Avatar: A lenda de Mira - Livro 4 - Fogo escrita por Sah


Capítulo 11
Aprendizado


Notas iniciais do capítulo

Depois desse hiato, eu pretendo voltar com os capítulos. Obrigada por me acompanharem durante todo esse tempo, e me aguentarem mesmo nesses hiatos.
Obrigada a aqueles que sempre encontram um tempo para comentar, e a aqueles que mesmo que não comentem acompanham a história.



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Suni

 

Fazia tempo que eu não dormia tão profundamente, o balançar do trem e o som da água contra o metal funcionaram como uma canção de ninar. Assim quando me chamaram eu demorei a acordar.

—Suni! – Meelo me chamou

— Mais 5 minutos. – Eu sussurrei.

— A Mira e o Riku sumiram!

Isso funcionou como um alarme.

— Como assim sumiram? Eu disse já desperta.

Eu me espreguicei, e olhei para  Sina. Seus olhos estavam vermelhos e ele parecia muito aflito.

— Eu disse para ele. Eu falei! Ele não me escuta.

— Calma. – Ele deve ter ido ao banheiro. – Meelo disse tentando acalmá-lo.

— Banheiro? – Você viu alguma coisa parecida com isso no seu caminho para cá?

Meelo ficou quieto.

Uma coisa que eu percebi desde que tudo isso aconteceu, é que Sina fica pegando cada vez mais no pé do Riku, acho que isso tem haver com a morte da Hina. Ele se sente culpado, e quer compensar isso cuidando do Riku.

Os animais a nossa volta estavam começando a ficar agitados. Pela fresta podíamos ver que o dia estava amanhecendo. E provavelmente estávamos chegando ao nosso destino.

— Pode deixar, eu vou procurá-los. – Dessa vez foi Meelo que olhou aflito para mim.

— Você acha que eu deixaria? Você é como eles.

— Eu?  Eu sou um exemplo de responsabilidade. – Eu disse me fingindo ofendida.

— Isso não é hora para brincadeiras. – Sina disse para nós — Eu vou.

Quando ele estava se preparando para sair. O trinco se mexe, e a porta se abre. Mira aparece com o semblante bem tranquilo, Riku vem logo atrás com uma expressão que nunca consigo desvendar.

— Aonde você estavam? – Sina quase grita para ele.

— Fomos esticar as pernas. – Mira diz dando de ombros.

Sina leva as mãos na cabeça.

— Vocês estão tentando me matar? – Ele diz sem cerimônias.

Mira baixa a cabeça. Aquela tranquilidade foi embora e eu posso ver a tristeza tomando conta dela. 

— Me desculpe... – Ela diz baixo.

Riku passa por ela.

— Você tem que tomar cuidado com o que diz. 

Se estivéssemos em outra situação, seria engraçado, ver o Riku dando um bronca no Sina.  Mas, Mira, está se recuperando aos poucos, temos que ter mais paciência com ela.

— Me desculpe, é que... – Sina diz se segurando.

— Não precisa dizer nada. É tudo nossa culpa. – Mira diz de cabeça baixa.

Riku se senta em um monte de palha e cruza os braços em volta do pescoço.

— Silêncio.  Eu preciso dormir. – Ele diz se deitando e se apoiando no cotovelo

Eu entendo sua intenção. Ele está tentando dissipar esse clima ruim.

— O que você pensa que está fazendo? Você não tem direito de dormir. Quem mandou ir esticar as pernas?  – Sina briga com ele.

Eu posso jurar que vi um sorriso escapar dos seus lábios, mas quando se trata de Riku, a gente pode esperar qualquer coisa.

Todo mundo se sentou novamente. Ninguém disse uma palavra. O sono também não veio.

Tenho que reprimir minha impulsividade nesses momentos. Eu sei que cada um está carregando a própria cruz, porém sei que de todos, eu sou a que menos tem problemas.  Por isso me mantenho quieta.   

Não sei quanto tempo passou depois disso, só sei que a velocidade do trem foi diminuindo. Assim eu também senti quando os trilhos voltaram a terra.

— Chegamos. – Eu disse a eles.

— Parece que sim. – Meelo disse já se levantando.

Esperamos alguns minutos, até que finalmente a porta do nosso vagão abriu.

Um homem muito parecido com o que nos colocou aqui apareceu.

— Vamos logo - Ele disse jogando alguns panos brancos em cima de nós.

Me enrolei no tecido áspero, na hora de descer Meelo me deu a mão e me ajudou.

