mente não parava de fervilhas sobre os mesmos grupinhos, as mesmas panelas, os mesmos casais, as mesmas pessoas e as mesmas manias de cada uma delas.
Por isso eu odiava tanto morar no interior, nada mudava. As pessoas conheciam você desde pequeno, assim como conheciam sua mãe, seu pai no passado, e assim traçavam toda a sua vida. No meu caso, não havia mãe nem pai para se traçar uma história, eu nunca soube o que aconteceu com eles, e minha avó DÉA, jamais me contara.
Só sabia dos comentários das pessoas mais velhas, que eu chamo carinhosamente de velharada do inferno, que eu seria uma espécie de maluco, louco, ou então surtaria um dia desses por nunca ter conhecido meus pais e sua história.
Na realidade mesmo, nunca tive vontade de saber a história deles. Se não estavam aqui era por que o destino tinha achado melhor. E eu não era ninguém para acusar o destino. Até por que minha avó DÉA, sempre dizia que, “ Eles eram bons James, boas pessoas os seus pais, não liguem para esses velhos daqui”.
Isso é tudo que eu sabia sobre eles. E se minha avó estava dizendo, eu acreditava nela. Não pense você que essa é mais uma daquelas histórias clichês de mistério porque não é. Eu sabia a origem dos meus pais, conhecia seus rostos por fotos, e até mesmo tinha lido algumas páginas do diário da minha mãe. Era muito chato, muito romântico, então por isso não terminei de ler, e o joguei na gaveta da cômoda que eu não mexo. Então eu sei tudo sobre eles, menos sobre sua morte, acho que pra mim, era melhor lidar com isso, pelo menos desse jeito.
*

Depois de tomar um banho rápido, ouvi os gritos de minha avó que quase romperam meus tímpanos de tão altos e agudos que foram.
— JAMES SEU CRETINO, LEVANTA DESGRAÇA - foi o que precisei para sentir que ela estava no limite entre me deixar vivo ou me matar. Quando ela colocava desgraça no meio das frases, eu sabia que o pior estava pra acontecer.
Desci as escadas como nunca desci na minha vida, e encontrei um copo de suco de laranja do tamanho do mundo, e um pão feito na chapa na medida certa. Minha avó estava de costas com um avental Rosa pink tão escandaloso, que até mesmo as peruas da minha escola sentiriam inveja.
— Até que enfim a princesinha de Taubaté acordou, palhaço - disse ela se virando pra mim com uma cara de poucos amigos - que você arrasa nesse semestre de aula, se n eu mesma vou lá e arraso você.
— Você anda muito moderna nas girias ultimamente Déa - digo rindo - você sabe que no ensino médio as coisas são mais complicadas. Mas vou me esforçar para não me meter com algo idiota.
Uma colher de pau bate na minha cabeça, que a única coisa que vejo são unicórnios e estrelas.
— Que isso? Tá estressada é? - passo a mão na cabeça massageando o local dolorido. O que estava acontecendo com ela? Menopausa?
— Não criei meu neto para se envolver em confusão - diz ela se sentando na mesa - mas também não criei você para ser saco de pancada de ninguém. Se alguém mexer com você, desce o cacete.
Uma curiosidade, sou homossexual assumido pra minha avó a mais de dois anos. Ela sabe, e levou tudo numa boa. Apenas dizendo para que eu usasse camisinha, e não pegasse nenhuma doença. Ah, e que o rapaz em questão fosse uma gracinha e rico. Caso contrário ela me fazia gostar de mulher na marra.
Porém como nada nessa cidade de merda é segredo, logo todo mundo já sabia, e no colégio onde estudo, sofri muito bullying, e até mesmo algumas visitas da cúpula religiosa estudantil que governa as atividades da escola. Foi um período muito difícil, até por que não havia casos aqui de homossexualidade assumida, então pra eles isso era coisa de cidade grande, e sabe como é, safadeza.
Por sorte, minha avó desceu o cacete na escola, xingando todos os diretores e obrigando-os a resolver a situação. Claro que isso não resolveu, mas me deixou sozinho pelo menos em paz pelo resto do ano. Até porque desde que entrei na High School Adventure, nunca tive um único amigo. Sempre por ser o louco dos pais mortos e uma avó desaforada.
Então nunca me prendi a ninguém e nem a rótulos. Ninguém sentava perto de mim, e eu não falava com ninguém. A regra era clara, eles não violavam meu espaço e eu não violava o deles. E por mim, isso estava ótimo.
— Coma James - disse minha avó - se não o seu pão esfria, e eu não vou fazer outro pra você. - ela pisca pra mim e abre a pagina do jornal local sobre palavras cruzadas.
“É” penso comigo mesmo. Hoje não vai ser um dia comum, vai ser um dia difícil. Que Deus me ajude.
*

