Doce Natal escrita por Marina Louise


Capítulo 4
Capítulo 4




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“Teresa, por favor...” O loiro pediu, assim que entrou no quarto. 


“Agora não, Patrick.” Ela o cortou de imediato. “Eu estou cansada. Amanhã nós conversamos.” 


“Será que eu vou pelo menos poder me defender?” O loiro perguntou, cruzando os braços sobre o peito. 


“Defender?” Lisbon chiou, os olhos brilhando de raiva. “O que você fez não tem defesa, muito menos desculpa!” 


“Teresa...” O loiro inspirou profundamente, passando a mão pelo rosto. “O que exatamente você queria que eu tivesse feito?” 


“Qualquer coisa, menos hipnotizá-la! Ainda mais pelas minhas costas! Vocês sabe exatamente como eu me sinto sobre a hipnose. Você sabe que eu não concordo com isso. E eu viro as costas e te deixo sozinho com nossa filha por cinco minutos e quando volto ela está em transe!” A morena acusou, fechando a porta do guarda-roupa com mais força que o necessário. 


“Ela-estava-com-dor!” Jane sibilou entre os dentes. “Era isso que você queria? Vê-la sentindo dor?” 


“É claro que não!” Lisbon trincou os dentes. “Nada me dói mais do que ver uma das crianças sentindo dor e você sabe muito bem disso!” Os olhos da agente se encheram de lágrimas com a acusação dele. 


“Então como você pode ficar com raiva de mim por tentar fazer a nossa filha se sentir melhor?” Jane a questionou num sussurro fraco. 


“Porque não é assim que as coisas se resolvem, Patrick.” Ela fungou. “Você não pode continuar fazendo todas as vontades das crianças, muito menos hipnotizando-as para que não sintam dor. Não é assim que elas vão aprender com os erros que cometem, muito menos aprender a se tornarem adultos responsáveis e capazes de lidar com os obstáculos que vão ter de encarar lá fora. Nem sempre nós vamos estar por perto, muito menos vamos ser capazes de protegê-los de tudo...” 


“Mas ela estava com dor, Teresa. É diferente.” O consultor argumentou. 


“Não, não é!” Ela rebateu firmemente. “Patrick, você não faz ideia do quanto me doeu ver a Bella sofrendo. Mas ela tem de arcar com as consequências do que faz. Nós avisamos que ela não podia andar na bicicleta sozinha. Ela saiu de casa escondido, pulou a janela, e fez exatamente o que nós dissemos pra ela não fazer.” Ela pontuou.


“Eu sei, mas...” 


“Não tem ‘mas’!” Lisbon choramingou. “Patrick, o braço quebrado, a dor que ela sentiu, por mais que me doa, foi uma consequência da desobediência dela. Isso era uma lição que ela nunca mais iria esquecer. Pode ter certeza de que ela pensaria duas vezes antes de nos desobedecer outra vez. A Isabella tem de aprender que se nós dissermos que ‘não’ é para o bem dela! Tudo bem que foi uma escapulida dentro do nosso próprio quintal para andar na bicicleta, mas podia ter sido algo pior! O que vai ser da próxima vez? Atravessar a rua sozinha? Você acha que hipnotizá-la vai salvá-la dos ferimentos causados por um atropelamento? Já parou para pensar nisso?” 


“Bella jamais faria isso, Teresa.” Ele afirmou, arregalando os olhos, completamente horrorizado com a imagem que a agente acabara de implantar em sua mente. “Além disso, eu só a coloquei em um transe leve. A lembrança do que aconteceu, e da dor que ela estava sentindo antes de eu hipnotizá-la, continuam intactas...” 


“Assim como a concepção de que, se ela se machucar, só precisa correr pra você e você fará a dor passar.” A morena o interrompeu. “Você sabe o que Bella me disse quando eu estava dando banho nela?” Ela o encarou, carrancuda. 


