Breaking The Habit escrita por Lara AppleHead


Capítulo 9
Capítulo 9 - Roulette - Lonely Day


Notas iniciais do capítulo

Capítulo grandinho kkk Mas espero que gostem!
•Capítulo Betado ( )
•Capitulo Não-Betado (❌)

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"Eu tenho um problema que não consigo explicar. Não tenho nenhuma razão pela qual deveria ter sido tão claro. Não tenho perguntas mas com certeza tenho desculpas. Me falta a razão pela qual eu deveria estar tão confuso.

Eu sei como me sinto quando estou perto de você, eu não sei como me sinto quando estou perto de você."

Roulette - System of a Down

Após duas semanas, depois da competição, as coisas finalmente tinham voltado ao normal. Só que normal até demais. Chato demais. Os dois rapazes haviam recomeçando a treinarem juntos novamente, mas sem o mesmo entusiamo inicial. Até os bagunceiros, hóspedes intergaláticos, estavam se rendendo ao clima de monotonia que pairava sobre o planeta Bills. Pensando nisso, Whis pediu que peixe-oráculo reunisse todos no majestoso jardim do palácio, daria uma notícia que seria capaz de reverter todo aquele, aparente, desânimo. O anjo se aproximou daquele seleto grupo, que estava a algum tempo o esperando, e falou em plenos pulmões:

— Estamos no final do período lunar quinhentos e vinte e seis.

A notícia foi recebida por parte dos alienígenas com aplausos e vibrações. E a algazarra tomou conta do jardim. Todos foram se amontoando, empolgados, buscando uma melhor visão do seu anfitrião. A maioria já sabia do que se tratava o assunto, porém sempre ficavam na expectativa de alguma outra novidade naquele ano.

Vegeta que estava um pouco mais afastado da multidão, sentou-se ao lado de Goku na grama e perguntou baixinho:

— Kakarotto, você faz ideia do que significa isso?

Goku sentiu a espinha gelar quando escutou a voz rouca do saiyajin, quase sussurrando, próximo ao seu pescoço. Não disse nada, apenas maneou a cabeça negativamente em resposta. Na verdade, nas últimas dias, começou a ficar sempre nervoso na presença de Vegeta.

— Tentem pensar em algo como a passagem do outono para o inverno. — O anjo se limitou a dar uma pequena explicação, após notar a aparente confusão dos dois saiyajins e prosseguiu dizendo: — Daqui a três dias, como manda a nossa tradição, iremos à Tóryen para a grande colheita de pomos Precisamos de provisões para esse novo ciclo que está chegando. Ficaremos durante uma semana neste paradisíaco planeta. Portanto, arrumem as malas e tirem esses dois dias restantes para descansarem. — completou, pomposo.

Aos poucos, depois do anúncio, toda a multidão se dispersou pelo o jardim. Vegeta que ainda permanecia sentado, deitou-se sobre a grama fofinha do lugar, bufando.

— Tanto barulho por causa de uma colheita.

— Não se trata de uma "simples colheita". — Whis ponderou, fazendo aspas com os dedos  —  Na realidade, é como se fosse uma grande caça ao tesouro.

— Tesouro? — Os saiyajins perguntaram em uníssono.

O anjo sorriu. Se acomodou ao lado deles e disse:

— Entre as centenas de árvores de Valimor, existe uma com um pomo totalmente feito do mais puro ouro. Mas não para por aí... dizem, os velhos ancestrais, que quem o tem consegue coisas inimagináveis.

— Vai me dizer que ninguém nunca conseguiu encontrar até hoje? Humpft! Isso me parece lenda. — O príncipe rolou os olhos.

— Por que não tira a prova? Pode tentar ser o primeiro a colher o pomo de ouro, amanhã. — Whis o desafiou.

— Então, é só achar a árvore certa? — Goku quis saber.

— De fato, mas são muitas espalhadas na vastidão do pomar. Entretanto, há um lugar chamado de Grande Bosque Sombrio, protegido por poderosos ogros e monstros. E, é lá que muitos acreditam que esteja o pomo dourado, pois boa parte dos que tentaram a sorte por lá jamais regressaram para contar história. A grande maioria que participam da colheita, que acontece pontualmente a cada dez anos, colhem sempre nas primeiras árvores da Colina Valimor, poucos se arriscam a irem muito longe.

— Por isso, os hóspedes estavam tão afoitos, porque tudo faz parte de um grande aventura. — Goku disse pensativo. — Gostaria de tentar encontrar esse fruto misterioso, senhor Whis.

— Se Kakarotto vai, eu também vou! — Vegeta exclamou.

— Essa viagem vai ser mais empolgante do que eu pensava! — O anjo sorriu — Lembrando que só existe um pomo de ouro em todo planeta Tóryen — informou.