— Eu te ajudo. – Ele disse de uma forma fofa.

— Muito obrigada Meloozinho.

Abruptamente ele soltou a minha mão.

— Já disse para não me chamar disso.

Eu sorri.

— Não tem como não te chamar assim. – Eu peguei novamente sua mão com firmeza.

Ao olhar para o céu, eu o vi azul. Nenhuma nuvem a vista. O sol estava baixo, por ser de manhã, porém, estava quente. Muito quente mesmo. Gotas de suor começaram a se formar na minha testa e a escorrer para o lençol.

Seguimos aquele homem por trás do trem. Os passageiros iriam desembarcar mais a frente, só que os animais já estavam sendo descarregados.

— Ikir vai leva-los daqui para a frente. – O homem disse nos deixando sozinhos, até o surgimento de uma figura alta e esguia. Usando roupas militares.

Claramente ele era um deles. Soltei o Meelo e me posicionei.  Riku aparentemente tomou a mesma posição que eu.

— Calma. – O homem esguio disse. — Estou aqui para leva-los. Eu sou Ikir

Fiquei desconfiada.

— Eu irei leva-lo. Madame Win fu me mandou.

Ele sorriu para nós. Apesar de ser muito esquisito, e ter a pele pálida, vivendo em um lugar como esse, nós fomos com ele.

Como era inicio da manhã, não havia tantas pessoas nas ruas.

Olhando para a cidade, vimos que ela não era tão diferente assim da capital. Só que por algum motivo, aquele lugar me agradou mais. Acho que tinha haver com o vulcão. Sentir a lava debaixo dos meus pés, não era a melhor sensação do mundo. Eu preferia a firmeza da rocha.

— Está tudo bem? – Meelo perguntou.

— Está, é só que eu me sinto melhor aqui, do que na capital.

Ele acenou positivamente.

— Eu concordo. O vento, ele de alguma forma bate melhor aqui. Quer dizer...

Eu o interrompi.

— Eu sei Meelo, não precisa explicar.

Os prédios daquele lugar pendiam levemente para os lados e o desgaste do tempo era uma coisa a ser notada. As ruas eram muito esburacadas, nos desviamos muitas vezes  e o uniforme das poucas pessoas que vimos eram piores, como se isso fosse possível.

—  Huali, apesar de ser a segunda maior cidade, é a mais sofrida. Por algum motivo que nunca soubemos somos acometidos por diversos desastres naturais. Ventanias, maremotos e terremotos são muito comuns aqui. O que faz com que o governo não mande tantos oficiais. E por consequência essa cidade, não é tão vigiada. O lugar ideal para vocês ficarem.

— Mas, e você? – Quem perguntou foi  Sina.

— Eu? Sou apenas um morador dessa cidade. Por ter um pouco mais de instrução que a maioria, fui promovido a capitão. Nosso exército é formado basicamente por moradores mal instruídos. Não precisa se preocupar conosco.

O homem ajeitou seu quepe.

— Estou levando vocês para a casa vermelha. A casa do barão Vansk. Ele ficou de acolhê-los por um tempo.

— Barão Vanks?

— É o nome que ele mesmo se colocou. Ele tem o nome mais comum da União do fogo.

— Iroh. – Mira afirmou.

— Isso mesmo. O grande general Iroh

 Andamos até um carro parado. Ele estava enferrujado e não parecia muito seguro. O homem entrou no carro e bateu a porta com cuidado. Assim nós o imitamos.

Ninguém disse nada no caminho. O estado daquela cidade nos fazia lembrar da queda do palácio presidencial. Haviam montanhas de concreto retorcido, que pareciam estar ali há muito  tempo,  placas de ruas chamuscadas pelo fogo e as  construções que ainda permaneciam de pé tinham reforços de madeira a sua volta.

Porém as estradas estavam limpas, como se isso fosse a única coisa que importava para as pessoas que viviam ali.

Aos poucos vimos uma casa de pedra. Firme como uma rocha. E era isso mesmo. Eu sentia a pedra. Aquela casa foi esculpida diretamente na montanha. Vermelha como argila, ela parecia inabalável.

A casa era grande, com dois andares e uma vegetação a sua volta. Não haviam cercas ou muros, e em meio aquele caos, era a construção mais bonita que tínhamos visto desde que chegamos a União do Fogo.

O carro parou em frente a casa. E o homem saiu rapidamente. Não havia percebido mas, haviam um senhor nos esperando em frente. Ele era baixo e curvado e usava roupas verdes camufladas. Ele possuía o cabelo todo branco, e estava escondido sob um capacete escuro. Ele nos olhava com atenção.