“Não.” Ele sussurrou, olhando-a totalmente intrigado e receoso. Pelo olhar furioso que ela lhe lançava, fosse lá o que fosse que sua filha tinha dito, o havia encrencado ainda mais. 


“Ela está convencida de que nós dois estamos mentindo pra ela. E que o quê você faz não são apenas truques, mas magia de verdade. De acordo com Bella, você é até mais poderoso do que o Harry Potter, pois sequer precisou de uma varinha para realizar o feitiço que a fez parar de sentir dor.” A morena bufou, com um brilho irritado no olhar. “Mas não se preocupe, ela sabe que você não pode contar que é um bruxo de verdade por causa das leis da magia, e ela não vai contar o seu segredo para ninguém!” Acrescentou, sarcasticamente. 


“Teresa,” O loiro fechou o espaço entre eles. “Você sabe que eu jamais diria a Bella, ou a qualquer outra pessoa, que tenho poderes. Eu aprendi a minha lição.” 


“Eu sei.” Lisbon suspirou, sentindo-se amolecer ao ver os olhos azuis do consultor brilhando em lágrimas não derramadas. “E eu nunca me importei de você fazer todos aqueles truques pra encantar ela e o Gabe. Eu quero que nossa filha tenha uma infância que você e eu não pudemos ter. Quero que Bella conserve sua inocência e credulidade o máximo possível. Mas você tem de parar de passar a mão na cabeça dos nossos filhos sempre que fazem algo errado, e, principalmente, você não pode fazê-la acreditar que será capaz de fazer qualquer coisa que ela precise ou deseje, Patrick. Não é assim que as coisas funcionam.” 


“Eu só quero fazer por vocês três o que não pude fazer pela Angela e pela Charlotte, Teresa.” Jane engoliu em seco, uma expressão de dor tomando conta da face. 


“Patrick, você é o melhor pai que nossos filhos podiam ter, e o melhor marido do mundo.” A morena afirmou, acariciando a face dele. “Olhe pra mim e veja se estou mentindo!” Ela pediu, segurando o rosto dele entre as mãos, forçando-o a encará-la. 


Jane podia literalmente sentir o coração explodindo no peito ao mirar os olhos verdes, sinceros, transparentes e amorosos de Lisbon. Mesmo após todos esses anos, o olhar dela conseguia exercer sobre ele o mesmo efeito que causara no dia em que se conheceram, fazendo-o se sentir seguro e querido. 


“Você é boa demais pra mim, Teresa.” O consultor a abraçou, enterrando o rosto no cabelo dela. 


“Não continuarei sendo se você não desfizer essa confusão toda com nossa filha.” Ela o beijou levemente na bochecha, afastando-se do abraço para encará-lo. 


“Teresa, nossa filha é tão teimosa e cabeça dura quanto você.” Ele ergueu a sobrancelha e tentou segurar o riso com a carranca que se formou na face da agente. “Como, supostamente, eu vou convencê-la de que não tenho poderes se ela está tão segura disso?” 


“Eu não sei, Patrick.” A agente estreitou os olhos na direção dele. “Mas eu tenho certeza de que você vai pensar em algo, afinal, ela não puxou aquela mente fértil e mirabolante de mim.” 


“Ei! Minhas ideias são muito boas!” O consultor defendeu-se, ofendido. 


“Claro que são.” Teresa soltou uma risadinha sarcástica. “Tanto que sempre acabam em confusão e me rendendo toneladas de relatórios para preencher.”


“Mas eu sempre resolvo os casos.” Ele apontou, indignado. 


“Pois eu acho bom você resolver esse que provocou aqui em casa também!” Ela cruzou os braços no peito. “Porque tudo que me falta agora é a Bella sair tentando voar por aí, já que, como ela mesmo me disse,” A voz da morena baixou para um tom ameaçador, fazendo com que Jane automaticamente desse um passo para trás. “Ela tem grandes esperanças de que meu sangue de trouxa não a impeça de ter os mesmos poderes que você!”


