Vegeta estava na sala de treinamento do palácio, sentado no chão meditando. Não desviou o olhar, quando notou que Kakarotto havia chegado ao local na companhia de Whis. 

— OK. Já podemos dar início ao nosso treinamento. — O anjo percebeu que os dois saiyajin tinham níveis semelhantes de poder de luta. Sugeriu então que os dois guerreiros se enfrentassem. Se aquilo era uma boa ideia? Pouco importava. Whis queria mesmo era ver do que os saiyajins eram capazes. Durante todos os treinamentos que se seguiram ao longo dos dias. Whis pedia basicamente a mesma coisa: que os rapazes lutassem entre si. Mesmo em sua forma base, Goku sempre acabava encontrando uma maneira de finalizar Vegeta.

E diante daquilo, para Vegeta, a convivência com o sayajin maior tornou-se insuportável. Com o tempo, ele já não mais sumia da vista de Kakarotto, invés disso, ele simplesmente passou a fingir que Kakarotto não existia, até mesmo nos treinamentos. Vegeta lutava quase sempre no piloto automático, assim, lhe poupava frustrações. Todavia, guardar todo aquele rancor dentro de si, era como um gotejar lento em um recipiente raso.

E naquele dia, caíra a última gota que faltava para tudo aquilo transbordar.

Vegeta esforçava-se de todas as maneiras para tentar acertar Goku, sentindo que dessa vez poderia vencê-lo. Ele iria vencê-lo com folga. Porém, o que pegou Vegeta de surpresa, foi a transformação do seu rival em super saiyajin. Goku revidou em um átimo de segundos as investidas contra ele, enterrando seu punho em cheio no maxilar de Vegeta, que foi ao chão de imediato.

Goku praticamente montou em Vegeta, ficando por cima dele e o prendendo com as pernas, viu quando o príncipe fechou os olhos esperando pelo o golpe final. Contudo, Goku hesitou. Ficou de pé, desfazendo sua transformação e estendeu o braço para Vegeta que ainda se mantinha caído.  

— Venha, eu o ajudo — disse com um sorriso bobo no rosto.

Vegeta o olhou incrédulo e "aceitou" a ajuda de "bom grado". Segurou na mão do maior e puxou com toda a força que tinha, retribuindo a gentileza de Goku com uma cabeçada cruel contra o nariz do mesmo. Quando Goku, voltou a si, ficou surpreso. Viu que nesse meio tempo, Vegeta havia se transformado também em super saiyajin.

O sayajin menor cuspiu um punhado de sangue e sorriu maquiavélico.

— O que foi, Kakarotto? Achou que só você poderia tornar-se um super saiyajin?

Goku limpou o sangue que escorria do seu nariz quebrado com a costas da mão.

— Por que você fez isso? Eu só estava tentando ajudar...

— Um príncipe não precisa da ajuda de um guerreiro de terceira classe que nem você!

— Mas já não estávamos lutando, não havia porquê...

— Você não estava lutando, mas eu estava! — Vegeta reverberou, ríspido.

— Pensei que estava cansado de apanhar — Goku sorriu, sarcástico. — Mas se queria perder de novo, era só ter pedido — desdenhou, decidindo entrar no jogo do príncipe. Havia se cansado de aguentar tudo calado. Lutaria para valer sem se importar. Se lançou contra Vegeta com todas as forças.

E tudo recomeçou com mais intensidade. As estruturas super reforçadas do local já começavam a rachar devido as explosões e toda a sala era tomada pela claridade dos fachos de poder que um atirava contra o outro.

 Whis, que não era de se impressionar fácil, assistia todo aquele combate em silêncio. Ele ficara totalmente espantado com a forma que dois haviam evoluído em níveis astronômicos. Entretanto, teria que intervir rapidamente porque para Goku e Vegeta aquilo não se tratava mais de um mero treinamento, mas sim de um acerto de contas, onde só um sairia vivo.

— Ok, já chega por hoje. — Whis falou, pacientemente. Porém, os saiyajins se digladiavam sem cessar e com mais ferocidade, sem ao menos darem ouvidos àquela ordem. O anjo, temendo o pior, alçou voo em uma velocidade extraordinária, tocou na nuca do dois com pontinha do dedo, os fazendo desmaiar no mesmo instante. Whis suspirou pesadamente, decepcionado, apontou com o seu cajado para os dois rapazes desacordados, e os teletransportou para o quarto deles.

Logo pela manhã, no dia seguinte, foi só avistar Goku adentrando o enorme salão de refeições que Vegeta se preparou para sair, contudo, fora impedido por Whis que segurou seu pulso firmemente.

— Nem pense nisso!

