Eu caminhei lentamente em frente as portas chamando por Rosalie, mas não obtive resposta, então enquanto caminhava para fora dali, ouvi uma porta se abrindo, eu virei para olhar e a última pessoa que eu imaginei ver neste lugar estava ali. A última pessoa que eu desejaria ver na vida.

James.

—Olá, Bella. –sua voz ressoou nos meus ouvidos.

Eu não era capaz de me mover. Sabia muito bem que se eu tentasse eu conseguiria correr, estava próxima a porta, o que ele faria comigo dentro de um restaurante lotado? Mas, meus pés pareciam estar carregados de chumbo, um gosto amargo subiu para minha boca e meu coração batia tão rápido que zumbia meus ouvidos quando me dei conta que Rosalie poderia estar em perigo.

—James, o-o-que você está fazendo aqui? Cadê Rosalie? –eu não reconhecia minha própria voz.

—Eu vim ver você.  –ele disse como se fosse a coisa mais natural do mundo.

—Você pode por favor me dizer onde está Rosalie?

—Você está tão linda... –disse me olhando de um jeito que me causou enjoos. Eu não sabia que estava andando até bater com costa na parede.

Senti o celular no bolso da calça que eu estava vestindo, eu precisava alcançá-lo.

—C-c-omo você soube que eu estava aqui? –minha voz soou áspera e amedrontada.

Eu estava no meu estado máximo de atenção, meus olhos estavam tão arregalados e secos que eu me lembrei de pisca-los e eu soltei a respiração que estava prendendo, senti uma pequena vertigem.

Ele estralou a boca com a língua.

—Não fique nervosa, não farei nada contra você.

—CADÊ ROSALIE? O que você fez com ela? –uma fúria enorme cresceu dentro de mim e eu fui para cima dele, acertando um soco em seu peito.

James segurou meus braços como garras de ferro e me jogou para o lado enquanto trincava os dentes. Eu tropecei nos meus próprios pés e cai, batendo com a cabeça na parede.  Minha visão embaçou enquanto a dor tomava conta, eu respirei fundo para a ignora-la, precisava sair daqui.

—Desgraçado. –eu murmurei me virando de barriga para cima.

Vi seu olhar assustado. Apesar de tudo James nunca me feriu fisicamente.

—Me desculpe, Bella. –ele pediu suplicando com o olhar.

Senti o celular embaixo do meu traseiro, se eu levantasse ele veria. Eu me odiei naquele momento por não deixar Will me trazer até o restaurante, mas ele dissera que viria para cá e se ele chegasse o que aconteceria? Ou pior, se ele não chegasse a tempo? Eu tinha que fazer alguma coisa.

—Você pode me ajudar a levantar? –pedi.

Ele se inclinou para perto de mim, estava tão concentrado em meu rosto que não viu quando eu embalei o celular em uma das mãos. James estava perto demais, sua proximidade me fez querer vomitar e correr dali, quando senti seu toque em meu rosto eu tive que respirar fundo e me lembrar que ele nunca havia relado a mão em mim para me causar mal.

—O que você quer comigo? –eu mordi a parte de dentro da bochecha para não gritar de pânico.

—Isabella, que pergunta boba, eu quero você, você é a pessoa que eu sempre quis, você é minha.

Meu estomago se revirou e uma vertigem me tomou. Eu não sentia o chão embaixo de mim, minha visão estava ficando turva e eu sentia que meus olhos saltariam da cavidade. Mas, eu precisava distrai-lo e quase soltei um grito de vitória quando havia conseguido apertar o tal botão para emergências. Eu deixei que o celular deslizasse para o interior da minha calça e afastei a mão de James, indo um pouco para longe dele.

—Não James, terminamos há muito tempo e você estava preso. Por favor, o que você fez com Rosalie?

—Ela está presa no estoque, assim que formos embora eles vão acha-la. Eu precisava do celular dela para te atrair para cá.

Eu suspirei. Queria que ele estivesse falando a verdade.

—Isso não é uma emboscada, poderíamos ter feito civilizadamente. –eu disse tentando parecer calma.

—Isabella, como você queria algo civilizado? Você anda com a porra de um guarda costa. Aliás, quem era o filho da puta com quem você anda saindo?

Então ele andava nos vigiando.

—Isso não é da sua conta, eu não sou sua namorada e eu tenho outra pessoa. Se você não me deixar passar agora eu juro que vai ser muito pior.

—O seu namoradinho não está em Seattle.

Droga, ele sabia de tudo.

—Mas, Will esta e quando ele te achar não vai ser nada bom.

—Você prometeu que seria para sempre minha, Isabella... como você pode fazer isso comigo?

