Vegeta entrou no banheiro ainda confuso com que tinha acabado de presenciar, se perguntou porque o ki de seu então rival havia oscilado tanto em sua presença. Nunca tinha o visto assim, a única pessoa que conhecia que tinha aquela mesma reação era Bulma. "A terráquea nunca conseguiu disfarçar seus sentimentos na minha frente", o saiyajin sorriu meio que de canto ao lembrar-se disso. "Sempre foi tão fácil ler cada gesto e ação dela. Agora, Kakarotto está agindo da mesma forma." E não demorou nenhum segundo até a ficha cair. Arregalou os olhos em total espanto e sussurrou em filete de voz:

— Será que... — riu-se completamente desconcertado. — Não. Não pode ser. — sacudiu a cabeça em negativa e deixou que a água que fluía do chuveiro, escorresse livremente sobre seus cabelos, como se aquele ato pudesse lavar qualquer devaneio mirabolante que insistia invadir seus pensamentos. 

Após o banhar-se e notando o quarto vazio, se jogou na cama apenas de toalha mesmo, sem se preocupar em procurar algo para vestir. Sentia todo o seu corpo pesar em cansaço. Definitivamente, ele precisava de uma pausa. As longas semanas em que realizara cada item da lista praticamente sem cessar o tinha levado a exaustão. 

Sem as tagarelices de Kakarotto, aproveitaria o silêncio para dormir por pelo menos uma ou duas horas sem que fosse perturbado, então assim, seguir com os dois itens restantes de sua lista. "Só mais um pouco", pensou. Afinal de contas, era questão de tempo até a competição acabar. E já dando a vitória como certa, não demorou muito para que finalmente caísse em um sono profundo. 

A claridade adentrava o quarto através dos enormes janelões, iluminando todo o cômodo sem pudor, à medida em que os primeiros raios solares encontravam o rosto de Vegeta, aquecendo-lhe a face de modo ameno, fazendo com que esse, abrisse as pálpebras lentamente. Virando-se para o lado oposto, logo, à sua frente reparou que a cama de Kakarotto ainda estava feita. Por um mísero segundo, ficou aliviado pensando que não tinha passado mais que alguns minutos desde que cochilara, contudo foi só vislumbrar o relógio no alto da cabeceira, para perceber que todo seu esforço nesses últimos meses poderia ter sido em vão. Chegou a terrível conclusão que havia dormido parte da tarde e à noite inteira. 

Não se sabe como, mas se aprontou em um átimo de segundos. 

Correu. 

Correu em uma velocidade sobre-humana pelos intermináveis corredores e galerias do palácio. Não havia nada que o príncipe mais invejasse nesse momento do que a técnica de teletransporte do rival. 

Entrou na sala de refeições. Como sempre o local era tomado pelo barulho e pelos seres mais esquisitos que alguém poderia reunir em um só lugar. Um pequeno alienígena que estava sentado ao lado de Whis, cedeu seu lugar de bom grado assim que Vegeta se aproximou, agindo por "pura educação", é claro, e não porque notou o olhar maligno de um saiyajin irritadiço pousar sobre si minutos antes. 

Whis o fitou dos pés a cabeça, antes de bebericar mais um pouco do seu chá, e comentou:

— Suponho que queira saber quem de vocês dois venceu a competição.

Vegeta assistiu com ansiedade. E notou que não era só ele quem estava curioso, teve conhecimento das apostas que rolou entre os hóspedes durante os últimos dias. Até sentiu uma pontinha de orgulho quando soube que o seu nome era o mais cotado a vencer. 

— Se alimente primeiro, sim? — o anjo depositou delicadamente sua xícara sobre à mesa. — Temos o dia inteirinho pela frente, não há porque ter pressa.

— Mas... 

Antes que o príncipe pudesse protestar, Whis o interrompeu pacificamente.

— Sugiro que deguste do esplendoroso suflê de frutas selecionadas do planeta Netooitas. — abriu um largo sorriso na direção do saiyajin. 

Vegeta indignou-se. "Mas que inferno! Só pode ser brincadeira". Olhou à frente, suas orbes negras se encontraram com as de Kakarotto, e o maior desviara o rosto quase que imediatamente.

 O príncipe estranhou. "Será que o idiota venceu e não quer contar?", pensou ao notar que, aparentemente, Kakarotto era único que não demonstrava interesse algum em saber do resultado. 

Contraiu o maxilar em desgosto. Odiava ter que puxar assunto, ainda mais com o saiyajin maior, mas a curiosidade o assolava de um jeito que não poderia deixar passar. Decidiu falar rápido, antes que desistisse. 

— Acordou cedo, Kakarotto. — sorriu, cínico. 