— Ouviu isso, Kakarotto? Serei eu quem conseguirei o tal pomo de ouro. Assim como eu venci a competição passada! — O príncipe gargalhou, cínico.

— Se você acha que dessa vez eu vou deixar, está muito enganado. — Goku até tentou responder à altura, mas sua voz saiu fraca, como se falasse aquilo da boca para fora.

— Ok. Mas sem brigas e nem podem tentar matar um ao outro durante a colheita. — Whis avisou prevendo um possível combate entre os dois.

— Juro que eu farei o possível para cumprir com essa ordem. — Vegeta respondeu irônico, transparecendo uma falsa inocência. — Posso me retirar agora, senhor Whis?

O anjo assentiu, positivamente, ao mesmo tempo em que notava o quanto Goku parecia absorto no meio da conversa. Até o saiyajin menor havia estranhado aquele comportamento, tanto, que havia desistido de tentar provocá-lo ainda mais.

Goku acompanhou com o olhar Vegeta se afastar do jardim a passos largos.

— Eu nunca o mataria... — murmurou em um filete de voz, por entre os dentes. Era nítido em seu semblante que algo afligia profundamente. — Peço permissão para me retirar também, senhor Whis. — Dessa vez falou mais alto, só que com pesar.

— Não sem antes me contar o está acontecendo com você.  — O anjo foi enfático, erguendo uma das sobrancelha.

Goku engoliu em seco com o coração batendo desenfreado.

— Não está acontecendo nada, não. — O saiyajin bem que tentou se fazer de desentendido.

— Não precisa me contar se não tiver à vontade. Só que eu me preocupo com você. Na realidade, me preocupo com vocês dois, pois eu sei que Vegeta está envolvido nisso de alguma forma. — Whis o olhou complacente e aguardou pacientemente ele se pronunciar.

— Não é nada demais. — coçou a nuca — Só acho que estou muito confuso. Eu... Eu... — A fala de Goku saiu embaralhada. E quanto mais tentava se explicar, mais gaguejava — Eu sinto como se... Eu estivesse... — suspirou pesadamente. Até aí, Whis já havia sacado tudo. As poucas palavras que Goku disse, foram o suficiente para se ter ideia do que estava ocorrendo com o rapaz.  

— Está apaixonado por Vegeta... — O anjo completou, terno.

O saiyajin assentiu, cabisbaixo.

— Nem sei como isso começou, nunca parei para pensar nessas coisas antes...

— Sentimentos dos mortais não são minha especialidade, mas sei o quanto isso está o afetando. Observei o quanto estava relapso durante os treinamentos, o modo que evitava entrar em combate direto com Vegeta e o modo como o olhava. Não tem se alimentado direito e nem dormido direito. — ressaltou — E tenho plena convicção que o saiyajin nervosinho também percebeu isso.

 Goku sorriu, desconcertado.

— Ele me odeia, Whis. Se Vegeta, ao menos, desconfiasse sobre o que eu estou sentindo por ele...  Ele me mataria... — desabafou, desconfortável.  

— Sim, seria uma reação bem condizente com o temperamento dele. — O anjo deu um leve sorriso. — Ainda existe esse lado obscuro nele. Mas Vegeta provou mais de uma vez, que está disposto a deixar que esse lado não o domine por completo. Ele não é um cara mau. Acredito, veementemente, que ele não consiga lidar tão facilmente com esses sentimentos, que são tão novos para ele, como compaixão, empatia e amizade... Se isso que sente por ele for realmente genuíno, você poderia ajudá-lo trazendo a luz para esse lado obscuro. Finalmente, Vegeta poderia ter o que foi lhe negado uma vida inteira: O amor. Terá todo o meu apoio se decidir contá-lo a verdade.

— Não acho que ele irá ser tão receptivo...

— Eu poderia falar com ele, se você quisesse.

— Acho melhor não. Isso só vai fazer com que ele me odeie ainda mais. — sorriu fraco e respirou fundo enquanto desviava o olhar para um lugar qualquer. Goku não conseguia acreditar, mas as lágrimas começavam a se acumularem no canto dos olhos, embaçando seu campo de visão."O que está acontecendo comigo? Isso é se apaixonar? Isso deveria doer tanto?". Nunca havia se sentido daquele jeito, nem mesmo com relação à Chichi, porque quando se casou não fazia ideia do que era, de fato, um casamento. Tinha lutado contra os todos os tipos de criaturas possíveis, de diferentes níveis e tipos de poder, havia levado uma surra na maioria desses combates. Contudo, a dor que estava sentindo agora era diferente da dor física, era algo novo. Algo que nunca imaginou sentir.