Jane tentou se segurar, mas, antes que pudesse conter a si mesmo, soltou uma pequena gargalhada ao ver o pequeno beicinho de Lisbon - igualzinho ao que Isabella usava, e com sucesso, para conseguir o que queria dele - ao lhe contar mais essa novidade sobre sua princesinha. Era óbvio o quanto ela estava se sentindo contrariada por ter sido chamada de ‘trouxa’ pela menina. 


“Você só está com ciúmes porque ela quer ter os mesmos talentos que eu.” Ele sorriu, convencido, provocando-a. 


“Eu posso não ter os mesmos talentos que você, Jane, mas ainda carrego uma arma!” Ela respondeu, arisca, lançando-lhe um olhar nada amigável. 


“Tudo bem, tudo bem.” Ele ergueu as mãos num gesto pacífico. “Não precisa ameaçar atirar em mim.” O loiro tornou a fechar o espaço entre eles, enlaçando-a pela cintura. “E não se preocupe que eu já tenho uma ideia de como fazer para tirar essa história da cabeça da Bella.” 


“E eu posso saber qual ideia é essa?” A agente perguntou, totalmente desconfiada. 


“Agora não, ainda estou pensando em todos os detalhes, mas assim que eu tiver chegado a algo definitivo, irei te contar.” 


“Acho bom!” Avisou, irritada. 


“Eu te dou minha palavra de que você será a primeira a saber.” Ele se inclinou, esfregando o nariz na bochecha dela. “Agora, já que você está mais calma, será que estou perdoado?” 


“Depende.” A morena ronronou. “Você promete nunca mais hipnotizar nossos filhos?” 


“Não sei se sou capaz de te prometer isso, Teresa.” Jane afastou o rosto do dela para fitá-la. 


“Patrick...” Lisbon o empurrou, com raiva. 


“Eu sinto muito, mas não posso te prometer isso.” Ele deu de ombros. “Eu realmente não sei se conseguirei me controlar se acontecer algo parecido outra vez.” 


“Pelo amor de Deus, Patrick!” A morena exasperou-se. “Será que você não escutou uma palavra sequer do que eu disse?” 


“É claro que escutei.” Jane deu um meneio. “Mesmo assim, eu não posso te prometer isso. Sinto muito. Mas, acho que podemos fazer um acordo.” Ele soltou em um sussurro rouco, aproximando-se outra vez da agente. 


“Acordo?” Lisbon lançou-lhe um olhar ressabiado. “Que tipo de acordo?” 


“Eu não vou prometer jamais hipnotizar nossos filhos outra vez, mas prometo que te consultarei antes de fazer algo assim de novo.” Jane disse em seu melhor tom carinhoso. Se a morena não aceitasse essa oferta ele não tinha ideia do que iria fazer. Lisbon era teimosa e persistente, e estava mais claro que o dia que ela não o deixaria sair daquela situação sem prometer que aquilo não se repetiria. 


“Acho que isso é o melhor que vou conseguir de você, não é?” A agente resignou-se. 


“Você me conhece tão bem, Teresa.” O loiro abriu um enorme sorriso, e Lisbon, automaticamente, pegou-se sorrindo de volta. “Agora, podemos, por favor, retornar ao que estávamos fazendo essa manhã?” 


“Bem, já que você pediu por favor, acho que posso colocar meus planos pra você em prática...” Ela mordeu o lábio inferior com os dentes, olhando-o maliciosamente enquanto desabotoava o colete e a camisa que ele vestia. 


“E o que foi que você planejou para mim?” Jane sussurrou no ouvido dela, mordiscando o lóbulo de sua orelha e arrancando-lhe um pequeno gemido. 


“Logo, logo você vai descobrir.” Ela respondeu com a voz baixa e sensual, levando os lábios em direção aos do consultor, num beijo profundo e sensual, enquanto o empurrava em direção à cama.


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