♦♦♦

Seu plano de passar despercebido aos olhos do príncipe, havia acabado de falhar. Estava cada vez mais complicado de manter o Ki neutro, ainda mais depois da noite anterior, não porque, quase perdera por completo o controle na frente de Vegeta, mas sim, pelo o que aconteceu nas horas seguintes.

Goku lembrou-se que após contabilizar mais um item de sua lista, voltou ao seu quarto, se tivesse sorte Vegeta não estaria mais lá. Mas como uma brincadeira maldosa, orquestrada pelos os deuses, ele estaria sendo testado pela segunda vez. 

Entrou de supetão, tropeçando em algo que havia perto da porta fazendo um estrondo abafado no chão. Somente a pernumbra que preenchia parte ambiente não foi o suficiente para que Goku enxergasse algo à sua frente. 

Estancou no lugar que estava. 

Viu Vegeta se remexer um pouco na cama, no entanto, o semblante do príncipe transbordava serenidade, seu peito subia e descia lentamente em uma respiração cadenciada, nem mesmo fez alusão a acordar.

Goku soltou ar que segurava, aliviado. Já aguardava pelos rotineiros xingamentos do menor. “Seu verme insolente! Como se atreve a atrapalhar meu precioso sono”, imitou os trejeitos de Vegeta e riu baixinho, disposto a sair do quarto em seguida. Só que por algum motivo não conseguiu fazê-lo. 

A luz fraca que provinha do abajur, disposto na mesinha ao lado, batia em contraste contra a pele bronzeada do pequeno saiyajin, enquanto as sombras delineavam suavemente cada curva do corpo do rapaz.

A toalha pendia sobre um lado da cama, deslocando-se sobre o corpo do príncipe, cobrindo-lhe apenas sua intimidade. Goku ficara tão hipnotizado com aquela visão, que não podia meramente deixar de admirá-lo. Vegeta estava o atraindo de um jeito em que ele jamais imaginou ser possível. 

— Por Kami...— suspirou. — Duas vezes no mesmo dia?. 

Engoliu em seco. Caminhou até o armário, retirou de lá um cobertor e cobriu gentilmente Vegeta que murmurou algo. 

Goku saiu às pressas do recinto. Respirou fundo. Pegou o tablet e selecionara o próximo item de sua lista. No visor indicava que a tarefa a ser desempenhada deveria ser na floresta que circundava a região. Teletransportou imediatamente para fora do palácio, seria melhor ficar longe. As três luas que pairavam no céu estrelado seriam o suficiente para iluminar o seu caminho. Era isso! Estava feito! Focaria em suas atividades. Concluiu onze itens seguidos com êxito. 

Não sabia dizer se era o clima ou se foi pelo esforço, mas de repente começara a ficar quente. A pele parecia incendiar. Sentou-se à beira de uma árvore, livrou-se da parte de cima do seu uniforme, afim de se refrescar. 

"Foco, você só precisa focar." repetiu para si, ainda assim, sua concentração estava se esvaindo. E, só Kami sabe o quanto ele tentava resistir, o quanto ele tentava tirar de uma vez por todas o príncipe da cabeça. Porém, toda vida que ele fechava os olhos, sua mente o traía e lhe lembrava, constantemente, da visão de um tal saiyajin marrento dormindo. Aquela lembrança, despertava no fundo do seu âmago, sensações lascivas e todo seu corpo parecia reagir a isso. 

O coração vinha na garganta, mediante os solavancos dos batimentos e os pensamentos... Ah, os pensamentos. Se recriminava até agora por ousar tê-los. Passou a contornar a boca com os dedos, se perguntando como seria beijá-lo, como seria ter os lábios dele nos seus.

Arfou profundamente, deslizando as mãos sobre o torso desnudo como se fizesse o mesmo em Vegeta. Desceu mais um pouco sobre o seu baixo ventre até o encontrar o membro rijo. Começou a toca-se de modo compassado. Tombou a cabeça para trás, com a respiração entrecortada. 

O prazer o inebriava, o embriagava. Mordeu os lábios inferiores, na intenção de conter os gemidos arrastados que escapavam do fundo de sua garganta, conforme ele aumentava a velocidade do movimento. Pela primeira vez, talvez, Goku estivesse experimentado aquele desejo desenfreado, puramente carnal e visceral. Ele havia perdido o controle, e não ligava. A vontade de possuir o corpo de Vegeta, o fez atingir o ápice.

Deitou-se sobre grama gélida naquele início de manhã. Vislumbrou o céu, viu como as cores brandas do amanhecer, iam lentamente tangendo à noite estrelada. Ele abriu um sorriso de orelha a orelha, sentindo-se fodidamente bem, com uma única certeza na cabeça. 