— Barão Vanks. O homem o cumprimentou com um aceno.

O velho bateu continência ao soldado e levou a mão ao peito.

— Como estão as coisas capitão. – Ele falou rapidamente.

— Indo, Lien avisou ao senhor?

— Aquele inútil?  Foi para capital ontem. E me deixou com todos esses problemas.

Acho que ele se referia a nós. Eu engoli em seco, sem saber o que fazer.

Ele abaixou o capacete e segurou uma risada.

— Mas, pelo menos parecem problemas interessantes.

Sina se pôs a frente e estendeu a mão ao senhor.

— Obrigada pela sua ajuda.

Ele esperou só que o barão não se moveu.

— Vamos ver. Uma dobradora de terra. – Ele apontou para mim. – Um de ar – ele se virou para Meelo. — Agora sobre o resto de vocês,  um dobrador de fogo e o outro o Avatar. A garota parece claramente uma dobradora de fogo, mas, não sinto isso dela.

Mira fechou a cara.

— Agora, você – Ele apontou para Riku. – Tem uma energia que só um dobrador de fogo pode ter. 

Riku sorriu.

— Eu sou mais que um simples dobrador.

O homem tirou o capacete. E ignorou o que o Riku estava falando.

—- Agora, vamos indo. Temos que acomodá-los.  Apesar de não termos muito membros do exército oficial, sempre podemos contar com um espião observando nossos passos.

Seguimos o homem para dentro da residência.

As paredes eram muito parecidas com as do exterior. Vermelhas como barro. O teto era alto, e as luzes eram fracas. Porém havia muitas janelas, o que dava claridade ao local.

— Esse lugar é enorme – Meelo disse para mim.

— Sim, tão grande como a minha casa.

A palavra casa tinha um gosto estranho. Isso era uma coisa que eu não tinha mais, porém trazia lembranças.

O Barão Vansk, na maioria do seu tempo vivia sozinho. Lien , seu único filho era um escrivão, e trabalhava para o alto escalão.  Ele viajava constantemente, e por isso só veríamos em algumas ocasiões. 

Quando fomos acomodados. Sina exigiu uma conversa a sós com o barão. Que o ignorou por diversas vezes. Até que ele cedeu.

Eu e Mira iriamos dividir um pequeno quarto no térreo nos fundos da casa. E o restante dos garotos iria dividir um quarto no segundo andar.

— Uma beliche. – Eu falei feliz quando entramos no quarto. — Eu fico em cima! – Eu gritei instantaneamente.

Mira sorriu.

— Você pode ficar aonde você quiser.  

Eu pulei na cama de cima e me senti estranha. Era alto. Mais alto do que eu queria.

— Mira? – Eu perguntei já fazendo biquinho.

— O que foi Suni?

— Podemos trocar de cama?

Ela suspirou.

— Claro.

— Eba! Eu disse já descendo.

Ficar mais próximo ao chão é melhor. Mesmo que toda essa casa seja um pedaço de pedra, o chão sempre será a melhor opção para mim.

Depois fomos ao encontro do outros e vimos Sina aparentemente bem mais tranquilo. 

Sina não disse o que conversou com o barão. Apenas disse:

— Podemos confiar nele por enquanto.

Isso nos aliviou.

Ficamos sem sair daquela casa por dois dias. Fazíamos tarefas domésticas e cozinhávamos. Meelo na verdade, eu e os outros erámos uma negação na cozinha.

— Estou cansado de ficar aqui. – Obviamente Riku foi o primeiro a dizer

— O barão está arrumando funções para casa um de nós. Não podemos simplesmente aparecer e passear por ai. Como ele mesmo disse estamos cercados de espiões. – Sina conversava bastante com o velho, que agora não o ignorava tanto.

— Eu não preciso de funções. 

— Mas, vai aguentar, e vai esperar. Não podemos ficar a mercê das suas histerias.

Riku respirou profundamente e fechou a cara. Ficou claro para todo mundo o grande esforço que ele estava fazendo.

Mira se aproximou dele e se desculpou.

— Me desculpe Riku. Eu que causei tudo isso.

Riku parecia se importar muito com Mira, mais do que com todo mundo.

— Tudo bem. Mas, posso prometer apenas mais um dia.

— Meelo. – Eu o chamei.

— O que foi Suni?

— Você não acha que Riku e Mira estão se comportando diferente um com o outro?