— Até quando vai me tratar feito uma criança? — Vegeta retrucou.

— Até quando você parar de agir feito uma! — Whis respondeu, áspero. Não era do seu feitio usar aquele tom, no entanto, naquele momento se fazia necessário. — Preciso conversar com os dois.

Goku sentou-se à mesa esperando que ele prosseguisse, após ouvir o final da conversa entre os dois.

— Eu já entendi que vocês se odeiam e blá-blá-blá... No entanto, isso que aconteceu ontem foi inadmissível! Estavam tentando se matar, hã?  — O anjo os indagou. — Quase cogitei encerrar nosso treinamentos de uma vez e enviá-los de volta para Terra.

— Sentimos muito, senhor Whis... — Os dois responderam quase em uníssono.

— Isso não vai mais acontecer — Dessa vez foi Goku quem tomou a palavra, envergonhado.

— E não vai mesmo, fofinho. A partir de hoje não treinarão mais juntos. — Whis falou tão sério que nenhum dos dois ousou abrir a boca. — Entretanto, já que querem competir entre si, eu deixarei que façam isso. Mas, do seguinte modo: Todo os dias receberão uma lista com diversos itens, com variados tipos de dificuldade e ao terminarem todas as tarefas até o final do dia ganham um ponto por cada item conquistado. — Whis explicou. E apareceu magicamente para cada um deles uma espécie de tablet sofisticado

— Mas já fazemos isso todo dia...— Goku comentou olhando para a tarefas a serem realizadas, se perguntando o que teria de diferente naquela competição. Se é que era uma competição mesmo ou era uma das artimanhas do anjo para puni-los.

— Sim, sim claro que fazem. Só que com a pequena diferença: Quem tiver mais pontos ganha ao final da competição. Terá o direito de me fazer um pedido. Que concederei com prazer. — Whis respondeu.

— Qualquer desejo? — perguntou Vegeta, curioso.

— Qualquer umzinho mesmo. — O anjo sorriu gostosamente.

— Temos quanto tempo para concluir? — Goku o questionou.

— Aproximadamente, três meses terrestre. — O anjo disse — Daremos início a nossa competição amanhã.

♦♦♦

“Memórias me consumem, como se fossem feridas abertas. E eu estou me criticando de novo.

Agarrando minha cura, eu tranco firmemente a porta e tento recuperar meu fôlego novamente. Eu machuquei muito mais do que qualquer outra vez antes.

Eu não quero ser o único que sempre escolhe as batalhas. Porque por dentro, eu percebo que eu sou único confuso. Eu não sei pelo o que vale a pena lutar ou porque tenho que gritar.

Eu não sei por que provoco e digo o que eu não quero dizer. [...] Eu só sei que isso não está certo. [...] Eu não sei como fiquei desse jeito. Eu nunca estarei bem.

Então, eu estou quebrando o hábito. Quebrando o hábito essa noite.”

Breaking The Habit - Linkin Park

O vento gélido dançava por entre as folhas e a brisa fria soprava sobre o rio que circundava todo o local, alcançando os cabelos de Vegeta que chicoteavam-se contra a grama recém-aparada. Depois de uma semana turbulenta e de mais um item de sua lista concluida, finalmente ele se deu um pouco de folga. Ele estava deitado fazia algum tempo em uma calmaria quase palpável. A impressão que tinha, era como se o tempo tivesse parado, que só existia o ali e o agora. Acima de sua cabeça, somente os enormes dosséis das árvores lhe proporcionava sombra."Por que a vida não podia ser tão simples daquele jeito? Por que ele sempre tinha que encontrar uma maneira de ferrar com tudo?"

Fechou os olhos como se pudesse se esconder da realidade que o assombrava. Logo depois, sentiu um ki indesejado andar em sua direção, se manteve da indiferente, talvez assim ele fosse embora.

Goku se aproximou e deitou ao lado de Vegeta, despreocupado. Pegou ao seu lado uma planta similar à flor dente-de-leão e assoprou para o lado de Vegeta.

— Então, até quando vai me ignorar?

Vegeta permaneceu impassível. Goku sorriu de lado, ele sabia que o saiyajin menor não daria o braço a torcer e seguiria o mesmo modus operandi de sempre: o príncipe iria fingir que ele não estava ali. Aproveitou para aconchegar os braços atrás da cabeça e passou admirar a paisagem ao redor. O dia estava lindo, embora a chuva ameaçasse a desabar a qualquer momento. O céu cor de pêssego e os sóis, pouco a pouco iam sendo tomados pelas enormes nuvens carregadas em um tom de rosa-escuro, que amontavam-se em inúmeras formas e tamanhos.

