O Mito das Guerras Santas - O Legado dos Gêmeos escrita por Waulom Amarante


Capítulo 33
Capítulo XXXIII: Degelo


Notas iniciais do capítulo

Anteriormente em O Mito das Guerras Santas - O Legado dos Gêmeos:
O passado de Albert é revelado pelo demônio em seu interior. O Cavaleiro ao conhecer a história que o trouxe até aquele momento tomou sua decisão.



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O som das botas da armadura dourada tilintava sobre a terra rochosa. A visão do penhasco era de um mar revolto e um céu tão carregado que era possível sentir sua violência pelos ventos cortantes que atingiam a costa.
Krest observou ondas de mais de dez metros quebrarem no litoral.

— O que está acontecendo? Eu posso sentir uma grande cosmo-energia vinda do mar… como se as águas estivessem respondendo ao comando de alguém.

Naquele instante Krest percebeu que algo se aproximava da costa com velocidade incrível, rápido como seria a velocidade de um Cavaleiro de Ouro. O raio de luz dourada emergiu das águas e cravou-se na areia como um balaço, liberando de si um tornado de água que tocava as nuvens se misturando a elas.

— Aquilo não pode ser…

Cotswolds, Inglaterra

— Foi fácil lidar com esses esqueletos… - comentou Hakurei com o irmão.

— Não devemos baixar nossa guarda…

Nesse momento uma sombra gigantesca cobriu os dois guerreiros. Quando divisaram o céu viram um tipo de embarcação flutuando sobre o vilarejo.

 - O que diabos é aquilo?! - exclamou Sage.

— Um navio flutuante?

Repentinamente os gêmeos viram cair do céu criaturas em forma humana, porém com a pele em cores cadavéricas, seus olhos não exibiam nenhum brilho, em alguns era possível ver lacerações grotescas como parte das cabeças arrancadas, fraturas expostas, corpos putrefados.

— O que são essas coisas? - indagou Hakurei.

— Não parecem vivos… eu posso sentir o cheiro da morte vindo deles…

— Eles são mortos-vivos, controlados por mim.

A voz veio de uma silhueta que descia dos céus, vinda do navio. Envergava uma sobrepeliz brilhante com asas proeminentes das costas e seu rosto estava oculto pelos cabelos loiros ondulados.

O Espectro parou a alguns metros do chão, flutuando sobre a cabeça dos mortos-vivos.

— Um espectro…

— Eu sou Verônica de Nasu, a Estrela Celeste da Contemplação.

— Uma Estrela Celeste!

— Estou aqui acompanhando o senhor Aiacos, em sua busca… quando percebi que deram conta muito facilmente dos Esqueletos, mesmo sendo apenas meros aspirantes a cavaleiro, decidi que eu mesmo deveria intervir…

— Faremos o mesmo com você e com essas coisas que você trouxe…

— Não sejam tolos, aspirantes… - o deboche da voz de Verônica era nítido - os meus servos não são meros esqueletos, eles são mortos vivos, seres sem alma que eu mantenho vagantes para sofrerem pela eternidade sem descanso. A sua técnica de separar a alma do corpo não terá nenhum efeito aqui…

Ambos apertaram os punhos de apreensão com inimigo diante de si.

Krest voou em direção ao pilar de água que ascendia aos céus e elevando sua cosmo-energia circundou o mesmo seguindo o fluxo de seu giro, fazendo com que a água que formava um vortéx se tornasse um imenso pilar de gelo.

Ele pousou frente a estrutura congelada e foi quando ele ouviu som de palmas vindo de seu interior.

— Parabéns, mortal…

O estrondo do gelo se quebrando foi ensurdecedor, ele se protegeu dos estilhaços, mas quando olhou novamente não havia nem resquício da estrutura.

— Você é poderoso, humano… - a figura feminina envolveu os dedos na arma divina arrancando-a da areia.