— O que você quer dizer com isso? 

— Você é tapado mesmo não é? Será que só tem vento dentro da sua cabeça?  

Ele suspirou e me encarou.

— Acho que a única tapada aqui é você.  Eles sempre foram assim. Só que você não percebeu.

— Ai Meelozinho. Você não entende nada mesmo.

Eu desisti de discutir com ele. Ele é um cabeça de vento mesmo, sempre foi. Ele não percebe quando as coisas acontecem com ele, imagina com os outros...

Depois dessa conversa, eu reparei que Meelo estava prestando mais atenção nas conversas de Riku e Mira, mas tanto quanto antes, ele não entendia muito bem o que estava procurando.

Mais um dia se passou. E o Barão Vanks, finalmente tinha conseguido funções para a gente.

— O rapaz será um mensageiro.  – Ele chamava o Sina de rapaz. Na realidade ele não nos chamava pelo nome, nenhum de nós.

— O esquentadinho irá trabalhar com Ikir na policia local.

Riku sorriu ao ouvir isso.

— O cabeludo irá para a escola básica. Mas, cuidado, consegui a função de ajudante de professor, e apesar de sermos esquecidos pelo resto da União, a escola ainda é bem vigiada.

— A menina de olhos verdes irá para a cidade trabalhar em uma das minhas lojas.

Eu aceitei, não tinha muita alternativa.

— E você, filha de Iroh. Será minha assistente pessoal, e irá fazer alguns serviços para mim.

Mira também apenas aceitou.

Eu levantei a mão.

— O que foi dobradora? – Ele me olhou sem muita paciência.

— Precisamos de um tempo para treinar. Mira acabou de descobrir a  dobra de  terra, apesar da sua eficiência até agora, ela está longe de me alcançar.

Ele coçou o queixo algumas vezes.

— Isso seria uma coisa divertida de assistir. Mas, precisamos de um lugar, que seja seguro e longe dos olhos curiosos dos cidadãos dessa cidade. E eu conheço o local ideal.

O local ideal?  No fim era na beira de um penhasco. Um espaço limitado com apenas uma saída segura, e longe dos olhos de qualquer um.  Mas, perigoso tanto para mim, quanto para a Mira.

— Os aeromodelos ficam longe dessa rota.  – Ele disse quando chegamos lá. – E fica a apenas 30 minutos da casa vermelha.

— Bem, tem uma razão para ficarem longe. – Meelo disse. – A corrente de ar desse lugar é muito instável.

Podíamos ouvir as ondas arrebentando nas pedras em baixo no precipício. E eu sentia pequenos e quase imperceptíveis tremores naquele lugar.

— Nossa única opção? – Eu perguntei.

— Única. 

O barão se afastou de nós, e se sentou em algumas pedras que existiam por ali.

— Podem começar.

Riku parecia muito feliz em sair da casa, tanto que sentou ao lado do velho.

— Sim, podem começar. – Ele repetiu.

Eu me livrei dos sapatos, e coloquei os pés na grama verde que cobria aquele lugar.

— Mira, vamos tentar um pouco? – Eu perguntei.

Ela acenou positivamente.

— Certo. – Eu me virei para Meelo e Sina.  – Se eu fosse vocês, eu me afastaria o máximo que vocês conseguirem.

Eles me ouviam e foram para longe.

Mira, tirou o casaco que usava, e prendeu o cabelo em um rabo de cavalo, ela não tirou os sapatos como eu, mas imitou a mesma posição que eu fazia.

— Isso é diferente agora. – Ela me diz.

— Eu sei. Agora, tudo custa muito mais.

Meelo já me disse que eu mudo de personalidade quando eu dobro. Na verdade acho que eu só deixo outros traços a mostra quando eu estou lutando ou treinando. Eu sou a mistura perfeita da Suni, inteligente, perfeita e bondosa  e a Suni lutadora sem piedade.

— Primeiro firme seus pés na terra. E como eu disse antes.  Sinta a terra.  

Ela parece entender do que eu falo.

Ela sorri por alguns segundos e depois seu sorriso desaparece. Eu a entendo da última vez que ela fez isso, o mundo inteiro estava desabando em cima dela.

— Como da última vez. – Eu espalmo o ar em direção ao chão, e como se fosse uma parte de mim, o bloco de terra avermelhada se desprende de todo o resto e vem até mim.

— O bloco é perfeito, tem o peso certo para derrubar coisas.  Mas, se você quiser ser um pouco mais letal.