Aquilo tudo era tão lindo quanto o céu terráqueo. Goku então fez uma pergunta aleatória, sem perceber.

— Como era o céu do planeta Vegeta?

Depois de alguns minutos de silêncio entre eles, além do som quase musical do farfalhar das folhas que se balançavam no alto das árvores, Vegeta finalmente abriu os olhos e arfou. Deitou-se de lado, ficando de frente com o saiyajin maior. Goku, por sua vez, imitou a mesma posição e ficou de frente para Vegeta. Não disse nada, queria apenas ouvir o que o menor teria a dizer.

Vegeta queria mandar Goku e se f.... Contudo, não conseguiu. Não pôde. No momento em que pousou os olhos na face do seu “rival”, foi como se todos  os blocos de sua muralha, que o mantinha protegido tivessem rachado. Kakarotto lhe olhava compenetrado, com a boca entre aberta. Vegeta não sabia explicar, mas não conseguia parar de olhá-lo. Nunca estiveram tão próximos, sem quaisquer desavenças, como estavam agora. Respirando fundo concentrou-se nos orbes negros do mesmo.

— Essa tarde de ventos gélidos me faz lembrar exatamente de como era — disse em um fio de voz. — Se você tivesse visto ao menos uma vez na sua vida. Lembraria do pôr-do-sol terrestre: mesmo com sua cor quente, avermelhada, é possível sentir o frio aprazível do início do crepúsculo da noite. — Voltou a olhar o céu — Teria gostado de crescer em Vegeta-sei.  — Vegeta levantou e se pôs a andar.

— Espera! Volta aqui. — Goku, depois de passar alguns segundos divagando a fala de Vegeta, levantou e correu para alcançá-lo.

— Não nos tornamos amigos só porque eu te respondi uma pergunta, Kakarotto! — Continuou a caminhar sem olhar para trás.

— Você faz cara de mal, me xinga e finge estar alheio a tudo. Mas eu sei o que está acontecendo. Tem medo de relacionar com as pessoas, tem medo de gostar e principalmente de amá-las. Você tem medo de criar qualquer tipo de afeto com alguém pois, se um dia você perder esse alguém, isso lhe causaria muita dor... — Goku suspirou — Não sou um completo idiota como acha que sou.

Vegeta parou abruptamente e girou os calcanhares na direção de Goku.

— Está enganado! — Rangeu os dentes.

— Tem certeza, meu príncipe? — Goku arqueou uma das sobrancelhas.

— Não me conhece! Eu faço tudo isso por que no meu coração não cabe nada, além de maldade. Não sabe das coisas que eu fiz e que estaria disposto a fazer! — Gritou enraivecido.

— Você tem medo de sentir o que sentiu quando Freeza o tirou do seu planeta ainda criança, de sentir o que sentiu quando seu pai foi morto junto os demais saiyajins e quando seu planeta explodiu.

Vegeta fez em uma das mãos uma pequena esfera de poder e aproximou-se para lançar contra Goku, que receberia a força daquela energia à queima-roupa.

— Eu poderia matá-lo... Eu poderia... — Vegeta disse com a voz embargada.

— Mas não vai, não é mesmo? — Goku disse com sua voz rouca e suave ao mesmo tempo. Se aproximou de Vegeta que o olhava com lágrimas nos olhos e com cautela o abraçou.

Vegeta ficou atônito, não soube como agir. Goku o acalentava em seus braços fortes e acolhedores. Finalmente o saiyajin menor relaxou, correspondeu ao abraço se permitindo chorar. Ele estava totalmente desarmado. Era como se todo o resto tivesse desaparecido, ele se sentia tão protegido, não que precisasse de proteção, mas não queria que aquela sensação acabasse nunca.

— Desculpe, Eu não deveria ter dito aquilo. Você ainda está tão quebrado, eu não tinha o direito...

Vegeta balançou a cabeça em negativa, como se falasse a Goku que não se preocupasse porque, no fundo, ele sabia que tudo aquilo era verdade.

— Embora Freeza esteja morto, eu ainda o odeio. Não merecia ter passado por tudo isso... Você só era uma criança... — Goku lhe afagava seus cabelos de labaredas negras. Sentindo como o corpo pequeno de Vegeta se encaixava perfeitamente no seu. E apertou como se fosse o príncipe fosse fugir. Seria pedir muito que ele ficasse?

Agora, uma garoa caia despencavam lentamente sobre eles.

♦♦♦

"Sob seu encanto novamente, eu não consigo te dizer não. Deseje meu coração e ele estará sangrando em sua mão, pois eu não consigo te dizer não.