 — Vai passar... Isso tudo que eu tô sentindo vai passar. Não precisa mais se preocupar comigo. — Goku se levantou rápido e com a voz embargada tratou de encerrar aquela conversa, antes que se machucasse mais. Estava convencido que Vegeta nunca o aceitaria e que quanto mais rápido se livrasse daqueles sentimentos, seria melhor para ambos. Levou as mãos ao cenho e se teletransportou, sem dar chances de Whis tentar convencê-lo do contrário.

⚜️⚜️⚜️

"Um dia tão solitário, não deveria existir. É um dia que nunca vou sentir falta. Um dia tão solitário, Ele é meu. O dia mais solitário da minha vida.

E se você for, eu quero ir com você. E se você morrer, eu quero morrer com você. Pegar sua mão e ir embora"

Lonely Day - System of a Down

Na manhã em que todos viajariam, Vegeta caminhou até a nave que os transportariam à Toryen, que se tratava de um enorme cubo envidraçado. Carregava consigo apenas uma mochila e uma mala pequena de mão. Viu que Kakarotto também tinha feito o mesmo, diferentemente, dos hóspedes alienígenas que traziam malas, caixas com equipamentos e armas. Muitas armas. O mais simplista, até então, era peixe-oráculo que carregava apenas um aquário extra.

— Hum... É só isso que você vai levar? Acho que as cápsulas de armazenamento de malas que pedi à Bulma serão inúteis agora. — Vegeta escutou a voz aveludada de Whis, logo atrás.

— Não preciso de muito. —  foi breve.

—  Mas dessa cápsula irá precisar. — Whis estendeu o objeto na direção do saiyajin. — Dentro dela tem uma casa e um mapa. Sabe, foi ótimo trabalhar com a Bulma...

Quando Vegeta escutou o nome da azulada, tentou andar mais rápido. Mediante seus passos longos e graciosos, não foi difícil para o anjo acompanhar o príncipe, então Whis continuou a falar:

— Ela é uma excelente cientista, conseguiu me entregar todas as cápsulas no prazo apertado que estipulei. — deu uma risadinha — Está uma correria lá na Corporação por conta do casamento dela. — O ser angelical tinha consciência que jogar aquela informação daquele jeito foi um pouco cruel. Porém, queria que o saiyajin tivesse outra opção, além da cientista.

Vegeta parou abruptamente.

O sangue fervia em puro ódio.

O ki oscilava violentamente.

Depois de tanto tempo, ele ainda achava que teria chances com a terráquea, que ela poderia ser sua rendição? Mas ele não teria nada daquilo. Jamais. "Então, Bulma vai se casar com aquele verme....", remoeu aquele pensamento internamente. Sabia que Whis tinha falado sobre o casamento de propósito. "Mas por quê? Era mais algum tipo de teste de autocontrole?". Não estava nem um pouco a fim de descobrir. Tentou respirar calmamente, fingir que nada daquilo tinha o afetado. Com o orgulho falando mais alto, perguntou com indiferença na voz:

— Tem mais alguma coisa pra dizer?

— Ok, já que perguntou... — Agora, Whis falava mais alto para que todos pudessem ouvir: — Distribui casas cápsulas entre vocês, se dividam em equipes e darei mais instruções quando chegarmos em Tóryen. — O anjo se dirigiu para a nave, seguido por peixe-oráculo.

Por ali mesmo, Vegeta recrutou alienígenas com um nível de ki relevante, para a realidade deles, e que soubessem voar. Notou que Kakarotto ainda estava sem equipe, sentiu o coração dar um pequeno sobressalto, quando pensou em chamá-lo. Sabia o quanto maior tinha o evitado nos últimos dias. Aliás, o maior estava estranho com ele há semanas.

— Que se juntar a nós? — Vegeta indagou, um pouco hesitante, ao se aproximar.

Kakarotto que conversava com alguns aliens. Se virou e olhou para para o menor com indiferença e respondeu, apático:

— Eu já tenho equipe, mas agradeço pelo convite.

O príncipe viu Kakarotto dar de ombros e sair com os demais. Puxou os lábios em um sorriso irônico. "Então era isso? Primeiro Bulma e depois Kakarotto?". Deu uma lufada de ar. Engoliu em seco com o dissabor da raiva amargando sua alma. Queria explodir algo, queria dizer qualquer coisa grosseira, mas se conteve. Tinha que se conter. Ajeitou a mochila nas costas e entrou na nave.

Não falou mais nada a viagem inteira. Se ocupou em observar as milhares de estrelas e galáxias que passavam como riscos à sua volta, pois seguiam rumo à outra galáxia na velocidade da luz.

Dentro do cubo envidraçado, todos conversavam e riam entre si, se divertindo. Em outra ocasião, Vegeta teria torcido o nariz e os chamados de patéticos, porém, diante de toda aquela interação, só conseguia se sentir sozinho. Rejeitado. "Não deveria me sentir assim..."