—Não prometi, não. Me deixa ir embora.

Eu andei até a porta, mas ele foi mais rápido que eu, bloqueando a saída com seu corpo. Se eu gritasse talvez alguém viria até aqui. Mas, James era louco ele com certeza tinha algo armado.

—Eu não terminei. –ele disse. –Você só sai daqui comigo!

—Eu não vou embora com você. –eu disse entre dentes o encarando. --Você é louco, James. Algum um dia você pensou que eu nunca seria capaz nem se quer de olhar para o homem que desgraçou com a vida do meu pai? Você precisa de um tratamento. Eu tenho nojo de você, raiva e repulsa, eu te odeio!

O medo havia se transformado para raiva, um sentimento estupido para se sentir, porque a raiva em determinadas situações nos fazia ter espíritos de super heróis, o que era estupido. Eu não poderia lutar com James, mas poderia ganhar tempo até Will chegar.

—O que você disse? –sua voz havia se transformado e seu olhar fulminava em raiva.

—Que eu não vou embora com você, seu louco. –eu cuspi e ele veio até mim me empurrando de volta a parede. Seus braços se fecharam ao redor da minha garganta e um estalo no chão fez com que eu arregalasse os olhos.

Seus olhos se moveram para o lado e congelaram. Merda. Ele havia visto o celular.

—Que porra é essa! –ele gritou.

James pisou sobre ele várias vezes, até que ele estivesse estilhaçado.

—Não, não, não. –eu gritei e bati em seu peito novamente.

—Para com isso, Isabella. PARE!

James me segurou pelo braço, olhando profundamente em meus olhos. Ele me prensou na parede e eu não era capaz de mover um musculo se quer.

—Se você não vai sair por bem, vai sair por mal.

—Não James, eu não vou com você.

—Você vai Isabella e eu não vou falar de novo.

—EU NÃO VOU COM VOCÊ!

—Não grita, porra!

Então como se as coisas não pudessem ficar pior, ele calçou uma arma que estava em sua cintura e apontou para mim. Que droga aquelas pessoas estavam fazendo no restaurante, que não estavam ouvindo os gritos?

Talvez fosse porque James não parecesse perigoso, ele era bonito, certamente as pessoas estavam pensando que era uma briga de namorados. Mas, se eu gritasse socorro... Eu não conseguiria correr, porque ele estava na minha frente bloqueando a saída e com uma arma apontada para minha cabeça.

—James, abaixa isso.

—Eu não vou abaixar, falsifiquei seus documentos, você vai a força comigo.

Foi por isso que ele entrou em meu apartamento.

Quando eu menos esperava a porta do banheiro foi arrombada, tudo passou rápido demais, para que eu tivesse qualquer reação. James me deu uma chave de braço e apontou a arma para a frente e então eu vi Will ali, segurando uma arma também. Acho que suspirei de alivio e finalmente soltei as lagrimas que havia prendido até agora.

—Larga a garota. –ele disse em um tom que nunca vi antes.

—Nunca. –James rosnou.

—Eu mandei largar a garota. –Will gritou autoritário. –AGORA PORRA!

Eu podia ver as veias de seu pescoço saltarem enquanto ele gritava. Ouvi sirenes ao fundo e sabia que a polícia se aproximava, percebi que James também ouvia porque ele apertou mais ainda seu braço em volta do meu pescoço, eu tossi segurando seu braço na tentativa de aliviar.

—James...-eu tentei dizer.

—A polícia está chegando, largue a garota e se entregue, ninguém precisa se machucar.

—Saia da minha frente.  –James gritou. –Você tinha que ter me distraído, Isabella? Agora o seu amigo vai morrer para podermos ir embora.

Will não se moveu e James disparou um tiro. Eu gritei assustada e fechei os olhos. Quando abri suspirei aliviada por Will ainda estar bem. Ele havia se esquivado. A Will tinha muita experiência, mas talvez tenha sido um erro partir para cima de James.

—Saia agora porra. –James gritou e no mesmo momento atirou novamente na direção de Will.

Will se agachou a tempo de se livrar novamente.

—Eu vou sair. –Will gritou, eu juro que não havia medo em seus olhos, havia um brilho perigoso, uma raiva fora do comum.

—Deixe a porra da arma ai!

Will colocou a arma em cima da pia do banheiro, e depois levantou as mãos para cima em sinal de rendição, e deu passos para trás, abrindo caminho para James. Meus olhos imploraram para ele não deixar James ir, mas ele não me encarava, Will observava cada passo de James que se encaminhava para a porta. Ele me puxou junto e havia abaixado um pouco a arma, se eu tentasse me livrar talvez tomasse um tiro no braço, já seria melhor do que na cabeça.