Não deveria ter deixado você me torturar tão docemente, agora eu não consigo acordar deste sonho. Eu não consigo respirar, mas me sinto bom o bastante para você.

Beba desta doce decadência, e eu me perdi completamente e não me importo.

Não deveria ter te deixado me conquistar por completo, agora eu não consigo acordar deste sonho. Não posso acreditar que me sinto bom o bastante. Demorou muito, mas me sinto bem.

E eu ainda estou esperando pela chuva a cair. Despejando a vida real sobre mim porque não consigo me apegar a algo tão bom assim. Eu sou bom o bastante para você me amar também?

Portanto, tome cuidado com o que você me pede porque eu não consigo dizer não"

Good Enough - Evanescence 

 Goku estava em seu quarto dobrando as infindáveis peças de roupa de cama, também pudera, pela quantidade de hóspedes que tinha naquele palácio. Ainda havia o fato de estar atrasadíssimo para completar o próximo item de sua lista. Foi nesse momento que Vegeta entrou no quarto com uma calma absurda e um sorriso de canto estampado na cara, pelo visto havia terminado mais um item da lista dele com maestria.

O saiyajin maior tentou voltar sua atenção para o que estava fazendo, teria que focar em seu trabalho se quisesse ultrapassar Vegeta dessa vez. Porém, o que veio a seguir, o tirou totalmente dos eixos: Vegeta havia tirado a armadura, até aí tudo bem, nada demais. Entretanto, Goku resolveu o fitar de baixo a cima. Observou, primeiramente, como o saiyajin menor se apoiava nas pontas dos pés já descalços e como cada músculo da panturrilha e das coxas torneadas ia sendo flexionados, criando sulcos à medida com que ele se esticava para guardar sua armadura na parte superior do armário. Ainda naquele estado hipnótico, Goku foi subindo um pouco com o olhar até reparar nos contornos de um bumbum durinho levemente empinado, que se delineava tão malditamente bem dentro daquela roupa apertada.

Goku piscou algumas vezes despertando daquele transe, engolindo a água que havia se formado em sua boca, desviou o olhar rapidamente e mirou em uma coisa qualquer em cima da cama. "O que eu estou fazendo?". Não entendia, mas, invés de permanecer no escuro nessa situação, se perguntava o porquê daquele calor que crescia em seu corpo e sentia um frio no estômago como se tivesse milhares borboletas lutando entre si em um campo de batalha. Mas ali naquele momento, Goku não conseguiu resistir ao desejo de observá-lo mais uma vez, seu corpo inteiro clamava por aquilo. Seus instintos mais selvagens e mais carnais clamavam ainda mais. E tudo que ele tinha certeza, era que algo tinha mudado dentro dele, desde da conversa que teve com Vegeta. Ele não conseguia se concentrar quando ficava perto do saiyajin menor, mesmo os dois mal se encontrando durante os últimas semanas por causa dos itens da lista. Sempre estavam correndo ocupados e quando terminavam, um ou outro já estavam dormindo.

E para sua mais preciosa sorte, mesmo estando de frente, o saiyajin menor nem percebera que Goku o olhava boquiaberto. Ao invés disso, o príncipe estava centrado na lista de tarefas que mantinha em uma das mãos enquanto a outra mão segurava na altura do pescoço a pontinha do zíper da jaqueta.

Goku sentiu como se tivessem lhe roubado o ar. Seu peito subia e descia descompassado, e quase jurou que seu coração saltaria pela boca no mesmo instante em que Vegeta começou a descer o zíper lentamente, expondo cada vez seu torso desnudo, revelando sua pele bronzeada.

Mesmo sem perceber, Vegeta estava diabolicamente sexy, e Goku... Bem, Goku estava fodidamente duro. Sim, fodidamente: primeiro porque não saberia por quanto tempo conseguiria controlar o seu ki e segundo que ele estaria perdido se Vegeta percebesse que era ele a causa da aparente ereção do maior.

Vegeta jogou a lista em cima da cama e tirou de vez a jaqueta e desceu as mãos até o cós da calça puxando devagar para baixo e parou quase que imediatamente quando notou uma leve alteração de ki à sua frente.

— Tá olhando o que, Kakarotto? — resmungou.

Goku gargalhou, espalhafatoso, tentando disfarçar. E apontando para si mesmo, perguntou:

— Eu? Nada. Não foi nada, não.

— Humpft. — Vegeta jogou a toalha por cima dos ombros e se dirigiu até ao banheiro.

— Ufa... — Goku suspirou, baixinho — olhou para seu baixo ventre e praguejou mentalmente “Como se o Vegeta não tivesse motivos o suficiente para me odiar”