Era difícil admitir, mas pela primeira vez, sentia falta da companhia de Kakarotto. Sentia falta do como ele falava coisas aleatórias, sempre nas piores horas. Soava engraçado. De como ele sorria das coisas mais simples feito um bobo. De toda aquela aura de ingenuidade que o cercava, como se nada pudesse o atingir.

"Eu poderia ser como ele... Não, eu nunca poderia"

Nesse instante, para Vegeta, o saiyajin maior parecia distante. Frio. Respondendo sempre de forma monossilábica, como se não suportasse ficar por perto. "Não culpo nem Bulma e muito menos Kakarotto por tentarem se manterem longe. Eu também me afastaria de alguém como eu. Fui um completo idiota com os dois". Vegeta trincou os dentes em profundo desgosto de si mesmo."Por que agora não consigo parar de pensar neles? Por que agora, me preocupo tanto com o que os dois pensam sobre mim? Não deveria me importar ..." 

Encostando a testa o sobre vidro, o príncipe voltou a olhar para fora do cubo, a velocidade da nave diminuía gradativamente, sinal que estavam chegando. As coisas ao redor já tomavam formas conhecidas. As cores vibrantes de nebulosas, planetas e quasares explodiam diante dos seus olhos.  Logo à frente, a magnitude de um planeta azul, não tão azul quanto a Terra, chamava atenção. Era enorme, ficava a uma distância segura de um sol e possuía duas luas em sua órbita. Vegeta lembrou-se de quando era mercenário, se livrar dos habitantes e roubar aquele planeta seria um bom negócio. Era só isso que ocupava a sua mente naquela época. Sem tempo para sentimentos, sem tempo para sentir dor. Se perguntou ainda, se valia a pena estar se permitido mudar.

— Mais um pouco e pousaremos! — Ouviu a voz de Whis ecoar dentro do veículo.  

 O desembarque de todos foi tranquilo. E Tóryen era ainda mais bonita do que vista de cima. A gravidade não atrapalhava tanto e nem a atmosfera, que era levemente mais densa se comparado à Terra.

A paisagem era de encher os olhos, eles haviam pousando em uma campina. Os animais da região passeavam entre eles, curiosos e sem medo algum. O som de água despencando sobre pedras, se misturava com os sons dos pássaros que se empoleiravam no alto das copas das árvores e o vento da tarde, deixava o clima ainda mais aprazível.

— Estamos no esplendoroso Vale LothNuvlar, ao oeste encontram-se os pomares, belíssimos, da Colina de Valimor.  — Whis falou com grandiloquência. — Amanhã começaremos a colheita. Por hora, quero que arrumem suas coisas temos mais seis horas até o anoitecer. Eu e peixe-oráculo prepararemos um banquete para vocês!

Vegeta jogou a cápsula no lado leste de onde haviam pousado. E surgiu uma casa imensa de dois andares, aos moldes terráqueos. Entrou, subiu as escadas, rapidamente, e colocou a mochila no primeiro quarto que encontrou. Desceu e avistou que na mesinha de centro da sala havia um mapa, pegou.

Do lado de fora, andou pisando duro até à sua equipe.

— Vamos! Todos vocês! — ordenou. Não podia esperar até amanhã. Se saísse agora, teria uma chance de pegar o pomo de ouro. Provaria de uma vez por todas que poderia ser melhor que Kakarotto. Que não precisava dele, mesmo que seu coração, no momento, lhe dissesse outra coisa.

— Mas ainda nem comemos — resmungou um dos alienígenas.

— Não importa! Só vamos agora! — O saiyajin esbravejou.  

— Pra onde? — indagou outro.

— Para o Grande Bosque Sombrio. Se não quiserem vir comigo, eu vou sozinho! — Vegeta alçou voo. Os alienígenas se apressaram, desajeitados, e soltaram tudo que não seria necessário, fazendo um esforço extraordinário para tentar alcançá-lo.

Vegeta entregou o mapa para um deles.

— Será o nosso guia! Quero que se segurem firme, os que se soltarem serão deixados para trás. — O saiyajin ficou entre eles, formando uma corrente de aliens em cada lado dos braços. — Agora me diga nanico, para qual direção iremos?

— Para o norte! — respondeu o alienígena que estava na ponta com o mapa em uma das mãos.

Vegeta os puxou o mais rápido que pôde. Internamente, o príncipe, tentou não puxá-los com muita força, não lhe apetecia deixar alguém no meio do caminho.

⚜️⚜️⚜️

Algumas horas mais tarde, Whis havia disposto mesas às sombras de algumas árvores. O sol do final da tarde ainda brilhava intensamente. O banquete era servido de hortaliças, peixes e frutas colhidas por peixe-oráculo.