Eu reuni todas as forças que me restavam e soquei as costelas de James, seu braço se aliviou um pouco em volta do meu pescoço e eu mordi com toda força que tinha. Ele urrou de dor e quando eu percebi que seu braço em volta do meu pescoço estava perdendo a força, soquei com o cotovelo seu nariz. Eram golpes que Charlie havia me ensinado. Will pulou em sua costa e eu acabei caindo de joelhos, me virei a tempo de ver Will chutando a mão de James e jogando a arma longe, James deu um soco em seu queixo e Will pulou em cima dele, o derrubando no chão e fazendo James arquear de dor. Seu rosto estava contorcido, eu olhava tudo aquilo horrorizada, até que Will socou James até ele desmaiar.

Ele se levantou deixando o corpo mole de James no chão e me ajudou a levantar.

—A senhorita está bem? Ele a machucou?

—Estou bem. –consegui murmurar.

A polícia invadiu o restaurante e foi direto para o banheiro, onde encontrou aquela cena. Mais que depressa um dos policiais algemou James, seu rosto estava quase irreconhecível. Eles passaram por mim com James sendo carregado, todo ensanguentado. Eu só voltei a me mover quando ouvi Rosalie gritando meu nome e correndo para me abraçar, nós duas choramos juntas e eu senti alguém nos conduzindo até o salão do restaurante.

Só percebi que não havia mais ninguém ali quando eu me desvencilhei dos braços de Rosalie, o restaurante havia sido fechado. Eu me senti mal por causar tudo aquilo.

—Rose você está bem? –eu perguntei.

—Ele não fez nada comigo, só tomou meu celular e me prendeu no estoque. Eu fiquei tão preocupada com você.

—Ele não parecia que iria me fazer mal, e eu estava tentando ganhar tempo para Will chegar, mas ele começou a ficar nervoso e me apontou uma arma. Eu tentei sair de lá, mas ele bloqueava meu caminho.  –chorei. –E eu estava preocupada com o que ele tinha feito com você.

—Shh, shh...-ela disse afagando meus cabelos enquanto eu deitava a cabeça em seu ombro. –Você foi muito corajosa.

Depois de um tempo Will veio falar conosco e um delegado também. O delegado conhecia Charlie, e dissera que meu pai havia feito uma denúncia contra James, ele também disse que eu, Rosalie e Will prestaríamos depoimentos. O dono do restaurante me ofereceu um sorriso solidário e um copo de agua e eu lhe ofereci um pedido de desculpas por toda aquela confusão.

Uma ambulância e uma pequena equipe medica chegaram ao local para nos examinar e eu só me queixei da dor em minha cabeça devido ao tombo. Estava tudo bem comigo e com Rose, já Will possuía a mão muito inchada e vermelha e provavelmente algumas fraturas. Ele foi levado ao hospital, após prestar seu depoimento.

Fomos encaminhados para a delegacia, onde o delegado disse que só precisaria de um depoimento: eu confirmei a denúncia de Charlie, ele havia dito que James era um perseguidor, desde sete anos atrás. E depois eu contei tudo o que sabia, assim o delegado disse que precisaria do depoimento de Wench, Edward e Emmett. Mas, me garantiu que já tinha tudo o que precisava para que James ficasse preso por bem mais que sete anos.

Quando eu sai da sala do interrogatório suspirei de alivio e meu lábio inferior tremeu. Eu não sabia se minha mente ainda estava confusa ou se Edward realmente estava ali, mas eu não me dei ao luxo de descobrir isso só pensando, só vi que ele era real quando estava agarrada ao seu pescoço. Eu apertei tanto meu corpo ao seu e em troca recebi um caloroso abraço. Afundei meu rosto em seu peito enquanto sentia o familiar toque em meus cabelos. Eu acho que Edward suspirou também. Só percebi que o barulho estridente de choro vinha da minha garganta quando olhei a blusa toda manchada de Edward. Ele levantou meu rosto delicadamente e com um olhar triste sustentou o meu. Por que ele estava triste?

Eu estava tão feliz em vê-lo. E meu choro era um misto de emoções que eu nem sabia que estavam ali engasgadas.

Seu rosto estava cansado e seu olhar além de tristeza havia um misto de preocupação e alivio. E ele me avaliava, talvez procurando algum sinal de que eu surtaria, algum machucado... mas, eu sustentei meu olhar tempo suficiente para ele entender que eu estava bem agora. Edward pareceu entender quando assentiu para mim. Eu passei o polegar entre suas sobrancelhas no vinco de preocupação que teimava ali. 