High School Adventure é uma escola antiga fundada na época de Cristóvão Colombo, e sobrevive até hoje. Falo isso porque as bases são tão antigas, e nem laboratório de informática nos temos. Não há Wi-Fi por aqui, e muito menos piscina aquecida para as aulas de natação. Tudo é feito a moda antiga, e até mesmo as carteiras são de Madeira tão antiga, que é capaz de toda a vegetação americana estar por aqui e nos não sabermos.
Entro pelos portões tão velhos, que nunca se fecham, de tão velhos e tão enferrujados que estão. Ninguém se quer entra aqui de noite. Aqui onde moro em Joplin, nada sai da rotina, e não há nem sequer um assaltante para tumultuar um pouco a cidade. Só há um posto policial, e o tenente está tão velho, que nem se dá ao trabalho de abrir a delegacia.
Vou direto para o que era para ser uma quadra coberta, mas depois da temporada de furacões, temos a metade de um teto, e algumas arquibancadas ainda. Vejo todos da turma do ano passado que conheço, e fico imaginando que será mais um ano estagnado. Cheio de gente chata, fútil e sem nenhum senso de gosto musical.
Ao meu lado esquerdo vejo Jessica Jones com seus cabelos ruivos perfeitos, sua pele branca que nunca toma sequer um raio ultravioleta de sol, e seus dentes perfeitos que parecem machete de clínica ortodôntico.
Por mais linda que fosse, metade do time de futebol, já tinha provado dessa safada. Ela era altamente falsa, e falava mal de todo mundo. Segundo algumas pessoas de outras salas, ela tinha um diário onde anotava o nome de suas inimigas com canetinha vermelha. Claro que tudo não passava de boatos, mas quem seria eu para discordar?
O diretor Kelly se aproxima de um pequeno palanque construído recentemente, e todos aplaudem, menos eu, e o pessoal do ginásio. Todo o ano era a mesma história, o mesmo discurso, e com certeza ele falaria das doações estudantis que o pai de Jessica fez para a escola. O famoso dono de Donuts recheados da cidade.
— Bom dia a todos, mais um ano letivo esplendoroso em nossa escola - ele sorria para todos buscando alguma aprovação, mas aprovação mesmo ele só tinha dos novatos do sexto ano - eu tenho certeza que esse ano será inesquecível para nossa escola. Visto que temos mais doações da empresa Jone’s, da nossa querida aluna Jessica Jones.
Os aplausos continuam, e Jessica joga seus cabelos para trás em um perfeito movimento. Acena para todos e continua sorrindo, sabendo em que mais um ano, fará a vida de alguém um inferno.
— Para esse ano, vamos ter varias atividades extracurriculares, dentro e fora da escola - dessa vez até eu me surpreendo, quanto mais tempo eu passar longe daqui, melhor pra mim - você sabem que há muito tempo não recebemos novatos na cidade, e muito menos aqui na escola... Mass esse ano temos a honra de apresentar um novo colega para vocês...
Minha mente entra em estado de alerta. Minha avó mora aqui há 67 anos, e nenhum novato desde a época dela apareceu na escola. Pelo menos não no ensino médio. Todos parecem em expectativa, e até mesmo o silêncio se faz presente. Vasculho ao meu redor, mas não vejo nenhum rosto desconhecido. Será que é uma pegadinha do diretor Kelly? Ou apenas um teste?
— Por favor se apresente a todos Abel - diz o diretor - Antes que Abel suba aqui no palanque, eu digo já para tratarem ele com muito respeito, já que seu pai é nada mais e nada menos que Jorge Abel Strugger.
Pera, Jorge Abel Strugger? Ele é filho do maior empresário de vinhos do estado da Carolina do Sul? Por que ele veio estudar justo aqui? Um pão com o dinheiro desses, colocaria seu filho pra estudar em uma escola como essa? E se mudaria para o interior?
— Apresento a vocês, Abel Strugger - e assim que o diretor deixa o microfone, vejo um menino pálido, mas com olhos tão azuis que consigo ver a imensidão do céu, como se a lua se fizesse presente em seus olhos - Olá, sou Abel Strugger, não sei o que estou fazendo aqui, mas quero que todos vocês se fodam.
O diretor fica espantado com tamanha grosseria, e o único que ri sou eu. Claro, que não chamo atenção, até por que o que menos quero é atenção. Mas enquanto ele desce do palanque posso ver o pequeno sorriso de escárnio em seus lábios, e em como ele é magro mas definido. Seus braços parecem fortes, mas ao mesmo tempo sinto uma fragilidade neles. Enquanto devaneio em meus pensamentos, sinto o olhar dele de volta, e logo me recuso a continuar olhando. Tudo o que me faltava era mais alguém para a trupe de Jessica e suas vadias do inferno. Mas como sempre, mais uma vez as coisas em Joplin nunca mudam.


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