Sentado ao lado de Whis, Goku disse:

— Tenho vontade de conhecer as pessoas que moram nesse planeta. Quero agradecê-los por nos deixar colhermos na terra deles.

— Não será possível.

— Porquê?

— Não há civilização nesse planeta. — O anjo disse. — Há cerca de um século, os elfos e ninfas, que residiam aqui, entraram em guerra por anos contra Asgur. Houveram muitas mortes e destruições, a extinção da raça deles era iminente, embora, houvesse uma parte que possuia a imortalidade. Ainda assim, não foram páreos contra o Senhor da Escuridão. Foi então que tiveram a ideia mais arriscada que poderiam ter naquele momento de desespero, decidiram deixar Tóryen em busca de ajuda. Todos eles partiram.

— Esse tal Asgur era tão poderoso assim?

— Ele ainda é. Tem o poder equiparado a um Deus da Destruição.

— E não pode fazer nada? — indagou, aflito.

— Não posso, meu caro Goku. É contra as leis divinas interferir no assunto dos mortais. — o anjo suspirou — Tóryen, infelizmente, está fadada a morrer, pois o Grande Bosque Sombrio cresce a cada ano, é como uma erva daninha, alastrando-se e afogando todo o planeta em desolação.

Goku ficou pensativo, com as palavras de Whis pesando dentro dele. Passou os olhos ao redor e sentiu, imediatamente, a falta de alguém. Seu coração palpitou.

— Vegeta! Sabe para onde ele foi? Não consigo sentir o ki dele.

— Eu não o vi, mas posso olhar aonde ele está. — E anjo sacou o seu cajado e vislumbrou através dele. — O príncipe está indo para o norte em direção ao Grande  Bosque Sombrio.

Sem pensar duas vezes, Goku voou em uma velocidade impressionante. Se tivesse sorte o alcançaria. Temia pela a vida do menor e dos outros que o seguiram.

⚜️⚜️⚜️

— Estamos chegando! — gritou o alienígena guia.

Ao longe, era possível ver as centenas árvores robustas e espinhentas, se entrelaçando umas às outras, envoltas em uma neblina escura. No céu as nuvens negras e pesadas, começavam a se acumularem, em um prenúncio de uma enorme tormenta. O estampido dos trovões intercalava-se com o barulhos do crocitar de aves agourentas.

Mas o que veio a seguir, os deixaram boquiabertos, havia surgido um brilho quase ofuscante reluzindo à distância.

— Mais rápido! — berrou Vegeta.

 Contudo, aquele brilho foi diminuindo com o pôr-do-sol. Anoitecera tão rápido quanto os primeiros pingos da chuva, que desabava sem pudor sobre eles, agora.

— Não vamos conseguir nos segurar por muito tempo, precisamos descer. Não temos mais nenhum ponto de referência. Vamos acabar nos perdendo! — interceptou o guia.

Vegeta os desceu a contragosto.

Os alienígenas tiraram de suas mochilas lanternas, enquanto outros tiraram equipamentos de análises.

— Tanto os alimentos como os espinhos dessas árvores são extremamente venenosos. — alertou um dos aliens. Isso obrigou eles andarem com cautela, além do terreno íngreme e escorregadio. Tornando a caminhada mais lenta do que pretendiam. Fazia algumas horas que adentraram o bosque e Vegeta que estava impaciente com aquela situação, esbravejou:

— Afastassem! Vou abrir uma passagem! — Acumulou uma enorme esfera de energia nas mãos.

Uma alien ficou na frente do saiyajin, corajosamente.

— Não ouviu o que ele falou mais cedo? Se fizer isso pode liberar todo o veneno preso nessas vegetações. O ar seria tão prejudicial que nem o menos conseguiríamos alçar voo.

O príncipe bufou. Aquilo estava sendo mais difícil do que imaginava.

O guia continuava a andar mais à frente, procurando um lugar seguro para eles passarem o resto da noite.

 — Por aqui! Encontrei alguma coisa! — exclamou.

Vegeta seguiu os demais. Avistaram, no meio de uma imensa clareira, uma fortaleza de pedra maciça.

Aos poucos, a chuva foi cessando, dando espaço para o céu estrelado. A luz fraca proveniente das duas luas, revelava as diversas estátuas espalhadas em frente daquela edificação em ruínas. Vegeta se permitiu observá-las. As figuras esculpidas detalhadamente eram altas e esguias, possuíam em seus rostos expressões fantasmagóricas, como se tivesse compartilhado entre si, momentos de terror. Sentiu um calafrio percorrer sua pele. E a sensação de que mais alguém se aproximava, o acometeu. O saiyajin escutou algo se mover bem atrás deles. Ordenou que todos ficassem atrás dele. Seus olhos eram atentos. Estaria pronto para atacar aquilo o que os espreitavam.