Edward encostou os lábios nos meus e eu suspirei diante da saudade que eu havia sentido do nosso contato, ele não durou muito, Edward voltou a me abraçar sussurrando que tudo ficaria bem.

—Eu senti tanto sua falta, tanto, tanto... –eu murmurei.

—Está tudo bem, estou aqui. Eu também senti sua falta, linda.

—Onde está Emm?

—Prestando depoimentos.

—Eu sinto muito.

—Não fale nada, você foi muito corajosa, Bella.

—O que?

—Will me contou todos os golpes que você usou.

—Charlie me ensinou.

—Charlie acabou de salvar sua vida e a minha.

Eu levantei a cabeça para olhar em seus olhos sem entender.

—Bella, você é minha vida, se acontecesse algo com você... –sua voz sumiu. O verde dos seus olhos estavam tão intensos, mas eu não suportava somente olhar para ele, eu tinha que manter o contato, por isso tornei o abraçar sem conseguir conter a emoção.

Então foi a vez de Edward, eu estava segurando sua mão tão forte sem perceber, tanto que ele teve que me pedir para soltar. Ter ele perto de mim tornava tudo mais fácil de suportar. Emmett saiu da sala e me abraçou, dizendo que sentia muito por tudo, me elogiando pela coragem e disse que a partir dali não havia mais com que se preocupar. Eles cuidariam de tudo. Eu fiquei de braços dados com Rosalie, até que Edward saísse da sala. Nós não conversamos nada sobre o acontecimento e então fomos para o apartamento de Rosalie, estranhamente em silencio.

.

Emmett foi o primeiro a se jogar no sofá quando chegamos, Rosalie disse que iria preparar um chá para nós e Edward foi comigo até o quarto. Ele fechou a porta atrás de si e no outro segundo seus braços já estavam ao meu redor, eu afundei meu rosto em seu peito e o abracei tão forte quanto podia, novamente.

—Eu sinto muito, Bella. –sua voz não passava de um sussurro. Eu levantei meus olhos para o olhar.

—Pelo o que?

—Por estar longe de você no momento que você mais precisou de mim.

Eu sorri fraco.

—O momento que eu mais preciso de você é agora, e você está aqui. –eu me inclinei para beijar seu pescoço e voltei a olhar em seus olhos.

—Eu deveria ter estado lá.

—James provavelmente sabia que você não estava comigo, nem Will. Ele falou que meu namoradinho não estava em Seattle, por isso fez tudo isso, no momento mais vulnerável. Por favor, não se culpe, eu não quero isso, se não fosse por você e Will eu provavelmente não estaria aqui e James não estaria preso. Você salvou minha vida.

Edward formou um vinco de preocupação em sua testa, mas ele parecia me entender.

—Obrigada, Edward. Não mantem uma culpa que não é sua, na verdade não é de ninguém.

Ele passou a mão em meu rosto, delicadamente e eu segurei sua mão em minha bochecha mantendo o contato.

—Eu prometo que ele passara longos anos na prisão, Emmett e eu vamos trabalhar nisso para te defender no tribunal.

—Eu terei que prestar mais depoimentos?

—Talvez você tenha que ir no julgamento dele.

Eu assenti. Me soltei de Edward e tirei o casaquinho que estava por cima da minha blusa, abri os primeiros botões da minha camisa e vi que Edward olhava fixamente para um ponto em meu pescoço.

—O que foi, Edward?

Ele andou próximo a mim e tocou com a ponta dos dedos uma linha em meu pescoço.

—Ele bateu em você? –ele disse entre os dentes.

—Não, ele segurou meu braço e eu acabei tropeçando e batendo a cabeça na parede. Eu fiz exames médicos e está tudo bem.

—O que é essa marca?

Edward abriu espaço para que eu olhasse no espelho, meu pescoço estava vermelho e alguns pontos começando a arroxear.

—James me prendeu com um braço quando Will invadiu o banheiro e antes disso ele me prensou contra a parede quando eu tive um surto de raiva e disse que o odiava.

Ouvi Edward trincando os dentes, e me virei para olha-lo novamente, ele estava tão tenso, preocupado, horrorizado, mas ainda assim tentava esconder de mim. Mas, eu o conhecia bem. A única coisa que ele fazia questão de não esconder era sua raiva.

—Eu o soquei. –eu disse na tentativa de aliviar o clima.

—Você o socou? O cara que estava com uma arma apontada para você? Will não me contou isso.

—Sim. Ele não dizia onde estava Rosalie e eu fiquei com raiva. Estávamos sozinhos nessa hora.

Edward deu um sorriso discreto, funcionou.

—Você é mesmo valente então, Swan.