— Eu o quero. Por kami, como eu o quero. — admitiu sem saber ao certo como falaria isso a tal príncipe sem que corresse um imenso risco de vida. 

E agora, lá estavam os dois, cara a cara. E Goku não conseguia nem formular uma frase para responder a uma simples pergunta, de modo decente sem parecer mais desajeitado do que o normal. O copo de suco, tremelicava sobre uma das mãos do saiyajin mais alto.

— Não me escutou? Estou falando com você! — disse Vegeta, impaciente. 

Quando fez menção a abrir a boca e inventar qualquer desculpa que viesse a mente, Whis que o observa a um tempo de soslaio, o interrompeu se levantando de maneira elegante. O anjo gargalhou internamente com o aparente nervosismo de seu aprendiz, e achou por bem livrá-lo daquele martírio. Chamara a atenção de todos para si, dando leves batidinhas com o seu cajado no assoalho polido do lugar. 

— Meus caros. Um minuto de vossa atenção, por favor — o falatório cessou quase que instantaneamente. Todos voltaram seus olhares para Whis, aguardando saberem sobre o desfecho daquela competição — Temos aqui nossos dois exímios saiyajins, que durante esses três meses realizaram todos os tipos de atividades dos quais eles jamais imaginaram exercer. Os dois deram tudo de si, demonstrando determinação e acima de tudo disciplina. Estou deveras orgulhoso dos dois. Acho que todos nós sabíamos quem venceria essa competição — o anjo se virou para Vegeta e disse: — Meus parabéns. E a sala ficou em polvorosa e o barulho característico recomeçou, dessa vez com mais intensidade. 

— Eu sabia que venceria você! — Vegeta disse, arrogante. 

Goku ficou calado. É claro, que o príncipe o odiava e odiaria ainda mais se soubesse dos seus sentimentos com relação a ele. Imaginou o que Vegeta pediria "Aumento de poder, ou pior, pediria a Whis que me matasse." Desviou o olhar triste e respondeu sem muita emoção:

— Você se esforçou bastante, merecia ganhar. 

— Eu ganhei porque sou muito melhor que você, Kakarotto. Admita! — gargalhou. Se antes o príncipe era um poço de orgulho, agora estava insuportável. 

Whis se aproximou, curvou-se devido sua alta estatura, diante do pequeno príncipe e perguntou:

— Ok, ok. E aí qual o seu desejo, fofinho?  — O anjo pegou no maxilar de Vegeta delicadamente fazendo-o encarar — Não peça nada com que vá se arrepender depois. Se bem que eu acho que você não é do tipo que se arrepende com facilidade. 

— Eu quero saber a localização do meu irmão. — falou sem hesitar. 

— Pois muito, bem. Vejamos — Whis olhou para seu cajado rapidamente — Galáxia 8919, planeta DraanGar. 

Olhos de Vegeta brilharam. Seu pai nunca o deixou saber para onde havia enviado o seu irmão. 

— Posso saber se ele está bem? — perguntou. 

— Era apenas um desejo, e eu já atendi — Whis respondeu. Mas não resistiu aos olhos pidões de Vegeta — Abrirei uma exceção somente dessa vez. — Vislumbrou através do cajado, um jovem passear sobre campos esverdeado colhendo frutinhas de pequenos ramos e permitiu que Vegeta visse o mesmo. 

— Esse é ele? Era para ter quase a idade de Kakarotto. — Lembrou-se que o irmão nasceu pouco tempo depois que Goku. Mas o garoto que aparecia através do cajado, tinha a aparência bem jovem.

— DraanGar fica próximo de um colossal buraco negro. As horas lá se passam de um modo diferente por conta da intensa gravidade. Pra você passaram-se anos desde de sua saída do planeta Vegeta, ao passo, que para ele se passaram apenas 10 anos. 

Goku que apenas observava Whis e Vegeta conversarem, ficara totalmente surpreso ao escutar aquele pedido. E se , era de se admirara, como agora o príncipe estava preocupado com alguém além dele mesmo. Então, sorriu "Vegeta está está mudando e nem está percebendo"

“[...] Esqueça tudo o que você pensou sobre mim, enquanto eu recomeço com as mãos da incerteza. Então, deixe a misericórdia vir e me fazer esquecer o que eu fiz. Eu vou enfrentar a mim mesmo para apagar o que me tornei. Apagar a mim mesmo e deixar ir embora o que eu já fiz, por tudo o que fiz. Eu vou começar novamente e encarar qualquer dor que vier. Hoje isso acaba, eu estou perdoando o que eu fiz”

What I've Done - Linkin Park