Escutou um dos aliens cumprimentar Kakarotto, só que no lado oposto.

— O que faz aqui? — perguntou o príncipe. — Pensei que já tivesse uma equipe — completou com desdém.

— Não é seguro ficar aqui.

— Vai me dizer que está com medo de ogros e monstros? Não me faça rir.

— Whis não havia contado toda a história. Há um senhor da escuridão, com um poder e luta semelhante a do senhor Bills.  

Vegeta o fitou, sério. Depois começou a rir.

— Eu quase acreditei. Boa história, Kakarotto. Mas eu cheguei aqui primeiro, não vai tomar a frente dessa vez.

— Temos que tirar os hóspedes em segurança daqui, reúna todos e eu farei o teletransporte.

— Não mesmo! Não viemos até aqui para desistir.

— Mas...

— Não vamos recuar!

— Então, se não se importar, eu ficarei para ajudá-los. — Kakarotto viu que seria impossível fazer o menor desistir.

Vegeta queria dizer que ele fosse embora, que ele não era nem um pouco bem-vindo a estar com eles. Todavia, seria ótimo ter plateia para quando ele finalmente conseguisse por as mãos no pomo de ouro. O saiyajin estava tão cego de ódio que não parou um segundo sequer para raciocinar. Procurava algo, por menor que fosse, para alimentar seu ego e seu orgulho.

— Faça o que quiser, Kakarotto. Eu não ligo. Só peço para que não me atrapalhe. — Andou até as ruínas e sentou-se. Tentaria descansar um pouco.

Aos primeiros raios solares nem haviam surgido, quando foi despertado do seu sono com a movimentação dos aliens.

— O que vocês estão fazendo?

— Seu amigo disse que estamos sendo observados — respondeu um dos aliens.  

Quando o príncipe saiu de dentro da fortaleza, pôde ver incontáveis ogros descerem uma colina, avançando rapidamente de encontro a eles. Para piorar não era possível sentir o ki daquelas odiosas criaturas, não sabiam o nível de luta.

— Droga! — Vegeta vociferou. — Não podemos deixar que nos encurralem!

Kakarotto se aproximou.

— Podemos detê-los!

— Apenas não use seus poderes! — Avisou um dos alienígenas. — Lembre-se que ainda estamos nos arredores daquele pântano venenoso.

Os dois saiyajins manearam a cabeça positivamente e partiram para cima. Depois de alguns golpes, concluíram que, os ogros eram bem mais resistentes do que aparentavam. E a dificuldade só aumentavam por que não podiam usar seus poderes. As criaturas revidavam fortemente as investidas dos saiyajins contra eles. E os alienígena ajudavam como podiam, do alto da muralha da fortaleza eles usavam balestras e arcos, atiravam flechas nas partes expostas da couraça biológica que os ogros usavam e os que estavam em terra usavam os machados para ajudar a trincá-las, Goku e Vegeta só precisavam acertá-los bem ali. Assim, depois de vários golpes distribuídos, finalmente eles conseguiram acabar com aquelas criaturas.

— Temos alguma baixa? — Kakarotto perguntou, aflito.

Todos se olharam e balançaram a cabeça negativamente. Embora, a grande parte deles tivesse se ferido, nada foi tão grave.

 Com os primeiros raios do sol, da manhã, também ressurgiu no céu o brilho que eles haviam visto no dia anterior.

— Temos que ir agora, pois logo esse brilho irá desaparecer ! — Vegeta apontou para as enormes nuvens de chuva que se formavam novamente no céu e uma brisa gélida passava por eles agora.

Alçaram voo e se locomoveram, rapidamente. Eles deixaram o Grande Bosque Sombrio para trás em minutos. Após isso, chegaram ao um lugar que haviam só um campo com quase nada de árvores, apenas vegetação rasteira.

O que refletia intensamente à distância, foi ganhando forma. Tratava-se de um grandioso portão, com altura superior a qualquer construção terráquea de que se tinha conhecimento, feito de ouro puro, ornamentado de arabescos e inscrições que não eram possíveis identificar. Do outro lado, havia incontáveis montanhas em formatos de torres, que iam além de aonde a vista podia alcançar, e logo abaixo um penhasco abissal. Todas as torres eram interligadas por pontes de cordas e no topo de cada uma delas haviam um pomar de macieiras. Aparentemente, seria algo fácil de fazer. Poderiam simplesmente passarem por cima dos portões voando. Só que uma barreira invisível os impediam de seguirem em frente.

Kakarotto tentou abrir, o colossal portão, lançando seu kamehameha com toda potência contra todo aquele ouro polido. No fim, não conseguiu nem arranhar. Vegeta tentou também, mas o resultado foi o mesmo.