—James atirou duas vezes na direção de Will, para ele abrir passagem, eu estava tão desesperada que tinha que fazer algo, então lembrei dos golpes que Charlie me ensinou, eu o soquei nas costelas, mordi seu braço e soquei seu nariz.

—Bom, essa é a parte que sei dos detalhes. E eu vi o rosto do desgraçado, Will o deformou.

—Sim, e James quase o matou.

—Bella, eu morri mil vezes de preocupação até ver que você realmente estava bem.

Eu olhei dentro dos seus olhos.

—Eu estou melhor com você aqui. Eu odeio aquele homem, Edward. Odeio tudo o que ele fez comigo e com meu pai, eu não quero nunca mais ter que olhar para ele ou pensar nele. Eu quero esquecer esse dia, apagar tudo o que aconteceu.

—Eu nem sei dizer qual é o sentimento por esse filho da puta, saber que ele te causou tanto mal, eu tenho vontade de quebrar ele com minhas próprias mãos.

Peguei as mãos de Edward entre as minhas, elas estavam frias.

—Você não vai sujar suas mãos com alguém tão desprezível. Eu quero que você não fique pensando nisso, você fez o seu melhor e eu não sei explicar o quanto sou grata. Sou grata por tudo o que você fez e principalmente por você ser meu.

Ele sorriu genuinamente.

—É, não vou. Mas vou trabalhar muito para acabar com ele, ninguém mais vai mexer com a minha Bella.

Eu suspirei.

—Apesar de tudo, Edward, eu não desejo o mal dele. Eu só quero o esquecer.

—Depois de tudo que o desgraçado te fez? Ele ameaçou você, tentou matar você, ficava te perseguindo.

—Eu sei de tudo isso, mas sei também que agora ele vai ter o fim dele. James nunca quis meu mal, ele é doente, eu quero esquecer tudo isso que aconteceu e seguir minha vida em paz de uma vez por todas.

Edward suspirou.

—Eu vou fazer com que isso aconteça, ele ficara longos anos na prisão. Você é uma ótima pessoa Isabella, de longe uma das melhores que já conheci.

Eu levantei os pés para ficar na sua altura e o beijei, no começo tão calmo e suave, mas logo toda a saudade que eu havia sentido dele explodiu e eu aprofundei o beijo, Edward não recuou, ele prendeu meus cabelos em suas mãos suavemente, enquanto sua língua explorava minha boca. Ele passou dois braços embaixo das minhas pernas e me carregou até a cama.

Edward não parou o beijo em nenhum momento, seu corpo pairava sobre o meu e eu não consegui resistir ao impulso de abrir sua camisa, estava tão desesperada por ele, que minhas mãos tremiam e eu me embolei. Edward percebeu a minha luta e então segurou meus pulsos ao lado do meu corpo.

—O que... –eu disse quando ele se afastou um pouco de mim.

—Não podemos. –ele sussurrou de olhos fechados.

—Por que?

—Porquê Emmett e Rosalie estão há cinco metros de nós e eu fico um pouco tímido.

Eu franzi o cenho, ele beijou minha testa.

—Você passou por muita coisa hoje, precisa descansar.

—Eu preciso de você.

—E eu estou aqui, não vou sair do seu lado.

Ele deitou ao meu lado e me puxou sobre seu peito, me mantendo muito próxima ao seu corpo.

—Você tem uma breve noção do quanto eu senti sua falta e do quanto eu quero você?

—Isabella, pode ter certeza que eu sei. Mas, você esta esgotada, passou por um momento de estresse, e eu estou vendo seus olhos fundos. Você dormiu essa noite?

—Não. Mas, foi por uma boa causa.

Senti meu corpo finalmente cedendo ao cansaço, eu estava com preguiça até de falar.

—Acredito que você tenha muitas coisas para contar, uh?

—Sim. –eu disse sentindo meus olhos pesarem. –Charlie esteve aqui. –eu disse e bocejei.

—Me conte como foi. –Edward disse passando os dedos de leve no meio dos fios do meu cabelo.

Eu não sabia se era o seu toque ou os analgésicos que havia tomado, sei que não consegui mais abrir minha boca para falar e nem meus olhos, no segundo seguinte eu estava adormecida. Sei que dormi agarrada a sua camisa, Edward tinha o poder de afastar todos os sonhos ruins e foi isso que ele fez.

POV Edward

—E ai cara, vai ficar por ai? –Emmett me perguntou logo quando entrei na sala.

—Eu vou para casa trocar essa roupa e passar no hospital para onde levaram Will, depois falar com Wench.

—E a Bella?

—Finalmente pegou no sono.

Ele assentiu.

—Como foi seu depoimento?