Seus olhos eram azuis como o mar atrás dela, carregados da mesma fúria que se espelhava no céu sobre eles. Seus longos cabelos em ondas azuladas adornavam seu rosto claro e frio. Ela envergava ombreiras em tom de azul com detalhes dourado, em torno dos cabelos presos num coque displicente uma coroa no mesmo padrão. Seu torso era envolvido por um corpete cravejado de pedras de topázio. As pernas desnudas tinham a pele branca como alabastro. Ela caminhou em direção a ele.

— Como é possível para um mortal congelar a água provinda da fúria do tridente do deus dos Mares…?

Nesse momento algo percorreu a espinha de Krest como um alerta.

— Então essa arma é mesmo o Divino Tridente de Poseidon?

— Sim, uma herança de meu pai…

— Pai…

— Sim… - ela riu com orgulho - eu sou Dispina, Deusa do Inverno e do Frio.

— Agora vendo mais de perto, sei porque conseguiu congelar aquilo, você é um dos Santos de Ouro de Athena, os mais poderosos cavaleiros a serviço da Deusa da Terra.

Deusa e Cavaleiro estavam frente a frente e se encaravam com frieza.

— E você é uma deusa filha de Poseidon…

— Sim, a filha renegada de Démeter…

Com aquelas falas Krest percebeu que o fervor nos olhos da deusa, transmutou-se em um tipo de ressentimento perene.

“Eu sou fruto da relação entre Démeter e Poseidon, quando minha mãe deu à luz a mim ela simplesmente me abandonou ao relento de seus domínios. Sem se quer me dar um nome, o motivo era que ela buscava a sua filha querida Pérsefone, que fora rápida pelo meu Tio Hades.

Sem o amparo de meus pais, eu fui adotada por um dos Titãs, que me deu meu nome e me criou afastada do Olimpo.”
Eu jurei que minha mãe não teria descanso em nenhum dos anos de sua vida e para isso eu encontrei a oportunidade perfeita. Quando minha irmã mais velha, se ausenta para os domínios do Submundo e a tristeza absoluta acomete minha mãe, eu uso meus poderes sobre seus domínios para destruir tudo que elas amam no mundo humano, assim ao regressar minha irmã e minha mãe tem o trabalho de reconstruir tudo novamente… - ali Kresti viu satisfação em seus olhos - mas estou cansada, não quero mais ter esse trabalho, portanto, fui até o reino de meu pai e tomei para mim sua arma mais poderosa: o Tridente de Poseidon, capaz de comandar os mares e as criatura do reino das águas. Assim eu causarei uma inundação tão poderosa que não haverá o que ser reconstruído. Minha mãe e minha irmã terão de gastar toda sua imortalidade caso queiram reaver o que amam nesse mundo! - ela gargalhou com satisfação.

— Despina, eu entendo que sua história de vida seja trágica, mas um deus não tem o direito de descontar nos humanos suas frustrações…

Nesse momento sua risada foi cortada pela frieza das palavras de Krest.

— Então… você acha que pode me deter cavaleiro?

— Eu o farei se necessário… - o punho do cavaleiro se fechou ao lado do corpo concentrando seu cosmo gelado.

Krest desferiu o soco sem hesitar liberando seu poderoso ar frio contra a deusa que permaneceu estática…

A rajada de gelo bateu como se houvesse se deparado com uma parede, porém se converteu em água que apenas se espalhou em torno da deusa flutuando.

— É assim que pretende me impedir?

— Como? Como foi capaz de liquefazer meu gelo?

— Não seja tolo, você é um mero humano, eu sou uma deusa, o frio que seu cosmo produz, não é nada perto do meu domínio…

A deusa ergueu o tridente divino conjurando uma tempestade de vento frio e granizo tão intensa que Krest não teve opção senão se defender.

— Maldição ela é muito poderosa!

— Eu posso congelar tudo… até congelar o seu gelo, derreter o seu gelo… eu posso congelar o Planeta com o Tridente do meu pai…


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Notas finais do capítulo

Próximo Capítulo:
Capítulo XXXIV: Chamas Queimando em Vermelho



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