Um pequeno alienígena voou até eles.

— Achamos isso aqui, naquela fortaleza! — O Alien entregou ao príncipe uma chave feita a partir do mais puro diamante.

— Espalhem-se e procurem por uma fechadura! — Kakarotto gritou.

Um chiado, como se milhares de árvores tivessem sendo quebradas ao mesmo tempo, surgiu logo atrás. Alguma coisa vinha apressadamente na direção deles.

— Mais rápido! Continuem! — pediu Vegeta.

Surgiu, então, da floresta que os circundavam, Asgur, Senhor da Escuridão. A criatura, era tão horripilante quanto os ogros que apareceram mais cedo. Seu corpo, de aspecto humanoide, era tomado por rugas escuras, semelhante à lavas endurecidas. Seus olhos vermelhos fitaram, em fúria, "os intrusos". O monstro voava em uma velocidade constante, içando suas asas imensas e rasgando o céu sobre o campo aberto de onde eles estavam. O som forte do bater asas, amedrontava os alienígenas que procuravam desesperadamente pela fechadura, ao passo que os saiyajins, olhavam para o gigante alado, impressionados. Era um inimigo que tinha um nível poder altíssimo, apesar da ausência de ki do mesmo.

— Preparado? — Kakarotto perguntou, com resiliência na voz.

Vegeta o olhou compenetrado e assentiu positivamente.

Ao mesmo tempo, emanou deles uma aura como se fossem chamas, seus cabelos e olhos ganharam o tom avermelhado. Naquele momento, não havia diferença entre eles, nem espaço para qualquer desavença. Como vinham se esforçando a tanto tempo, os dois já conseguiam se transformar em super saiyajin god.  

Decidiram atacar um de cada lado, mas todos suas investidas foram desviados com agilidade. O gigante acertou golpes quase que incessantes contra os dois rapazes, os machucando em diversos pontos. Asgur puxou, um saiyajin de cada lado e os arremessou contra o solo, formando uma cratera descomunal. Eles retornaram para o campo de batalha, velozes, quando viram a criatura partir para atacar os alienígenas, que a pouco haviam conseguido girar a chave sobre a fechadura. O barulho estridente do enorme portão se abrindo, ecoou por toda extensão daquele lugar. Os aliens atravessaram, sem hesitar, com o único propósito de procurar o pomo de ouro, à medida que os saiyajins os protegiam contra as bolas inflamáveis que o Senhor da Escuridão jogava contra eles.

Kakarotto bloqueou outro ataque que o atingiriam em cheio, e Vegeta desferiu contra uma das asas de Asgur, uma imensa esfera de energia provenientes de um Galick-gun. O príncipe viu a criatura despencar do céu em espiral até atingir o chão, abruptamente. Levantando-se em seguida determinado a contra-atacar.

Juntando os seus corpos e colando seus rostos, lado a lado. Vegeta e Kakarotto concentraram todo o seu ki em suas mãos, expandindo seus poderes, e lançaram ao mesmo tempo, um Final Kamehameha, sem dar chances do monstro alçar voo. O facho de poder atravessou a criatura que cambaleou e tombou para trás, desfalecido. Os dois saiyajins arfavam, exaustos. O amargor do sangue invadia seus paladares, e por fim, voltaram para sua forma base, sentindo toda a extensão dos seus corpos estremecerem.

Viram quando os aliens vinham correndo, um deles acenava com uma coisa dourada em mãos. Até que eles retesaram no meio do caminho.

Então, escutaram quando Asgur se ergueu lentamente. Antes que eles pudessem mover um músculo, o gigante cuspiu contra o saiyajin maior uma minúscula esfera de fogo, que faiscou sobre seu gi laranja.

— Vegeta! — O maior gritou. — Eu não sei o está acontecendo... Meu corpo... Meus braços... Não consigo senti-los.

Vegeta viu quando as roupas do maior começaram a ficar petrificadas.

— Não! Não! Não! — O príncipe pôs a mãos em cima, desesperadamente, em uma falsa esperança de poder conter, mas aquilo se alastrou, rapidamente. — Não... — Vegeta murmurou em um fio de voz.

Asgur tinha que pagar pelo o que tinha feito. Tentou mais uma vez se transformar em god. Uma coisa que sempre funcionou muito bem com Vegeta, era que o ódio o movia. E ele pôde sentir isso em cada músculo, como se tivesse libertado uma energia que nem ele mesmo sabia que tinha.

O saiyajin se lançou contra a criatura de lavas e desferiu golpes e o atingiu com um Final Flash, o jogando a quilômetros de distância de onde estavam. Contudo, Asgur se regenerava com facilidade, e revidava com facilidade.