—Bom, todas aquelas coisas de sempre, perguntaram se eu o conhecia, perguntaram sobre Wench. Cara, ainda bem que não fizemos nada fora da lei, se não estávamos ferrados.

—A polícia achou estranho Bella nunca ter denunciado James, porém depois da denúncia de Charlie tudo ficou mais fácil. Nós teríamos um grande problema se isso não tivesse acontecido.

—Você sabe que eles vão pegar todas as provas que Wench achou, não é?

—Sim. Inclusive as identidades falsas.

—O cara está fodido, Edward. Ele vai ser acusado de muitos crimes.

Me sentei em um dos bancos da bancada enquanto ele passava um copo com agua para mim.

—Não tem nada mais forte? –perguntei.

—Cara, elas passaram uma semana na sua casa, ter agua aqui já é muito. –ele riu. –Bom, então, não vai acontecer nada com Will, eles pegaram o depoimento dele e tudo o que ele fez foi em legitima defesa.

—Eu imaginei. Ele sabe o que faz.

Eu me referia a somente socar o desgraçado, se fosse eu no lugar com certeza tinha atirado em James.

—Fique tranquilo irmão, eu vou tomar a frente disso. Você sabe que é o melhor, uh?

Emmett havia sugerido que ele ficasse como responsável pelo caso, ele lidava melhor como advogado criminal e não era envolvido emocionalmente como parceiro da vítima.

—Eu sei, eu confio em você.

—Fico até emocionado, ouvindo essas palavras do poderoso Cullen.

Eu revirei os olhos para ele.

—Chute minha bunda, Emmett.

Ele gargalhou.

—Onde está Rosalie?

—Foi descansar, estava pilhadaça, ela não quis demonstrar na frente da Bella. Cara que foda, ein.

—Bota foda nisso. Emmett, Bella falou uma coisa que fiquei pensando. –ele me encarou. - Você não achou muito estranho James aparecer justo quando não estávamos? Wench estava o rastreando e o perdeu na quinta-feira, no dia seguinte ele aparece em Seattle. O desgraçado sabia que estava sendo observado e sabia que estaríamos fora da cidade, ele esperou uma brecha.

—Acredito que ele não tenha desconfiado que estava sendo observado, Wench o perdeu justamente quando ele decidiu trocar de identidade para viajar até Seattle novamente.

—Pode ser, até porque quando Wench o achou novamente ele já estava aqui. Mas, ele sabia que Will era um segurança.

—Sabia sim, com certeza o cara estava nos sondando também.

Eu trinquei os dentes. Filho da puta.

—Edward, não fique tão tenso assim, sabe cara, vamos pensar pelo lado positivo. Eu sei que você tem complexo de ser o super herói, mas você fez tudo o que podia. Você não poderia estar nos dois lugares ao mesmo tempo, acredite em mim. Se esse cara sabia de tudo isso, ele só estava esperando a melhor oportunidade para fazer tudo o que fez.

—Nós deveríamos ter pegado ele antes de qualquer coisa.

—Acredito que a coisa toda poderia ficar feia para o nosso lado, porque a polícia não estava envolvida nisso. Acho que foi melhor assim, Edward.

—Isso não tem como ter sido melhor de maneira alguma. –eu disse com raiva.

—Eu sei cara, estou dizendo que agora pelo menos ele está preso. E você sabe existem caras tão bons quanto Wench, então um desses poderia estar trabalhando para ele, por isso conseguiu tanta informação.

—Olhando por esse lado... –eu disse dando de ombros.

—Toda essa história foi encerrada, não precisamos mais nos preocupar com esse desgraçado solto por ai, agora ele está aonde nunca deveria ter saído e nós vamos trabalhar no caso até James ser condenado.

Eu pensaria nas palavras dele depois, agora eu precisava urgentemente ficar sozinho.

—Vou levar isso em conta.

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O caminho para casa foi atordoante, eu sabia que não deveria pensar em tantas coisas, mas eu estava fervendo de raiva. James havia chegado muito perto de Bella, aquelas marcas em seu pescoço me causava náuseas, só de imaginar todo o desespero que ela deve ter passado. Eu me odiava a cada instante por ter deixado aquilo acontecer, mas eu deveria agradecer Will e Wench pelo excelente trabalho.

Eu já havia passado por diversas situações em toda minha vida, como todo mundo. Porém, eu me lembrava das que eu mais temi. Uma delas havia sido quando Esme passara mal no meio da sala, na época eu estava no colégio ainda, ela foi diagnosticada com início de infarto, devido ao grande estresse do seu trabalho. Uma outra situação aconteceu quando Alice desapareceu por dois dias e então ela voltou para casa como se nada tivesse acontecido, dizendo que havia passado um fim de semana aventureiro. Depois disso, ela ficou seis meses sem poder sair de casa.