Eu esculpo o bloco com facilidade, até uma espécie de lança se formar.  

— Você pode molda-la ao seu favor. 

Mira tenta fazer o que eu faço.

Apesar do bloco dela não ser um cubo perfeito,  ele é funcional. E é isso que importa, mas na hora de moldar ela tem dificuldade. O resultado é uma coisa que está muito longe de se parecer com uma lança.

— Isso é difícil. Com a água é bem mais fácil.

Eu respiro profundamente. E jogo um pequeno pedregulho em sua testa.

— Eu realmente achei que estavámos dobrando terra. Por que você falou da água? Você está tentando fazer igual?

Ela não me responde. Deve ser um saco dobrar mais de um elemento. A confusão deve ser grande, porém ela não pode se dar ao luxo.

— Esqueça um pouquinho que você é a Avatar. Que os outros elementos existem, e se concentre naquele que está sob os seus pés.

Eu grito dessa vez.

— Mira se concentre.

Ela fecha os olhos.  

— Agora tente de novo.

Ela me obedece.

O bloco saiu como da última vez, agora na hora de moldar ela avançou um pouco.

— Pelo menos lembra uma lança . – Eu digo insatisfeita.

Olhos para os meninos. Eles estão afastados. Riku parece muito intediado.

— Suni. Vamos lutar! – Ele diz acenando.

Talvez seja uma coisa boa.

— Mira, você quer ver como eu lido com o Riku?

Seus olhos brilham.

— Por favor! Seria incrível, ainda mais agora.

Eu aceno para ele pedindo que se aproxime.

— Fique atenta aos meus movimentos. – Eu digo quando ela se afasta.

Riku vem a passos rápidos. Ele estrala os dedos e solta uma risada.

— Não se segure. – Ele diz.

— Eu nunca fiz isso com você meu caro amigo.

Assim enquanto ele se prepara, eu já estou com todo o espaço sob os seus pés no meu controle.

A terra cede aos seus pés, e ele afunda rapidamente, quando ele percebe eu já estou com uma rocha em sua direção. Só que ao atingi-lo, a rocha se destrói.  Uma pequena camada de poeira se espalha, e eu posso ver suas mãos em chamas.

Eu sei lidar com fogo, sempre soube. Acho que é uma das dobras mais fáceis de lidar. Só que com Riku é diferente. Ele me ataca sem piedade. Eu não consigo parar para raciocinar. Fico me defendendo por um tempo. Isso é bom para Mira. Saber que pode se defender.

— Pare de brincar. – Ele me diz.

— Você é bom Riku, para um dobrador de fogo. Só que você sabe que não tem chance contra mim – Eu o provoco.

Eu não havia percebido, mas nuvens se formaram enquanto estavámos lutando. Nuvens escuras e pesadas.

Quando eu acho que ele está se preparando para me atacar com um raio, começa a chover. Pingos grossos que vão aumentando gradativamente.

Minha roupa fica encharcada, e a dele também. Sei que ele consegue lidar com a chuva. Uma vez ele me disse que se forçou a aprender  a manipular e redirecionar raios por causa disso.  Só que por causa do vento irregular e da quantidade de água que agora cai, será difícil para Mira acompanhar, e todo o objetivo principal dessa luta irá por água abaixo, literalmente.

— Podemos continuar depois. – Eu digo para ele.

Ele parece não gostar da minha proposta. Porém, não retruca.

Voltamos quase todos em silêncio para a casa vermelha, só o Barão reclama o caminho inteiro.

— Destesto chuva, detesto barro. Por que vocês me fizeram ir para lá? – São coisas que ele diz.

Mira parece bem mais animada. Quando chegamos, ela comenta todas as minhas defesas e ataques.

Ela também comentou com o Riku. Quando ela fala sobre dobra de fogo, eu vejo quase que uma chama em seus olhos.

— Talvez seja a hora de você começar a aprender também. – Eu digo quando estamos nos preparando para dormir.

— Aprender?

— Sim, a dobrar o fogo. Essa é sua dobra de nascimento não é?  Riku pode não ser o melhor professor do mundo. E não é mesmo. Podemos todos concordar com isso. Mas, já está na hora. Não sei quanto tempos temos antes de enfrentarmos Haru de novo. Por isso. Você deve aprimorar suas outras dobras e aprender a dobrar fogo.


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Notas finais do capítulo

Há um tempo atrás eu coloquei um questionário para vocês responderem. E o personagem mais popular dessa fanfic é a Suni. A Mira vem logo em seguida.