Teve uma ideia que poderia custar-lhe a vida. Aquilo seria necessário. Kakarotto não podia morrer em vão. Então, com o corpo queimando, ele concentrou toda sua energia em volta de si. Se ele ia para o inferno, ele não iria sozinho. Fechou os olhos, concentrado e então, explodiu em uma técnica recém-adquirida chamada Final Explosion. Toda aquela energia se irradiou por todos os lados. Abriu os olhos, e se deu conta que ainda estava vivo e procurou qualquer resquício de Asgur, porém, o mostro havia desaparecido completamente.

Retornou imediatamente. Queria se certificar que o maior havia voltado ao normal. Era o mais lógico a se pensar, já que aquela criatura grotesca não existia mais.

Em solo, os alienígenas que o aguardavam deram espaço para ele passar.

— Podem ir na frente. Não falem nada a Whis, deixe eu explico isso quando eu o encontrar. — O saiyajin menor disse com pesar na voz.

Os alienígenas saíram calados e com os semblantes arrasados. Um deles depositou o pomo de ouro, que eles haviam encontrado, aos pés de Kakarotto e se foi com aos demais.

Depois disso, houve silêncio, somente o assovio melancólico do vento frio, passando pela vegetação, ousava se pronunciar. O dia escureceu sob as nuvens de uma tormenta, que ameaçava, mais uma vez cair, sobre o local.

Vegeta caminhou adiante, ergueu os olhos em direção Kakarotto e sentiu-se mortificado por dentro. A culpa que estava sentindo era quase nauseante. "Se eu tivesse o escutado...". Com a ponta do dedos, tocou a face do maior, que agora possuía um semblante vazio e mórbido. Lembrou-se das faces de agonia daquelas centenas de estátuas da fortaleza.

— Me desculpa... — Vegeta falou com a voz embargada e com as lágrimas molhando-lhe o rosto. Nunca havia sentido remorso antes. Mas soube pela primeira vez o quanto aquilo doía dentro de si. Doía amargamente.

 Ele fitou o maior mais uma vez antes de decidir partir e desabafou em um sussurro:

— Você não pode simplesmente me deixar. Eu preciso de você...  Eu me sinto sozinho quando não estou com você...

O príncipe deu meia volta, pronto para alçar voo.

— Não ficará sozinho, nunca... Nunca. — Quando escutou a voz fraca de Kakarotto, Vegeta sentiu o coração bater descontroladamente. E no impulso, voltou e o abraçou com todas as forças.

— Eu não consig... respir... — O maior tentou falar.

O príncipe o soltou, mas continuaram com o rostos bem próximos.

— Seu idiota! Eu pensei que tivesse morrido. — Vegeta resmungou, bravo.

Kakarotto gargalhou, e limpou uma lágrima escorria do canto dos orbes do menor.

— Seus olhos... — O maior o encarou. — Estão azuis... Você conseguiu ir além. — sorriu singelo.

No entanto, Kakarotto não conseguia parar de olhá-lo, notou que Vegeta fazia o mesmo. Teve a súbita vontade de beijá-lo ali mesmo. Sua consciência, entretanto, o repreendia, pedindo inutilmente para ele recuar. Para se afastar. Mas o menor era como ímã, o atraía com todo aquele resplendor de aura azul provinha dele agora. Ele havia perdido o controle. Acreditava que o Vegeta o mataria, mas realmente não ligava.

Inclinou-se sobre o príncipe e selou o lábios dele com um beijo terno, porém, curto.

O menor arregalou os olhos espantado e suspirou incrédulo, ficou sem palavras. Seu peito subia e descia, respirando fundo. O rosto queimava enrubescido.

— Vegeta... Me desculpa... Eu.. eu — Kakarotto tentou se aproximar.

— Cala a boca! Imbecil! — O príncipe o puxou pelo o uniforme laranja, para junto de si. Retribuindo o beijo que a pouco tinha recebido.

Os lábios do maior eram quentes e macios, e sentiu a língua do mesmo, explorar toda a extensão de sua boca, avidamente. Conteve-se em não deixar escapar um gemido, mas era quase inevitável, mediante aos toques das mãos dele passeando por suas costas. Vegeta Jurou que o coração saltaria pela a boca. Ele jamais havia sentido o que estava sentindo naquele momento. Como se todo o vazio que estava sentido e toda a amargura reprimida em seu âmago tivesse sido substituída por afeto no instante em que beijou Kakarotto.

Nem mesmo a chuva, que havia recomeçado, foi capaz de separar os corpos quase colados. Porém, precisavam respirar, e assim o beijo foi quebrado. Com as respirações ofegantes. Os dois se encaravam, observando as feições um do outro.

— Precisamos ir... — determinou Vegeta.


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Notas finais do capítulo

Então é isso espero que gostem!