Mas, em toda minha vida eu tinha certeza que nunca havia sentido um medo tão absurdo quanto esse. Eu sabia que amava Isabella, mas a cada dia que passava aquela certeza me batia em cheio cada vez mais, e agora eu sabia que nunca mais ia deixar qualquer coisa ou pessoa machuca-la, e isso incluía a mim.

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Após tomar banho e descartar a roupa suja da viagem, eu coloquei roupas mais leves e parti para o hospital onde Will se encontrava. Quando cheguei ele havia acabado de sair da sala de curativo.

—Senhor. –ele me cumprimentou.

—Will, como está a sua mão?

—Duas fraturas, fora isso estou inteiro.

—Isso é bom, vou te dar uma carona para casa, o audi está na cobertura. –expliquei.

—Sem problemas, senhor.

Nós compramos todas as medicações que ele precisaria tomar e depois partimos rumo ao local que ele morava.

—Como estão as senhoritas Isabella e Rosalie?

—Estão assustadas, mas bem melhor. Devo te agradecer Will, se não fosse por você provavelmente estaríamos numa situação ruim agora.

—Eu só cumpri meu trabalho. –Will disse.

—Seu trabalho salvou a vida da mulher que eu amo.

Vi quando ele deu um leve sorriso.

—Obrigado senhor. Dr. Cullen, Wench lhe contou exatamente como tudo aconteceu?

—Não falei com ele ainda.

—Eu estava trabalhando com Wench na busca pelo sujeito, a senhorita Isabella não quis que eu desse carona para o almoço, eu não vi problemas pois o restaurante era a uma quadra da empresa e ela estava com o celular. Mas, quando Wench localizou James e viu que estava em Seattle eu nem pensei, sabia que tinha que chegar o quanto antes no restaurante. Foi quando o celular da emergência tocou. Bom, no caminho acionei a polícia e eles perguntaram se aquela denuncia coincidia com a mesma pessoa que Charlie havia mencionado. Depois daí o senhor sabe, o homem estava louco, disparava tiros sem pensar, mas a senhorita foi corajosa, aqueles golpes certamente foram treinados.

—O pai dela a ensinou.

—Foi aquele momento que eu tive a oportunidade. –Will explicou.

—Foram momentos decisivos Will. Saiba que eu sou grato.

No momento que parei o carro frente ao seu prédio, nós descemos e eu o cumprimentei pela sua mão que estava boa.

—Will tire umas férias, se quiser.

—Farei o melhor que puder, não sou de ficar no sofá mofando.

Nós rimos.

—Até logo, Will.

Eu disse acenando, antes de arrancar com o carro.

Comprei a comida favorita de Bella, provavelmente não haveria jantar no apartamento e meu estomago protestava. Quando cheguei ao prédio, vi que haviam se passado duas horas, e a noite já caíra. Minha sexta feira não estava sendo como havia planejado, mas quando toquei a campainha e Bella abriu a porta, com seu sorriso doce e tímido eu me senti o homem mais sortudo, por tê-la e por ela estar a salvo.

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POV Bella

—Você disse que não iria sair do meu lado. –disse fazendo biquinho.

Edward estava parado na porta com duas sacolas nas mãos, vestido de calça jeans, uma blusa simples por baixo e uma jaqueta por cima, seu perfume me atingia da onde ele estava. Ele andou até mim e eu fechei a porta, enquanto Edward se abaixava para me beijar.

—Fui comprar comida. –ele disse. Eu segurei sua nuca e o beijei mais uma vez.

—Solte-o Bella, antes que você o mate de tanto beijo. –Emmett gritou da sala.

Edward sorriu e beijou o topo da minha cabeça enquanto eu franzia o cenho para Emmett.

—Não encha o meu saco, Emmett.

—Edward nem é tão bonito assim para merecer tudo isso de beijo.

—E quem merece, então? –Rosalie disse vindo do quarto.

—Com certeza eu. –Emm disse levando todos a risadas.

—É uma pena que eu não ache isso.

—Mulher, assim você me fere. –ele disse com uma mão no coração.

—Trouxe comida para nós. –Edward disse acabando com o drama de Emmett. –Macarrão ao molho branco. –ele disse piscando para mim.

—Ei, essa não é a comida favorita de Bella? –Emmett perguntou e revirou os olhos, enquanto eu ria.

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—No meio de todos esses contratempos, entre caras loucos, delegacias e cochilos longos, eu acabei esquecendo de te contar.  

Após o jantar, nós ficamos conversando um pouco e depois eu e Edward fomos para o quarto. Ele estava sentado na minha cama, enquanto eu terminava de escovar os dentes.

—Contar o quê? –ele perguntou.

Eu voltei para o quarto e parei em frente a ele, encostando na cômoda.

—Eu acabei de escrever meu livro. –essa informação fez com que seus olhos desviassem do meu corpo e fossem para meu rosto.

—Isso é incrível, Bella.

Pela primeira vez naquele dia eu vi os olhos de Edward brilhando.

—E eu enviei para cinco editoras que Rosalie tinha o contato... e advinha?

Ele me olhou curioso com um sorriso formado.

—Três delas responderam hoje, faltam duas que são as maiores.

—Pelo seu sorriso as respostas foram ótimas.

—Eles querem publicar!

Edward correu até mim rindo e me levantou do chão em um abraço, ele me girou enquanto beijava meu pescoço e me fazia rir.

—Bella, isso é sensacional! Céus, que noticia maravilhosa.  -Edward disse enquanto eu ainda estava agarrada ao seu pescoço.

Quando ele me colocou no chão seu rosto estava genuinamente feliz e seus olhos brilhavam de admiração.

—Parabéns linda, eu sabia que você conseguiria, você vai fazer muito muito sucesso.

Ele pegou meu rosto entre suas mãos e me beijou suavemente.

—Minha mulher vai ser famosa, dá para acreditar nisso?

Eu ri sentindo meus olhos se encherem de lagrimas.

—Eu não poderia estar mais feliz, Edward.

—Eu sei, é o seu sonho, você tem todo o direito de estar. Nós deveríamos comemorar, aliás, nós vamos. Amanhã, porque acredito que hoje não tenha mais nada aberto.

Edward me beijou novamente e eu derreti. Ele moveu a boca gentilmente na minha e ambos inalamos com força, depois Edward capturou meu lábio inferior e chupou com mais vontade. Sua língua explorava todo canto da minha boca e eu sabia que esse era o momento em que eu finalmente estava em paz. Eu não conseguia pensar em nada, só no quanto eu precisava mais do nosso contato, só no quanto eu amava o pressionamento do corpo de Edward no meu. Minhas mãos involuntariamente começaram a subir sua camiseta, mas ele me parou no mesmo instante, eu olhei para Edward franzindo o cenho e ele parecia estar lutando contra tudo. Ele não ia fazer aquilo hoje e eu era inteligente o suficiente para entender.

—Se você não pretende tocar mais em mim, sugiro que tire seu corpo extremamente musculoso da minha frente.

Pude ver uma sombra de sorriso em seu rosto e então ele me puxou para um abraço.

—Edward, o que foi?

—Eu não consigo.

—Você não consegue fazer sexo comigo? –eu disse magoada.

Eu me afastei dele.

—Eu estou com tanta coisa na cabeça, Bella.

Ele disse passando a mão na nuca.

—E você acha que eu não? Acabei de te contar uma coisa maravilhosa e mesmo assim... Talvez você não tenha sentido tanto a minha falta assim. –dei de ombros sentando na cama.

—Eu senti sua falta todo maldito dia. –Edward agachou ficando da mesma altura que eu. –Senti saudade de tudo em você, seus olhos, sua boca, seu cheiro, sua pele, tudo.

—Então o que...

—Eu morri mil vezes até chegar em Seattle e ver com meus próprios olhos que você estava bem, passei por sensações que nunca mais quero passar na vida, eu estou exausto e com a cabeça fodida, mas não pense em nenhum momento que eu não te quero. Eu só sei que não vou dar a atenção que o momento merece. Eu prometo que amanhã teremos uma comemoração digna para essa notícia.

Eu suspirei. Passei a mão pelo rosto e cabelo de Edward, ele tinha razão, nós havíamos passado por muitas coisas em um único dia, eu também me sentia exausta.

Eu me inclinei para frente e apoiei minha testa na dele.

—Eu te amo. –sussurrei. Edward sorriu para mim.

—Eu também te amo, Isabella. Muito.

Nós passamos os outros trinta minutos apenas conversando, não foram exatos trinta minutos, mas foi tempo suficiente para que ele adormecesse no meio das suas histórias sobre Chicago, que estava me contando. Apesar de tudo o que havia acontecido, eu estava feliz agora, não poderia estar de outro jeito tendo o homem que eu amava agarrado ao meu corpo, até mesmo no inconsciente. Eu não queria mais pensar que essa noite poderia não ter acabado assim, eu não queria mais pensar em James. Esse dia foi considerado o grande divisor de águas para mim, eu confiava que dessa vez ele nunca mais se aproximaria de mim.